Buscar

TAQUICARDIAS E TAQUIARRITIMIAS

Prévia do material em texto

Julie Oliveira – Turma IX 
 
TAQUICARDIA E TAQUIARRITMIAS 
Taquicardia é uma frequência cardíaca acima de 100 batimentos por minuto. 
CAUSAS: 
• Febre: é a causa mais comum. A cada 1° aumentam 20bpm. Em algumas doenças se tem febre, mas não tem taquicardia 
correspondente e, para esse evento é dado o nome de sinal de Faget. São elas: febre amarela, meningocoxemia, 
legionelose (tipo de pneumonia), febre tifoide. Ocorre uma dissociação temperatura-pulso. As outras infecções dão febre 
com taquicardia 
• As outras causas são as mesmas de bradicardia. Distúrbios do sódio, mg, potássio, abuso de medicamento e os 5H e 5T. 
• Entre os medicamentos: anfetamina, atropina e adrenérgicos tendem a fazer taquicardia. 
• Todas essas causas são reversíveis e devem ser investigadas. 
ABORDAGEM DO PACIENTE COM TAQUIARRITMIA 
1. QUEIXA: palpitação, batedeira no peito. 
2. PODE TER SINAIS DE INSTABILIDADE: hipotensão, alteração de consciência, dor torácica, sinais de congestão. 
3. QUANDO INSTÁVEL: CHOQUE! Toda vez que tem instabilidade hemodinâmica na taquicardia se dá choque. 
4. ANAMNESE e EXAME FÍSICO para determinar se está instável ou estável. 
5. Fazer eletrocardiograma. No eletrocardiograma definir se o QRS é ESTREITO ou LARGO porque isso muda o tratamento. 
ABORDAGEM DO PACIENTE COM TAQUIARRITIMIA DE QRS ESTREITO 
INSTÁVEL COM QRS ESTREITO 
LEMBRANDO: Os sinais de instabilidade são baixo débito sistêmico gerando hipotensão, coronariano gerando dor torácica, 
cerebral gerando alterações da consciência e crepitação pulmonar no baixo débito pulmonar. Realiza-se o CHOQUE que é chamado 
de cardioversão elétrica. As pás são colocadas na posição padrão e a energia é um choque de 100 joules para todas as 
taquiarritmias de QRS estreito e 100 joules para a fibrilação atrial. 
ESTÁVEL COM QRS ESTREITO 
Realiza-se a manobra vagal (reverte até 5% das taquicardias de QRS estreito) e se ela não der certo podemos utilizar 
drogas. Na manobra vagal você encontra debaixo do ângulo da mandíbula o centro barorreceptor onde será realizada uma 
massagem com movimentos circulares de 1 a 3 minutos de um lado ou dos dois simultaneamente caso o paciente não seja muito 
idoso. Essa manobra circular vai dar uma reação vagal que faz uma bradicardia tratando a taquicardia. Pode ser feita a manobra 
valsalva (ou vagal) modificada que reverte até 20% dos casos: o paciente sopra em uma seringa de 10 a 15 segundos aumentando 
a pressão no tórax e diminuindo o retorno venoso, o coração murcha. Depois deita o paciente e sobe a perna aumentando o 
retorno de uma vez. Dessa forma faz uma espécie de choque volêmico aumentando repentinamente a tensão nas paredes 
cardíacas gerando um estimulo vagal. 
As drogas que podem ser utilizadas se as manobras não derem certo são: 
1. Adenosina (6mg em flush, ou seja, rápido). 
2. Se 6 mg não derem certo usa-se 12 mg, ou seja, duas ampolas também em flush. Avisar o paciente que essas drogas 
geram uma sensação de morte iminente. 
3. Se a adenosina não der certo usar bloqueador do canal de Ca. Diltiazem ou Verapamil (nome comercial Dilacoron). Pegar 
duas ampolas e colocar no soro de 250ml gotejando em 20 minutos. 
4. Se não der certo usar o Betabloqueador (metropolol). A seringa vem pronta, fazer lentamente em 15 minutos. 
5. Se não der certo utilizar Amiodarona. Ela reverte 100% das taquicardias de QRS estreito supraventriculares. Não se usa 
ela imediatamente porque o bloqueio dela é tão excessivo que pode fazer um bloqueio. O paciente fica totalmente sem 
débito. Para reverter o quadro é necessário colocar um marcapasso. É muito raro precisar de amiodarona, por isso deixa-
se ela para último caso. 
 Julie Oliveira – Turma IX 
 
TIPOS DE TAQUICARDIA E TAQUIARRITMIAS DE QRS ESTREITO 
TAQUICARDIA SINUSAL 
Na taquicardia sinusal temos onda P, complexo QRS e onda T normalmente. É uma taquicardia onde todo QRS é precedido 
por onda P. Para o ritmo ser sinusal a onda T tem que ser positiva em DII, DIII e avF e negativa em AVR. O tratamento é direcionado 
para a causa: febre é a causa mais comum (aferir a PA devido ao risco de ser uma sepse), hipertireoidismo (pesquisar TSH e t4 
livre), ansiedade, TEP (a taquicardia sinusal é o principal achado na TEP). 
 TUDO QUE É SINUSAL VOCÊ VAI FOCAR NO TRATAMENTO DA CAUSA. NÃO VAI USAR OS MEDICAMENTOS CITADOS. 
EXCLUIR FEBRE, OS H’s e T’S! Sempre lembrar que o coração não costuma ser a causa e sim a consequência de um outro problema. 
 
TPSV (TAQUICARDIA PAROXÍSTICA SUPRAVENTRICULAR): 
Paroxístico é tudo aquilo que se desenvolve “do nada”, a pessoa não tinha e aparece. Supraventricular é o que é gerado 
no átrio, ou seja, acima do ventrículo. A arritmias supraventriculares tem QRS estreito. O átrio se despolariza de maneira anômala, 
mas o impulso passa pelo feixe de Hiss normalizando então o QRS não se altera porque a alteração está no átrio. Via de regra as 
arritmias de QRS estreito são de melhor prognóstico que as de QRS largo. 
A TPSV é a junção de 4 tipos de arritmia que se englobaram sendo chamadas assim. Nesse tipo de arritmia: 
• Não se identifica a onda P. Só tem QRS e T. 
O tratamento depende da estabilidade. Se estável faz-se o algoritmo (Adenosina, bloqueador do canal de cálcio, 
betabloqueador e por fim amiodarona). Se o a paciente estiver instável cardioversão elétrica (choque) externa. Utiliza-se 100 
joules para todas as arritmias e 200 joules na máquina bifásica (360J na monofásica) para a FA. Toda vez que for dar choque numa 
taquicardia de QRS estreito deve-se lembrar de fazer a sincronização para localizar o QRS (aparece uma seta em cima de cada 
QRS) e ter certeza que a máquina o identificou. Se o choque for errado, em cima da onda T faz uma nova arritmia que pode ser 
fatal. As pás ficam na mesma posição das pás do marcapasso. Pedir para todo mundo se afastar!! A arritmia se desfaz 
imediatamente após o choque. 
SEMPRE QUE O PACIENTE ESTIVER INSTÁVEL FAZ MALDADE: MARCAPASSO (na bradicardia), DROGA NA VEIA OU CHOQUE. 
Preparativos: sala vermelha ou CTI para ter drogas a mão, o paciente tem que ter acesso venoso e, de preferência, dois acessos 
confiáveis, tubo para intubação rápida e ventilador do lado. Pelo menos um colega do lado para caso precise de iniciar a RCP. É 
interessante sedar já que o choque é muito doloroso o paciente com Dormonid (Midazolam que é um benzodiazepínico) e, se não 
estiver hipotenso usar o Fentanil (opioide) ambos para evitar memórias do momento, traumas e dor. 
A TSV geralmente é de causa cardíaca mesmo. Quando se recebe um paciente assim após buscar as causas base se faz o estudo 
eletrofisiológico de focos de reentrada mostrando porque o paciente desenvolveu a taquicardia. 
 
FLUTTER ATRIAL 
As causas do flutter atrial são, geralmente, defeitos estruturais que geram fenômenos de reentrada cardíaca. Isso pode 
ocorrer, por exemplo, nas lesões isquêmicas. O flutter é gerado, geralmente, próximo ao septo atrioventricular, próximo ao NAV. 
 Julie Oliveira – Turma IX 
 
O disparo que sai do NAV faz uma reentrada pro átrio e consequentemente ocorre uma despolarização do átrio debaixo pra cima. 
As ondas P passam a serem chamadas de F que são ondas que precedem o QRS e são negativas em D2, D3 e AVF. Isso acaba 
dando ao ECG um aspecto serrilhado, de serrote. Os átrios formam um circuito elétrico anormal que causam contrações regulares 
a um ritmo acelerado, por isso o aspecto de serrote 
O flutter responde muito mal as drogas e responde muito bem a cardioversão elétrica com baixa energia. Geralmente 
reverte com um choque de 50 Joules. Por ser difícil reverter com droga pode ir direto ao choque e enviar depois para estudo 
eletrofisiológico para fazer ablação de choque ectópico. Nesse procedimento se faz uma neutralização das vias elétricas anormais 
do tecido cardíaco. Na teoria, se estiver estável faz primeiro os medicamentos antes do choque (como manda o ACLS para qualquer 
taquicardia de QRS estreito) e se instávelfaz o choque. Para a prova deve-se saber como manda o ACLS (sequência de tratamento 
normal). O ACLS dá certo no final, mas na prática quando tem certeza do flutter faz-se o choque diretamente até mesmo para 
economizar droga. Se não reverter com droga faz o choque de toda forma. 
 
 
FIBRILAÇÃO ATRIAL 
É causada por múltiplos focos de reentrada dentro do átrio esquerdo. Quanto maior o átrio maior a chance de 
desenvolver FA, ou seja, de gerarem focos ectópicos. Pode ocorrer até por intoxicação alcoólica, mas neste caso dura pouco. O 
pulso fica irregular. 
Nesse caso temos no ECG as ondas f, QRS e T. O marco da FA é a irregularidade da distância do espaço R-R. Quanto mais 
recente a FA maior a irregularidade da linha de base. Quanto mais antiga, a linha de base vem mais lisa. Na FA não se tem 
batimento atrial, apenas uma “tremedeira”. No dopler identifica-se uma baixíssima velocidade do sangue dentro do átrio porque 
ele não bate. Mas, na aurícula que fica na frente do AE o sangue fica parado e isso pode gerar trombo. Por isso, a FA é considerada 
a maior causa de trombo cardíaco. Por isso, está indicada anticoagulação: Varfarina (anticoagulante oral, age por meio de inibição 
dos fatores de coagulação vitamina K-dependentes) ou NOACs (como o Xarelto que é um inibidor direto do fator Xa de uso oral). 
AAS não faz isso ele não é anticoagulante é antiativador da agregação plaquetária. 
Ela possui uma abordagem muito específica. No geral, se instável: 200 J do desfibrilador bifásico. SINCRONIZAR ANTES! 
Tudo deve ser feito no ambiente adequado, com monitorização, oxigênio, acesso venoso, entre outros. Estável: a abordagem é 
complexa. Mas deve-se ter em mente que se a fibrilação for antiga deve evitar a formação de trombo, ou seja, anticoagular. 
Porque a primeira preocupação é anticoagular? Porque o choque de cara pode soltar o trombo gerando infarto do local pra onde 
ele for. Só se usa trombólise no infarto miocárdico e AVC. Como esse trombo é do lado esquerdo ele não faz TEP. Não se faz 
trombólise para outros tipos de infarto porque os estudos comprovam que não faz um bom prognóstico. Esses trombos de origem 
cardioembólica são grandes e por isso geram grandes isquemias. Para a dor pode-se dar betabloqueador (atenolol – 40mg – 
12/12h). Faz-se isso também se a FC for maior que 100 (fibrilação de alta resposta). Se for possível realizar exame (ecocardiograma 
transesofágico) e ver que não tem trombo dá para realizar a cardioversão. Sempre pedir avaliação da cardiologia. 
RESUMINDO: Fibrilação é muito complexo mas, para dar plantão saber que no paciente instável tem que dar choque. Só para não 
deixar ele morrer. 
 Julie Oliveira – Turma IX 
 
 
TAQUICARDIAS E TAQUIARRITMIAS DE QRS LARGO 
As taquicardias de QRS estreito são sempre atriais com correção feita pelo feixe de Hiss. As de QRS alargado podem ser 
atriais com condução com aberrância alargando o QRS (bloqueio de ramo, por exemplo) ou ventriculares. 80% das arritmias de 
QRS alargado tem origem no ventrículo. Em caso de dúvida tratar como ventricular: Choque de alta energia para todas! 
As arritmias de QRS alargado normalmente tem mortalidade maior, ou seja, pior prognóstico. 
NÃO FAZ BETABLOQUEADOR NEM BLOQUEADOR DOS CANAIS DE CALCIO NESSES PACIENTES. 
TAQUICARDIA VENTRICULAR (TV) – DENTE DE TUBARÃO 
O eletrocardiograma é chamado de dente de tubarão. A onda pode ser monomórfica ou polimórfica. Quanto maior o dismorfismo 
pior a taquicardia é. Via de regra as taquicardias ventriculares são defeitos estruturais cardíacos mas podem ser provocados por 
distúrbios eletrolíticos ou pelos H’s e T’s então essas causas reversíveis devem sempre ser pesquisadas. Nesses casos o paciente 
também pode estar estável ou instável. Vale lembrar que estas condutas são para uma TV onde o paciente não está em PCR. 
• Instável: choque de alta energia 200J no cardioversor bifásico. Tentar sincronizar! Se o aparelho não achar o QRS você 
dá o choque sem sincronização mesmo. Quanto maior o polimorfismo maior a dificuldade de achar QRS. Nas taquicardias 
de QRS estreito você é OBRIGADO a sincronizar. 
• Estável: começa a tratar com drogas e se não der certo choque no final. Primeiro faz-se adenosina de 6, depois adenosina 
de 12. Normalmente não vai responder a adenosina porque ela só faz efeito nas arritmias supraventriculares que são 
apenas 20% das TV. Esses pacientes não respondem a manobra vagal. Se não der certo a adenosina usar a amiodarona 
direto, não se passa pelos outros medicamentos. Se não der certo CHOQUE. 
 
 
CUIDADO: Torsades de pointes: é um tipo especial de TV polimórfica onde as pontas ficam torcidas. O paciente pode estar parado 
ou não. Essa arritmia está muito associada a distúrbio eletrolítico e neste caso além do tratamento todo a conduta inclui a 
administração de sulfato de magnésio*! Geralmente o paciente vai estar instável então se faz o choque + magnésio. 
 Julie Oliveira – Turma IX 
 
*O magnésio neutraliza a ação do cálcio, que sem controle poderia aumentar os espasmos! 
 
TAQUICARDIA SUPRAVENTRICULAR COM ABERRÂNCIA 
Eletrocardiograma e conduta iguais a da TV. 
Estável: adenosina de 6, adenosina de 12 e amiodarona. 
Instável: choque de 200J. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Julie Oliveira – Turma IX 
 
RESUMINDO AS ARRTITMIAS: 
 
1° PACIENTE CHEGOU
Tonteira, desmaio...
ANAMNESE + EF: detectar 
taqui ou bradicardia.
Já sabe se usa drogas 
(amiodarona, 
betabloqueador).
2º: MOV MONITORIZAÇÃO + 
O2 NASAL+ VEIA
ELETROCARDIOGRAMA
CONFIRMAR E AVALIAR SE É 
BRADICARDIA OU 
TAQUICARDIA
•REBAIXAMENTO DE NÍVEL
•HIPOTENSÃO
•DOR TORÁCICA
•CREPITAÇÃO PULMONAR
BRADICARDIA 
ESTÁVEL: afastar as causas reversíveis 
como colírio timolol, BB. Se 
necessário encaminhar para 
marcapasso definitivo.
INSTÁVEL:
• 1º: DROGAS
ATROPINA/DOPAMINA/ADRENALINA
• 2: MARCAPASSO TRANSCUTÂNEO
Sedar com fentanil, FC 60,
amperagem começa em 30 e
aumenta de 10 em 10 até aparecer
espicula antes do QRS. Quando
aparecer coloca mais 10. AIH para
colocar o definitivo
TAQUICARDIA
QRS ESTREITO ESTÁVEL:
•Manobra vagal
•Adenosina 6, adenosina 
12.
•Bloqueador de Ca.
•Betabloqueador.
QRS ESTREITO INSTÁVEL
•Choque de 100 pra todas e 
200 pra FA. Pode repetir o 
choque se não reverter.
QRS LARGO ESTÁVEL
•Adenosina de 6, adenosina 
de 12, Amiodarona direto.
•Se não reverter choque.
QRS LARGO INSTÁVEL
•Choque de 200 joules. 
Tentar sincronizar.

Outros materiais

Materiais relacionados

Perguntas relacionadas

Perguntas Recentes