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MÓDULO DOR ABDOMINAL – P3 | Luíza Moura e Vitória Neves SÍNDROME DO INTESTINO IRRITÁVEL INTRODUÇÃO A SII é uma doença intestinal funcional recidivante, definido por critérios diagnósticos baseados em sintomas, em ausência de causas orgânicas detectáveis. É caracterizada por: Dor ou desconforto abdominal; e Hábitos intestinais alterados, na ausência de alterações estruturais identificáveis. A!! É frequente que se acompanhe de inchaço, distensão e alterações na defecação. A!! O quadro sintomático não é específico da SII, pois os sintomas podem se apresentar ocasionalmente em qualquer indivíduo. Para distinguir a SII de sintomas intestinais passageiros, é necessário o caráter crônico e recorrente da SII e têm proposto critérios diagnósticos com base na frequência de aparição desses sintomas. A intensidade dos sintomas é variável, flutuante, influencia negativamente a qualidade de vida dos doentes e não raras vezes surgem associados com: Fibromialgia; Cefaleias; Lombalgia; ou Sintomas genitourinários. CLASSIFICAÇÃO Seguindo os critérios de Roma III, e segundo as características das fezes do paciente: 1. SII com obstipação (SII-O); Fezes duras > 25% das vezes e fezes moles < 25% das vezes; Até um terço dos casos; Mais comum entre mulheres. 2. SII com diarreia (SII-D); Fezes moles > 25% das defecações e fezes duras < 25% das defecações; Até um terço dos casos; Mais frequente entre homens. 3. SII com padrão misto ou cíclico (SII-M); Fezes duras e moles > 25% das vezes; Um terço na metade dos casos. 4. SII não classificável (SII-NC). A!! É frequente um doente ser classificado ora num subgrupo, ora noutro. SUBCLASSIFICAÇÃO Com base nos sintomas: SII onde predomina a disfunção intestinal; SII onde predomina a dor; SII onde predomina o inchaço. Com base nos fatores precipitantes: Pós-infecciosa (SII-PI); Induzida por alimentos (induzida pelas refeições); Relacionada ao estresse. A!! Porém, exceto pela SII-PI, que está bastante bem caracterizada, ainda não foi possível determinar a relevância de qualquer uma destas classificações com respeito ao prognóstico ou a resposta ao tratamento. FISIOPATOLOGIA A fisiopatologia da SII não está totalmente esclarecida, apesar de ser um distúrbio multifatorial. Porém, admite-se que seja consequente a anormalidades no eixo cérebro-intestino com alterações em diferentes níveis do SNC e entérico ou das suas interações: MÓDULO DOR ABDOMINAL – P3 | Luíza Moura e Vitória Neves Como é o caso da liberação de substâncias com atividade neuroendócrina, que responderiam pelos mecanismos responsáveis pelas disfunções motoras, sensitivas e de secreção, que representam a base dos sintomas. Os sinais originados no intestino, mesmo os de menor intensidade, têm uma área de registro pré-frontal e hipotalâmico maior nesses doentes. Como consequência, a resposta eferente do SNC retorna às vísceras abdominais com maior intensidade. A!! Essa dupla via comunicante entre os dois sistemas é executada inconscientemente. A interação entre o SNC e o entérico tem um importante papel na regulação das: Funções intestinais de motilidade; Percepção de dor; Fluxo sanguíneo e secreções; e Função imunológica, moduladas por sua inervação intrínseca e extrínseca. Esta última inclui ramos do sistema nervoso autonômico, anatômica e funcionalmente integrado com o eixo cérebro -intestino e responsável pela homeostase intestinal. O sistema parassimpático reconhecidamente estimula as ações motoras da musculatura lisa e da secreção, cabendo ao simpático a inibição dessas atividades. ________________________________________ Percepção aumentada ocorre nos pacientes com SII em todo o TGI, estendendo-se para outras vísceras da cavidade abdominal. Essa hipersensibilidade acaba reduzindo seu limiar para dor ou desconforto no abdome, uma das principais queixas clínicas, ao lado do reconhecimento de eventos de natureza fisiológica, como: Sensação dos movimentos; e maior audição dos ruídos intestinais. Certamente, o eixo intestino-cérebro desregulado responde por essa hipervigilância e da modulação dos sinais aferentes viscerais. ________________________________________ Do ponto de vista neuroendócrino, ressalta o papel dos neurotransmissores. A serotonina, recebeu maior atenção por sua mediação nas respostas da/das: Secreção; Modulação do peristaltismo; e Funções viscerais aferentes. É liberado das células enterocromafins e mastócitos, a partir de estímulos mecânicos ou inflamatórios, atingindo a inervação intrínseca e extrínseca por via transepitelial. Em situações de estresse, os fatores liberadores de corticotropina e tireotrofina, produzidos no cérebro, degranulam mastócitos, promovendo o extravasamento de serotonina, o que provoca maior contração cólica. ________________________________________ Impactos emocionais parecem ser um importante cofator para o desencadeamento dos sintomas da síndrome. O hormônio liberador de corticotropina (CRH) é vital na resposta ao estresse, ativando o eixo hipotálamo-pituitária-adrenal, como reação a fatores estressores físicos e psicológicos. Esse fato resulta no aumento dos níveis do hormônio adrenocorticotrópico e do cortisol nos pacientes. As manifestações motoras e, principalmente, as relacionadas com a hipersensibilidade podem ser devidas à ação do CRH, após sua ligação com receptores, presentes em/na: Neurônios entéricos; e Mucosa da parede do intestino. ________________________________________ MÓDULO DOR ABDOMINAL – P3 | Luíza Moura e Vitória Neves Na prática clínica, reconhece que, embora, sintomas gastrointestinais, seguindo traumas emocionais, possam se manifestar em qualquer indivíduo, os doentes que apresentam a SII são mais propensos a desenvolvê-los. Comorbidades psiquiátricas também são mais comuns entre eles e acabam sendo motivo para interferir na forma evolutiva da disfunção. Experiências vividas na infância, como comportamentos familiares diante de doenças, perdas afetivas e história de abuso físico ou sexual, podem influenciar na: Formação do seu perfil psicológico; Habilidade para lidar com momentos marcantes da sua vida emocional; Sociabilidade; e Suscetibilidade para estímulos estressantes. ________________________________________ A justificativa das mudanças motoras e sensoriais refere-se à participação do sistema imunológico da mucosa intestinal, que, uma vez ativado, seria o gatilho, na fisiopatologia da SII secundária à inflamação, a partir de uma agressão de microrganismos patogênicos, talvez da: Própria microbiota comensal; ou Decorrente da ação de antígenos alimentares. A!! Uma parcela dos doentes sem sintomas prévios relata o aparecimento ou prolongamento das suas queixas, após um quadro diarreico agudo, bacteriano ou viral. São considerados fatores predisponentes para a chamada SII pós-infecciosa (SII-PI): Duração longa; Sexo feminino; Estado psicológico; Tabagismo; Marcadores de inflamação da mucosa intestinal; e Toxicidade do patógeno. ________________________________________ Fatores genéticos, relacionados a genes envolvidos na produção de citocinas pró- inflamatórias e das interações neuroimunes, produzidas por maior número de células enterocromafins, de células inflamatórias na lâmina própria e ações neuroendócrinas liberadoras de serotonina manteriam: Síntese de neuromoduladores; e Aumento da permeabilidade do epitélio intestinal. ...independentemente do término do estímulo infeccioso que os originou. ________________________________________ Há também um papel das mudanças qualitativas e quantitativas da flora bacterianaintestinal nas doenças digestivas. Sua interação com fatores relacionados ao hospedeiro: Idade e genética; Dieta e trânsito intestinal; Utilização de medicamentos. ...parece também ter importância no desenvolvimento de distúrbios funcionais. AVALIAÇÃO E QUADRO CLÍNICO HISTÓRIA CLÍNICA Ao avaliar o paciente com SII, é importante: Considerar os sintomas; Identificar os fatores precipitantes e outros sintomas gastrointestinais/extra gastrointestinais associados; Buscar a presença de sintomas de alarme. Deve perguntar ao paciente sobre: 1. Padrão de dor ou desconforto abdominal: Duração crônica; Tipo de dor: intermitente ou contínua; Episódios prévios de dor; MÓDULO DOR ABDOMINAL – P3 | Luíza Moura e Vitória Neves Localização da dor: difusa, metade inferior do abdome ou, preferencialmente, no quadrante inferior esquerdo; Alívio com defecação ou eliminação de gase ou conteúdo colorretal; A dor noturna é inabitual e se considera um sinal de alarme. 2. Outros sintomas abdominais: Inchaço; Distensão; Borborigmos; Flatulência. 3. Natureza do transtorno intestinal associado: - Constipação: evacuações dificultosas, mesmo que diárias, com bolo fecal de calibre reduzido, endurecido e de pequena quantidade (cíbalos), persistindo a sensação de eliminação incompleta; Requerem esforço, e mesmo que o reflexo da evacuação ocorra repetidamente, o esvaziamento não é satisfatório; Deixa o paciente desconfortado, até com dor abdominal, por distensão evidente ou a impressão de plenitude. - Diarreia: caracterizado por evacuações múltiplas, fragmentadas, que se iniciam já pela manhã, em geral após o desjejum, de volume fecal pequeno; A 1ª evacuação é consistente, mas as seguintes têm fezes amolecidas ou líquidas, podendo ter muco sem sangue, precedidas de dor ou desconforto abdominal, que se alivia com a exoneração, até o próximo estímulo para evacuar; O intervalo entre as evacuações é curto, e o reflexo retal requer urgência, sob risco de não haver controle esfincteriano; Dessa forma podem se suceder várias dejeções em pouco tempo, próximas umas às outras, criando insegurança para iniciar atividades, até que tenha a sensação de ter evacuado todo o necessário. - Alternância ou misto: ora diarreico, ora constipado. 4. Anomalias da defecação: Diarreia durante >2 semanas; Muco nas fezes; Urgência na defecação; Sensação de defecação incompleta. 5. Outra informação procedente da história do paciente e dignos de advertência importantes: Emagrecimento não-intencional; Sangue nas evacuações; Antecedentes familiares de: Neoplasia colorretal; Doença celíaca; Doença inflamatória intestinal. Febre que acompanha à dor abdominal baixa; Relação com: Menstruação; Ingestão de medicamentos; Consumo de alimentos (leite e derivados ou cereais a base de trigo, centeio etc), edulcorantes artificiais, produtos dietéticos ou álcool; Viagem por regiões subtropicais. Hábitos alimentares anormais: Refeições irregulares ou inadequadas; Ingestão de líquidos insuficiente; Ingestão de fibras excessiva; Obsessão com a higiene na dieta. Antecedentes familiares de SII. A SII se apresenta com maior frequência em determinadas famílias, embora não compreenda bem a genética. Natureza da aparição: instalação súbita, vinculada a uma exposição à gastroenterite sugere SII-PI. MÓDULO DOR ABDOMINAL – P3 | Luíza Moura e Vitória Neves AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA Os fatores psicológicos podem: Incidir na persistência e percepção da severidade dos sintomas abdominais; Contribuir à deterioração da QV e ao uso excessivo de serviços de atenção médica. Por isso, é comum que coexista: Ansiedade e depressão; Somatização; Hipocondria; Medos vinculados aos sintomas. EXAME FÍSICO O exame físico tranquiliza o paciente e ajuda a detectar possíveis causas orgânicas. Normalmente não apresenta qualquer evidência: Comprometimento geral; Perda de peso; ou Sinais de carências. Realiza exame geral buscando sinais de doença sistêmica, mas, normalmente, todos os sistemas são semiologicamente normais. Durante a propedêutica abdominal: Inspeção: não há aumentos viscerais ou massas palpáveis; Ausculta: nenhuma alteração é observada; Percussão: timpanismo de maior grau pode estar presente; Palpação: a profunda tende a ser dolorosa, difusa ou dos segmentos cólicos em particular, especialmente os segmentos do cólon esquerdo; Deve incluir: Inspeção anal e toque retal: em geral, se apresenta com maior sensibilidade. DIAGNÓSTICO O diagnóstico de SII, geralmente, é suspeitado com base: Anamnese; Exame físico; e Exames complementares. A!! A investigação complementar é desnecessária, desde que a hipótese tenha sido bem fundamentada nos critérios clínicos e na ausência de sinais ou sintomas de alarme. A confirmação do diagnóstico de SII requer a EXCLUSÃO CONFIÁVEL DE DOENÇA ORGÂNICA, considerando: Características e formas de apresentação de cada paciente individual. CRITÉRIOS DE ROMA IV PARA SII Paciente tem dor abdominal recorrente (≥ 1 dia por semana, em média, nos 3 meses anteriores), com início ≥ 6 meses antes do diagnóstico A dor abdominal está associada a pelo menos dois dos seguintes sintomas: Dor relacionada à defecação; Mudança na frequência das fezes; Mudança na forma (aparência das fezes). O paciente não apresenta nenhum dos seguintes sinais de alerta: Idade ≥ 50 anos, nenhuma triagem prévia do câncer de cólon e presença de sintomas; Mudanças recentes no hábito intestinal; Evidências de sangramento GI oculto (melena ou hematoquezia); Dor noturna ou passagem das fezes; Perda de peso involuntária; História familiar de câncer colorretal ou doença inflamatória intestinal; Massa abdominal palpável ou lipofenopatia; Evidência de anemia ferropriva em exames de sangue; Teste positivo para sangue oculto nas fezes. MÓDULO DOR ABDOMINAL – P3 | Luíza Moura e Vitória Neves Na prática clínica, os clínicos baseiam seu diagnóstico de SII: Avaliando o paciente completo: frequentemente com o passar do tempo; e Consideram uma série de características que apoiam seu diagnóstico: além da dor e do desconforto que acompanham a defecação ou as alterações na frequência ou forma das evacuações. Sintomas comuns da SII e que apoiam o diagnóstico: Inchaço; Forma anormal das fezes (duras e/ou moles); Frequência anormal das evacuações (<3x por semana ou >3x por dia); Esforço para defecar; Urgência; Sensação de evacuação incompleta; Eliminação de muco pelo reto. Características do comportamento que ajudam a reconhecer a SII na prática geral: Sintomas se mantêm durante mais de 6 meses; Estresse agrava os sintomas; Consultas frequentes por sintomas não- gastrointestinais; Antecedentes de sintomas anteriores sem explicação médica; Agravamento depois das refeições; Acompanhado de ansiedade e/ou depressão. Doenças não-colônicas que acompanham frequentemente a SII: Dispepsia; Náuseas; Pirose. Sintomas não-gastrointestinais associados: Letargia; Dor de costas e outras dores musculares e articulares; Cefaleias; Sintomas urinários: noctúria, frequência e urgência à micção e esvaziamento incompleto da bexiga. Dispareunia; Insônia; Baixa tolerância à medicação. EXAMES COMPLEMENTARES Além dos critérios de Roma IV, o diagnóstico laboratorial é de extrema importância no auxílio diagnóstico para: Enquadrar o paciente nos critérios de Roma; Descartar outras hipóteses de enfermidades. Na primeira frente diagnóstica, os principais exames a serem solicitadossão: Hemograma; VHS e PCR; Albumina; T4; TSH; Parasitológico de fezes; e Sangue oculto nas fezes. Outros exames recomendados que fortes evidências são: Lactoferrina fecal: importante para diagnóstico diferencial, pois é uma proteína existente no citoplasma dos granulócitos que estatisticamente está mais elevada na Doença de Crohn; e Calprotectina fecal: importante para o diagnóstico diferencial entre doença inflamatória intestinal e a SII em pacientes com sintomas gastrointestinais crônicos – um dos principais marcadores de doença inflamatória intestinal. Outro fator importante é: Pesquisa de marcadores bioquímicos e imunológicos para doença celíaca; e Intolerância à lactose para pacientes com sintomas mais acentuados, como êmese e diarreia. MÓDULO DOR ABDOMINAL – P3 | Luíza Moura e Vitória Neves Porém, se o paciente apresentar sinais de alarme, há indicação direta para exames de imagem, como: Colonoscopia (padrão ouro); Colonografia por TC; Retossigmoidoscopia; Clister opaco; e USG de abdome total. Legenda: algoritmo do diagnóstico da SII TRATAMENTO O tratamento da SII é feito, principalmente, por meio de mudanças de hábitos de vida, como: Reeducação alimentar; Prática de exercícios físicos regulares. Juntos tem uma melhora do trânsito intestinal, dos sintomas, como dores abdominais e o excesso de gases, fortalecimento do tônus simpático. Além disso, há também terapia comportamental e a farmacoterapia. O tratamento é dirigido ao/à: Sintoma dominante e intensidade; Compromisso funcional; e Fatores psicossociais associados. RELAÇÃO MÉDICO-PACIENTE A primeira etapa de um tratamento bem- sucedido depende do diagnóstico correto e uma atitude tranquilizadora por parte do médico, explicando o carácter benigno da doença. É preciso ouvir suas queixas, em geral detalhadas, sabendo filtrar as informações importantes e dando total atenção aos temores que os afligem, como não ter anormalidade nos exames, o que, leigamente, pode significar uma doença oculta. Deve esclarecer ao doente que a síndrome efetivamente não é diagnosticada por alterações nos exames e que sua situação não favorece maior incidência de neoplasias. É preciso informar que, independentemente da melhora em resposta ao tratamento, a recorrência dos sintomas vai acontecer, pois se trata de uma condição disfuncional que não há expectativa de cura. A!! Uma relação médico-paciente consolidada reduz a procura de cuidados de saúde pelo doente. A!! Uma atitude receptiva e encorajadora pode trazer uma repercussão na evolução clínica desses casos. Nesse sentido, é interessante envolver os pacientes nas medidas terapêuticas, o que cria uma responsabilidade altamente positiva para sua relação com o médico. A sugestão é que o paciente construa um diário, com: Anotações dos eventuais gatilhos para os sintomas, sejam de origem alimentar ou não, os quais serão analisados, em conjunto, na visita seguinte. Recomenda o aumento do lazer, explicando a importância para o alívio de suas tensões. MÓDULO DOR ABDOMINAL – P3 | Luíza Moura e Vitória Neves DIETA FODMAP’S Fermentáveis (F) - Oligossacarídeos (O) - Dissacarídeos (D) - Monossacarídeos (M) - Polióis (P) Os FODMAP são hidratos de carbono de cadeia curta que são: Fracamente absorvidos no intestino delgado; e Fermentados no cólon. Eles aumentam a água fecal e conduzem à produção de gases, causando dor e diarreia. Uma dieta pobre em FODMAPs parece ser eficaz na melhoria da dor abdominal. REEDUCAÇÃO ALIMENTAR As principais formas de dietas recomendadas são: Restritivas individualizadas para necessidade do paciente e feita com acompanhamento de nutricionista. Dessa forma, as mais relevantes são: Aumento da ingestão de água, fibras solúveis, principalmente em pacientes com constipação. No caso das fibras insolúveis é necessário alertar que podem aumentar o inchaço e as dores abdominais quando consumidas sem a ingesta adequada de água. Reduzir o consumo de cafeína e álcool; Consumo do glúten, que não deve ser excluído da dieta quando o paciente já está com um consumo reduzido desses carboidratos de cadeia curta, nesses casos deve ser apenas reduzido da alimentação. EXERCÍCIO FÍSICO A prática de atividade física é consenso de todas as áreas da saúde para a melhoria da qualidade de vida. Sabe-se que o exercício físico está ligado diretamente com a melhoria do trânsito intestinal, seja ele de: Grande ou pequeno impacto. A prática da Yoga, por exemplo, tem sido relatada como um regime de exercícios que eleva o tônus simpático, que é diminuído em pacientes com SII. Dessa forma, terapias físicas e comportamentais ajudam, também, na disfunção do assoalho pélvico que é subdiagnosticada em pacientes com SII, especialmente aqueles com o subtipo de constipação. INTERVENÇÕES PSICOLÓGICAS A Terapia Cognitiva Comportamental ou a hipnoterapia têm demonstrado eficácia clínica e são recomendadas nas diretrizes de tratamento. São utilizadas principalmente no tratamento de doentes com: Obesidade; Dor refratária à terapêutica médica; e Comorbilidade psiquiátrica. TRATAMENTO FARMACOLÓGICO O tratamento farmacológico deverá se restringir aos períodos sintomáticos mais incômodos, considerando: Tipo, frequência e intensidade dos sintomas; e Qualidade de vida do paciente. Poderá ser suspenso durante as fases de remissão. A terapêutica propõe corrigir as alterações da: Motricidade intestinal; e Hipersensibilidade visceral. MÓDULO DOR ABDOMINAL – P3 | Luíza Moura e Vitória Neves ANTIESPASMÓDICOS Os antiespasmódicos têm sido utilizados no SII, pois a motilidade exagerada do intestino delgado e do cólon em resposta a estímulos do meio ambiente pode ser responsável pela dor. Eles têm ação relaxante da musculatura lisa intestinal. Por isso, são usados: Nos quadros diarreicos, pois diminuem a motricidade; Nos quadros constipados, pois diminuem a espasticidade; Nos quadros alternados associados aos aumentadores do bolo fecal. ANALGÉSICO Se necessário um analgésico, deve-se usar: Paracetamol em detrimento de AINE. A!! Deve evitar o uso de opioides, pelo risco de dependência e pelos efeitos secundários no TGI. ANTICONSTIPANTES LAXANTES Os laxantes são usados há anos devido à sua segurança, baixo custo, e disponibilidade no tratamento da constipação crônica, sendo também usados em doentes com SII-O para melhorar a frequência das evacuações. A curto prazo proporcionam melhorias, mas não existem evidências a longo prazo. ANTIDIARREICOS LOPERAMIDA A loperamida é o único antidiarreico apresenta uma: Diminuição no número de evacuações e na consistência das fezes. A loperamida não se mostrou mais eficaz do que o placebo na redução da dor abdominal ou sintomas globais do SII. Neste sentido, não se encontra recomendada pela WGO. Por outro lado, a AGA apesar de considerar a evidência dos dados muito limitada, recomenda a utilização de loperamida nos doentes com SII- D pelo seu baixo custo e poucos efeitos adversos (em detrimento de nenhum tratamento). ANTIDEPRESSIVOS ANTIDEPRESSIVOS TRICÍCLICOS Os antidepressivos tricíclicos também são importantes miorrelaxantes, mas não devem ser prescritos para a forma constipada da SII. Seu emprego pode, ainda mais, contribuir para o controle dos doentes com comorbidades psiquiátricas e não tenham apresentado boa resposta ao esquema clássico de antiespasmódicos e fibras. A!! Ansiolíticos fazem parte da abordagem medicamentosa da SII e são dirigidos para os casos nos quais a relação dos sintomas digestivos e estados de tensão seja muito evidente. PROBIÓTICOOs probióticos constituem um novo grupo de produtos que vêm ganhando espaço na terapêutica da SII. Como alimentos funcionais, sua intenção é: Recompor qualitativamente a composição da microbiota intestinal; e Combater quantitativamente o sobrecrescimento bacteriano. Eles também estão ligados diretamente com melhora da dor abdominal e do trânsito intestinal.
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