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TIPOS DE LESÕES SENSORIAIS: 1- NERVO PERIFÉRICO: ocorre anestesia ou hipoestesia no território cutâneo do nervo (mononeuropatia) ou nervos (mononeuropatia múltipla e polineuropatia) afetados. - Se somente as fibras nervosas finas (amielínicas) forem lesadas ocorre perda apenas da sensibilidade térmica e dolorosa. Disestesias são comuns nestas neuropatias. Como os impulsos autonômicos também viajam pelas fibras finas, disfunção autonômica pode ocorrer. Não há perda de reflexos profundos, pois a porção aferente da via reflexa é composta somente por fibras mielinizadas. - Quando as fibras nervosas grossas (mielinizadas) forem lesadas ocorre perda predominante da sensibilidade tátil fina e proprioceptiva. Além disso, sintomas motores são comuns, pois as fibras motoras são todas mielinizadas. Os reflexos tendinosos profundos estão diminuídos. - As polineuropatias causam déficit sensorial em bota e luva. Geralmente as pernas são afetadas primeiro que os braços. 2-RAIZ POSTERIOR: Observa-se hipoestesia do dermátomo correspondente à raiz. - Como existe uma certa sobreposição de dermátomos, em lesões isoladas de apenas uma raiz (como pode ocorrer na hérnia de disco intervertebral), pode-se não observar nenhum déficit sensorial no exame neurológico, apesar de o paciente referir hipoestesia. - Um mapa dos dermátomos é importante para a localização de quais raízes estão envolvidas. - Alguns dermátomos valem a pena ser memorizados: mamilos (T4), umbigo (T10), virilha (T12-L1), porção lateral e dorsal do pé (L5), hálux e porção plantar do pé (S1), períneo (S3,S4,S5). 3-MEDULA ESPINHAL: Secção Medular: A forma de lesão medular mais comum é a secção traumática total da medula. O paciente perde todas as modalidades sensoriais abaixo da lesão, além da perda motora. A extensão das manifestações clínicas depende da localização da lesão ao longo do eixo medular. Lesões na medula cervical alta são incompatíveis com a vida, pois ocorre paralisia do nervo frênico com parada respiratória. Nas lesões da medula cervical baixa o paciente perde os movimentos dos braços e pernas (tetraplegia) associados com perda sensorial total até o pescoço, além de bexiga neurogênica. Nas lesões da medula torácica e lombossacral ocorre perda dos movimentos apenas nos membros inferiores (paraplegia), com perda sensorial completa e bexiga neurogênica. O termo bexiga neurogênica refere-se à perda da inervação somática e autonômica da bexiga, resultando em distúrbios do controle da micção. # Hemissecção Medular: Na síndrome da hemissecção medular (BrownSequard), apenas a metade da medula é lesada, geralmente por trauma. O quadro clínico é característico e o conhecimento anatômico das vias sensoriais é fundamental para o entendimento do déficit. O sistema cordão posteriorlemnisco medial sobe pelo mesmo lado da medula levando as sensibilidades tátil fina e proprioceptiva (vibratória e posicional). Já o sistema ântero-lateral cruza a linha média logo após sua entrada e sobe pelo lado oposto da medula levando as sensibilidades tátil grosseira, dolorosa e térmica, além da pressão. Em lesões de apenas uma metade da medula, as sensibilidades tátil fina e proprioceptiva vão estar perdidas no mesmo lado da lesão enquanto as sensibilidades térmica e dolorosa estarão perdidas no lado oposto ao da lesão. Esse padrão de lesão ocorre devido aos diferentes locais de cruzamento das vias sensoriais. Lesão do cordão posterior: As lesões do cordão posterior da medula causam apenas déficit do sistema cordão posterior-lemnisco medial, portanto causando perda da sensibilidade tátil fina e proprioceptiva, com preservação da sensibilidade térmica e dolorosa. As causas mais comuns são tabes dorsalis, deficiência de vitamina B12 e mielopatia vacuolar da AIDS. Na tabes dorsalis, uma forma medular da neurosífilis, os neurônios do gânglio da raiz dorsal e do cordão posterior da medula são afetados. Assim, o paciente perde o tato fino e a sensibilidade proprioceptiva. Com o surgimento da penicilina, a neurosífilis tornou-se rara. A deficiência de vitamina B12, o diabetes e a AIDS são causas mais comuns deste tipo de mielopatia. # Síndrome da Artéria Espinhal Anterior: causa lesão de toda uma hemimedula, exceto dos cordões posteriores. Com isso ocorre déficit térmico e doloroso contralateral e perda de força homolateral. As sensibilidades tátil fina e proprioceptiva são preservadas. Nos infartos da artéria espinhal anterior, o sistema ântero-lateral é lesado com preservação do sistema cordão posterior-lemnisco medial. Assim, as sensibilidades térmica e dolorosa são comprometidas no lado contralateral com preservação das sensibilidades tátil e proprioceptiva. Isto é conhecido como síndrome da artéria espinhal anterior. Siringomielia: pelo crescimento de uma cavidade (siringe) no interior do canal central da medula, ocorre lesão da comissura branca anterior, onde as fibras do sistema ântero-lateral cruzam. Com isso há perda seletiva das sensibilidades térmica e dolorosa bilateralmente. Como as sensibilidades tátil e proprioceptiva são preservadas, denomina-se este déficit de dissociação siringomiélica. 4-TRONCO CEREBRAL: Déficit sensorial alterno (no mesmo lado da face e no outro lado do corpo). - Lesões motoras e de pares cranianos são freqüentemente associadas. - Coma ocorre se a lesão for extensa (lesão do sistema reticular ativados ascendente). 5- TÁLAMO: Lesões do núcleo ventral posterior do tálamo causam hipoestesia do hemicorpo e hemiface contralateral. - Síndrome talâmica (crises de dor espontânea e alodínea) no hemicorpo contralateral pode ocorrer e é de difícil tratamento 6-CÁPSULA INTERNA: - Lesão das radiações talâmicas no braço posterior da cápsula interna causa déficit sensorial total contralateral à lesão. Déficit motor (hemiparesia proporcionada) pode ou não estar associado. 7-CÓRTEX SENSORIAL SOMÁTICO: - Ocorre déficit sensorial contralateral, porém de forma desproporcionada, dependendo da área cortical lesada (lembrar do Homúnculo de Penfield). - Agrafoestesia e aestereognosia ocorrem nas lesões nas áreas de associação do córtex sensorial somático. - Extinção sensorial contralateral ocorre nas lesões do lobo parietal não dominante.
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