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Linfoma de Hodgkin • REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: Bogliolo. Patologia. 9a edição. Editora Guanabara Koogan, Rio de Janeiro - RJ, 2016. Cap 25. • Neoplasia de tecido linfóide com características histológicas específicas que determinam o padrão do linfoma. • L INFOMA: g rupo he te rogêneo de l e sões caracterizadas pela proliferação clonal de linfócitos B (linfoma de Hodgkin), T ou NK (linfomas não-Hodgkin) em diferentes fases de diferenciação • Den t r o do l i n f oma de Hodgk i n e x i s t em subclassificações que serão vistas posteriormente. • Dependendo do padrão de células que estão dentro do sistema linfóide que sofre a mutação e sofre expansão clonal, teremos diferentes tipos de linfomas. • Ex: linfócitos B mutada realiza expansão clonal - linfomas de Hodgkin. • Apresentação da doença: linfonodomegalia, sudorese noturna, perda de peso, alterações hematológicas (o predomínio/infiltrado de células neoplásicas na medula podem levar à essa alteração). • Se houverem alterações no perfil hematológico devido à uma mutação e expansão clonal dos linfócitos na medula óssea, dizemos que o linfoma leucemizou. • MASSAS EXTRANODAIS: pode ocorrer infiltrado de células neoplásicas em órgãos extranodais, que também participam da hematopoese, principalmente no período embrionário - ex: baço, fígado e M.O. • No que tange aos linfomas, não falamos de metástase - as células sanguíneas já possuem essa característica de estarem circulantes, não utiliza-se o termo metástase, mas sim INFILTRAÇÃO → podemos ter uma leucemia que infiltra em linfonodos, baço e fígado OU um linfoma que infiltra na M.O (leucemizou), baço e fígado. • DOENÇA NODAL - LINFOADENOPATIA: estão comumente associados à inflamação, e qual a d i ferença entre o nódu lo neop lás ico e a linfonodomegalia decorrente de inflamação? ↪ NÓDULO NEOPLÁSICO: crescimento presente, dor ausente ou leve, consistência dura/pétrea, imóveis. ↪ INFLAMAÇÃO: crescimento presente, dor presente, consistência mole e são móveis. ➱ Classificação: • HODGKIN: são derivados das células B, alteração a célula mutada/neoplásica dá origem às células de Reed-Sternberg. Células grande, monuclear, binuclear ou multinoclear, eosinofílica, “célula em coruja”. ↪ liberam citocinas capazes de recrutar outras células que podem, inclusive, causar diferentes padrões inflamatórios - aqui teremos as subclassificações dos linfomas de Hodgkin. • NÃO-HODGKIN: derivam de células B, T e linfócitos NK mas em nenhum destes teremos a presença das células de Reed-Sternberg.. • Doença de Hodgkin foi descrita em 1932, corresponde a 1% dos cânceres e 30% dos linfomas nos adultos, sendo que é menos frequente que o linfoma não- hodgkin (LNH). • Maior incidência em adultos jovens, a faixa etária tem distribuição anormal: dos 15 aos 25 anos e depois só com idade > 50 anos (chamamos de bimodal). • Predomínio no sexo masculino, exceto em esclerose nodular (que é uma subclassificação do linfoma de Hodgkin clássico), onde a predominância será em mulheres. • DEFINIÇÃO: grupo distinto de neoplasias linfóides caracterizadas pela presença de células de Reed- Sternberg (RS) associadas à um fundo reativo (geralmente inflamação). ↪ quase exclusivamente nodal, raramente temos infiltrados extranodais, são mais comuns nos LNH - quando ocorre, é mais comum em estádios mais avançados. ↪ as células RS são derivadas dos linfócitos B do centro germinativo. ↪ existe uma associação da infecção viral pelo herpes- vírus humano 4 (Epstein-Barr) e o linfoma de Hodgkin, o vírus permanece latente e pode ativar fatores de transcrição que favorecem o surgimento da doença. ↪ linfomas de Hodgkin: linfonodos supradiafragmáticos são mais acometidos - cervicais, mediastinais e para- aórtico. ↪ linfomas de Hodgkin: possuem disseminação ordenada, por contiguidade - vai um linfonodo, depois outro e assim por consequência; a disseminação é mais ordenada. ➱ Célula de Reed-Sternberg (RS): • Geralmente é feita uma biópsia excisional para subclassificar a célula de RS - uma vez que retiramos todo o linfonodo, essa já é uma medida terapêutica. • SE TEM CÉLULA DE REED-STERNBERG (RS) É LINFOMA DE HODGKIN. • CARACTERÍSTICAS DA CÉLULA DE RS: células grandes, com citoplasma abundante, com múltiplos núcleos ou um único núcleo com vários lobos nucleares, cada qual com um nucléolo grande semelhante a uma inclusão, com tamanho aproximado de um pequeno linfócito. • Variantes da célula = subtipos do linfoma de Hodgkin. • VARIANTE CLÁSSICA: CÉLULA RS GRANDE, BINUCLEADA, NUCLÉOLOS GRANDES, CITOPLASMA ABUNDANTE, CIRCUNDADA POR LINFÓCITOS, MACRÓFAGOS E UM EOSINÓFILO. • VARIANTE MONONUCLEAR: também chamada de célula de Hodgkin. APENAS UM NÚCLEO, PODEMOS VER UMA GRANDE INCLUSÃO DE CÉLULAS QUE SÃO RECRUTADAS PELA CÉLULA DE RS. • VARIANTE LACUNAR: NÚCLEOS DELICADOS, PREGUEADOS OU MULTILOBULADOS, CITOPLASMA CLARO E ABUNDANTE - CÉLULA ROMPE COM EXTRAVASAMENTO DE CONTEÚDO CITOPLASMÁTICO DURANTE A PREPARAÇÃO DA LÂMINA, caracteriza a “PRESENÇA DE LACUNAS”. • VARIANTE HISTIOCÍTICA (POPCORN CELL): MEMBRANAS NUCLEARES COM PREGAS MÚLTIPLAS - CÉLULA PARECE UMA PIPOCA ESTOURADA. ➱ Fisiopatogenia: • ETIOLOGIA: infecção pelo EBV, que é um DNA vírus capaz de permanecer latente na célula humana conseguindo causar mutações, ativando o fator de transcrição NF-kB que ativa genes que promovem a sobrevida e a proliferação dos linfócitos. • Essas células neoplásicas vão se diferenciar nas células de Reed-Sternberg que não são capazes de produzirem anticorpos. • PACIENTES QUE POSSUEM O LINFOMA DE HODGKIN TEM O PADRA2O DE RESPOSTA TH1 SUPRIMIDO (IMUNODEFICIÊNCIA). • As células de RS libera mediadores químicos que recrutam células capazes de produzir outros mediadores que sustentam e mantem a célula de RS viva - estimulam a transcrição da de NF-kB. • O linfócito neoplásico (célula de RS) possui a capacidade de recrutar células que mantem sua sobrevida - ela constrói seu microambiente. • Dependendo das células que predominam nesse infiltrado, teremos diferentes subclassificações do linfoma de Hodgkin. CÉLULAS DE RS + FUNDO REACIONAL DE CÉLULAS RECRUTADAS POR M.Q. LIBERADOS PELA CÉLULA NEOPLÁSICA (RS). ➱ Classificação dos Linfomas de Hodgkin: • FORMAS CLÁSSICAS - não expressam os clusters de diferenciação dos linfócitos B, que são o CD45- e o CD20-, elas expressão o CD15+ e o CD30+: temos 4 tipos, sendo eles - esclerose nodular, celularidade mista, rico em linfócitos e depleção linfocitária. ↪ ESCLEROSE NODULAR: É MAIS FREQUENTE EM MULHERES! * predomínio da proliferação de fibroblastos, produção de colágeno causando fibrose - formação de nódulos, tecido neoplásico reativo rodeado por fibrose. * é o tipo mais prevalente e tem um excelente prognóstico. * presença de fibrose importante que circunda a célula de RS com a presença do infiltrado inflamatório. * macroscopicamente: podemos ter uma retração de tamanho do linfonodo devido à fibrose. * células de RS da variante lacunar presentes - halo negativo devido ao rompimento do citoplasma, liberação de fibrorblastos que produzem colágeno para formar a fibrose. * haverá perda de função do linfonodo devido a substituição pelo tecido cicatricial. * fundo inflamatório pleomórfico: (células T, eosinófilos, plasmócitos e macrófagos. * geralmente não está associado ao EVB. ↪ CELULARIDADE MISTA: * encontraremos a célula de RS que chamará um fundo inflamatório - encontraremos leucócitos racionais mistos (eosinófilos, macrófagos…).. * 20-25% dos casos, possui bom prognóstico, mais prevalente em homens. * células de RS de variante mononuclear abundante * presença de infiltrado mononuclear abundante - § células T, eosinófilos, plasmócitos e macrófagos em meio às células de R-S. * 70% dos casos estão associados com infecção pelo EBV. ↪ RICO EM LINFÓCITOS: * célula de RS + linfócitospredominando no fundo reacional. * é uma forma rara e possui bom prognóstico. * presença da variante mononuclear das células RS. * linfonodos difusamente preenchidos. * 40% dos casos estão relacionados com infecção pelo EBV. ↪ DEPLEÇÃO LINFOCITÁRIA: * presença da célula de RS porém o fundo reacionário é pobre em linfócitos e nos demais tipos celulares também. * é a forma menos comum e possui pior prognóstico dentre as formas clássicas dos linfomas de Hodgkin. * escassez de linfócitos, abundância de células RS e especificamente das variantes pleomórficas. * é o tipo mais associado com infecção pelo EBV (90% dos casos) e também associado com indivíduos HIV+. * diagnóstico diferencial: imunofenotipagem essencial devido a semelhança com LNH de grandes células. • COM PREDOMINÂNCIA LINFOCITÁRIA NODULAR - expressam os clusters de diferenciação dos linfócitos B ∴ possuem CD20+ e CD45+: imunofenótipo característico das células B. ↪ corresponde à apenas 5% dos casos. ↪ teremos um infiltrado de linfócitos pequenos. ↪ difícil acesso às células de RS - teremos nessa variante não clássica a variante histiocítica (popcorn cells) - células com núcleo multilobulado. ↪ não há associações com o EBV. ↪ segue o padrão, sendo mais comum em homens. ➱ Diagnóstico: • SINAIS E SINTOMAS: ↪ SINTOMAS B: linfoadenopatia localizada indolor, febre intermitente, sudorese noturna, perda de peso (>10% em 6 meses) ↪ dispnéia, linfonodomegalia mediastinal, para-aórtico, cervical, prurido (em decorrência de todo infiltrado reacional), anemia (hemolítica ou hipoproliferativa), leucocitose, l infopenia, monocitose, eosinof i l ia , imunodeficiência (devido a leucopenia com perda de imunidade celular Th1 - quem faz isso é a célula de RS). Em estágios avançados pode ocorrer infiltração do baço, MO (nesse caso o linfoma leucemizou) e fígado. • BIÓPSIA EXCISIONAL: verifica-se a presença das células de RS e do tipo de infiltrado, variante. • EXAMES DE IMAGEM. • ANÁLISE IMUNO-HISTOQUÍMICA: principalmente para o tratamento com imunobiológicos, nesse caso teremos que verificar pela imuno-histoquímica se essa célula neoplásica manifesta receptores para esses imunobiológicos. • SOROLOGIA PARA EBV: verifica o contato prévio com o herpes vírus humano 4. ➱ Aspecto Morfológico: • MACROSCOPICAMENTE: linfonodo com linfoma de Hodgkin possui uma consistência mais emborrachada. • MICROSCOPICAMENTE: presença das células de RS. • NA IMUNO-HISTOQUÍMICA: utilização de diferentes marcadores para verif icar a posit ividade ou negatividade daquela célula. ↪ corou de marrom é +. ↪ CD15+ e CD30+: variante clássica. ↪ CD20+ e CD45+: variante não clássica - com predominância linfocitária nuclear. • NO EXAME DE IMAGEM: ↪ RAIO-X: pode haver edema, dispneia, derrame pleural, devido a compressão dessa região pela massa linfonodal. ➱ Estadiamento: critério Ann Arbor Staging of Lymphoma. ↪ ESTÁGIO 1: apenas uma região linfonodal acima do diafragma acometida. ↪ ESTÁGIO 2: duas regiões acometidas acima do diafragma. ↪ ESTÁGIO 3: acometimento de linfonodos tanto acima quanto abaixo do diafragma. ↪ ESTÁGIO 4: envolvimento extradifuso, mais de um sítio extralinfático acometido. * em todos os estágios pode ter esplenomegalia, ai ele recebe a letra “E”, que indica acometimento de região extranodal. * letra “X" corresponde à uma massa nodal > 10cm. PET-CT: INDICA AS CÉLULAS QUE ESTÃO SE MULTIPLICANDO MUITO ↪ exame de imagem também é importante para monitorar os resultados à quimioterapia. ➱ Tratamento: • QUIMIOTERAPIA: ABVD = adriamicina, bleomicina, vimblastina, dacarbazina + RADIOTERAPIA. ↪ se forem os estágios o I e II ( 2-3 ciclos ABVD + radioterapia. ↪ se forem os estágios III e IV (6-8 ciclos ABVD + radioterapia. ↪ imunoterapia com rituximab. ↪ transplante: menos frequente pois os linfomas de Hodgkin possuem boa resposta aos quimioterápicos. ↪ efeitos colaterais da quimioterapia: fiborse pulmonar (bleomicina), cardiotoxicidade (adriamicina). ↪ efeitos colaterais da radioterapia: hipotireoidismo, LNH, outros tumores (pulmão, mama) e complicações cardiovasculares. ➱ Prognóstico: ↪ desfavorável em caso de: idade > 45 anos, gênero masculino, estádio IV, albuminemia (<4g/dL), Hb <10,5g/ dL, leucocitose (> 15.000/mm3) linfopenia (<600/microL).
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