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Aula 1 - Estágio Supervisionado Básico I em Psicologia

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ESTÁGIO SUPERVISIONADO BÁSICO I EM PSICOLOGIA
Aula 1 
Bibliografia
· CORDIOLI, A.V. Psicoterapias. Abordagens atuais. Porto Alegre: Artmed
· ACHAR, R. (Org.). Psicólogo brasileiro: práticas emergentes e desafios para a formação. São Paulo: Casa do Psicólogo
· BASTOS, A. V. B. & GONDIM, S. M. G. (Org.). O trabalho do psicólogo no Brasil. Porto Alegre: Artmed
· BENJAMIN, ALFRED. "A entrevista de ajuda. 8ª Edição." 1996.
· CUNHA, J. A. (2002). Psicodiagnóstico - V (5ª ed. rev. e ampl.). Porto Alegre, RS: Artmed
· GABBARD G. Psiquiatria Psicodinâmica. (LN de A Jorge e M. R S. Hofmeister, Trads.). Porto Alegre, RS: Artmed. 1998.
· GUIMARÃES, R. S. & SILVA, R. R. Supervisão em Psicologia: o desafio da formação. Curitiba.: CRV
· ROGERS, Carl R. Tornar-se pessoa. WWF Martins Fontes, 2017.
· ROMANA, Rita Aparecida. Ética na Psicologia. Petrópolis: Ed vozes
“A Escutatória” Rubem Alves
“Sempre vejo anunciados cursos de oratória. Nunca vi anunciado curso de escutatória. Todo mundo quer aprender a falar. Ninguém quer aprender a ouvir. Pensei em oferecer um curso de escutatória. Mas acho que ninguém vai se matricular. Escutar é complicado e sutil…
Parafraseio o Alberto Caeiro: “Não é bastante ter ouvidos para ouvir o que é dito; é preciso também que haja silêncio dentro da alma”. Daí a dificuldade: a gente não aguenta ouvir o que o outro diz sem logo dar um palpite melhor, sem misturar o que ele diz com aquilo que a gente tem a dizer… Nossa incapacidade de ouvir é a manifestação mais constante e sutil de nossa arrogância e vaidade: no fundo, somos os mais bonitos…
Tenho um velho amigo, Jovelino, que se mudou para os Estados Unidos estimulado pela revolução de 64. Contou-me de sua experiência com os índios. Reunidos os participantes, ninguém fala. Há um longo, longo silêncio. (Os pianistas, antes de iniciar o concerto, diante do piano, ficam assentados em silêncio, abrindo vazios de silêncio, expulsando todas as ideias estranhas).
Todos em silêncio, à espera do pensamento essencial.
Não basta o silêncio de fora. É preciso silêncio dentro. Ausência de pensamentos. E aí, quando se faz o silêncio dentro, a gente começa a ouvir coisas que não ouvia. Eu comecei a ouvir.
Fernando Pessoa conhecia a experiência, e se referia a algo que se ouve nos interstícios das palavras, no lugar onde não há palavras. A música acontece no silêncio. A alma é uma catedral submersa. No fundo do mar – quem faz mergulho sabe – a boca fica fechada. Somos todos olhos e ouvidos. Aí, livres dos ruídos do falatório e dos saberes da filosofia, ouvimos a melodia que não havia, que de tão linda nos faz chorar.
Para mim, Deus é isto: a beleza que se ouve no silêncio. Daí a importância de saber ouvir os outros: a beleza mora lá também. Comunhão é quando a beleza do outro e a beleza da gente se juntam num contraponto. Ouçamos os clamores dos famintos e dos despossuídos de humanidade que teimamos a não ver nem ouvir. É tempo de renovar, se mais não fosse, a nós mesmos e assim nos tornarmos seres humanos melhores, para o bem de cada um de nós.
É chegado o momento, não temos mais o que esperar. Ouçamos o humano que habita em cada um de nós e clama pela nossa humanidade, pela nossa solidariedade, que teima em nos falar e nos fazer ver o outro que dá sentido e é a razão do nosso existir, sem o qual não somos e jamais seremos humanos na expressão da palavra.”
Quais dificuldades enfrentamos durante um processo de comunicação no cotidiano?
Quais as dimensões que conhecemos acerca da comunicação humana?
Sabemos que na comunicação humana há formas específicas, como a expressão verbal e a não verbal.
Como podemos então, definir o diferencial da comunicação esperada por parte de um profissional de psicologia?
· Comunicação: característica tipicamente humana – poder da narrativa criando a realidade e constituindo os seres humanos.  
· OUVIR É DIFERENTE DE ESCUTAR? 
· Ouvir e escutar: ouvir é um processo fisiológico. Escutar significa mais: um processo de dar atenção cuidadosa a tudo àquilo que o outro fala. Escutar a subjetividade implicada nas diferentes experiências do sujeito.
· A escuta é instrumento de intervenção do psicólogo, na prática clínica e em diferentes contextos.
· O psicólogo escuta em todos os contextos que trabalha.
Acolhimento
· Definição (Ministério da Saúde): Acolhimento é uma diretriz da Política Nacional de Humanização (PNH), que não tem local nem hora certa para acontecer, nem um profissional específico para fazê-lo: faz parte de todos os encontros do serviço de saúde. O acolhimento é uma postura ética que implica na escuta do usuário em suas queixas, no reconhecimento do seu protagonismo no processo de saúde e adoecimento, e na responsabilização pela resolução. (Informações do site Humaniza SUS do Ministério da saúde)
· Acolhimento envolve a recepção do usuário, desde sua chegada, responsabilizando-se integralmente por ele, ouvindo sua queixa, permitindo que ele expresse suas preocupações, angústias, e ao mesmo tempo, colocando os limites necessários, garantindo atenção resolutiva e a articulação com os outros serviços de saúde para a continuidade da assistência quando necessário.
· O acolhimento como ato ou efeito de acolher expressa, em suas várias definições, uma ação de aproximação, um estar-com e um estar perto de, ou seja, uma atitude de inclusão. Essa atitude implica, por sua vez, estar em relação com algo ou alguém.
· O acolhimento é considerado como uma das diretrizes de maior relevância ética/estética/política da Política Nacional de Humanização do SUS (Ministério da Saúde, 2006).
· O acolhimento tem função clínica e deve ser praticado ao longo de todo o tratamento/assistência e de todo processo de produção de saúde.
· O acolhimento na porta de entrada só ganha sentido se o entendemos como uma passagem para o acolhimento nos processos de produção de saúde Não se trata só da construção de um vínculo ou relação, mas implica também uma técnica ou manejo técnico. O acolhimento não é prerrogativa de uma categoria profissional,	mas de todas aquelas que lidam diretamente com o paciente ou com pessoas.
· Cada profissional irá praticar o acolhimento de acordo com as especificidades de sua categoria profissional. 
· O profissional de psicologia realiza o acolhimento em diferentes áreas de atuação:
· 
· Saúde
· Assistência Social
· Comunidade
· Educação
· Trabalho
· Área do direito 
· 
· Na função de acolhimento está implícita uma relação de cuidado, de proteção, de continência, afinal, a dor pode ser física, a questão social, mas o sofrimento é sempre global, físico, social, psíquico. O psicológico deve acolher a angústia através de uma escuta diferenciada e do olhar, da expressão, do terapeuta presente no aqui e agora.
E QUAIS SÃO OS FATORES IMPORTANTES PARA QUE O PROFISSIONAL SEJA CAPAZ DE REALIZAR UMA BOA ESCUTA E UM BOM ACOLHIMENTO?
As Características de Uma Relação de Ajuda
Carl Rogers. Tornar-se pessoa. Cap.3.
Relação de ajuda
· Relação de ajuda: uma relação na qual pelo menos uma das partes procura promover na outra o crescimento, o desenvolvimento, a maturidade, um melhor funcionamento e uma maior capacidade de enfrentar a vida.
· 
· Pais/filhos
· Médico/paciente
· Professor/aluno
· Terapeuta/cliente
· 
· Quais são as características dessas relações que de fato facilitam o crescimento?
· “Aceitação democrática”. Estudo de relações pais-filhos. Crianças tratadas pelos pais com afeto e de igual para igual apresentam desenvolvimento intelectual acelerado, maior originalidade, maior segurança e controle emocional e menor excitabilidade.
· O psicoterapeuta, o médico ou o administrador que se mostra caloroso e expressivo, respeitador da própria individualidade e da do outro, que se interessa sem ser possessivo, provavelmente facilita a auto-realização através dessas atitudes.
· Estudo da relação de jovens médicos com pacientes esquizofrênicos. Grupo A – bem-sucedido – médicos tendiam a ver o paciente em termos da significação pessoal que os comportamentos tinham para o doente ao invés de vê-lo como um caso clínico ou um diagnósticodescritivo. Trabalho orientado para a personalidade do paciente, mais do que para a atenuação dos sintomas. Fizeram menos uso de processos passivos, de interpretação, instrução ou conselhos.
· Participação pessoal ativa – relação de pessoa a pessoa. Mais aptos em conseguir estabelecer com o doente uma relação de confiança.
· Estudo da relação terapeuta/cliente. Independente da abordagem, foram apontados como fatores importantes pelos clientes:
· Confiança no terapeuta
· Se sentir compreendido
· Sentimento de independência ao fazer opções ou tomar decisões.
· Consideravam como o procedimento de maior ajuda o de clarificar e exprimir abertamente o que o paciente abordara vagamente e com hesitação.
· Consideravam como elementos desfavoráveis na relação:
· 
· Falta de interesse
· Atitude distante e de afastamento 
· Simpatia excessiva.
· Dar conselhos diretos e precisos
· 
· Conceder grande importância ao passado em vez de enfrentar os problemas atuais.
· Outros estudos relação terapeuta/cliente:
· Capacidade para compreender o que o cliente pretende significar e os seus sentimentos.
· 
· Receptividade sensível do cliente
· Interesse caloroso, sem uma excessiva implicação emocional.
· Simpatia e respeito crescente que se estabelecem entre cliente e terapeuta.
· 
· Estudo com medida fisiológica de estresse mostra que sempre que a atitude do terapeuta tende, mesmo que ligeiramente, para um menor grau de aceitação, a resposta de estresse sofre um aumento significativo. 
· É claro que, quando a aceitação é sentida como mais fraca, o organismo organiza sua defesa contra a ameaça, mesmo no nível fisiológico.
· Atitudes e sentimentos do terapeuta são mais importantes do que a sua orientação teórica. Seus procedimentos e técnicas são menos importantes do que suas atitudes.
· É a maneira como suas atitudes e seus procedimentos são percebidos que é importante para o cliente, e que o crucial é a percepção.
· Como poderei criar uma relação de ajuda?
· Posso conseguir ser de uma maneira que possa ser apreendida pela outra pessoa como merecedora de confiança, como segura ou consistente no sentido mais profundo do termo?
· Isto vai além de fatores concretos tais como pontualidade e sigilo. Não é só um comportamento permanente de aceitação. “A experiência, porém, ensinou-me que, por exemplo, o fato de eu me comportar com uma atitude permanente de aceitação, se na realidade me sentir irritado, cético ou com qualquer outro sentimento de não-aceitação, acabaria por fazer com que fosse considerado inconsistente ou não merecedor de confiança”.
· CONGRUÊNCIA. A atitude ou o sentimento vivenciado é acompanhado da consciência dessa atitude.
· Poderei ser suficientemente expressivo enquanto pessoa para que o que sou possa ser comunicado sem ambiguidades?
· “Quando estou vivenciando uma atitude e não tomo consciência dela, minha comunicação passa a encerrar mensagens contraditórias”.
· Isso confunde o outro e tira-lhe a confiança, mesmo que ele não tenha consciência do que está causando alguma dificuldade entre nós.
· TRANSPARÊNCIA - A importância do crescimento e desenvolvimento do próprio terapeuta.
· Serei capaz de vivenciar atitudes positivas para com o outro – atitudes de calor, de afeição, de interesse, de respeito?
· Muitos temem que, ao se abrir à experiência de sentimentos positivos, podem ser enredados por eles. Ou que o outro pode se tornar exigente ou podem se decepcionar em sua confiança. Assim, acabam por estabelecer uma distância em relação aos outros – uma reserva, uma atitude “profissional”, uma relação impessoal. 
· Poderei ser suficientemente forte como pessoa para ser independente do outro? Serei capaz de respeitar corajosamente meus próprios sentimentos, minhas próprias necessidades, assim como as da outra pessoa? Poderei exprimir meus próprios sentimentos como algo que propriamente me pertence e que é independente dos sentimentos dos outros? Serei bastante forte na minha independência para não ficar deprimido com sua depressão, assustado com seu medo ou envolvido por sua dependência? O meu interior será suficientemente forte para sentir que não sou nem destruído por sua cólera, nem absorvido por sua necessidade de dependência, nem escravizado por seu amor, mas que existo independentemente dele com sentimentos e com direitos que me são próprios?
· Quando puder sentir livremente esta força de ser uma pessoa independente, então descobrirei que posso me dedicar completamente à compreensão e à aceitação do outro porque não tenho o receio de perder a mim mesmo.
· Estarei suficientemente seguro no interior de mim mesmo para permitir ao outro ser independente? Poderei dar-lhe a liberdade de ser? Ou sinto que ele deveria seguir meus conselhos ou permanecer um pouco dependente de mim, ou ainda tomar-me como modelo?
· Quando puder sentir livremente esta força de ser uma pessoa independente, então descobrirei que posso me dedicar completamente à compreensão e à aceitação do outro porque não tenho o receio de perder a mim mesmo. 
· Poderei permitir-me entrar completamente no mundo dos sentimentos do outro e das suas concepções pessoais e vê-los como ele os vê? Poderei entrar no seu universo interior tão plenamente que perca todo desejo de julgá-lo ou de avalia-lo? Poderei entrar com suficiente delizadeza para me movimentar livremente, sem esmagar significações que lhe são preciosas?
· COMPREENSÃO EMPÁTICA 
· Posso aceitar todas as facetas que a pessoa me apresenta? Poderei comunicar-lhe essa atitude? Ou poderei acolhê-la apenas condicionalmente, aceitando alguns aspectos da sua maneira de sentir e desaprovando outros, silenciosa ou abertamente?
· ACEITAÇÃO INCONDICIONAL - “Segundo a minha experiência, quando a minha atitude é condicional o cliente não pode mudar nem desenvolver-se nesses aspectos que não sou capaz de aceitar completamente.
· Serei capaz de agir com suficiente sensibilidade na relação para que meu comportamento não seja percebido como uma ameaça?  
· Poderei libertá-lo do receio de ser julgado pelos outros?
· Na maior parte das nossas vidas achamo-nos dependentes das recompensas e castigos que são os juízos dos outros.
· Uma apreciação positiva pode ser tão ameaçadora como um juízo negativo.
· Quanto mais conseguir manter uma relação livre de juízo de valor, mais isso permitirá à outra pessoa atingir um ponto em que ela própria reconhecerá que o lugar do julgamento, o centro da responsabilidade, reside dentro de si mesma.
· Serei capaz de ver esse outro indivíduo como uma pessoa em processo de tornar-se ela mesma, ou estarei prisioneiro do meu passado e do seu passado? 
· Se o trato como uma criança imatura, um aluno ignorante, uma personalidade neurótica, um psicopata, cada um desses conceitos limita o que ele poderia ser nessa relação.
· Se aceito a outra pessoa como alguma coisa definida, já diagnosticada e classificada, já cristalizada pelo seu passado, estou assim contribuindo para confirmar esta hipótese limitada. Se a aceito num processo de tornar-se quem é, nesse caso estou fazendo o que posso para confirmar ou tornar real as suas potencialidades.
“Se eu próprio pudesse responder afirmativamente a todas as questões que levantei, julgo que, nesse caso, qualquer relação em que participasse seria uma relação de ajuda e implicaria uma maturação. Mas não posso dar.”
ESTÁGIO SUPERVIS
IONADO BÁSICO I EM PSICOLOGIA
 
Aula 1
 
Bibliografia
 
·
 
CORDIOLI, A.V. Psicoterapias. Abordagens atuais. Porto Alegre: Artmed
 
·
 
ACHAR, R. (Org.). Psicólogo brasileiro: práticas emergentes e desafios para a formação. São Paulo: Casa do Psicólogo
 
·
 
BASTOS, A. V. B. & GONDIM, S. M. G. (Org.). O trabalho do psicólogo no Brasil. Porto Alegre: Artmed
 
·
 
BENJAMIN, ALFRED. "A entrevista de aju
da. 8ª Edição." 1996.
 
·
 
CUNHA, J. A. (2002). Psicodiagnóstico 
-
 
V (5ª ed. rev. e ampl.). Porto Alegre, RS: Artmed
 
·
 
GABBARD G. Psiquiatria Psicodinâmica. (LN de A Jorge e M. R S. Hofmeister, Trads.). Porto Alegre, RS: Artmed. 1998.
 
·
 
GUIMARÃES, R. S. & SILVA, R.
 
R. Supervisão em Psicologia:o desafio da formação. Curitiba.: CRV
 
·
 
ROGERS, Carl R. Tornar
-
se pessoa. WWF Martins Fontes, 2017.
 
·
 
ROMANA, Rita Aparecida. Ética na Psicologia. Petrópolis: Ed vozes
 
 
“A Escutatória” Rubem Alves
 
“Sempre vejo anunciados cursos de oratória. Nunca vi anunciado curso de escutatória. Todo mundo quer aprender a falar. Ningué
m quer 
aprender a ouvir. Pensei em oferecer um curso de escutatória. Mas acho que ninguém vai se matricular. Escutar é complicado e
 
sutil…
 
Parafraseio o Alberto Caeiro: “Não é bastante ter ouvidos para ouvir o que é dito; é preciso também que haja silêncio dentro 
da alma”. Daí a 
dificuldade: a gente não aguenta ouvir o que o outro diz sem logo dar um palpite melhor, sem misturar o que
 
ele diz com aquilo que a gente 
tem a dizer… Nossa incapacidade de ouvir é a manifestação mais constante e sutil de nossa arrogância e vaidade: no fundo, som
os os mais 
bonitos…
 
Tenho um velho amigo, Jovelino, que se mudou para os Estados Unidos estimulado 
pela revolução de 64. Contou
-
me de sua experiência com os 
índios. Reunidos os participantes, ninguém fala. Há um longo, longo silêncio. (Os pianistas, antes de iniciar o concerto, dia
nte do piano, ficam 
assentados em silêncio, abrindo vazios de silêncio, e
xpulsando todas as ideias estranhas).
 
Todos em silêncio, à espera do pensamento essencial.
 
Não basta o silêncio de fora. É preciso silêncio dentro. Ausência de pensamentos. E aí, quando se faz o silêncio dentro, a ge
nte começa a ouvir 
coisas que não ouvia.
 
Eu comecei a ouvir.
 
Fernando Pessoa conhecia a experiência, e se referia a algo que se ouve nos interstícios das palavras, no lugar onde não há p
alavras. A música 
acontece no silêncio. A alma é uma catedral submersa. No fundo do mar 
–
 
quem faz mergulho sa
be 
–
 
a boca fica fechada. Somos todos olhos e 
ouvidos. Aí, livres dos ruídos do falatório e dos saberes da filosofia, ouvimos a melodia que não havia, que de tão linda nos
 
faz chorar.
 
Para mim, Deus é isto: a beleza que se ouve no silêncio. Daí a importânc
ia de saber ouvir os outros: a beleza mora lá também. Comunhão é 
quando a beleza do outro e a beleza da gente se juntam num contraponto. Ouçamos os clamores dos famintos e dos despossuídos d
e 
humanidade que teimamos a não ver nem ouvir. É tempo de renovar,
 
se mais não fosse, a nós mesmos e assim nos tornarmos seres humanos 
melhores, para o bem de cada um de nós.
 
É chegado o momento, não temos mais o que esperar. Ouçamos o humano que habita em cada um de nós e clama pela nossa humanidad
e, 
pela nossa solidari
edade, que teima em nos falar e nos fazer ver o outro que dá sentido e é a razão do nosso existir, sem o qual não somos e 
jamais seremos humanos na expressão da palavra.
”
 
Quais dificuldades enfrentamos durante um processo de comunicação no cotidiano?
 
Quais
 
as dimensões que conhecemos acerca da comunicação humana?
 
Sabemos que na comunicação humana há formas específicas, como a expressão verbal e a não verbal.
 
Como podemos então, definir o diferencial da comunicação esperada por parte de um profissional de ps
icologia?

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