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Tratamento. Indicado pelo Ministério da Saúde a poliquimioterapia (PQT) padronizada pela Organização Mundial de Saúde. PQT = mata o bacilo tornando-o inviável, evita a evolução da doença, prevenindo as incapacidades e deformidades causadas por ela, levando à cura. O bacilo morto é incapaz de infectar outras pessoas, rompendo a cadeia epidemiológica da doença. Assim, no início do tratamento → a transmissão é interrompida, e, se realizado de forma completa e correta → cura. Constituída pelo conjunto dos seguintes medicamentos: rifampicina, dapsona e clofazimina, com administração associada. Essa associação evita a resistência medicamentosa do bacilo que pode ocorrer quando se utiliza apenas um medicamento, impossibilitando a cura da doença. É administrada através de esquema-padrão, de acordo com a Classificação Operacional do doente em PB ou MB. Efeitos adversos. Não são frequentes e em geral bem tolerados. Dapsona (DDS): 1. Perturbações no estômago – tomar após as refeições. 2. Insônia – tomar pela manhã. 3. Reações da pele (Stevens-Johnson) – para o medicamento. 4. Urticária – se alergia grave = enviar o doente ao hospital a tratar com prednisolona. 5. Erupção fixa – se alergia leve = tratar com anti-histamínico. Após 1 semana = reiniciar medicação com doses baixas → 1/8 de comprimido (12,5 mg), observar por 1 dia. 6. Dermatite (raramente esfoliativa) – parar o medicamento por 1 semana e reiniciar com 50 mg (1/2 comprimido), controlando semanalmente. 7. Metaemoglobinemia – parar o medicamento por 1 semana e reiniciar com 50 mg (1/2 comprimido), controlando semanalmente. 8. Anemia – procurar outras causas. Se grave = suspender medicamento, administrar sulfato ferroso e controlar Hb. Quando houver melhoria (Hb > 10) = reiniciar controlando semanalmente. 9. Agranulocitose – suspender medicamento e enviar doente ao hospital. 10. Hepatite – suspender medicamento (e rifampicina) e enviar ao hospital. Contraindicações: hipersensibilidade à dapsona ou sulfonas. Anemia grave deve ser tratada antes do uso da dapsona. Clofazimina: Maior eficácia quando administrada diariamente. 1. Coloração escura, avermelhada da pele, das palmas das mãos, das plantas dos pés e das lesões de pele – após término do tto a cor regressa lentamente ao normal. 2. Secura da pele (face anterior das coxas) – untar com óleo a pele seca e continuar tto. Contraindicações: hipersensibilidade à clofazimina ou outro componente da formulação. Rifampicina: 1. Urina avermelhada (no dia da tomada supervisionada, durante algumas horas), lágrimas e outras secreções avermelhadas. 2. Prurido e pele avermelhada (face e couro cabeludo), com lacrimejamento e eritema dos olhos – efeito transitório leve, não se interrompe o tto. 3. Perturbações do estômago (dor, náuseas, as vezes vômitos, raramente diarreia, anorexia) – se incomodo grave = referir doente ao hospital para consulta médica. Contraindicações: hipersensibilidade à rifampicina; porfiria aguda. Estados Reacionais na Hanseníase. Surtos reacionais = episódios inflamatórios que se intercalam no curso crônico da hanseníase. Possuem evolução aguda. Fatores desencadeantes = infecções intercorrentes, vacinação, gravidez e puerpério, medicamentos iodados, estresse físico e emocional. Às vezes, antecedem o diagnóstico da hanseníase, surgem durante o tratamento e após a alta. Reações tipo I: Exacerbação de lesões preexistentes, que aumentam de tamanho. Surgimento de novas lesões idênticas as anteriores. Pode ser de piora ou melhora imunológica, histológica, clínica e baciloscópica. Reação tipo I de melhora = ‘’reação inversa’’. Reação tipo I de piora = ‘’reação de degradação’’. Predileção por face, palmas das mãos (frequente) e plantas dos pés. Lesões enormes, ocupando todo um segmento. Quando localizada nos membros (superiores) os envolve como uma manga de camisa. R1 de degradação ou de piora: Ocorre em doentes que nunca trataram ou que tomam irregularmente suas medicações. Lesões = mais eritematoedematosas. Novas lesões agudas com as mesmas características em outros locais do tegumento e em pequeno nº. Hipertérmicas e dolorosas. Podem se constituir na 1ª manifestação mais evidente da moléstia. Múltiplas pápulas, nódulos e placas eritematosos em quase toda a pele com localizações características = face, em torno dos olhos e boca, palma das mãos e planta dos pés. Edema acentuado de extremidades e acometimento de maior nº de nervos. Baciloscopia = aumento de carga bacilar. R1 inversa/reversa ou de melhora. Geralmente ocorro depois de 3 – 4 meses de poliquimioterapia, porém, pode também surgir antes e depois do tratamento. Placas bem delimitadas + hipertermia, dor, eritema e edema acentuado. Baciloscopia = diminuição da carga bacilar. Reações tipo II. Mais frequente durante o tratamento ao redor do 6º mês. Eritema nodoso hansênico = paniculite (inflamação da hipoderme) lobular (predomina nos lóbulos) + vasculite. Desencadeada por depósito de imunocomplexos nos tecidos e vasos. Imunidade celular possui importância em etapas iniciais do processo. Aumento de citocinas séricas (TNF-alfa e INF-gama) sem mudança definitiva da condição imunológica do paciente. Ligadas à destruição de bacilos com exposição de antígenos + estímulo à produção de anticorpos e a formação de imunocomplexos. Estes fixam complemento e estimulam a migração de neutrófilos que por meio de suas enzimas destroem os tecidos e até a parede vascular = produzindo vasculites secundarias. A intensidade desses fenômenos está ligada a produção de TNF-alfa. Manifestações dermatológicas = nódulos e/ou placas eritematoedematosas, isolados e/ou confluentes, especialmente nas pernas. Esporádicas ou periódicas. Quadro clínico COMPLETO = Febre. Mal-estar. Dores no corpo. Aumento doloroso de linfonodos. Placas e nódulos eritematosos, que podem ulcerar ou não, em vários segmentos do corpo. Neurite. Artralgia e/ou artrite. Irite e iridocilite. Glaucoma e suas consequências. Orquite e orquiepididimite. Hepatoesplenomegalia dolorosa. Algumas vezes = icterícia e trombose. Laboratorialmente = leucocitose com desvio à esquerda e, as vezes, reações leucemoides. Aumento da velocidade de hemossedimentação. Aumento da proteína C-reativa. Aparecimento de autoanticorpos (fator antinúcleo – FAN). Aumento de bilirrubinas. Aumento de transaminases. Hematúria e proteinúria. Histologicamente = infiltrado histiocitário de aspecto regressivo, com células de Virchow. Bacilos de aspecto granulosos ou ausentes. Exsudação de neutrófilos em grande quantidade, as vezes intensa, com áreas de necrose e, em algumas vezes, agredindo vasos locais (vasculite). = nas vísceras. Fígado = infiltrado histiocitário e neutrófilos se localizam nos espaços-porta e podem comprimir canalículos biliares → icterícia. Reação tipo 2 ≠ Fenômeno de Lucio. Fenômeno de Lucio = Ainda se discute se pode ou não ser considerado reação. Ocorre antes do tratamento em poucos pacientes com hanseníase virchowviana = aqueles com a forma ‘’lepra bonita’’ ou lepra de Lucio. Leões maculares equimóticas (necróticas) que se ulceram → podem ocorrer em pequeno nº ou por uma área extensa da pele. Observada mais comumente em extremidades inferiores. Em lesões generalizadas = paciente se comporta como grande queimado. Infecção secundária das lesões por Pseudomonas aeruginosa = complicação. Histopatologia = necrose isquêmica da epiderme e derme superficial. Parasitismo intenso de células endoteliais. Proliferação de células endoteliais. Formação de trombos em grandes vasos das porções profundas da derme. Recidiva. Situação em que o paciente completa o tratamento, com sucesso, e depois desenvolve sinais e sintomas da doença. NÃO se fala em recidiva em pacientes que voltam com novos sinais de atividade da doença, se = 1. Anteriormente tratados só com monoterapia. 2. Não completaram o tratamento (abandono). Evento raro se tratado regularmente, com os esquemas poliquimioterápicos preconizados. Geralmente ocorre 5 anos após a alta. Entre as causas relacionadas, temos = tratamentos irregulares (PRINCIPAL), persistência bacilar (bacilos latentes não são afetados pelos medicamentos), resistência bacilar e reinfecção. Critérios clínicos para diagnóstico de recidivam, segundo a classificação operacional = Paucibacilares (PB) – paciente que, após alta por cura, apresentar dor no trajeto de nervos, novas áreas com alterações de sensibilidade, lesões novas e/ou exacerbação de lesões anteriores, que não respondem a tto com corticosteroide, por PELO MENOS 90 dias. Multibacilares (MB) – paciente que, após alta por cura, apresentar: lesões cutâneas e/ou exacerbação de lesões antigas, novas alterações neurológicas, que não respondem ao tto com talidomida e/ou corticosteroide nas doses e prazos recomendados, baciloscopia positiva ou QC compatível com pacientes nunca tratados.
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