Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Beatriz Marinelli, 8º termo Atenção Integral à Saúde da Criança Hipertensão Arterial Aguda e Crônica (Comorbidades Maternas x Patologias Fetais) →Hipertensão e Gravidez Consideramos hipertensa a gravida que apresentar pressão arterial de 140x90mmHg ou mais, persistente, excluídos outros critérios tensionais usados no passado e cujos valores estavam abaixo desses. • A hipertensão arterial (PA) é a complicação grave mais frequente na gravidez; • Consiste uma das três principais causas de morte materna no mundo; • A eclampsia é responsável pela morte anual de 50 mil mulheres; • A hipertensão é responsável ainda por várias mortes perinatais ou complicações nesse período, tais como descolamento prematuro de placenta, restrição do crescimento intrauterino, prematuridade e anoxia perinatal. →Classificação Os transtornos hipertensivos que podem complicar a gravidez: • Hipertensão associada a gestação (hipertensão gestacional): − PA > 140 x 90mmHg em mulheres normotensas previamente à gravidez, depois de 20 semanas de idade gestacional; − Sem proteinúria; − Retorno normal da PA <12 semanas após o parto; − Diagnóstico final feito tão somente após o parto; − Consideram com uma hipertensão transitória; − Complicações: 50% pode apresentar sinais de pré-eclâmpsia, tais como cefaleia, desconforto epigástrico ou plaquetopenia. • Pré-eclâmpsia (PE): − PA ≥ 140 x 90mmHg após 20 semanas de gestação; − Proteinúria ≥ 300mg/24horas ou + em teste de fita. Não devemos considerar a proteinúria como marcador único, temos que considerar também: ▪ Trombocitopenia (<100.000/mm³); ▪ Creatinina > 1,1mg/dL ou o dobro dos valores basais; ▪ Transaminases em dosagem duas vezes maiores que as normais; ▪ Sintomas cerebrais: cefaleia, perturbação visual; ▪ Edema agudo de pulmão. − Sinais de gravidade da PE: ▪ PA ≥ 160 x 110mmHg, em duas tomadas com intervalo de 6 horas e a paciente acamada; ▪ Proteinúria ≥ 2g/24 horas ou ++ em teste de fita; ▪ Oliguria < 500ml/24 horas; ▪ Creatinina sérica > 1,22mg/dL, caso não seja previamente elevada; ▪ Plaquetas <100.000/mm³; ▪ Hemólise microangiopática (DHL elevada); ▪ ALT/AST elevadas; Beatriz Marinelli, 8º termo Atenção Integral à Saúde da Criança ▪ Cefaleia persistente ou outro distúrbio cerebral ou visual; ▪ Dor epigástrica persistente; ▪ Edema agudo de pulmão; ▪ Restrição do crescimento fetal. • Eclâmpsia: é a convulsão que não podem ser atribuídas a outra causa na mulher com pré-eclâmpsia. • Pré-eclâmpsia superajuntada (à hipertensão arterial crônica): − Início de proteinúria ≥ 300mg/24 horas em mulheres hipertensas, mas sem proteinúria antes de 20 semanas de gravidez; − Aumento súbito na proteinúria ou na pressão arterial ou contagem de plaquetas <100.000 mm³ em mulheres com hipertensão e proteinúria antes de 20 semanas de gravidez. • Hipertensão arterial crônica: − PA > 140 x 90mmHg antes da gestação ou diagnosticada antes de 20 semas; − Ou hipertensão diagnosticada após 20 semanas de gravidez e persistente após 12 semanas do parto. →Incidência • 37,1% de todos os pacientes internados tiveram quadro hipertensivo; • A pré-eclâmpsia complica de 5 a 7% de todas as gravidez nos EUA, aumentando 15% entre paciente de condição socioeconômica baixa; • A doença hipertensiva complica 10-12% das gestações. →Fatores de risco São fatores de risco para a instalação de doenças hipertensivas ligadas à existência de gravidez: • 1ª gestação em adolescente menores de 16 anos ou em paciente com mais de 35 anos; • Gemelaridade; • Diabetes; • Hipertensão arterial preexistente; • Nefropatias; • Doença trofoblástica gestacional – doença pode se instalar antes da 20ª semama. →Etiologia A etiologia é desconhecida. Indubitável é que está ligada à presença do tecido trofoblástico. Importando assim: • Implantação placentária com invasão trofoblástica anormal dos vasos uterinos; • Má adaptação imunológica entre tecidos maternos, placentários e fetais; • Má adaptação materna no que se refere as mudanças cardiovasculares e inflamatória da gravidez; • Fatores hereditários predisponentes. →Fisiopatologia A doença ocorre basicamente pela vasoconstrição arteriolar, sendo essa responsável pelas manifestações típicas (não patognomônicas) da doença em todo organismo (rim, fígado, cérebro, território decicuoplacentário, especialmente). Beatriz Marinelli, 8º termo Atenção Integral à Saúde da Criança →Clinica Como já dito anteriormente, a doença vai se manifestar com hipertensão arterial em pacientes antes normotensos, geralmente após a 20ª semana de gravidez acompanhado ou não de proteinúria; sendo esse um sinal tardio e com piora quanto maior ela for. A presença de edema não participa dos critérios de classificação, mas é um sinal de alerta. Consideramos a doença hipertensiva grave quando: • PA mínima ≥ a 110mmHg; • Proteinúria > 2g/L/24 horas ou ++ em teste de fita; • Sintomas como escotomas, ambliopia, agitação psicomotora, dor em barra hipogástrica (trata como iminência de eclâmpsia); • Instalar a síndrome de HELLP – icterícia, elevação das enzimas hepáticas, plaquetopenia, anemia por hemólise microangiopática; • Dor em hipocôndrio direito – suspeitar de iminência de ruptura hepática; • Edema agudo de pulmão; • Restrição de crescimento intrauterino. Obs:. Quando o quadro acima se associar a convulsão e/ou coma, o diagnóstico é de eclâmpsia. →Diagnóstico precoce da PE • Dopplervelocimetria anormal e PLGF de <280pg/mL se associam a alto risco de PE precoce ou grave em uma população de baixo risco; • Índice de pulsatilidade (IP) das artérias uterinas detecta 90,0% dos casos; • Parâmetros biofísicos e bioquímicos pesquisados entre 11 e 13 semanas e 6 dias, podem prever o desencadeamento de hipertensivas se feito na gravidez inicial; • Persistência de incisura protodiastólica bilateral nas artérias uterinas pela dopplervelocimetria, pe um preditor da doença nas mulheres de risco clinico e epidemiológico. A propedêutica subsidiária básica das gestantes hipertensas consiste: • Exame de urina tipo I, cultura com contagem de colônias e antibiogramas, se necessários; • Proteinúria em urina de 24 horas; • Dosagens de ureia, creatinina e ácido úrico; • Hemogramas com contagem de plaquetas; • Dosagem de enzimas: ALT,AST e DHL (especialmente nos casos graves); • Exame de fundo de olho; • Eletrocardiograma (casos graves e hipertensão preexistente); • Pesquisa de diabetes que se associa frequentemente as doenças hipertensivas. →Conduta A assistência pré-natal bem conduzida é de grande importância no que se refere às complicações hipertensivas da gravidez, uma vez que nesse reside a possibilidade de diagnóstico precoce, evitando agravamento do quadro e prejuízos maternos e fetoneonatais. Quando já existe uma hipertensão arterial preexistente, ela pode ser diagnosticada casos a captação da paciente se faça precocemente, ou a paciente já refira a afecção ou ela seja conhecida previamente à Beatriz Marinelli, 8º termo Atenção Integral à Saúde da Criança puerperalidade. Ocorrendo o agravamento, em especial no terceiro trimestre, a suspeita de pré-eclâmpsia superajuntada impõe-se todo o trabalho assistencial tem que se concentrar em não permitir o agravamento do quadro, o que não é uma tarefa simples. • Pré-eclâmpsia leve: o ideal seria tratar no ambiente hospitalar, mas como há impossibilidade de fazer isso, devem ser mantidas em domicilio. Recomendam-se: − Instalação de venóclise; − Sondagem vesical; − Manutenção em cama-berço; − Oxigenação; − Monitorização instrumental dos parâmetros clínicos maternos; − Monitorização intensiva dos parâmetros laboratoriais maternos; − Medicação por via intravenosa: ▪ Preventivo de convulsões: Sulfato de magnésio hepta-hidratado a 50%, em dose de ataque, 4g por via IV em até 1g/min, mais 10g por via intramuscular,sendo 5g em casa região glútea, injetadas profundamente. Dose de manutenção: via intramuscular, 5g a cada 4 horas, por pelo menos 24 horas. ▪ Anti-hipertensivos: Hidralazina: 5mg por via intravenosa, controlando a PA a cada 5 min. Se não houver efeito satisfatório, administrar mais 10mg após 20 minutos. A dose total não deve ultrapassar 20mg. Diazóxido: 30mg por via intramuscular. Controle da PA. Se não surtir efeito, administrar 60mg após 20 min. Dose máxima de 300mg. Se chegar no máximo pode associar a um diurético pela retenção hídrica favorecida pelo medicamento. Nifedipina: 10mg por via sublingual. • Eclâmpsia: tratamento semelhando ao anterior, sendo muito prudente cuidar do paciente na unidade de terapia intensiva. − Deve-se instalar cânula de Guedel, para evitar mordeduras e para outros procedimentos; − A aspiração de secreções deve ser cuidadosa; − Estabelecido o controle inicial da paciente, convém interromper a gravidez, independente da idade gestacional. • Hipertensão arterial crônica: tratamento semelhante ao das pacientes não gravidas. − Fundamenta-se em dieta hipossódica, sedação, repouso relativo e anti-hipertensivos já citados, evitando-se diuréticos. − Quadros de emergência hipertensiva devem receber mesmos cuidados daqueles com iminência de eclâmpsia. →Alterações do RN com mãe Hipertensão Arterial Crônica Mãe já engravida hipertensa. PA > 140 x 90mmHg antes da gestação ou diagnosticada antes de 20 semas ou hipertensão diagnosticada após 20 semanas de gravidez e persistente após 12 semanas do parto. Essa hipertensão pode levar a varias comorbidades ao RN entre elas: • Pequeno para Idade Gestacional (PIG): a vasoconstrição placentária faz com que a criança não desenvolva intraútero, uma vez que vai ter baixo fluxo sanguíneo através do cordão, diminuindo a Beatriz Marinelli, 8º termo Atenção Integral à Saúde da Criança nutrição e oxigenação para o RN, o tornado PIG. Esse quadro pode levar uma anoxia neonatal grave, podendo levar em casos mais graves, a morte intraútero; • Hiperviscosidade sanguínea: pela falta de nutrição, que pode levar a policitemia, bradicardia, apneia, cianose, priapismo e trombose de veia renal; • Risco de aspiração de mecônio: o grau de anoxia grande, falta de oxigênio, centro respiratório estimula a respiração intraútero, levando a essa aspiração. A aspiração maciça leva a uma hipertensão pulmonar grave no RN, podendo levar ao óbito; • Isquemia cerebral intraútero: pela deficiência de nutrição sanguínea; • Icterícia precoce após o nascimento: sangue viscoso, faz hemólise, liberando pigmento amarelo; • Apneia; • Intolerância alimentar; • Lesão de substância branca; • Hipocalcemia e Hipomagnesemia; • Hipoglicemia: pela restrição de crescimento, tudo que ele vai receber ele consome; • Hipotermia: pela falta de gordura. O parto desse RN não pode ser normal, uma vez que diminui ainda mais o fluxo do cordão, podendo levar anoxia pela contração. O RN precisa ir para UTI e ser monitorado pelos riscos de complicações. Bibliografia: • Perinatologia: fundamentos e prática. Segre, Conceição A. M; Costa, Helenice de Paula Fiod; Lippi, Umberto Gazi. São Paulo; Savier; 3 ed; 2015. 285 p.
Compartilhar