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Transtorno do humor bipolar

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Ana Victoria Soares 2021.1 
 
Ana Victoria Soares 2021.1 
 
TRANSTORNO DO HUMOR BIPOLAR 
 
Conceito equivocado: pessoa que de manhã está de bom 
humor e de noite já ta com outro tipo de humor. – “De lua” 
 
CONCEITOS: 
É uma doença crônica 
Se inicia na juventude 
Cursa com episódios de elevação e rebaixamento do humor 
Impacto enorme na qualidade de vida do indivíduo 
 
OBS: Humor (THB) X Afeto (TAB) – O afeto do paciente pode 
estar de certa forma comprometido, porém, primordialmente 
quem ta afetado é o humor. 
 
TIPOS DOS EPISÓDIOS: 
Mania – elevação extrema do humor: paciente fica muito 
eufórico 
Hipomania- elevação do humor: elevação mais sutil do 
humor, 
Episódio depressivo – rebaixamento do humor: paciente se 
encontra triste, choroso, com perda de apetite, sem vontade, 
as vezes pode ter idealização suicida. 
Episódio misto – não é um quadro que acontece em um dia 
só, precisa passar alguns dias assim. É um episodio que tem 
tanto elevação do humor quanto de rebaixamento do humor. 
Ex: paciente que pode estrar mais desinibido sexualmente e 
ao mesmo tempo choroso, mais triste e ao mesmo tempo 
compulsivo por outras coisas, é um quadro que muitas vezes 
é confuso, não ficando tão claro. 
 
 
Como diferenciar mania de hipomania: saber identificar o 
quanto a pessoa está estranha naquele momento. 
Ex: uma médica em uma turma de 30 anos de formado tinha 
colocado silicone e estava feliz com a conquista, porém estava 
inadequada. Ela pegava na mão das pessoas e levava ao peito 
para palpar o silicone, o que é considerada uma conduta 
inadequada, já que ela não tinha contato com aquelas pessoas 
há 30 anos. É perceptível que tem algo estranho, mas não é 
tipo de pessoa que se pense que precisa de uma internação 
imediata. Esse exemplo é considerado HIPOMANIA. É uma 
conduta inadequada, cria o desconforto, mas não é 
considerada uma coisa absurda. 
A hipomania é caracterizada uma faixa acima do normal, a 
pessoa está desinibida, falando muito, mas não é nada 
absurdo. 
Mania: 
Ex: mulher que tira a roupa completamente em praça pública 
e não sente vergonha de fazer aquilo, se sente confortável. 
 
QUADRO CLÍNICO: 
Mania: euforia/disforia, psicose, desinibição sexual, gastos 
excessivos, agitação psicomotora, logorreia 
Hipomania: inadequação, inquietação, loquacidade (fluência 
verbal aumentada, fala tudo rápido porem organizado), tom 
de voz elevado 
Episódio depressivo: humor deprimido, anedonia... 
Episódio misto: oscilação de humor, reatividade + sintomas 
de elevação ou rebaixamento do humor 
OBS: se tiver delírio ou psicose não é hipomania, é mania. São 
sinais mais graves e de alerta. 
 
CLASSIFICAÇÃO: 
THB I: tem episódios de MANIA 
THB II: tem episódios de HIPOMANIA 
THB III (controverso): elevação do humor após uso de 
fármacos. 
THB IV: (controverso): “hipertímico que deprime” - É aquela 
pessoa que sempre foi falante, ativa, agitada e passa a ficar 
deprimida. 
 
Diferenciando: Chico, aos 20 anos teve um episódio 
depressivo, qual o diagnóstico? – Episódio depressivo. 
Ex 2: Chico teve esse primeiro episodio depressivo, coisa 
isolada, melhorou. Com 25 anos teve um novo episodio 
depressivo, dois no total. Qual o diagnóstico? – Transtorno 
depressivo recorrente. 
Ex 3: Chico teve um episodio aos 20 anos, outro aos 25 e um 
episodio de hipomania aos 30 anos. A partir desse momento, 
não interessa quantos episódios depressivos Chico teve, se ele 
teve um episódio de hipomania já pode afirmar que ele tem 
transtorno do humor bipolar tipo II. 
É como se fosse uma hierarquia. Mania – THB tipo 1, 
hipomania THB tipo 2. A mania é sempre mais importante. 
 
É importante sempre descartar as causas orgânicas antes de 
fechar o diagnóstico. 
 
CLASSIFICAÇÃO INT. DAS DOENÇAS (CID) 
 
 
EPIDEMIOLOGIA: 
Proporção de 2 mulheres para cada homem (2:1) 
Início dos 17 aos 25 anos 
Prevalência pode chegar a 2,6% no Brasil. 
No carnaval tem prevalência aumentada devida a euforia da 
época. 
 
FISIOPATOLOGIA: 
Desregulação dos neurotransmissores: serotonina, dopamina 
e noradrenalina. 
A diferença da fisiopatologia do THB para depressão é que a 
dopa e nora podem cair ou podem subir e essa queda ou 
aumento está diretamente relacionada ao humor, ou seja, na 
mania o humor está elevado e consequentemente nora e dopa 
estão elevadas também. Quando a nora e a dopa caem, a 
pessoa passa a ter humor depressivo. 
Ana Victoria Soares 2021.1 
 
Ana Victoria Soares 2021.1 
 
Se a serotonina cair, pode levar a depressão, mania ou 
hipomania. 
Se a nora subir, a dopa descer e a serotonina ficar no meio? – 
Não existe isso, não existe fazer dosagem de neurotransmissor 
pra fechar diagnostico. 
 
CRITÉRIO DIAGNÓSTICO: 
Em relação ao tempo: 
Pra afirmar que o paciente tem mania, precisa ter pelo menos 
7 dias de sintoma. Como a mania é mais grave, precisa de mais 
tempo pra fechar o diagnóstico. 
Episódio de hipomania: pelo menos 4 dias de sintoma 
THB: pelo menos um episódio de mania ou hipomania 
 
Mania: 
Para afirmar que o paciente está em mania, ele precisa 
preencher esses quatro critérios: 
A: euforia ou disforia por pelo menos 7 dias (tempo) 
B: 7 critérios clínicos (sintomas) 
C: prejuízo/pode requerer hospitalização 9diferencias mania 
da hipomania) 
D: exclusão de outras causas (medicamentos, orgânicas. 
SPAs...) o paciente não pode ta em uso de nenhuma 
substancia psicoativa. Caso esteja, refere-se ao quadro 
maniforme (tem perfil de mania mas tem drogas ou álcool 
interferindo) 
 
Diagnóstico de mania: 
Euforia – (desinibido) 3 critérios (do B) + C + D 
Disforia- (irritado) + 4 critérios (do B) + C +D 
 
Critérios diagnósticos B: 
Autoestima inflada ou grandiosidade; 
Redução da necessidade de sono; 
Loquacidade maior que o habitual ou pressão para continuar 
falando/ pressão por falar; 
Fuga de ideias ou percepção subjetiva de que pensamentos 
estão acelerados – ideias que não estão relacionadas; 
Distratibilidade, conforme relato ou observado – pessoa 
muito distraída, não consegue manter uma linha de 
raciocínio; 
Aumento da atividade dirigida a objetivos (seja socialmente, 
no trabalho, na escola, sexualmente) agitação psicomotora, 
atividade sem propósito não dirigida a objetivos. – mais 
energia pra fazer as coisas, excesso de interesse na atividade; 
Envolvimento excessivo em atividades com elevado potencial 
para consequências dolorosas (envolvimento em surtos 
desenfreados de compras, indiscrições sexuais ou 
investimentos financeiros insensatos) – envolvimento 
excessivo que gera risco de perder emprego, ter dividas, ter 
uma IST... 
 
Diagnóstico de Hipomania: 
A: euforia ou disporia por pelo menos 4 dias consecutivos 
B: 7 critérios clínicos (iguais aos de mania) 
C: O episódio está associado a uma mudança clara no padrão 
de funcionamento do paciente – serve pra diferenciar do traço 
de personalidade da pessoa. 
D: A perturbação do humor e a mudança no funcionamento 
são observáveis por outras pessoas 
E: O episódio não é suficientemente grave (diferenciar da 
mania) 
F: Exclusão de outras causas (orgânicas, SPAs...) 
 
Euforia + 3 critérios (do B) +C +D+ E +F 
Disforia + 4 critérios (do B) + C +D + E + F 
 
TRATAMENTO: 
MEV – ter rotina, disciplina e bons hábitos. 
Psicoterapia – paciente precisa se conhecer melhor 
Psicoeducação – entender seu quadro, tratamento e a 
necessidade dele. 
Psicofármacos – medicamentos 
Eletroconvulsoterapia – induzir pequenas convulsões no 
paciente para meio que “resetar” os neurotransmissores. 
 
OBS: o paciente que tem a queda ou o aumento de muitos 
neurotransmissores por muito tempo pode vir a ter danos 
cognitivos e psíquicos. 
 
PSICOFÁRMACOS: 
As medicações utilizadas no paciente com THB vão variar de 
acordo a fase em que ele se encontra. 
A principal classe é de estabilizadores de humor: eles buscam 
trazer o humor do paciente para eutimia, evitando a virada do 
paciente para humores extremos. Devem ser utilizados 
sempre. 
Antipsicóticos atípicos: combatem a psicose. Os atípicos 
funcionam como estabilizadoresde humor Deve ser utilizado 
sempre. 
Antipsicóticos típicos: tem ação de puxar o humor do 
paciente para baixo, só deve ser usado quando o paciente está 
pra cima, ou seja, em polaridade positiva ou mania aguda. Se 
for usado por muito tempo, corre risco de fazer a virada de 
humor, indo pra virada depressiva. 
Antidepressivos: usado quando está em polaridade negativa 
Ansiolíticos: usado para aliviar sintoma, não resolvem o 
problema. 
 
OBS: em alguns pacientes é preciso usar a polifarmácia, ou 
seja, a combinação de alguns fármacos. Alguns casos são 
considerados refratários, ou seja, são casos que não melhoram 
com uma medicação só. 
Ex: paciente que faz uso de 900mg de lítio (principal 
estabilizador de humor) e a mão falece, a dose utilizada passa 
a ser ineficaz. 
O lítio possui uma fase terapêutica próxima a faixa toxica, 
então não pode aumentar a dose dele de boa, precisa fazer 
exames como litemia para saber até quanto pode aumentar a 
dose, então, muitas vezes é necessário introduzir outro 
medicamento para equilibrar a dose. 
 
ESTABILIZADORES DE HUMOR: 
Lítio: solicitar a função renal e tireoidiana, acompanhar 
litemia. 1 linha pra tudo, pode usar sempre, exceto idoso, 
nefropata, paciente com síndrome tireoidiana. 
Ácido valproico/valproato de sódio e divalprato de sódio: 1 
linha. Pode ser usado em idoso, nefropata.. é o medicamento 
mais seguro. Pode aumentar lesões cutâneas, cuidaso em 
pacientes que tem tendencia a acne, obesos e pacientes com 
doenças hematológicas. 
Quetiapina: múltiplas funções – atípico, estabiliza humor. 
Olanzapina: bom para episódios agudos de mania- atípico, 
estabiliza humor. Causa ganho de peso. 
 
PREVENÇÃO: 
Atividades físicas regulares (30 min 3-5x por semana) 
Exercer espiritualidade 
Ana Victoria Soares 2021.1 
 
Ana Victoria Soares 2021.1 
 
Exposição ao sol (10-20 min por dia entre 10h e 15h) 
Lazer 
Higiene do sono 
Hábitos alimentares saudáveis 
Meditação 
Atenção plena/mindfuness 
Yoga 
Exercícios de respiração 
Acupuntura 
Ventosaterapia 
Auriculoterapia

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