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Introdução à patologia e seus métodos de estudo

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Maria Eduarda de Alencar 
Odontologia 2019.2 
Introdução à Patologia 
 Patologia: É a ciência que estuda as causas das 
doenças – fatores físicos, químicos, biológicos, 
genéticos, ambientais (nutricionais) – os 
mecanismos que as produzem, os locais onde 
ocorrem e as alterações morfológicas e funcionais 
que apresentam; 
 Etiologia (fatores etiológicos) 
 Patogênese (como a doença se desenvolve) 
 Anatomia patológica (modific. morfológicas) 
 Fisiopatologia (modificações funcionais) 
OBS.: Patologia Geral (mais geral, inflamação – 
como é, como se desenvolve, se é crônica ou 
aguda, como diferenciar uma da outra) e 
Patologia Especial (mais voltada para os tecidos 
individualmente, as características da inflamação 
em cada tecido, suas particularidades). 
OBS.: A doença pode ser de caráter inflamatório, 
que produz morte celular ou processo neoplásico. 
 Saúde: É o estado de perfeita adaptação do 
organismo ao ambiente físico, psíquico ou social 
em que se vive, sentindo-se bem – saúde subjetiva 
– e sem apresentar sinais ou alterações orgânicas 
evidentes – saúde objetiva; 
OBS.: Modificando o meio físico, para que o 
organismo mantenha a homeostasia ele também 
precisa mudar – processo de adaptação celular – 
isso, em alguns casos, implica no desenvolvimento 
de processos patológicos no organismo. 
 Doença: É o estado de falta de adaptação ao 
ambiente físico, psíquico ou social, no qual o 
indivíduo sente-se mal (sintomas) e apresenta 
alterações orgânicas evidenciáveis (sinais); 
OBS.: Sinais – aquilo que se vê, que se mede – 
Sintomas – aquilo que é referido pelo paciente. 
 Agente Etiológico: É o agente causador ou o 
responsável pela origem da doença. Considera-se 
que existam duas classes principais de fatores 
etiológicos: intrínsecos ou genéticos, e adquiridos 
– de forma infecciosa, nutricional, química, física; 
 Alterações Morfofuncionais: Referem-se às 
alterações estruturais nas células ou nos tecidos 
que são característicos da doença ou levam ao 
diagnóstico do processo etiológico; 
 Manifestações Clínicas das Doenças: A 
natureza das alterações morfológicas e sua 
distribuição nos diversos órgãos ou tecidos 
influencia a função normal e determina as 
características clínicas (sinais e sintomas), curso e 
prognóstico de uma doença. As interações célula-
célula e célula-matriz contribuem de forma 
significativa para a resposta às lesões, levando, em 
conjunto, à lesão tecidual e do órgão, que são tão 
importantes quanto o dano celular na definição 
dos padrões morfológicos e clínicos da doença. 
CAUSA (ETIOLOGIA) 
 
MECANISMOS (PATOGENIA) 
 
ALTERAÇÕES MORFOLÓGICAS E FUNCIONAIS 
(MACRO E MICRO) 
 
SINAIS E SINTOMAS (SIGNIFICADO CLÍNICO) 
Métodos de Estudo da Patologia 
 Estudos Citopatológicos 
- É o estudo das alterações morfológicas macro e 
microscopicamente das doenças, e constitui a 
forma tradicional de análise em patologia, tanto 
para investigação quanto para diagnóstico. Podem 
ser obtidas de raspado, descamação natural ou 
aspiração; 
- Tipos de métodos: Exames Citológicos e Exames 
Anatomopatológicos; 
 Exames Citológicos 
- O estudo/diagnóstico das doenças através da 
avaliação celular – da célula isoladas, sem analisar 
os aspectos do tecido como um todo, a 
organização dele. O ideal é que o fragmento de 
tecido seja profundo, pois o superficial não é 
organizado; 
- Etapas para realização do exame: Coleta de 
fragmento, coloração, montagem em lâmina, 
observação em microscópio óptico; 
- O material pode ser um raspado de pele ou 
mucosa, secreção, líquido, punção aspirativa; 
 
 
 Recomendações: 
- Todo material coletado tem que ser fixado em 
álcool 70% – evita autólise; 
- Áreas ricas em queratina ou necrosadas são 
contraindicadas para citopatologia; 
- Devem ser usadas espátulas de metal para evitar 
a absorção da umidade mucosa e, junto com ela, 
algumas células; 
 
- O exame de colo de útero, por exemplo, é feito 
com esse método; 
 Exames Anatomopatológicos 
- Estudo/diagnóstico da doença é realizado 
através da avaliação histológica. Exame mais 
detalhado que o citológico, nele é possível 
observar a relação das células numa organização 
tecidual; 
- Relação célula-célula e célula-tecido, observada 
a partir de um fragmento ou uma peça inteira 
(macro ou micro); 
 
 
- O material é obtido a partir de necrópsia (morto) 
– é um excelente meio para estudo da história 
natural das doenças e oferece as condições ideais 
para avaliação da conduta médica e terapêutica, 
além de grande importância epidemiológica nas 
estatísticas de mortalidade – ou biópsia (vivo); 
BIÓPSIA 
 É o exame anatomopatológico realizado em 
fragmentos de tecido ou mesmo peças cirúrgicas 
retiradas do paciente vivo, e se baseia no exame 
macro e microscópico deste material; 
 Tipos: 
- Incisional: Remoção parcial da lesão, fragmento. 
Essa remoção pode ser cirúrgica, endoscópica ou 
por agulha – diferente da PBAF, utilizada em 
exames citológicos que utiliza agulha fina; 
- Excisional: Remoção da lesão completa; 
 Restrições e cuidados a serem tomados: 
- Amostragem do material: Deve ser retirada uma 
amostra representativa; 
- Identificação com registro no laboratório 
(patologista) 
 Fixação e Processamento Histológico 
- Após a retirada cirúrgica, o tecido deve ser 
imediatamente fixado. O fixador – geralmente 
formol 10%, que vai conservar a peça, evitando a 
autólise, e ainda auxiliar no corte, a medida em 
que endurece um pouco a peça – deve estar em 
recipiente adequado e em volume 10x maior que 
o volume da peça; 
- Identificação: Informações clínicas da peça; 
- Exame Macroscópico: Descrição da peça, das 
anormalidades macroscópicas dela. Deve ser 
descrito em uma sequência – tamanho, cor, 
consistência, localização das lesões. Tudo deve ser 
documentado; 
- Exame Microscópico: A peça, ao chegar no 
laboratório, vai ser colocada no aparelho 
histotécnico, este vai dar banhos de álcool – 
desidrata a peça – e xilol – solvente para água e 
parafina – nela. Logo após é feita a parafinização, 
o fragmento de tecido é colocado num bloco de 
parafina e levado para o micrótomo – irá cortar o 
bloco. A parafina sai do micrótomo corrugada, é 
feito então um banho-maria, fazendo com que ela 
estique. Posteriormente, é realizada a coleta 
desse tecido parafinizado, colocando-o na lâmina, 
ele passará então pela desparafinização – usa-se 
xilol, e concentrações decrescentes de álcool (100-
70%). Por fim, é feita a coloração com HE – mais 
comum. Esse exame proporcionará ao patologista 
avalizar alterações morfológicas a nível celular, 
através da observação da lâmina; 
- Diagnóstico das Biópsias: Emissão de laudo, que 
além dos dados clínicos, descrição macro e 
microscópica, deve conter o diagnóstico final da 
biópsia. Em alguns casos o patologista pode emitir 
comentários; 
OBS.: Rotineiramente é realizado 1° o exame 
citológico e caso exista alguma anormalidade é 
solicitada a biópsia, que dará mais informações. 
Técnicas Especiais de Estudo 
 Histoquímica 
- A coloração em técnicas tintoriais é empregada 
para facilitar os estudos dos tecidos e a 
visualização no microscópio; 
- O corante atua fixando-se eletiva e seletivamente 
em determinadas estruturas celulares, conferindo 
a elas diferentes graus de absorção da luz 
incidente, e possibilitando a identificação e o 
estudo de duas alterações por nosso sentido de 
visão, auxiliado pelo microscópio; 
 
 Tipos de corantes: 
- Corantes Ácidos: Coram formações básicas, por 
exemplo, citoplasma celular; 
- Corantes Básicos: Coram formações ácidas, por 
exemplo, núcleo celular; 
- Corantes Neutros: Formados pela associação 
entre um corante ácido com um básico, de modo 
que cada um de seus componentes cora 
respectivamente, os componentes de função 
química oposta; 
OBS.: Meta Cromática – corantes que coram 
determinadas estruturas com coloração diferente 
da sua, ou elementos proteicos com a mesma cor, 
mas com diferentes intensidades, ou seja,essa 
coloração é aquela na qual um mesmo corante 
confere cores diferentes às estruturas diversas. 
 Imunocitoquímica 
- Utiliza-se da especificidade dos anticorpos para 
observar estruturas celulares; 
- Um anticorpo específico para cada componente; 
 Imuno-histoquímica 
- As técnicas de imuno-histoquímica detectam 
moléculas (antígenos) teciduais, sendo de grande 
valor nos diagnósticos anatomopatológicos e na 
investigação científica; 
- O mecanismo básico é o reconhecimento do 
antígeno por um anticorpo específico para ele 
(anticorpo primário). Para observar se a reação foi 
positiva ou não é feita a marcação do anticorpo 
com uma substância química, um corante químico, 
que irá permitir a visualização; 
 
 Imunofluorescência Direta 
- A imunofluorescência direta é um processo de 
detecção da expressão de proteínas semelhantes 
ao que é feito com a imuno-histoquímica, 
utilizando o mesmo princípio de ligação antígeno-
anticorpo. Para observar se a reação foi positiva ou 
não é feita a marcação do anticorpo com agente 
fluorescente – fluoróforo – que está ligado no 
anticorpo primário; 
- A imunofluorescência direta é amplamente 
utilizada no diagnóstico das patologias de pele, 
por exemplo, doenças bolhosas, autoimunes, 
vasculite, e doenças renais, como 
glomerulonefrites; 
- Na imunofluorescência indireta também é 
necessário um anticorpo secundário para a 
detecção, e nesse caso esse anticorpo secundário 
é que está ligado ao fluoróforo; 
 
 Hibridização in situ 
- Método de localização do RNAm ou DNA através 
da hibridização da sequência de interesse a um 
filamento complementar de uma sonda de 
nucleotídeo (produzida em laboratório); 
- Muito usada para diagnóstico de viroses. É 
necessária uma amostra viral grande para realizar 
essa técnica; 
 
 Cultura de Células 
- Manutenção e multiplicação in vitro de células 
vivas. Essa técnica permite a observação do 
comportamento celular frente a uma substância 
química ou modificações de temperatura, dos 
microrganismos presentes numa cultura de urina, 
por exemplo, somado a isso pode-se fazer ainda 
um antibiograma – mostra a que antibióticos as 
bactérias presentes na cultura são sensíveis, 
podendo estabelecer o tratamento; 
 
 Fracionamento Celular 
- Mais utilizada para estudo, onde se isola 
componentes celulares para estuda-los 
individualmente; 
 
 ELISA 
- ELISA (enzyme-linked immunosorbent assay) é 
um teste imunoenzimático que se baseia na 
interação antígeno-anticorpo detectada através 
de ações enzimáticas. Esse teste, diferentemente 
da imuno-histoquímica, fornece resultados 
quantitativos, sendo atualmente utilizado no 
diagnóstico de várias doenças infecciosas, 
doenças autoimunes e alergias; 
- Existem 4 tipos de ELISA: ELISA Direto, ELISA 
Indireto, ELISA Sanduíche e ELISA por Competição, 
é importante ressaltar que independentemente 
do tipo o antígeno sempre vai ser marcado por um 
anticorpo ligado a uma enzima, seguindo o 
procedimento básico; 
- Na técnica de ELISA indireta, considerada muito 
versátil, são utilizadas placas com 96 poços, onde 
são ligados antígenos e, em seguida, são 
adicionados soro ou plasma. Caso a amostra seja 
positiva os anticorpos primários se ligarão aos 
antígenos que se encontram no fundo do poço. É 
então realizada uma lavagem, com produto 
específico, para retirar aqueles anticorpos que não 
se ligaram ao antígeno analisado. Posteriormente, 
é adicionado o conjugado, conjunto formado por 
anticorpos + enzima – normalmente é utilizada a 
peroxidase – que apresenta especificidade para o 
anticorpo primário. Logo após, espera-se um 
tempo e realiza-se outra lavagem, para retirar os 
conjugados que não se ligaram ao anticorpo 
primário, a seguir é adicionado um substrato para 
a enzima, que ao quebrar esse substrato vai 
produzir uma reação colorida. Através de um 
aparelho avalia-se então a intensidade da cor, essa 
intensidade é proporcional a quantidade de 
anticorpos que existe no soro, permitindo analisar 
a fase da infecção; 
 
 PCR 
- O PCR (reação em cadeia da polimerase 
ou polymerase chain reaction) é uma técnica que 
permite à amplificação de sequências específicas 
de DNA fora de organismos vivos, sendo uma 
técnica simples, onde várias amostras podem ser 
analisadas ao mesmo tempo; 
- Através do PCR é possível detectar a presença de 
material genético viral, bacteriano ou de parasitas 
em amostras biológicas, como sangue e urina, 
além disso, ela apresenta utilidade no diagnóstico 
do câncer e de doenças genéticas; 
- Assim como outros testes, o PRC possui 
limitações, por exemplo, há nele a possibilidade de 
contaminação da amostra podendo gerar 
resultados falsos e, diferentemente do ELISA, o 
PCR tradicional não fornece resultados 
quantitativos – fornecidos pelo o RT-PCR (Real-
Time PCR) – apenas qualitativos; 
- A técnica baseia-se na reação de amplificação, 
utilizando-se um termociclador automático que 
através de mudanças de temperatura ao longo do 
tempo pode dar origem a cerca de 10 bilhões de 
cópias de DNA. As duas fitas de DNA são 
inicialmente separadas pelo calor, em seguida dois 
iniciadores irão apoiar a região que será 
amplificada. A enzima DNA polimerase, 
adicionada junto da amostra, entra em ação e se 
liga ao sítio de iniciação, realizando seu trabalho e 
copiando o segmento de DNA desejado, assim 
finaliza-se o 1° ciclo. No próximo ciclo, as duas fitas 
de DNA – a molde e a formada no 1° ciclo – 
passarão pelos mesmos eventos do 1° ciclo – 
desnaturação, hibridização e extensão – e assim 
segue em todos os ciclos, resultando em uma 
amplificação do DNA em escala exponencial;

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