Buscar

Síndrome do Intestino Irritável

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 9 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 9 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 9 páginas

Prévia do material em texto

MÓDULO DOR ABDOMINAL – P3 | Luíza Moura e Vitória Neves 
SÍNDROME DO INTESTINO IRRITÁVEL 
INTRODUÇÃO 
A SII é uma doença intestinal funcional 
recidivante, definido por critérios diagnósticos 
baseados em sintomas, em ausência de causas 
orgânicas detectáveis. 
É caracterizada por: 
 Dor ou desconforto abdominal; e 
 Hábitos intestinais alterados, na ausência 
de alterações estruturais identificáveis. 
A!! É frequente que se acompanhe de inchaço, 
distensão e alterações na defecação. 
A!! O quadro sintomático não é específico da 
SII, pois os sintomas podem se apresentar 
ocasionalmente em qualquer indivíduo. 
 Para distinguir a SII de sintomas 
intestinais passageiros, é necessário o 
caráter crônico e recorrente da SII e têm 
proposto critérios diagnósticos com base 
na frequência de aparição desses 
sintomas. 
A intensidade dos sintomas é variável, flutuante, 
influencia negativamente a qualidade de vida 
dos doentes e não raras vezes surgem associados 
com: 
 Fibromialgia; 
 Cefaleias; 
 Lombalgia; ou 
 Sintomas genitourinários. 
CLASSIFICAÇÃO 
Seguindo os critérios de Roma III, e segundo as 
características das fezes do paciente: 
1. SII com obstipação (SII-O); 
 Fezes duras > 25% das vezes e fezes moles 
< 25% das vezes; 
 Até um terço dos casos; 
 Mais comum entre mulheres. 
2. SII com diarreia (SII-D); 
 Fezes moles > 25% das defecações e fezes 
duras < 25% das defecações; 
 Até um terço dos casos; 
 Mais frequente entre homens. 
3. SII com padrão misto ou cíclico (SII-M); 
 Fezes duras e moles > 25% das vezes; 
 Um terço na metade dos casos. 
4. SII não classificável (SII-NC). 
A!! É frequente um doente ser classificado ora 
num subgrupo, ora noutro. 
SUBCLASSIFICAÇÃO 
Com base nos sintomas: 
 SII onde predomina a disfunção intestinal; 
 SII onde predomina a dor; 
 SII onde predomina o inchaço. 
Com base nos fatores precipitantes: 
 Pós-infecciosa (SII-PI); 
 Induzida por alimentos (induzida pelas 
refeições); 
 Relacionada ao estresse. 
A!! Porém, exceto pela SII-PI, que está bastante 
bem caracterizada, ainda não foi possível 
determinar a relevância de qualquer uma destas 
classificações com respeito ao prognóstico ou a 
resposta ao tratamento. 
FISIOPATOLOGIA 
A fisiopatologia da SII não está totalmente 
esclarecida, apesar de ser um distúrbio 
multifatorial. 
Porém, admite-se que seja consequente a 
anormalidades no eixo cérebro-intestino com 
alterações em diferentes níveis do SNC e 
entérico ou das suas interações: 
 
MÓDULO DOR ABDOMINAL – P3 | Luíza Moura e Vitória Neves 
 Como é o caso da liberação de substâncias 
com atividade neuroendócrina, que 
responderiam pelos mecanismos 
responsáveis pelas disfunções motoras, 
sensitivas e de secreção, que representam 
a base dos sintomas. 
Os sinais originados no intestino, mesmo os de 
menor intensidade, têm uma área de registro 
pré-frontal e hipotalâmico maior nesses doentes. 
Como consequência, a resposta eferente do SNC 
retorna às vísceras abdominais com maior 
intensidade. 
A!! Essa dupla via comunicante entre os dois 
sistemas é executada inconscientemente. 
A interação entre o SNC e o entérico tem um 
importante papel na regulação das: 
 Funções intestinais de motilidade; 
 Percepção de dor; 
 Fluxo sanguíneo e secreções; e 
 Função imunológica, moduladas por sua 
inervação intrínseca e extrínseca. 
Esta última inclui ramos do sistema nervoso 
autonômico, anatômica e funcionalmente 
integrado com o eixo cérebro -intestino e 
responsável pela homeostase intestinal. 
O sistema parassimpático reconhecidamente 
estimula as ações motoras da musculatura lisa e 
da secreção, cabendo ao simpático a inibição 
dessas atividades. 
________________________________________ 
Percepção aumentada ocorre nos pacientes com 
SII em todo o TGI, estendendo-se para outras 
vísceras da cavidade abdominal. 
Essa hipersensibilidade acaba reduzindo seu 
limiar para dor ou desconforto no abdome, uma 
das principais queixas clínicas, ao lado do 
reconhecimento de eventos de natureza 
fisiológica, como: 
 Sensação dos movimentos; e 
 maior audição dos ruídos intestinais. 
Certamente, o eixo intestino-cérebro desregulado 
responde por essa hipervigilância e da 
modulação dos sinais aferentes viscerais. 
________________________________________ 
Do ponto de vista neuroendócrino, ressalta o 
papel dos neurotransmissores. 
A serotonina, recebeu maior atenção por sua 
mediação nas respostas da/das: 
 Secreção; 
 Modulação do peristaltismo; e 
 Funções viscerais aferentes. 
É liberado das células enterocromafins e 
mastócitos, a partir de estímulos mecânicos ou 
inflamatórios, atingindo a inervação intrínseca e 
extrínseca por via transepitelial. 
Em situações de estresse, os fatores liberadores 
de corticotropina e tireotrofina, produzidos no 
cérebro, degranulam mastócitos, promovendo o 
extravasamento de serotonina, o que provoca 
maior contração cólica. 
________________________________________ 
Impactos emocionais parecem ser um importante 
cofator para o desencadeamento dos sintomas da 
síndrome. 
O hormônio liberador de corticotropina (CRH) 
é vital na resposta ao estresse, ativando o eixo 
hipotálamo-pituitária-adrenal, como reação a 
fatores estressores físicos e psicológicos. 
 Esse fato resulta no aumento dos níveis do 
hormônio adrenocorticotrópico e do 
cortisol nos pacientes. 
As manifestações motoras e, principalmente, as 
relacionadas com a hipersensibilidade podem ser 
devidas à ação do CRH, após sua ligação com 
receptores, presentes em/na: 
 Neurônios entéricos; e 
 Mucosa da parede do intestino. 
________________________________________ 
 
MÓDULO DOR ABDOMINAL – P3 | Luíza Moura e Vitória Neves 
Na prática clínica, reconhece que, embora, 
sintomas gastrointestinais, seguindo traumas 
emocionais, possam se manifestar em qualquer 
indivíduo, os doentes que apresentam a SII são 
mais propensos a desenvolvê-los. 
Comorbidades psiquiátricas também são mais 
comuns entre eles e acabam sendo motivo para 
interferir na forma evolutiva da disfunção. 
Experiências vividas na infância, como 
comportamentos familiares diante de doenças, 
perdas afetivas e história de abuso físico ou 
sexual, podem influenciar na: 
 Formação do seu perfil psicológico; 
 Habilidade para lidar com momentos 
marcantes da sua vida emocional; 
 Sociabilidade; e 
 Suscetibilidade para estímulos estressantes. 
________________________________________ 
A justificativa das mudanças motoras e 
sensoriais refere-se à participação do sistema 
imunológico da mucosa intestinal, que, uma vez 
ativado, seria o gatilho, na fisiopatologia da SII 
secundária à inflamação, a partir de uma 
agressão de microrganismos patogênicos, talvez 
da: 
 Própria microbiota comensal; ou 
 Decorrente da ação de antígenos 
alimentares. 
A!! Uma parcela dos doentes sem sintomas 
prévios relata o aparecimento ou prolongamento 
das suas queixas, após um quadro diarreico 
agudo, bacteriano ou viral. 
São considerados fatores predisponentes para a 
chamada SII pós-infecciosa (SII-PI): 
 Duração longa; 
 Sexo feminino; 
 Estado psicológico; 
 Tabagismo; 
 Marcadores de inflamação da mucosa 
intestinal; e 
 Toxicidade do patógeno. 
________________________________________ 
Fatores genéticos, relacionados a genes 
envolvidos na produção de citocinas pró-
inflamatórias e das interações neuroimunes, 
produzidas por maior número de células 
enterocromafins, de células inflamatórias na 
lâmina própria e ações neuroendócrinas 
liberadoras de serotonina manteriam: 
 Síntese de neuromoduladores; e 
 Aumento da permeabilidade do epitélio 
intestinal. 
...independentemente do término do estímulo 
infeccioso que os originou. 
________________________________________ 
Há também um papel das mudanças qualitativas 
e quantitativas da flora bacterianaintestinal nas 
doenças digestivas. 
Sua interação com fatores relacionados ao 
hospedeiro: 
 Idade e genética; 
 Dieta e trânsito intestinal; 
 Utilização de medicamentos. 
...parece também ter importância no 
desenvolvimento de distúrbios funcionais. 
AVALIAÇÃO E QUADRO CLÍNICO 
HISTÓRIA CLÍNICA 
Ao avaliar o paciente com SII, é importante: 
 Considerar os sintomas; 
 Identificar os fatores precipitantes e 
outros sintomas gastrointestinais/extra 
gastrointestinais associados; 
 Buscar a presença de sintomas de alarme. 
Deve perguntar ao paciente sobre: 
1. Padrão de dor ou desconforto abdominal: 
 Duração crônica; 
 Tipo de dor: intermitente ou contínua; 
 Episódios prévios de dor; 
 
MÓDULO DOR ABDOMINAL – P3 | Luíza Moura e Vitória Neves 
 Localização da dor: difusa, metade inferior 
do abdome ou, preferencialmente, no 
quadrante inferior esquerdo; 
 Alívio com defecação ou eliminação de 
gase ou conteúdo colorretal; 
 A dor noturna é inabitual e se considera um 
sinal de alarme. 
2. Outros sintomas abdominais: 
 Inchaço; 
 Distensão; 
 Borborigmos; 
 Flatulência. 
3. Natureza do transtorno intestinal associado: 
- Constipação: evacuações dificultosas, mesmo 
que diárias, com bolo fecal de calibre reduzido, 
endurecido e de pequena quantidade (cíbalos), 
persistindo a sensação de eliminação incompleta; 
 Requerem esforço, e mesmo que o reflexo 
da evacuação ocorra repetidamente, o 
esvaziamento não é satisfatório; 
 Deixa o paciente desconfortado, até com 
dor abdominal, por distensão evidente ou 
a impressão de plenitude. 
- Diarreia: caracterizado por evacuações 
múltiplas, fragmentadas, que se iniciam já pela 
manhã, em geral após o desjejum, de volume 
fecal pequeno; 
 A 1ª evacuação é consistente, mas as 
seguintes têm fezes amolecidas ou 
líquidas, podendo ter muco sem sangue, 
precedidas de dor ou desconforto 
abdominal, que se alivia com a 
exoneração, até o próximo estímulo para 
evacuar; 
 O intervalo entre as evacuações é curto, e 
o reflexo retal requer urgência, sob risco 
de não haver controle esfincteriano; 
 Dessa forma podem se suceder várias 
dejeções em pouco tempo, próximas 
umas às outras, criando insegurança para 
iniciar atividades, até que tenha a sensação 
de ter evacuado todo o necessário. 
- Alternância ou misto: ora diarreico, ora 
constipado. 
4. Anomalias da defecação: 
 Diarreia durante >2 semanas; 
 Muco nas fezes; 
 Urgência na defecação; 
 Sensação de defecação incompleta. 
5. Outra informação procedente da história do 
paciente e dignos de advertência importantes: 
 Emagrecimento não-intencional; 
 Sangue nas evacuações; 
 
 Antecedentes familiares de: 
 Neoplasia colorretal; 
 Doença celíaca; 
 Doença inflamatória intestinal. 
 
 Febre que acompanha à dor abdominal 
baixa; 
 
 Relação com: 
 Menstruação; 
 Ingestão de medicamentos; 
 Consumo de alimentos (leite e 
derivados ou cereais a base de trigo, 
centeio etc), edulcorantes artificiais, 
produtos dietéticos ou álcool; 
 Viagem por regiões subtropicais. 
 
 Hábitos alimentares anormais: 
 Refeições irregulares ou inadequadas; 
 Ingestão de líquidos insuficiente; 
 Ingestão de fibras excessiva; 
 Obsessão com a higiene na dieta. 
 
 Antecedentes familiares de SII. 
 A SII se apresenta com maior 
frequência em determinadas 
famílias, embora não compreenda 
bem a genética. 
 
 Natureza da aparição: instalação súbita, 
vinculada a uma exposição à gastroenterite 
sugere SII-PI. 
 
MÓDULO DOR ABDOMINAL – P3 | Luíza Moura e Vitória Neves 
AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA 
Os fatores psicológicos podem: 
 Incidir na persistência e percepção da 
severidade dos sintomas abdominais; 
 Contribuir à deterioração da QV e ao uso 
excessivo de serviços de atenção médica. 
Por isso, é comum que coexista: 
 Ansiedade e depressão; 
 Somatização; 
 Hipocondria; 
 Medos vinculados aos sintomas. 
EXAME FÍSICO 
O exame físico tranquiliza o paciente e ajuda a 
detectar possíveis causas orgânicas. 
Normalmente não apresenta qualquer evidência: 
 Comprometimento geral; 
 Perda de peso; ou 
 Sinais de carências. 
Realiza exame geral buscando sinais de doença 
sistêmica, mas, normalmente, todos os sistemas 
são semiologicamente normais. 
Durante a propedêutica abdominal: 
 Inspeção: não há aumentos viscerais ou 
massas palpáveis; 
 Ausculta: nenhuma alteração é observada; 
 Percussão: timpanismo de maior grau pode 
estar presente; 
 Palpação: a profunda tende a ser dolorosa, 
difusa ou dos segmentos cólicos em 
particular, especialmente os segmentos do 
cólon esquerdo; 
Deve incluir: 
 Inspeção anal e toque retal: em geral, se 
apresenta com maior sensibilidade. 
DIAGNÓSTICO 
O diagnóstico de SII, geralmente, é suspeitado 
com base: 
 Anamnese; 
 Exame físico; e 
 Exames complementares. 
A!! A investigação complementar é 
desnecessária, desde que a hipótese tenha sido 
bem fundamentada nos critérios clínicos e na 
ausência de sinais ou sintomas de alarme. 
A confirmação do diagnóstico de SII requer a 
EXCLUSÃO CONFIÁVEL DE DOENÇA 
ORGÂNICA, considerando: 
 Características e formas de apresentação de 
cada paciente individual. 
CRITÉRIOS DE ROMA IV PARA SII 
Paciente tem dor abdominal recorrente (≥ 1 dia por semana, em média, nos 3 meses anteriores), com 
início ≥ 6 meses antes do diagnóstico 
A dor abdominal está associada a pelo menos dois dos seguintes sintomas: 
 Dor relacionada à defecação; 
 Mudança na frequência das fezes; 
 Mudança na forma (aparência das fezes). 
O paciente não apresenta nenhum dos seguintes sinais de alerta: 
 Idade ≥ 50 anos, nenhuma triagem prévia do câncer de cólon e presença de sintomas; 
 Mudanças recentes no hábito intestinal; 
 Evidências de sangramento GI oculto (melena ou hematoquezia); 
 Dor noturna ou passagem das fezes; 
 Perda de peso involuntária; 
 História familiar de câncer colorretal ou doença inflamatória intestinal; 
 Massa abdominal palpável ou lipofenopatia; 
 Evidência de anemia ferropriva em exames de sangue; 
 Teste positivo para sangue oculto nas fezes. 
 
MÓDULO DOR ABDOMINAL – P3 | Luíza Moura e Vitória Neves 
Na prática clínica, os clínicos baseiam seu 
diagnóstico de SII: 
 Avaliando o paciente completo: 
frequentemente com o passar do tempo; e 
 Consideram uma série de características 
que apoiam seu diagnóstico: além da dor 
e do desconforto que acompanham a 
defecação ou as alterações na frequência ou 
forma das evacuações. 
Sintomas comuns da SII e que apoiam o 
diagnóstico: 
 Inchaço; 
 Forma anormal das fezes (duras e/ou 
moles); 
 Frequência anormal das evacuações (<3x 
por semana ou >3x por dia); 
 Esforço para defecar; 
 Urgência; 
 Sensação de evacuação incompleta; 
 Eliminação de muco pelo reto. 
Características do comportamento que ajudam 
a reconhecer a SII na prática geral: 
 Sintomas se mantêm durante mais de 6 
meses; 
 Estresse agrava os sintomas; 
 Consultas frequentes por sintomas não-
gastrointestinais; 
 Antecedentes de sintomas anteriores sem 
explicação médica; 
 Agravamento depois das refeições; 
 Acompanhado de ansiedade e/ou 
depressão. 
Doenças não-colônicas que acompanham 
frequentemente a SII: 
 Dispepsia; 
 Náuseas; 
 Pirose. 
Sintomas não-gastrointestinais associados: 
 Letargia; 
 Dor de costas e outras dores musculares e 
articulares; 
 Cefaleias; 
 Sintomas urinários: noctúria, frequência e 
urgência à micção e esvaziamento 
incompleto da bexiga. 
 Dispareunia; 
 Insônia; 
 Baixa tolerância à medicação. 
EXAMES COMPLEMENTARES 
Além dos critérios de Roma IV, o diagnóstico 
laboratorial é de extrema importância no auxílio 
diagnóstico para: 
 Enquadrar o paciente nos critérios de 
Roma; 
 Descartar outras hipóteses de enfermidades. 
Na primeira frente diagnóstica, os principais 
exames a serem solicitadossão: 
 Hemograma; 
 VHS e PCR; 
 Albumina; 
 T4; 
 TSH; 
 Parasitológico de fezes; e 
 Sangue oculto nas fezes. 
Outros exames recomendados que fortes 
evidências são: 
 Lactoferrina fecal: importante para 
diagnóstico diferencial, pois é uma proteína 
existente no citoplasma dos granulócitos 
que estatisticamente está mais elevada na 
Doença de Crohn; e 
 Calprotectina fecal: importante para o 
diagnóstico diferencial entre doença 
inflamatória intestinal e a SII em pacientes 
com sintomas gastrointestinais crônicos – 
um dos principais marcadores de doença 
inflamatória intestinal. 
Outro fator importante é: 
 Pesquisa de marcadores bioquímicos e 
imunológicos para doença celíaca; e 
 Intolerância à lactose para pacientes com 
sintomas mais acentuados, como êmese e 
diarreia. 
 
MÓDULO DOR ABDOMINAL – P3 | Luíza Moura e Vitória Neves 
Porém, se o paciente apresentar sinais de alarme, 
há indicação direta para exames de imagem, 
como: 
 Colonoscopia (padrão ouro); 
 Colonografia por TC; 
 Retossigmoidoscopia; 
 Clister opaco; e 
 USG de abdome total. 
 
Legenda: algoritmo do diagnóstico da SII 
TRATAMENTO 
O tratamento da SII é feito, principalmente, por 
meio de mudanças de hábitos de vida, como: 
 Reeducação alimentar; 
 Prática de exercícios físicos regulares. 
Juntos tem uma melhora do trânsito intestinal, 
dos sintomas, como dores abdominais e o excesso 
de gases, fortalecimento do tônus simpático. 
Além disso, há também terapia comportamental 
e a farmacoterapia. 
O tratamento é dirigido ao/à: 
 Sintoma dominante e intensidade; 
 Compromisso funcional; e 
 Fatores psicossociais associados. 
 
RELAÇÃO MÉDICO-PACIENTE 
A primeira etapa de um tratamento bem-
sucedido depende do diagnóstico correto e uma 
atitude tranquilizadora por parte do médico, 
explicando o carácter benigno da doença. 
É preciso ouvir suas queixas, em geral 
detalhadas, sabendo filtrar as informações 
importantes e dando total atenção aos temores 
que os afligem, como não ter anormalidade nos 
exames, o que, leigamente, pode significar uma 
doença oculta. 
Deve esclarecer ao doente que a síndrome 
efetivamente não é diagnosticada por alterações 
nos exames e que sua situação não favorece maior 
incidência de neoplasias. 
É preciso informar que, independentemente da 
melhora em resposta ao tratamento, a 
recorrência dos sintomas vai acontecer, pois se 
trata de uma condição disfuncional que não há 
expectativa de cura. 
A!! Uma relação médico-paciente consolidada 
reduz a procura de cuidados de saúde pelo 
doente. 
A!! Uma atitude receptiva e encorajadora pode 
trazer uma repercussão na evolução clínica desses 
casos. 
Nesse sentido, é interessante envolver os 
pacientes nas medidas terapêuticas, o que cria 
uma responsabilidade altamente positiva para 
sua relação com o médico. 
A sugestão é que o paciente construa um diário, 
com: 
 Anotações dos eventuais gatilhos para os 
sintomas, sejam de origem alimentar ou 
não, os quais serão analisados, em 
conjunto, na visita seguinte. 
Recomenda o aumento do lazer, explicando a 
importância para o alívio de suas tensões. 
 
 
MÓDULO DOR ABDOMINAL – P3 | Luíza Moura e Vitória Neves 
DIETA 
FODMAP’S 
Fermentáveis (F) - Oligossacarídeos (O) - 
Dissacarídeos (D) - Monossacarídeos (M) - 
Polióis (P) 
Os FODMAP são hidratos de carbono de cadeia 
curta que são: 
 Fracamente absorvidos no intestino 
delgado; e 
 Fermentados no cólon. 
Eles aumentam a água fecal e conduzem à 
produção de gases, causando dor e diarreia. 
Uma dieta pobre em FODMAPs parece ser eficaz 
na melhoria da dor abdominal. 
REEDUCAÇÃO ALIMENTAR 
As principais formas de dietas recomendadas 
são: 
 Restritivas individualizadas para 
necessidade do paciente e feita com 
acompanhamento de nutricionista. 
Dessa forma, as mais relevantes são: 
 Aumento da ingestão de água, fibras 
solúveis, principalmente em pacientes com 
constipação. 
 No caso das fibras insolúveis é 
necessário alertar que podem 
aumentar o inchaço e as dores 
abdominais quando consumidas 
sem a ingesta adequada de água. 
 
 Reduzir o consumo de cafeína e álcool; 
 Consumo do glúten, que não deve ser 
excluído da dieta quando o paciente já está 
com um consumo reduzido desses 
carboidratos de cadeia curta, nesses casos 
deve ser apenas reduzido da alimentação. 
 
 
EXERCÍCIO FÍSICO 
A prática de atividade física é consenso de todas 
as áreas da saúde para a melhoria da qualidade 
de vida. 
Sabe-se que o exercício físico está ligado 
diretamente com a melhoria do trânsito 
intestinal, seja ele de: 
 Grande ou pequeno impacto. 
A prática da Yoga, por exemplo, tem sido 
relatada como um regime de exercícios que eleva 
o tônus simpático, que é diminuído em pacientes 
com SII. 
Dessa forma, terapias físicas e comportamentais 
ajudam, também, na disfunção do assoalho 
pélvico que é subdiagnosticada em pacientes 
com SII, especialmente aqueles com o subtipo de 
constipação. 
INTERVENÇÕES PSICOLÓGICAS 
A Terapia Cognitiva Comportamental ou a 
hipnoterapia têm demonstrado eficácia clínica e 
são recomendadas nas diretrizes de tratamento. 
São utilizadas principalmente no tratamento de 
doentes com: 
 Obesidade; 
 Dor refratária à terapêutica médica; e 
 Comorbilidade psiquiátrica. 
TRATAMENTO FARMACOLÓGICO 
O tratamento farmacológico deverá se restringir 
aos períodos sintomáticos mais incômodos, 
considerando: 
 Tipo, frequência e intensidade dos 
sintomas; e 
 Qualidade de vida do paciente. 
Poderá ser suspenso durante as fases de 
remissão. 
A terapêutica propõe corrigir as alterações da: 
 Motricidade intestinal; e 
 Hipersensibilidade visceral. 
 
MÓDULO DOR ABDOMINAL – P3 | Luíza Moura e Vitória Neves 
ANTIESPASMÓDICOS 
Os antiespasmódicos têm sido utilizados no SII, 
pois a motilidade exagerada do intestino delgado 
e do cólon em resposta a estímulos do meio 
ambiente pode ser responsável pela dor. 
 Eles têm ação relaxante da musculatura 
lisa intestinal. 
Por isso, são usados: 
 Nos quadros diarreicos, pois diminuem a 
motricidade; 
 Nos quadros constipados, pois diminuem a 
espasticidade; 
 Nos quadros alternados associados aos 
aumentadores do bolo fecal. 
ANALGÉSICO 
Se necessário um analgésico, deve-se usar: 
 Paracetamol em detrimento de AINE. 
A!! Deve evitar o uso de opioides, pelo risco de 
dependência e pelos efeitos secundários no TGI. 
ANTICONSTIPANTES 
LAXANTES 
Os laxantes são usados há anos devido à sua 
segurança, baixo custo, e disponibilidade no 
tratamento da constipação crônica, sendo 
também usados em doentes com SII-O para 
melhorar a frequência das evacuações. 
A curto prazo proporcionam melhorias, mas 
não existem evidências a longo prazo. 
ANTIDIARREICOS 
LOPERAMIDA 
A loperamida é o único antidiarreico apresenta 
uma: 
 Diminuição no número de evacuações e 
na consistência das fezes. 
A loperamida não se mostrou mais eficaz do que 
o placebo na redução da dor abdominal ou 
sintomas globais do SII. 
 Neste sentido, não se encontra 
recomendada pela WGO. 
Por outro lado, a AGA apesar de considerar a 
evidência dos dados muito limitada, recomenda 
a utilização de loperamida nos doentes com SII-
D pelo seu baixo custo e poucos efeitos adversos 
(em detrimento de nenhum tratamento). 
ANTIDEPRESSIVOS 
ANTIDEPRESSIVOS TRICÍCLICOS 
Os antidepressivos tricíclicos também são 
importantes miorrelaxantes, mas não devem ser 
prescritos para a forma constipada da SII. 
Seu emprego pode, ainda mais, contribuir para o 
controle dos doentes com comorbidades 
psiquiátricas e não tenham apresentado boa 
resposta ao esquema clássico de 
antiespasmódicos e fibras. 
A!! Ansiolíticos fazem parte da abordagem 
medicamentosa da SII e são dirigidos para os 
casos nos quais a relação dos sintomas digestivos 
e estados de tensão seja muito evidente. 
PROBIÓTICOOs probióticos constituem um novo grupo de 
produtos que vêm ganhando espaço na 
terapêutica da SII. 
Como alimentos funcionais, sua intenção é: 
 Recompor qualitativamente a composição 
da microbiota intestinal; e 
 Combater quantitativamente o 
sobrecrescimento bacteriano. 
Eles também estão ligados diretamente com 
melhora da dor abdominal e do trânsito 
intestinal.

Outros materiais