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Direitos humanos (https://www.politize.com.br/category/direitos-humanos/)
Tags:
aborto (https://www.politize.com.br/tag/aborto/) , 
Brasil (https://www.politize.com.br/tag/brasil/) , 
constituição (https://www.politize.com.br/tag/constituicao/) , 
diversos (https://www.politize.com.br/tag/diversos/) , 
feminismo (https://www.politize.com.br/tag/feminismo/)
Aborto: entenda essa questão
(https://www.politize.com.br/)
Publicado em 1 de dezembro de 2020
08/05/2021 2:33 AM
Página 1 de 24
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Aborto
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08/05/2021 2:33 AM
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Falar de aborto nem sempre é uma tarefa fácil, pois o tema além
de ser delicado envolve questões morais, científicas, éticas,
religiosas e filosóficas. A prática, que já é antiga, também
representa diversos riscos à saúde das mulheres. Diariamente,
cerca de 830 mulheres são vítimas de complicações durante e
após o período gestacional, sendo o aborto um dos principais
catalisadores das mortes maternas em todo o mundo.
Aliás, somente na América Latina e no Caribe acontecem 4
milhões de aborto por ano. Por isso, é essencial conhecer o tema e
discuti-lo com urgência. Neste conteúdo, você vai entender as
principais nuances que permeiam as mais fervorosas discussões
sobre esta temática. Vem com a gente!
O que é definido como aborto?
Segundo a Organização Mundial da Saúde
(https://mundoeducacao.uol.com.br/sexualidade/aborto.htm),
aborto, do Latim ‘ab-ortus’ (privação do nascimento), refere-se à
interrupção da gestação com a extração ou expulsão do
embrião, ou do feto de até 500 gramas antes do período
perinatal (que data entre 22.ª semana completa e os 7 dias
completos após o nascimento). Partindo de uma classificação
médica, o aborto pode ser precoce, quando ocorre antes da 13.ª
08/05/2021 2:33 AM
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semana de gravidez, ou tardio, entre a 13.ª e a 22.ª semana. De
acordo com o dicionário médico Luís Rey
(http://files.bvs.br/upload/S/0101-5907/2009/v23n1/a2092.pdf), o
procedimento deve ocorrer antes que o feto seja viável, isto é, o
nascituro não consegue sobreviver ainda fora do útero, após esse
período denomina-se parto prematuro.
Segundo relatório publicado na The Lancet Global Health, entre
2015 e 2019 mais da metade das gestações não planejadas (61%),
terminaram em aborto. Passar pelo processo de abortamento não
é fácil, a maioria das mulheres além de lidar com as
preocupações de uma gravidez não intencional também
enfrentam as consequências físicas e psíquicas do procedimento.
Espécies de aborto
A interrupção da gravidez pode acontecer de modo voluntário, ou
seja, pela vontade da gestante ou involuntário, natural ou
acidentalmente. Desse modo, de acordo com os conceitos da
obstetrícia, podemos classificar o aborto em três espécies.
O aborto espontâneo ocorre quando há a interrupção natural da
gravidez pelo próprio organismo da gestante. Vários fatores
como a idade, anomalias cromossômicas, problemas endócrinos,
doenças autoimunes, obesidade ou magreza excessiva e outros
problemas relacionados ao organismo feminino, como, por
exemplo a trombose, podem contribuir para a ocorrência desta
condição. Estima-se que 15% das mulheres grávidas
(https://www.terra.com.br/noticias/dino/aborto-espontaneo-
atinge-cerca-de-15-das-gestacoes-em-mulheres-ate-35-
anos,f4566e119ad10fb319bb3fd36981d0943bn1ohth.html) com
idade até 35 anos podem ser vítimas dessa espécie de aborto,
conforme o artigo Postgraduate medical Journal de 2015.
O aborto acidental também acontece de forma involuntária e
resulta de uma experiência traumática vivenciada pela gestante,
exigindo assim a presença de um fator externo. Como exemplo,
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08/05/2021 2:33 AM
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pode-se citar quedas de escada, atropelamentos,
espancamentos, acidentes de trânsito, sustos ou até mesmo
escorregões.
Por fim, temos o aborto induzido que é quando se realiza um
procedimento para interromper a gravidez. Desse modo, ele pode
decorrer da própria escolha da grávida, de abusos contra a
autodeterminação dos seus direitos sexuais (abortos forçados ou
decorrentes de estupro), quando a gestação represente riscos à
sua saúde ou quando o feto não tem chances de sobreviver fora
do útero, por presença de má formação congênita.
Segundo a recomendação da OMS
(https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/70914/97892485
48437_por.pdf;jsessionid=CA0A4AA8FCF56CCC2032A6645000556
0?sequence=7), o processo pode ser executado de forma cirúrgica
– aspiração a vácuo, sucção ou dilatação e evacuação- entre as
6 e 16 semanas de gestação ou por meio do consumo de pílulas
abortivas (medicamentos que bloqueiam os hormônios da
gravidez e o próprio organismo da mulher faz o esvaziamento do
útero) esse procedimento pode ser realizado até as 12 semanas de
gravidez.
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O aborto induzido pode ser realizado de modo seguro por
pessoas treinadas seguindo o método adequado ao tempo da
gravidez recomendado pela OMS. No entanto, o potencial de risco
é bem maior quando as pessoas que apoiam ou realizam o
procedimento não possuem a habilidade necessária ou ele
acontece em ambientes que não estejam de acordo com os
padrões médicos mínimos, ou ambos não são atendidos. Nestes
casos, temos o que chamamos de abortos inseguros ou
clandestinos, este procedimento pode envolver a introdução de
objetos ou substâncias no útero (agulhas de tricô, cabides de
ferro e até misturas caseiras), ingestão de medicamentos ou
líquidos nocivos e uso de força externa, o que pode causar
rompimento do útero, hemorragias e até a morte da mulher.
O aborto no mundo
Por mais que se fale tanto em aborto, às vezes pode até parecer
que ele é um fenômeno atual que decorre da vida moderna,
entretanto esse procedimento já acompanha a humanidade há
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08/05/2021 2:33 AM
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um bom tempo, estando presente nas mais variadas culturas.
Portanto, precisamos entender como esta prática foi tratada no
decorrer da história.
De fato, o controle populacional sempre foi motivo de
preocupação para a sociedade. Enquanto a sociedade greco-
romana encarava a prática como um meio para controlar e
manter o crescimento da população estável, outras civilizações a
consideravam uma transgressão de princípios. O Código de
Hamurabi no século V a.C e o Código Hitita do século XII a.C
previam punições severas a quem praticasse ou incentivasse o
aborto. No outro lado do mundo, aqui na América do Sul, as
comunidades indígenas encaravam o tema de diferentes formas,
para algumas tribos, por exemplo, abortava-se por considerar o
feto endemoniado, pela escassez de alimentos ou em função da
maternidade, isto é, todas as gestantes abortam do seu primeiro
filho para facilitar o parto do segundo.
Em 1869, quando a Igreja Católica apresentou seu
posicionamento sobre a teoria da animação, a qual se refere ao
momento em que se dá início a vida, concluiu-se que a alma faz
parte do embrião e declarou-se o aborto e outro métodos
contraceptivos como pecado. Neste ínterim, as condições sociais
entre os séculos XIX e XX contribuíram para que as legislações
criadas nesta época trouxessem dispositivos sobre a permissão
ou punição do aborto. Com as grandes conquistas e descobertascientíficas da época, os Estados passaram a criar políticas de
incentivo à demografia que afetaram o papel da mulher e sua
importância na reprodução dos futuros cidadãos. Desse modo,
boa parte das deliberações nacionais incorporaram a tutela do
nascituro e a punição do aborto.
Todavia, com a descoberta das pílulas anticoncepcionais e o
advento das teorias feministas, houve a dissociação entre as
imagens de maternidade e sexualidade. Dali em diante, adveio a
segmentação entre os ideais da Igreja e do Estado no que se
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refere ao aborto. No ano de 1920, a União Soviética criou políticas
sociais para garantir a saúde da mulher trabalhadora e legalizou
a prática. Após pouco mais de uma década, o México reconheceu
o direito ao aborto em caso de estupro. Em seguida, outros
países, como Polônia, Islândia, Suécia, Reino Unido, Canadá e
mais recentemente a Irlanda, cada qual do seu modo, legalizaram
o procedimento.
Como o aborto é tratado hoje pelos países?
Atualmente apenas dois terços dos 195 países analisados pela
ONU permitem o aborto quando a saúde física ou psíquica da
mulher está ameaçada. Outros países que seguem uma linha
mais conservadora como El Salvador, Malta, Nicarágua,
República Dominicana, Suriname e Vaticano proíbem totalmente
a prática.
Com o intuito de informar sobre o status legal do aborto em todo
o mundo o Centro pelos Direitos Reprodutivos (Center for
Reproductive Rights, em inglês), organização não governamental
formada por especialistas que lutam pela promoção dos Direitos
Reprodutivos das Mulheres, produz desde 1998 um levantamento
sobre como os países se posicionam quanto ao tema. No mapa
abaixo, produzido pelo instituto e traduzido por nós, é possível ter
um panorama do cenário mundial. Neste link
(https://reproductiverights.org/worldabortionlaws?country=SUR),
você pode acessa-lo no site de origem.
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Aproximadamente 90 milhões de mulheres em idade reprodutiva
vivem nos 26 países em que o aborto é totalmente proibido,
mesmo que a saúde ou suas vidas estejam ameaçadas. A maior
parte destes Estados se concentram na África, Oriente Médio e
Sudeste Asiático. Como exemplo, podemos citar Cisjordânia,
Egito, El Salvador, Haiti, Honduras, Filipinas, Iraque, Nicarágua,
Senegal e Suriname.
Outros 39 países (a maioria localizados no Oriente Médio,
América Latina e Caribe) permitem a interrupção da gravidez em
certas circunstâncias para salvar a vida de gestantes, cerca de
359 milhões de mulheres em idade fértil vivem nesses lugares.
Este grupo inclui Afeganistão, Brasil, Chile, Guatemala, Irã,
Mianmar Síria e Sudão, entre outros países. Outra característica
comum deles é que são todos países subdesenvolvidos ou em
desenvolvimento.
Tendo como justificativa o resguardo da integridade feminina,
isto é, proteger a saúde da gestante contra as consequências
físicas ou psicológicas de levar a gestação adiante, 56 países
permitem legalmente a interrupção da gravidez. Este é o caso da
Arábia Saudita, em que embora a prática seja proibida, a mulher
desde que receba a aprovação de médicos especialistas e do
marido, pode impedir a continuidade da gestação.
Ademais, as legislações de outros 14 países permitem o aborto em
uma ampla gama de situações. Para isso, a lei leva em
consideração fatores sociais e econômicos que podem impactar
as condições atuais e futuras das gestantes. Por último, o direito
ao aborto é legal sob a solicitação da mulher grávida em 56
Estados, situados principalmente em regiões desenvolvidas. Em
sua maioria, como Rússia e Noruega, permitem o procedimento
até as 12 semanas de gravidez.
Conforme dados da OMS, entre 2010 e 2015 foram realizados 55
milhões de abortos (https://nacoesunidas.org/oms-proibicao-nao-
reduz-numero-de-abortos-e-aumenta-procedimentos-
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inseguros/)em todo o mundo, destes 45% foram inseguros e em
sua maioria, cerca de 97%, ocorreram nas regiões da América
Latina, Ásia e África, onde há legislações punitivas quanto ao
procedimento.
Segundo relatório organizado pela Lancet Global Health
(https://www.paho.org/bra/index.php?
option=com_content&view=article&id=5508:cerca-de-25-milhoes-
de-abortos-nao-seguros-ocorrem-a-cada-ano-em-todo-o-
mundo&Itemid=820), uma das revistas de publicações científicas
mais renomadas do mundo, nos países em que as leis são mais
restritivas e é mais difícil obter medidas anticoncepcionais
adequadas e seguras, a proporção de gestações indesejadas que
resultam em aborto é alta, com variação de 32/48 por mil
mulheres, à medida que em locais de maior renda e interrupção
legal da gravidez, a taxa é de 11 a cada 1000.
Panorama nacional: realizar um aborto é
crime no Brasil?
Como citado anteriormente, o Brasil faz parte do grupo de países
que possuem legislações restritivas quanto a interrupção da
gravidez. Dessa forma, no nosso país realizar um aborto induzido
é considerado um crime contra a vida, tal regimento é
disciplinado entre os artigos 124 e 128 do Código Penal desde o
ano de 1984.
Assim a gestante que provocar ou consentir com a realização do
procedimento pode ser punida com pena de detenção de um a
três anos. A pena pode variar de três a dez anos para quem
realizar o aborto sem o consentimento da mulher, e de um a
quatro quando o processo é feito com a sua anuência.
Contudo, conforme prevê o artigo 128 do texto legal, é permitida a
interrupção da gravidez em dois casos específicos: quando a
gravidez é resultante de estupro ou para salvar a vida da mulher.
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Há ainda uma terceira situação a qual, embora não esteja
expressa no regulamento pois deriva de um entendimento do
Supremo Tribunal Federal, é autorizada o aborto. Nesse sentido,
de acordo com a Arguição de Descumprimento de Preceito
Fundamental (ADPF) n° 54, é possível a interrupção terapêutica
da gestação quando o feto for anencefálico. Portanto, a gestante
que se adeque em uma dessas três situações, é apoiada pelo
governo e pode realizar o aborto legal gratuitamente pelo SUS
(Sistema Único de Saúde).
No entanto, devido a prática ser considerada crime com pena de
reclusão, muitas mulheres que não se enquadram nas categorias
de interrupção da gravidez protegida por lei recorrem a clínicas
clandestinas ou efetuam o processo em suas próprias casas, sem
nenhuma assistência ou instrução de segurança. Neste último
caso, muitas delas recorrem a indicações de medicamentos e
soluções caseiras que podem ser facilmente encontrados em uma
rápida pesquisa no Google. Como resultado, segundo dados do
Ministério da Saúde
(https://saude.estadao.com.br/noticias/geral,diariamente-4-
mulheres-morrem-nos-hospitais-por-complicacoes-do-
aborto,10000095281), aproximadamente 4 mulheres morrem por
dia no Brasil em consequência de um aborto que deu errado.
Contudo, o órgão informa que não é possível atribuir todos os
óbitos ao abortamento provocado feito em boa parte dos casos
clandestinamente.
Além disso, mesmo aquelas que recebem a tutela legal para
realizar o procedimento, enfrentam desafios para ter acesso ao
aborto seguro. Como demonstra a Pesquisa sobre os Serviços de
Aborto Legal no Brasil (https://www.scielo.br/pdf/csc/v21n2/1413-
8123-csc-21-02-0563.pdf) de 2016, a distribuição dos pontos de
atendimento às gestantes em tal situação é irregular em todo o
país, cerca de 7 estados não apresentavam sequer um serviço
ativo.
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Somado a isso, em 95% dos hospitais não havia equipe específica
para o suporte, e muitos profissionais se recusavam a realizar o
aborto por razões morais e religiosas, utilizando-se do direito à
escusa de consciência. Confira no vídeo abaixo um pouco mais
sobre esse direito.
 
Um retrato da realidade: quem são as mulheres que
abortam?
O aborto não é uma realidade distante na vida reprodutiva das
brasileiras. Desde a época colonial, registram-se práticas
abortivas utilizadas demasiadamente por mães solteiras e de
filhos ilegítimos. Tal fato levou as primeiras legislações sobre oassunto a punirem com severidade o procedimento. Nos dias de
hoje, conforme relata a OMS, 3 em cada 10 grávidas abortam no
nosso país. Conhecer o perfil de cada uma delas é essencial para
entendermos a gravidade dessa prática no Brasil.
Artigo Quinto | Inciso VIII | Escusa de Consciência
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Conforme mostra a Pesquisa Nacional sobre Aborto no Brasil
(https://www.scielo.br/pdf/csc/v22n2/1413-8123-csc-22-02-
0653.pdf)de 2016, aproximadamente 20% das mulheres de até 40
anos já abortou. Os resultados do levantamento mostram que o
procedimento atinge todas as idades, tendo principal relevância
na faixa etária dos 20 a 29 anos. De outro lado, como concluiu um
estudo financiado pela Fiocruz
(https://www.scielo.br/pdf/csp/v36s1/1678-4464-csp-36-s1-
e00188718.pdf), as adolescentes são as maiores vítimas do
abortamento, pois são as que mais morrem devido ao
procedimento.
No indicativo de raça, os estudos revelam que mulheres negras,
pardas e indígenas- 13% a 25%- são as que mais efetuam o aborto
em relação a brancas, mais ou menos 9%. Quanto ao estado civil,
as que hoje se encontram separadas ou viúvas realizam a
interrupção da gravidez em maior proporção que em união
estável. Por fim, a interrupção da gravidez ocorre em maior
quantidade entre aquelas que já são mães do que entre as que
nunca tiveram um filho.
Além disso, a taxa é superior entre as que habitam nas regiões
Norte, Nordeste e Centro-Oeste (15% a 18%) e possuem menor
escolaridade, o percentual daquelas que estudaram até a quarta
série (26%) é de pouco mais que o dobro de quem concluiu o
ensino médio e/ou o superior (11%). Quanto a religião, 56%
professam a fé católica e 25% são evangélicas.
Que tal conferir um pouco da história da saúde pública no Brasil?
Como a descriminalização do aborto é
vista pelos diferentes grupos sociais
Um dos pontos que mais aquecem os debates que envolvem o
aborto certamente é a sua descriminalização, uma vez que frente
a dimensão do tema a opinião pública pode variar bastante.
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De um lado, figuram principalmente os grupos mais
conservadores da sociedade. Muitas religiões condenam a
prática por considera-la uma espécie de assassinato, o que vai
contra os princípios da maior parte delas. Segundo o Pew
Research Center (https://www.pewresearch.org/topics/abortion/),
o Espiritismo, o Hinduísmo e alguns grupos do Cristianismo, opõe-
se ao direito ao aborto, com poucas ou quase nenhuma exceção.
Por outro lado, como principal voz no debate a favor da
descriminalização, destaca-se os movimentos feministas que
militam a favor do direito ao abortamento como uma garantia
dos direitos sexuais e reprodutivos
(https://www.politize.com.br/equidade/blogpost/o-que-sao-
direitos-sexuais-e-reprodutivos/) da mulher.
E quem defende o aborto é necessariamente de esquerda ou
direita?
No nosso país, o posicionamento é bastante diversificado.
Enquanto 34% dos brasileiros consideram que a legislação sobre
o aborto deve permanecer inalterada, para outros 41% o
abortamento deveria ser totalmente proibido e para 16% da
população ele deveria ser permitido em mais situações. Abaixo,
QUEM DEFENDE A LEGALIZAÇÃO DO ABORTO? | ENTRE ESQUER…
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você pode entender melhor as principais razões que
fundamentam as opiniões de quem é contra ou a favor da 
descriminalização da prática. Vale mencionar que também há um
debate sobre a legalização do aborto, que é uma defesa de que o
país deve garantir a segurança das mulheres e o aborto gratuito.
Partes contrárias à descriminalização
O direito à vida é a base para a existência de todos as outras garantias e ele
começa desde a concepção. Nesse sentido, deve haver a prevalência e a
tutela do direito do feto o qual é inocente e indefeso. Dessa forma, o aborto se
caracteriza como um ato contra a vida e viola a Constituição.
Tornar o aborto legal não resolve o sofrimento das mulheres, existe outras
formas de resolver esse problema sem, necessariamente, interromper uma
vida. Deve haver o incentivo para que essas gestantes tenham filhos e, assim,
formular políticas públicas de auxílio para elas.
O aborto é uma questão de ordem filosófica e moral. Quem tem o poder de
determinar o que é – ou não- um ser humano? E como isso pode ser feito?
O aborto tem consequências físicas e principalmente soco emocionais.
Muitas mulheres que já passaram pelo processo relatam sentimento de culpa,
arrependimento, dor e solidão. Conforme pesquisa realizada no Reino Unido,
mulheres que abortaram (https://www.semprefamilia.com.br/defesa-da-
vida/mulheres-que-abortam-sao-seis-vezes-mais-propensas-ao-suicidio-diz-
estudo/) tem seis vezes mais chances de cometerem suicídio. O estudo
mostrou ainda que enquanto o risco de ansiedade pode chegar até 25%, o de
depressão e de desordens na saúde mental alcança até 30% após o
procedimento.
O aborto geralmente decorre de uma gravidez indesejada. Como afirma a
OMS, entre 2015 e 2019 mais da metade das gestações não intencionais
terminaram em aborto. Dessa forma, é preciso haver políticas públicas para o
planejamento familiar e educação sexual entre os jovens e adultos. Além
disso, existem algumas maneiras de ajudar mulheres a evitar gravidezes
indesejadas sem usar anticoncepcionais, muitos das quais são
recomendadas por grupos religiosos. Por exemplo, podemos citar o Método de
Ovulação Billings (MOB) (https://www.tuasaude.com/metodo-de-ovulacao-
billings/) recomendado pela Igreja Católica.
Partes favoráveis à descriminalização
O aborto, deve ser tratado como um problema de saúde pública. Muitas
mulheres para realizar a interrupção da gravidez recorrem a clínicas
clandestinas ou a medicamentos abortivos sem orientação médica ou sem
eficácia comprovada. Esses procedimentos realizados de modo não seguro
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podem comprometer a saúde da mulher, causando infecção, hemorragia,
lesão interna, traumas psicológicos e na pior das alternativas deixa-la estéril
ou leva-la a morte. Conforme dados da OMS
(https://www.paho.org/bra/index.php?
option=com_content&view=article&id=5508:cerca-de-25-milhoes-de-abortos-
nao-seguros-ocorrem-a-cada-ano-em-todo-o-mundo&Itemid=820), dos 55
milhões de abortos que ocorreram entre os anos de 2010 e 2015, 45% deles
foram inseguros. Além disso, proibir a prática não significa que ela deixará de
acontecer. Segundo o Instituto Guttmacher
(https://www.guttmacher.org/sites/default/files/factsheet/ib_aww-latin-
america.pdf) que pesquisa o acesso à saúde reprodutiva da mulher em todo
mundo, 88% dos abortos ocorrem em países em desenvolvimento. Nestes
locais, concentram-se a grande maioria de legislações que negam o aborto
em qualquer circunstância ou só o permitem em caso de ameaça a vida da
mãe. Aliás, como mostra o estudo, a taxa de aborto nos Estados que permitem
a interrupção da gravidez é 34 a cada 1000 mulheres. Por outro lado, onde o
procedimento é proibido o índice sobe para 37 a cada 1000.
 Obrigar a permanência de uma gestação por meio da lei é violar os direitos
sexuais e reprodutivos da mulher. Por mais que biologicamente ela nasça
preparada para gerar e parir uma criança, nem todas estão
necessariamente aptas ou desejam lidar com as responsabilidades de cuidar,
proteger e arcar com os custos de um filho. Tratar a maternidade como
destino é estigmatizar a possibilidade de escolha feminina e torna-la
criminosa diante da lei, pecadora perante a religião e sem sentimentos frente
à sociedade.
A legislação brasileira que pune o aborto é antiga. Um dos principais
objetivos de uma lei é corresponder aos costumes da sociedade em que ela
vigora. Hoje, diante dos avanços e reconhecimentos dos direitos das mulheres
(https://www.politize.com.br/equidade/blogpost/o-que-sao-os-direitos-das-
mulheres/), criminalizar a interrupção da gravidez é defasar uma prática que
ocorre com frequência, mesmo com as punições da norma legal.
O problema do aborto é interseccional, mulheres que se encontram em
situação de vulnerabilidade – como negras e debaixa renda- também são as
que mais realizam o procedimento. Na maior parte das situações, por não
terem condições financeiras ou até mesmo psicológicas para criarem seus
filhos. Ademais, o acesso a políticas de prevenção à gravidez ainda é muito
restrito, principalmente em países em desenvolvimento como o Brasil. Assim,
a interrupção da gravidez se apresenta a essas gestantes como um modo de
contracepção. De acordo com a Pesquisa Nacional sobre o aborto, muitas
delas estão em um relacionamento estabelecido, dependem economicamente
da família ou do companheiro e não planejam a gestação.
O aborto é consequência de um problema maior, a violência sexual. Estima-se
que 94% das mulheres que procuram ajuda foram vítimas de estupro, 29%
destas tinham entre 12 e 19 anos. Devido a dificuldade de acesso a
interrupção legal, 4.262 adolescentes mantiveram a gravidez decorrente de
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abuso por não serem atendidas. Os dados são do Ministério da Saúde
(https://diplomatique.org.br/quem-sao-elas-o-perfil-das-mulheres-que-
abortam-no-brasil/).
Qual a sua opinião sobre o tema?
REFERÊNCIAS
Aborto no Brasil: o que dizem os dados oficiais?
(https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
311X2020001305001)
Atlas saúde: os diferentes tipos de aborto
(https://www.atlasdasaude.pt/publico/content/os-diferentes-
tipos-de-aborto)
BBC Brasil: Quem são os grupos que tentarão influenciar decisão
do STF (https://www.bbc.com/portuguese/brasil-45052975)–
Estudo Nacional sobre serviços de aborto legal no Brasil
(https://www.bbc.com/portuguese/brasil-45052975)
Esquerda diário: o aborto na antiguidade
(https://www.esquerdadiario.com.br/O-aborto-na-antiguidade)
Ministério da Saúde: magnitude do aborto no brasil
Pesquisa Nacional sobre o Aborto no Brasil
(https://www.scielo.br/pdf/csc/v22n2/1413-8123-csc-22-02-
0653.pdf)
Revista Crescer: entenda o aborto espontâneo
(https://revistacrescer.globo.com/Gravidez/Saude/noticia/2013/04
/entenda-o-aborto-espontaneo.html)–
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MACHISMO ESTRUTURAL E A REPRESENTATIVIDADE FEMININA …
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A IMPORTÂNCIA DO PRESIDENTE DA CÂMARA DOS DEPUTADOS…
UBERIZAÇÃO E TRABALHO INFORMAL | SEGUE O FIO 30
08/05/2021 2:33 AM
Página 19 de 24
(https://www.politize.com.br/author/rahellen-
santos/)
Rahellen Ramos
Graduanda em Direito pela Universidade Estadual do
Maranhão. Acredita que através da oferta de conhecimento sobre
educação, direitos essenciais e política seja possível que o brasileiro
concretize, genuinamente, a sua função cidadã e humana.
(https://www.youtube.com/channel/UC0NtqwtL1oLxwm3lx_Uo5Og)
08/05/2021 2:33 AM
Página 20 de 24
2 comentários
O que é Estado Laico? - Estudando em Londrina
(http://www.estudandoemlondrina.com.br/o-que-e-estado-laico/)
[…] Federal (STF) Marco Aurélio Mello fez afirmações nesse
sentido em sua decisão sobre o aborto de anencéfalos. Ele
afirmou que “os dogmas de fé não podem determinar o
conteúdo dos atos […]
Responda
Aclamação sobre o Papel da Mulher na Política brasileira . | Politizando
(http://politizandoam.com.br/2019/05/27/aclamacao-sobre-o-papel-da-
mulher-na-politica-brasileira/)
[…] vivenciou uma progressão no debate público em torno das
questões femininas. Temas como assédio, aborto,
maternidade e carreira vem sendo discutidos amplamente na
sociedade e ganhando espaço no cenário […]
08/05/2021 2:33 AM
Página 21 de 24
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