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RESUMO HIPERTENSÃO Condição clinica multifatorial, caracterizada por níveis elevados e sustentados de PA > ou igual a 140 e/ou 90 mmHg. Associa-se frequentemente a alterações funcionais e/ou estruturais dos órgãos-alvo (coração, encéfalo, rins e vasos sanguíneos) e as alterações metabólicas, com consequente aumento do risco de eventos cardiovasculares fatais e não fatais A principal causa de morte de origem cardiovascular é o AVE, acometendo mais as mulheres; a segunda é o IAM FISIOPATOLOGIA O sistema renina-angiotensina-aldosterona é o principal mecanismo de regulação da PA Renina angiotensinogênio angiotensina I angiotensina II aumento da atividade simpática e contração das paredes musculares das pequenas artérias, aumentando a PA + liberação de aldosterona que provoca retenção de sódio e excreção de potássio + retenção de água com consequente aumento da PA FATORES DE RISCO A maioria pode ser eliminada apenas com hábitos saudáveis e cuidados com a saúde FATORES DE RISCO INDEPENDENTES, PREDISPONENTES E CONDICIONAIS: 1. Idade > 65 anos a prevalência é de 60% 2. Gênero e étnica: até os 50 anos maior prevalência entre homens, depois é maior em mulheres; mais prevalente em pessoas não brancas 3. Sobrepeso e obesidade 4. Ingesta de sal 5. Álcool: consumo excessivo determina elevação da PA e aumento da mortalidade cardiovascular em geral 6. Sedentarismo: protege indivíduo de desenvolver HAS, mesmo em pré-hipertensos 7. Fatores socioeconômicos 8. História familiar 9. Genética DIAGNÓSTICO Aferir pressão arterial com repouso de, no mínimo, 5 a 10 minutos e abstinência de nicotina, álcool e cafeína de ao menos 30 minutos; sem que o paciente esteja de bexiga cheia ou pernas cruzadas e sem pratica de exercícios nos últimos 60 minutos Realizar em ambos os braços, considerando a medida de maior valor para referencia TÉCNICA – MANGUITO Para a avaliação e diagnóstico de HAS, são necessárias 3 medidas da PA durante a consulta; utiliza-se a média das 2 últimas medidas Pesquisar hipotensão postural em idosos, diabéticos, portadores de disautonomias, etilistas e/ou em uso de medicação anti-hipertensiva. O diagnóstico se dá se houver uma diminuição de PAS > ou igual a 20 mmHg ou de PAD > ou igual a 10 mmHg, após 3 minutos, na posição supina. INDICAÇÕES PARA REALIZAÇÃO DE MAPA E MRPA MAPA – medida ambulatorial da PA (registro indireto e intermitente da PA durante 24h ou mais) MRPA – medida residencial da PA (3 medições pela manhã, antes do desjejum e da tomada da medicação e 3 à noite, antes do jantar, durante 5 dias) 1. Suspeita de hipertensão do avental branco HAS estágio 1 no consultório e PA alta no consultório em indivíduos assintomáticos sem lesão em órgão-alvo 2. Suspeita de hipertensão mascarada PA entre 130x85 mmHg e 139x89 mmHg no consultório PA < 140x90 mmHg no consultório em indivíduos assintomáticos com lesão de órgão-alvo ou risco cv alto 3. Identificação do efeito do avental branco em hipertensos 4. Grande variação de PA no consultório na mesma consulta ou em consultas diferentes 5. Hipotensão postural, pós-brandial, na sesta ou induzida por fármacos 6. PA elevada de consultório com suspeita de pré- eclampsia 7. Confirmação de hipertensão resistente CLASSIFICAÇÃO Definições importantes na caracterização de HAS • HAS PAS > ou igual 140 mmHg e/ou PAD > ou igual 90 mmHg, em medida de consultório, em 2 ou mais medidas obtidas em condições ideais e ocasiões diferentes • ESSENCIAL sem causa identificada; relacionada a fatores genéticos e ambientais, como obesidade, resistência insulínica, maior ingestão de sódio e menor ingesta de cálcio e potássio • SECUNDÁRIA muitas vezes curáveis, resolvendo a HAS • ACELERADA hipertensão acentuada , perda rápida da função renal, exsudatos ou hemorragias no exame do fundo do olho • MALIGNA hipertensão acentuada com papiledema e necrose fibrinoide • COMPLICADA HAS associada a lesões de órgãos-alvo como AVE, ICC, IRC, IAM e aneurismas • NÃO CONTROLADA mesmo sob tratamento, paciente permanece com PA elevada tanto no consultório como fora • EFEITO DO AVENTAL BRANCO diferença de pressão entre medidas no consultório e fora maior ou igual a 20 mmHg na PAS e/ou 10 mmHg na PAD • HIPERTENSÃO DO AVENTAL BRANCO valores anormais da PA no consultório mas normais pela MAPA/MRPA • HIPERTENSÃO MASCARADA valores normais de PA no consultório mas elevada em MAPA/MRPA • HIPERTENSÃO SISTÓLICA ISOLADA PAS aumentada e PAD normal, fator de risco em pacientes de meia-idade e idosos • HIPERTENSÃO REFRATÁRIA OU RESISTENTE não há controle dos níveis pressóricos, apesar de 3 ou mais classes farmacológicas estarem em uso AVALIAÇÕES CLÍNICA E LABORATORIAL Os fatores de risco cardiovasculares adicionais que devem ser investigados na anamnese são: Idade (> 55 anos em homens e > 65 em mulheres) Tabagismo Dislipidemias (TG > 150; LDL > 100; HDL < 40) Diabetes História familiar de DCV prematura (< 55 anos em homens e < 65 anos em mulheres) LEVAR EM CONSIDERAÇÃO TAMBÉM: Glicemia de jejum entre 100 e 125 mg/dl Hemoglobina glicada anormal Obesidade abdominal (síndrome metabólica Pressão de pulso > 65 mmHg em idosos História de pré-eclâmpsia História familiar de HAS EXAME FÍSICO DEVE INCLUIR: • Medição de PA nos 2 braços • Peso, altura, IMC, FC e circunferência abdominal • Sinais de lesões de órgão-alvo • Déficits motores ou sensoriais, lesões à fundoscopia; ausência de pulsos, assimetrias ou reduções, lesões cutâneas e sopros • Desvio do ictus, B3 ou B4, sopros, arritmias, edema periférico, crepitações pulmonares • Sinais que sugerem causas secundárias, características cushingoides, palpação abdominal, pulsos femorais diminuídos e diferença de PA nos braços Também deve avaliar a medida do Índice Tornozelo- Braço e realizar fundoscopia AVALIAÇÃO LABORATORIAL DE ROTINA: • Urina • Potássio plasmático • Creatinina plasmática • Glicemia de jejum • Colesterol total, HDL e TG • Ácido úrico plasmático • Eletrocardiograma convencional Em pacientes com hipertensão associada a diabetes, SM ou 2 ou mais fatores de risco – pesquisar microalbuminúria Em pacientes com glicemia de jejum entre 100 e 125 mg/dl – determinar glicemia 2 horas após sobrecarga oral de glicose Em hipertensos 1 e 2 sem hipertrofia ventricular esquerda ao ECG, mas com 3 ou mais fatores de risco – considerar ECG para detecção de hipertrofia ventricular esquerda e avaliação das funções sistólica e diastólica, caso suspeita de IC OUTROS EXAMES: 1. Radiografia de tórax – suspeita clínica de acometimento cardíaco/pulmonar e suspeita de IC quando não estiverem disponíveis outros exames 2. Ecocardiograma – evidencia eletrocardiográfica de hipertrofia do ventrículo esquerdo ou evidencia clínica de IC 3. Ultrassonografia de carótidas – presença de sopro carotídeo ou evidencia de doença aterosclerótica arterial de outro território ou sinais de doença cerebrovascular 4. Ultrassonografia de abdome – presença de sopros ou massa abdominal 5. Hb1Ac – história familiar de diabetes tipo 2 ou diagnostico prévio de DM2 e obesidade 6. Teste ergométrico – suspeita de DAC estável, diabetes ou antecedente familiar para DAC Identificar lesões de órgão-alvo coração (IC, DCA, HVE); cérebro (AVE, declínio cognitivo e demência); rim (DRC, nefrosclerose benigna e maligna); vasos sanguíneos (aneurisma, claudicação intermitente e angina) RETINOPATIA Grau I – níveis pressóricos passados Grau II e III – níveis pressóricos atuais Grau IV – urgência/emergência hipertensiva ESTRATIFICAÇÃO DE RISCO DE DCV AVALIAÇÃO COMPLEMENTAR Confirmar diagnostico de HAS, avaliar lesões de órgãos- alvo; identificar fatores de risco para DCV,diagnosticar doenças associadas à HAS e causas secundárias DETERMINAÇÃO DA PROBABILIDADE DE CAUSA SECUNDÁRIA Deve-se suspeitar de hipertensão de causa secundária nos casos de início precoce (antes dos 30), tardio (após os 50 anos), ausência de história familiar, descontrole inesperado da PA e hipertensão refratária A doença parenquimatosa renal é a principal causa de HAS secundária, em especial a glomerulopatia diabética e a glomeruloesclerose e segmentar focal idiopática • Antes de investigar causa secundária, devem-se excluir medida inadequada da PA, tratamento inadequado (não adesão) e interação com medicamentos TRATAMENTO Inicia-se sempre com medidas não farmacológicas, como orientação dietética (DASH) e estimulo à atividade física – mais eficientes em casos leves e moderados Intervenções MEV – todos os estágios hipertensão e PA = 135 a 139x85 a 89 mmHg Início de terapia farmacológica – • HAS 1 e RCV baixo ou moderado = aguardar 3 a 6 meses, pelo efeito de intervenções no estilo de vida • PA de 130 a 139x85 a 89 mmHg e DCV persistente, ou alto risco CV = ao diagnóstico • PA de 130 a 139x85 a 89 mmHg e DCV preexistente e risco CV baixo ou moderado = não recomendado FATORES DE RISCO ASSOCIADOS A LESÕES EM ÓRGÃOS-ALVO • HEV, angina do peito ou IAM prévio, revascularização miocárdica prévia, IC • AVE, isquemia cerebral transitória, alterações cognitivas ou demência, nefropatia, doença vascular arterial de extremidades, retinopatia hipertensiva A pacientes com 3 ou mais fatores de risco CV, considerar marcadores mais precoces da lesão em órgãos-alvo, como: • Microalbuminuria, parâmetros ecocardiográficos (remodelação ventricular, funções sistólica e diastólica) • Espessura do complexo íntimo-média da carótida; rigidez arterial, função endotelial METAS TERAPÊUTICAS 1. Para pacientes com doenças coronarianas, a PA não deve ficar < 120x70 mmHg, particularmente com a diastólica abaixo de 60 mmHg, pelo risco de hipoperfusão coronariana, lesão miocárdica e eventos cardiovasculares 2. Para diabéticos, a classe de recomendação é IIB TRATAMENTO NÃO FARMACOLÓGICO Dieta DASH Restrição de sal, controle do peso Restrição de álcool e tabagismo Suplementação de cálcio, potássio e magnésio e prescrição de atividade física Controle dos níveis pressóricos deve ser mais rigoroso nos diabéticos, coronariopatas e pacientes com HVE – possuem maior risco de progressão para lesão de órgãos-alvo TRATAMENTO FARMACOLÓGICO 1. Diabetes mellitus tipo 1 com proteinúria – IECAs 2. Diabetes mellitus tipo 2 – IECA e inibidor AT2 3. ICC – IECA, betabloqueador e diuréticos 4. Pós-infarto agudo do miocárdio – betabloqueador e IECA 5. HAS sistólica isolada (idosos) – diuréticos e BCC • Escolha farmacológica, mas existem exceções DIURÉTICOS Drogas seguras, de baixo custo, melhor efeito em idosos. 1° escolha para monoterapia ou associação com outra categoria de drogas e podem ter benefício adicional na ICC e na IRC Efeitos colaterais mais comuns: hiperuricemia, hiperglicemia, aumento de LDL, rash cutâneo, hipocalemia e impotência TIAZÍDICOS Principal classe terapêutica diurética para controle da HAS • Drogas – clorotiazida, hidroclorotiazida, clortalidona.... Determinam perda significativa de K+ e produzem vasodilatação periférica DE ALÇA • Drogas – furosemida, bumetanida.... Inibem o transporte de NaCl para fora do túbulo reduzindo o gradiente de pressão osmótica entre interstício e túbulo renal, bem como a reabsorção de água Podem ser usados para controle de ICC, edema agudo pulmonar, HAS, edema periférico, ascite, hipercalcemia e hipercalemia ANTAGONISTAS DO RECEPTOR DE ALDOSTERONA • Drogas – espironolactona Inibem a retenção de Na e reduzem secreção de K+ Controle de edema periférico, HAS, hiperaldosteronismo primário, secundário e cirrose hepática BETABLOQUEADORES Mais utilizados em jovens, benefício adicional a pacientes com angina estável, IAM prévio, manifestações somáticas de ansiedade, enxaqueca e IC (carvediol, bisoprolol e metroprolol) Reduzem o cronotropismo, inotropismo e vasoconstrição periférica por agentes adrenérgicos Usar com cautela em casos de diabetes, dislipidemias, bloqueio atrioventriculares e DPOC Efeitos colaterais – fadiga, indisposição, depressão, impotência, insônia, bradiarritmias, descompensação de IC e de IAP • Drogas – propranolol, atenolol, carvediol e metoprolol BLOQUEADORES DOS CANAIS DE CÁLCIO Boa indicação para coronariopatas, com efeito melhor em idosos, principalmente para controle da hipertensão leve e moderada • Drogas – nifedipino, anlodipino, verapamil e diltiazem Redução da resistência vascular periférica Pacientes asmáticos ou com enxaqueca podem se beneficiar dessas drogas Efeitos colaterais – edema maleolar, cefaleia latejante, tonturas e rubor facial INIBIDORES DA ENZIMA CONVERSORA DE ANGIOTENSINA Reduzem a vasoconstrição periférica por supressão do sistema renina-angiotensina-aldosterona Agentes de escolha a pacientes com DM1 com microalbuminuria ou proteinuria, assim como disfunção renal; há indicação também para DM2 + alteração renal e naqueles com alto risco de eventos CVs Efeitos colaterais – tosse seca, elevação transitória da ureia e creatinina • Drogas – captopril, enalapril, lisinopril, ramipril BLOQUEADORES DO RECEPTOR DE ANGIOTENSINA II Alternativa aos IECAs Podem reduzir risco CV em indivíduos hipertensos, diabéticos e com IC • Drogas – losartana, candesartana, irbesartana Efeitos colaterais – tonturas e hipotensão, hipercalemia Possíveis efeitos benéficos • Angina – betabloqueador e BCC • Doença aterosclerótica – IECA • Fibrilação atrial – betabloqueador • Tremor essencial – betabloqueador • Enxaqueca – betabloqueador e BCC • Osteosporose – tiazídicos • Prostatismo – alfabloqueador • IRC – IECA e inibidor AT2 ESQUEMA PREFERENCIAL DE ASSOCIAÇÃO MEDICAMENTOSA HIPERTENSÃO ARTERIAL RESISTENTE Quando o paciente não responde à terapia otimizada combinada de 3 classe diferentes (sendo 1 delas um diurético) Devem-se buscar causas como obesidade, consumo excessivo de álcool e outras substâncias exógenas que elevam a PA, apneia do sono e causas secundárias de hipertensão. Na ausência desses fatores, é recomendada a associação de espironolactona e simpatolíticos centrais e betabloqueadores
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