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Sabrina Angheben da Silva | Ginecologia e obstetrícia Doença Hipertensiva Específica da Gestação DEFINIÇÕES ● Proteinúria patológica - >=300 mg/24h - Pode ser investigada pela fita reagente - Diagnóstico apenas pela urina 24h - Caso não seja possível, fazer relação proteína/creatinina em amostra isolada - >=0,3 ● Edema - É um sinal de proteinúria - Indicativo de anasarca → aumento súbito de peso (>1kg/semana) ● Hipertensão arterial crônica - Hipertensão prévia à gestação ou detectada antes da 20ª semana - Nesses casos, solicitar proteinúria para realizar comparativo a partir da 20ª semana ● Hipertensão gestacional - Hipertensão após 20ª semana sem demais alterações ● Pré-eclâmpsia - Hipertensão após 20ª semana com proteinúria - Exceção (pré-eclâmpsia sem proteinúria) - Plaquetopenia <100.000 - Cr >1,1 - EAP (edema agudo de pulmão) - Aumento 2x das transaminases - Sintomas SNC: cefaleia, diplopia, escotomas. ● Eclâmpsia - Presença de convulsões tônico-clônicas generalizadas ou coma em mulheres com quadros hipertensivos. - Gestantes, parto e puerpério imediato ● HAS com pré-eclâmpsia sobreposta - Hipertensão prévia com detecção de proteinúria previamente inexistente ou aumento da proteinúria “basal” - Pode ser detectada pela elevação súbita da pressão CLASSIFICAÇÃO PRÉ-ECLÂMPSIA ● Leve - Ausência de fatores de gravidade ● Grave - PAS <=160 - PAD >=110 - Proteinúria >=5g ou >=2g/24h - EAD, oligúria ou creatinina >1,3 mg/dL - HELLP - Hemólise - DHL >=600 - Esquizócitos presentes - Bilirrubina total >=1,2 - Elevação das enzimas hepáticas - Plaquetopenia - <100.000 ● Iminência de eclâmpsia - Cefaléia, escotomas, epigastralgia e hiperreflexia FATORES DE RISCO - Nuliparidade - Em multíparas, se relaciona com hipertensão prévia ou troca de parceiro - Nível socioeconômico desfavorável - Relação com pior evolução e desfecho - Idade materna avançada - História familiar de DHEG - Obesidade - Gestação múltipla - Doença trofoblástica gestacional - Nesses casos, a pré-eclâmpsia ocorre antes de 20 semanas - DHEG pregressa - DM - Doença renal - Doença do colágeno - Trombofilias - Desnutrição - Tabagismo é considerado fator protetor FISIOPATOLOGIA ● Invasão trofoblástica - Ocorre no 1º trimestre - Primeira onda da invasão do trofoblasto - Atinge os vasos da decídua - Segunda onda - Alcança a camada muscular média, ligando-se às artérias espiraladas do endométrio pelo sinciciotrofoblasto - Ocorre até a 20ª semana - A invasão trofoblástica adequada causa a diminuição da resistência vascular e aumenta o fluxo sanguíneo placentário - Para ocorrer de forma adequada, depende de - Fatores angiogênicos - Antiangiogênico - Citocinas - Metaloproteínas - Complexos MHC - Antígenos leucocitarios - Fatores de crescimento ● Defeito na invasão trofoblástica - Pode apresentar defeitos desde a primeira onda - Há invasão inadequada no trofoblasto intravascular - As artérias espiraladas não perdem a camada muscular média - Finalizam com diâmetro diminuído e resistência aumentada - A placenta isquêmica, em resposta à hipóxia, libera fatores na circulação materna - Aumento de fatores antiangiogênicos (antagonistas de VEGF e TGF) → endoglina e tirosina quinase semelhante a fms solúvel (sFltL) - Diminui a angiogênese, a [] de NO e [] PG2 - Aumento TXA2 - Disfunção endotelial + hipercoagulabilidade - Consequências - Diminuição do fluxo útero-placentário - Menor oxigenação fetal - Ativação endotelial, seguida de vasoespasmo - Causa HAS, oligúria e convulsões - Aumento da permeabilidade capilar - Edema, proteinúria e hemoconcentração - Ativação da coagulação - Plaquetopenia DIAGNÓSTICO ● Suspeita - Gestantes com HAS prévia, edema e/ou proteinúria significativa após 20 semanas - Especialmente em caso de primigesta ou história familiar ● Pré-eclâmpsia - Aumento da PA + proteinúria ● Pré-eclâmpsia sem proteinúria - Gestação >20 semanas + - Plaquetopenia <100.000 - Cr >1,1 - EAP (edema agudo de pulmão) - Aumento das transaminases (2x) - Sintomas do SNC, como cefaleia, diplopia e escotomas ● Hipertensão gestacional - Hipertensão a partir de 20 semanas sem proteinúria ou demais alterações - Melhora após 12 semanas do puerpério ● Exames complementares CONDUTA ● Pré-eclâmpsia leve - Seguimento ambulatorial sem tratamento farmacológico - Dieta normossódica - Repouso relativo - Conferir PA ao menos 2x/dia - Pesagem diária - Proteinúria na fita reagente conferida semanalmente - Orientar sinais de alerta - Manter conduta expectante até o termo, avaliando condições maternas e fetais ● Pré-eclâmpsia grave - Internamento imediato e tratamento farmacológico - Antihipertensivos - Hidralazina EV ou labetalol EV, com manutenção por metildopa VO. - Indicação - PA >160/100 mmHg - Objetivo - Manter PAS entre 140-155 e PAD 90-100 - Sulfato de magnésio - Reflexo patelar deve estar presente, mesmo se diminuído - FR deve estar >12 - Diurese deve manter >25 mL/h - Intoxicação - Reflexo patelar ausente ou bradipnéia - Suspender medicação e aplicar gluconato de cálcio 10% - Interrupção da gestação - É o tratamento definitivo - Se <34 semanas - Corticóide → betametasona IM 12 mg/dia por 2 dias - Piora → realizar parto - Se >34 semanas - Estabilização materna e parto - Vias de parto - Vaginal é o preferível, evitando o estresse adicional da cirurgia ● Eclâmpsia - Cuidados gerais - Decúbito em 30º e face lateralizada - Cateter nasal com O2 5 mL/min - Manter cateter vesical - Punção central ou periférica calibrosa - Terapia anticonvulsivante - Sulfato de magnésio PREVENÇÃO - Indicação - Grupos de risco - A partir de 12 semanas - Cálcio - Suplementação com carbonato de cálcio 1000-2000 mg/dia - Dietas com baixo cálcio possuem incidência aumentada de eclâmpsia - Aspirina - 50-150mg/dia - Deve ser iniciada antes da 16º semana - Geralmente suspensa na 36ª para evitar sangramento aumentado no parto
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