Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
- Fabiana Bilmayer SP3 - QUEDA ● QUESTÕES 1) Quais alterações fisiológicas do sistema osteoarticular e muscular? (Envelhecimento) Cartilagem articular A cartilagem articular (CA), produto de secreção dos condrócitos, é formada por matriz de colágeno tipo II altamente hidratada, conjuntamente com agregados de proteoglicanos (macromoléculas organizadas em uma complexa estrutura aniônica que atua como uma verdadeira mola biológica). ● Cartilagem articular (secreção de condrócitos) = colágeno tipo II + proteoglicanos (agrecano) Os proteoglicanos têm rápido ritmo metabólico, ao contrário da quase fixidez do colágeno. O colágeno tipo II – há pelo menos 28 tipos de colágeno descritos – é a mais abundante proteína fibrilar presente na CA, perfazendo cerca de 85% do conteúdo de colágeno aí existente. Evidências mostram que a síntese e a degradação do colágeno tipo II associam-se com a matriz pericelular e mantêm-se em um estado de equilíbrio dinâmico ao longo dos anos, não apresentando as alterações moleculares comumente associadas à osteoartrite (Aurich et al., 2002). A composição e a organização estrutural entre colágeno e proteoglicanos são os responsáveis pelas características de resistência, elasticidade e compressibilidade da CA, tecido extraordinário que amortece e dissipa forças recebidas, além de reduzir a fricção. O principal tipo de proteoglicano presente na CA é o agrecano, constituído por um núcleo proteico ao qual se aderem muitas cadeias de sulfato de condroitina, com predomínio daquelas 4 ou 6-sulfatadas. O envelhecimento cartilaginoso traz consigo menor poder de agregação dos proteoglicanos, aliado a menor resistência mecânica da cartilagem; o colágeno adquire menor hidratação, maior resistência à colagenase e maior afinidade pelo cálcio. A modificação não enzimática de proteínas tissulares por açúcares redutores é uma característica marcante do envelhecimento. No envelhecimento cartilaginoso a rede colágena torna-se cada vez mais rígida, paralelamente ao fato de apresentar níveis elevados de pentosidina (um dos produtos de glicação avançada, do inglês AGES, advanced glycated end-product) que compreende um conjunto de moléculas heterogêneo de formação não enzimática que são capazes de modificar, irreversivelmente, propriedades químicas e funcionais de diversas estruturas biológicas (Barbosa et al., 2008). Tanto na cartilagem velha quanto naquela experimentalmente enriquecida com AGES, a taxa da síntese dos proteoglicanos foi inversamente proporcional ao grau de glicação (De Groot, 1999). Assim, o aumento idade-relacionado dos AGES explica, em parte, o declínio na capacidade de síntese cartilaginosa. Os condrócitos sofrem a ação reguladora de mediadores pré-catabólicos (metaloproteases e citocinas que promovem a degradação cartilaginosa) e pró-anabólicos (fatores de crescimento que ativam mecanismos de regeneração). Os principais agentes da degradação cartilaginosa são as metaloproteases (MMP), enzimas zinco-dependentes distribuídas em 3 grupos: colagenases, gelatinases e estromelisinas; bloqueando suas ações temos os inibidores tissulares das MMP. Das citocinas, destaca-se a ação catabólica da interleucina-1 (a mais importante!), da interleucina-6 e do TNF-α (fator de necrose tumoral alfa). Dos fatores anabólicos, destacam-se as ações do IGF-1 (insulin-like growth factor-1) e do TGF-β (transforming growth factor-β) na formação de cartilagem articular e na síntese de proteoglicanos. - Fabiana Bilmayer - Com o envelhecimento da CA reconhecem-se muitas alterações na estrutura do agrecano e dos agregados multimoleculares que ele forma com o hialuronato, fruto de processos anabólicos e catabólicos geridos por eventos celulares e extracelulares, em uma extensão que varia segundo o tipo, a articulação, o local e a profundidade considerada. Assim, a síntese e o turnover de agregados sofrem influência da idade e do local de origem (p. ex., ela não é a mesma na CA e no menisco do mesmo joelho) (Buckwalter et al., 2005). A estabilidade da CA depende das atividades biossintéticas dos condrócitos que se contrapõem à degradação normal das macromoléculas da matriz. A estimulação mecânica de condrócitos articulares humanos in vitro aumenta a produção de agrecanos mRNA, enquanto diminui a de metaloproteinase-3 mRNA, em um processo que envolve integrinas, ativação de canais iônicos e interleucina-4. Essa resposta condroprotetora ao estímulo mecânico não ocorre em condrócitos provenientes de cartilagens osteoartríticas (Millward-Sadler et al., 2000). Embora estresses mecânicos e químicos possam ter efeitos desastrosos sobre a integridade estrutural da cartilagem, eles parecem ser determinantes apenas para alguns indivíduos, não explicando o declínio irreversível, idade-dependente, das respostas aos fatores de crescimento dos condrócitos e à síntese da matriz intersticial. Essas alterações, também observadas em cultura de células, refletem mais um processo intrínseco do envelhecimento do condrócito. ● Sabe-se que os condrócitos de idosos têm menor capacidade de proliferação e possibilidade reduzida de formar tecido novo. A hipótese de que o envelhecimento celular esteja regulado por um relógio biológico intrínseco associado às alterações nos telômeros motivou estudos semelhantes nos condrócitos (Martin e Buckwalter, 2001). Observou-se que, com o aumento da idade, ocorre um decréscimo tanto da atividade mitótica quanto do comprimento médio do telômero, ao lado de maior atividade da β-galactosidase (um marcador de senescência). Esses achados comprovam a ocorrência de senescência na capacidade replicativa dos condrócitos in vivo, o que explica, em parte, a associação entre idade e osteoartrite (OA). - Envelhecimento e degeneração da CA na OA são processos distintos; todavia, há uma forte associação entre a idade e a incidência e prevalência da OA. Ao contrário da impressão inicial, a apoptose de condrócitos não é um fenômeno generalizado que ocorre com o envelhecimento da cartilagem humana (tampouco na osteoartrite) (Aigner, 2001). A CA tem uma capacidade reparadora limitada, que mais ainda se estreita com o envelhecimento e/ou quando da eclosão de condições degenerativas. A função reparadora dos condrócitos diminui progressivamente com a idade, o que é demonstrado por uma síntese decrescente de agrecanos e por menor capacidade para a formação de agregados moleculares de grande tamanho; demonstrou-se também que estresses oxidativos contribuem para a senescência dos condrócitos (Carlo e Loeser, 2003) (fato que explica, também em parte, o maior risco de osteoartrite com a idade). Assim, é a idade do indivíduo a principal responsável pela composição da cartilagem. Compreende-se o porquê de serem as doenças articulares as mais frequentes na velhice. Estudos em cartilagem humana femoral mostram que alterações em sua composição química são mais pronunciadas do nascimento até os 20 anos de idade, período em que diminui o conteúdo dos dissacarídios 4-sulfatos. Com o progredir da idade, diminui a espessura da cartilagem e a composição predominante passa a ser de 6-sulfatos (Bayliss, 1999). - Fabiana Bilmayer ● Com referência ao sexo, sabe-se que o volume da cartilagem dos joelhos é muito maior no homem do que na mulher, em uma diferença tão significativa que não se explica apenas pela diferença de tamanho do corpo e dos ossos envolvidos; com o envelhecimento ela se acentua mais ainda, sugerindo que isso decorra tanto do desenvolvimento da cartilagem quanto de sua perda na velhice (Ding et al., 2003). Nos discos intervertebrais a degeneração aumenta com o envelhecimento, estando aumentados a fibronectina e seus fragmentos, substâncias que estimulam as células para a produção de metaloproteases e citocinas que inibem a síntese de matriz intercelular. A degeneração discal compreende rupturas estruturais grosseiras e alterações na composição da matriz; demonstrou-se que sobrecargas mecânicas moderadas e repetidas, sobretudo nos discos de indivíduos dos 50 aos 70 anos, podem ser a causa inicial do processo(Adams, 2000). Por outro lado, há cada vez mais evidências de que fatores genéticos desempenham importante papel na patogênese da degeneração discal na velhice. Assim, o genótipo COLIA1Sp1 (gene do colágeno tipo Iα1) constitui um fator de risco genético para a discopatia na velhice. Evidências mostram que a determinação da YKL-40 possa ter abrangente utilidade clínica em variadas patologias (neoplasias malignas, doenças cardiovasculares, diabetes melito, doenças reumáticas, doenças inflamatórias intestinais, fibrose hepática, entre outras). Mais, um elevado nível plasmático de YKL-40 é um biomarcador independente de mortalidade em pacientes com diferentes patologias hospitalizados em situações de urgência (Mygind et al., 2013). Enfim, as funções biológicas da YKL-40 ainda precisam ser compreendidas, uma vez que desconhecemos os mecanismos e os estímulos que levam a maior expressão e síntese dessa proteína. De todo modo reconhece-se nela importante papel na remodelação/degradação da cartilagem. Adicionalmente tem-se estudado a YKL-39, quitinase também abundantemente secretada por condrócitos in vivo e in vitro, que parece ser um marcador mais acurado da ativação dos condrócitos nos pacientes com osteoartrite inicial do que a YKL-40 (que se expressa em adultos normais, na osteoartrite, na artrite reumatoide e em muitas outras doenças como já visto). Embora seja tentador considerar-se a YKL-39 como um marcador sobretudo da remodelação da matriz cartilaginosa, ressalta-se que as funções fisiológicas de ambas chitinases ainda são pouco compreendidas (Knorr et al., 2003). Articulação diartrodial (MEMBRANA SINOVIAL) Sede dos principais processos reumáticos na velhice, a articulação diartrodial caracteriza-se por apresentar membrana sinovial (um tecido conjuntivo vascular que reveste a superfície interna da cápsula articular e é responsável pela elaboração da sinóvia). A sinóvia (líquido sinovial) pode ser considerada um dialisado do plasma sanguíneo com a adição de um mucopolissacarídio ácido não sulfatado, o ácido hialurônico (que é seu principal constituinte). A sinóvia não apenas lubrifica a articulação como também desempenha importante papel na nutrição da cartilagem articular. Sabe-se que o ácido hialurônico intervém na regularização de várias atividades celulares (tem, p. ex., efeito estimulador sobre o metabolismo dos condrócitos). A membrana sinovial compreende 3 camadas, no sentido do lúmen articular para a cápsula fibrosa, que são: a íntima (zona avascular formada por uma camada superficial de células, com espessura normal de 1 a 3 células, chamadas de células limitantes), a subíntima (rica em células e vasos) e a subsinovial (que separa a subíntima do tecido fibroso capsular e é constituída por um tecido conjuntivo - Fabiana Bilmayer frouxo). Não há uma estrutura, tipo membrana basal, que separe a íntima das camadas subjacentes; também não há substância intercelular entre as células limitantes, de forma que a sinóvia circula livremente ente elas e as demais camadas. As células limitantes são de 2 tipos: as de tipo A (que se assemelham a macrófagos e têm funções fagocitárias); e as de tipo B (parecidas com fibroblastos e que exercem funções secretoras). Ao lado delas vê-se uma legião de células intermediárias (verdadeiras formas de transição entre os tipos A e B, que alguns denominam de células C). Com referência à membrana sinovial, considerou-se que ela não se alteraria com a idade; demonstrou-se que, após os 20 anos de idade, há maior quantidade de estroma abaixo das células limitantes, o qual se apresenta mais espesso e denso. Pasquali-Ronchetti et al. (1992), em um adequado estudo morfológico (dos 15 aos 56 anos) da membrana sinovial de joelhos humanos normais à inspeção, evidenciaram um aumento do colágeno com o envelhecimento, e que células limitantes do tipo secretor, presentes em todas as idades, estão hipertrofiadas nos mais velhos e que as do tipo macrofágico aumentam com a idade; que nos mais velhos as vilosidades são mais numerosas, enquanto a rede vascular e a distribuição celular apresentam-se de modo menos regular; que ocorrem grandes áreas de superfície sinovial desprovidas de células, além de feixes de colágeno expostos na cavidade articular. Com referência ao líquido sinovial, observou-se que as concentrações dos sulfatos de condroitina (C6S e C4S), do ácido hialurônico (AH) e da razão C6S:C4S variam com a idade. Os maiores valores são encontrados dos 20 aos 30 anos e decrescem progressivamente com o envelhecimento. Há também nítida diferença sexual, pois as mulheres apresentam concentração dos CS significativamente menor daquela constatada nos homens (já a alteração do AH não é significativa). A ampliação desses conhecimentos tem maior importância quando da interpretação das alterações associadas às patologias articulares, sobretudo a artrite reumatoide e a osteoartrite, pois, com base em tais informações, é possível distinguir os fenômenos patológicos dos eventos normais, relacionados idade e sexo. Músculo esquelético O músculo esquelético é a maior massa tecidual do corpo humano. Com o envelhecimento, há uma diminuição lenta e progressiva da massa muscular, sendo o tecido nobre paulatinamente substituído por colágeno e gordura: Ela diminui aproximadamente de 50% (dos 20 aos 90 anos) ou 40% (dos 30 aos 80a). Tal perda tem sido demonstrada: ● Pela excreção da creatinina urinária, que reflete o conteúdo de creatina nos músculos e a massa muscular total ● Pela tomografia computadorizada, pela qual se observa que, após os 30 anos de idade, diminui a secção transversal dos músculos, há maior densidade muscular e maior conteúdo gorduroso intramuscular (alterações que são mais pronunciadas na mulher do que no homem) ● Histologicamente detecta-se uma atrofia muscular à custa de uma perda gradativa e seletiva das fibras esqueléticas (o número de fibras musculares no velho é aproximadamente 20% menor do que no adulto, sendo o declínio mais acentuado em fibras musculares do tipo II que, de uma média de 60% em adultos sedentários, vai para menos de 30% após os 80 anos). Tal declínio está diretamente relacionado à diminuição da força muscular, acarretada pelo envelhecimento. Observou-se que a força de quadríceps aumenta progressivamente até os 30 anos, começa a declinar após os 50 anos e - Fabiana Bilmayer diminui acentuadamente após os 70 anos. Dados longitudinais indicam que a força muscular diminui ± 15% por década até a 6a ou a 7a década e aproximadamente 30% após esse período. Há relação inversa entre a força muscular e a velocidade de deambulação em ambos os sexos. Já a capacidade oxidativa do sistema musculoesquelético, pelo menos até a 7a década de vida, está preservada. É a esse declínio muscular idade-relacionado que chamamos de sarcopenia, termo que denota o complexo processo do envelhecimento muscular associado a diminuições da massa, da força e da velocidade de contração muscular. A etiologia da sarcopenia é multifatorial, envolvendo alterações no metabolismo do músculo, alterações endócrinas e fatores nutricionais, mitocondriais e genéticos (Fulle et al., 2005). Recentemente demonstrou-se em camundongos que a sarcopenia está associada a mitocôndrias morfologicamente alteradas e disfuncionais decorrentes de uma reduzida mitofagia. Tais resultados, além de acrescentar subsídios à teoria mitocondrial-lisossomal do envelhecimento dos tecidos pós-mitóticos de longa vida, corroboram as duas principais estratégias não farmacológicas (restrição calórica e treinamento muscular, ambas condições que sabidamente melhoram a função mitocondrial) para minorar a sarcopenia (Leduc-Gaudet et al., 2015). O grau de sarcopenia não é o mesmo para diferentes músculos e varia amplamente entre os indivíduos. O mais significativo é saber que o declínio muscular idade-relacionado é mais evidente nos membros inferiores do que nos superiores, haja vista a importância daqueles para o equilíbrio, a ortostase e a marcha dos idosos. Estima-se que, após os 60 anos, a prevalência da sarcopeniaseja da ordem de 30%, aumentando progressivamente com o envelhecimento. A partir dos 75 anos, o grau de sarcopenia é um dos indicadores da chance de sobrevivência do indivíduo. O envelhecimento está associado a uma diminuição da altura, do peso e do índice de massa corpórea (IMC). Vários estudos têm demonstrado que o NADIR (IMC associado à menor mortalidade relativa) é maior no idoso do que no adulto. Na velhice, a massa muscular relaciona-se à força e esta, por sua vez, à capacidade funcional do indivíduo. A sarcopenia, desenvolvendo-se por décadas, progressivamente diminui a capacitação física, acabando por comprometer as atividades da vida diária e de relacionamento, por aumentar o risco de quedas, levando, por fim, a um estado de dependência cada vez mais grave. A sarcopenia contribui para outras alterações idade-associadas como, por exemplo, menor densidade óssea, menor sensibilidade à insulina e menor capacidade aeróbica. Longevos e velhos fragilizados têm menor musculatura esquelética – fruto do desuso, de doenças, da subnutrição e dos efeitos acumulativos da idade. Daí a necessidade de se traçarem estratégias para a manutenção da massa muscular com o envelhecimento. Em indivíduos sedentários, a massa magra é a principal consumidora de energia e, portanto, sua diminuição pelo envelhecimento faz com que sejam menores as necessidades energéticas. Assim, é fato que a força muscular, a área de secção transversal do músculo e a relação entre ambas diminuem com o envelhecimento (Jubrias et al., 1997); todavia, essas alterações quantitativas só explicam parcialmente a perda de força idade relacionada, uma vez que se tem demonstrado que algumas alterações fenotípicas presentes no músculo - Fabiana Bilmayer senescente estão relacionadas com transcrição gênica alterada. A musculatura esquelética do velho produz menos força e desenvolve suas funções mecânicas com mais “lentidão”, dado que a excitabilidade do músculo e da junção mioneural está diminuída; há contração duradoura, relaxamento lento e aumento da fatigabilidade. A diminuição da força muscular na cintura pélvica e nos extensores dos quadris resulta em maior dificuldade para a impulsão e o levantar-se; ao mesmo tempo, a diminuição da força da mão e do tríceps torna mais difícil o eventual uso de bengalas. Todavia, nem a reduzida demanda muscular, tampouco a perda de função associada, são situações inevitáveis do envelhecimento, uma vez que podem ser minimizadas e até revertidas com o condicionamento físico. Assim, exercícios mantidos durante a vida podem evitar em grande parte as deficiências musculares idade-relacionadas: exercícios aeróbicos melhoram a capacidade funcional e reduzem o risco de se desenvolver o diabetes tipo 2 na velhice; exercícios de resistência aumentam a massa muscular no idoso de ambos os sexos, minimizando, e mesmo revertendo, a síndrome de fragilidade física presente nos mais longevos. Fechando o ciclo saúde-nutrição-atividade física, resta dizer que uma ingestão proteica diária inadequada resulta em maior perda de massa muscular. Cada vez mais se reconhece a deterioração de funções mitocondriais (genéticas, bioquímicas e bioenergéticas) na gênese de alterações fenotípicas associadas ao envelhecimento normal (Cortopassi e Wong, 1999). Mutações deletérias no genoma mitocondrial acumulam-se exponencialmente com o envelhecimento de nervos e músculos, nos quais se detecta perda de fibras e atrofia; há aumento exponencial no número de fibras deficientes em citocromo-oxidase a partir da 4a década de vida. O estresse oxidativo, reduzindo a permeabilidade da membrana mitocondrial, tem sido responsabilizado pela liberação do citocromo C e pela iniciação da apoptose. As mutações do DNA mitocondrial têm sido ligadas a transtornos como convulsões, acidente vascular encefálico, atrofia óptica, neuropatia, miopatia, cardiomiopatia, surdez neurossensorial e diabetes melito; também têm um papel importante no processo de envelhecimento e em doenças neurodegenerativas, como as doenças de Parkinson e Alzheimer. Urge reconhecermos as síndromes clínicas sugestivas de disfunções mitocondriais. A razão das fibras musculares dos tipos I e II altera-se com o envelhecimento; todavia, isso não se traduz em uma enfermidade muscular incapacitante. Por outro lado, a conhecida diminuição da resistência muscular com a idade, em situações estressantes (doença aguda, por exemplo), pode ser causa de rápido descondicionamento, o que vem a exigir maior atenção e uma intervenção mais pronta em idosos, sob o risco de maior imobilidade, menor estabilidade postural, quedas etc. No transcorrer da vida ocorrem alterações na cinemática e na cinética da marcha, mas é principalmente após os 70 anos que tais alterações passam a ter significado clínico. Há alterações posturais, como cifose, redução da lordose lombar e desenvolvimento de valgismo nos quadris, com alargamento da base de apoio. A marcha do idoso difere da do adulto entre outros fatores, pelo menor comprimento dos passos, pela menor extensão dos joelhos, por menor força na flexão plantar dos tornozelos e por menor velocidade dos passos. Em uma avaliação clínica – reconhecendo que o envelhecimento traz consigo um decréscimo na informação sensorial (propriocepção, visão etc.), um retardo nas respostas e outras limitações musculoesqueléticas (aqui discutidas) – podemos constatar que cerca da metade dos longevos (≥ 85 anos) relatam não ter dificuldade para a marcha; também é possível reconhecer em ± 20% deles o que poderíamos chamar de transtorno senil (idiopático) da marcha. Infelizmente muitos adultos e idosos aceitam os - Fabiana Bilmayer transtornos da marcha e a diminuição da mobilidade como mudanças “normais” do envelhecimento. Nesse contexto estamos muito mais no campo das patologias a serem identificadas e tratadas do que em uma zona de penumbra, como citamos. Em idosos, o estudo da relação entre força e performance física não é linear; daí decorre, em indivíduos “fortes”, a não correlação entre força dos membros inferiores e velocidade da marcha, ao contrário dos “fracos”, nos quais é nítida tal associação. Assim, pequenas alterações na capacitação fisiológica podem ter efeitos marcantes no desempenho de indivíduos fragilizados (Buchner, 1996). Ressalte-se que a menor capacidade de trabalho muscular é um dos primeiros sinais da velhice, afetando em última instância a capacidade laboral, a atividade motora e a adaptabilidade ao ambiente; por outro lado, os exercícios, melhorando a função muscular, reduzem a frequência de quedas, contribuindo assim para a manutenção da independência e de melhor qualidade de vida para os idosos. Atualmente aceitamos que o envelhecimento muscular resulta de alterações no equilíbrio entre o potencial miogênico e a atividade fibrótica, uma vez que o músculo senescente apresenta reduzida capacidade de reparo/regeneração, vindo a tornar-se progressivamente fibrótico. Entre as bases do fenômeno observa-se grande redução na expressão da sintase do óxido nítrico (Samengo et al., 2012) e sabe-se que, no músculo jovem, altos níveis de óxido nítrico aumentam o número das células satélites (= população específica de células estaminais presentes no músculo totalmente diferenciado) que inibem a extravasão de leucócitos para o músculo. Viu-se que a diminuição na produção do óxido nítrico durante o envelhecimento muscular possibilita um aumento dos macrófragos anti-inflamatórios M2a (são macrófagos ativados por citocinas para o fenótipo M2 e, em sequência, M2a), o que vem promover ainda mais a fibrose. Demonstrou-se que a mudança dos macrófagos musculares para o fenótipo M2a é fortemente influenciada pela idade das células hematopoéticas das quais provêm. Tudo indica que a fibrose no músculo senescente seja consequência de um estado de inflamação crônica de baixo grau e que células, de diferentes linhagens, possam interagir na regulação de tal fenômeno (Wang et al., 2015). No estudo da fisiopatologia da sarcopenia Basu et al. (2002) mostraram que alterações na síntese deproteínas musculares contráteis explicam algumas características clínicas da sarcopenia, notadamente a perda de força e o fatigamento precoce. Já Yarasheski et al. (2002) demostraram que a expressão do fator de crescimento e de diferenciação miostatina – que suprime o crescimento muscular – correlaciona-se negativamente à massa corpórea magra, enquanto o envelhecimento está diretamente associado a maior expressão da miostatina. Em outras palavras, a miostatina sérica é um marcador biológico da sarcopenia. Em sequência, Gannon et al. (2009) demonstraram que marcantes alterações idade-relacionadas ocorrem nas cadeias leves da miosina (MLC); identificaram, ainda, um extraordinário aumento da isoforma MLC2 do tipo lento, restrito às fibras musculares senescentes, além de confirmarem o processo de transformação de fibras rápidas para lentas durante o envelhecimento celular. Esses dados sugerem a isoforma MLC2 lenta como um possível marcador para o tipo de fibra muscular da sarcopenia. Por fim, embora se reconheça que a sarcopenia não seja intrinsecamente irreversível com o envelhecimento, não tem sido possível demonstrar que os exercícios físicos per se possam preveni-la, sobretudo nos indivíduos com 70 anos ou mais. Por outro lado, há dados promissores sobre uma terapia gênica humana que evite seus efeitos (consegue-se assim um aumento da massa muscular sem exercícios!). Até que essas descobertas se concretizem, a intervenção sobre o estilo de vida de nossos idosos representa a chave-mestra da atuação geriátrico-gerontológica. - Fabiana Bilmayer 2) Mineralização óssea - como se forma o osso? (Osteoblastos e osteoclastos) - Formação: osteoBlastos - Reabsorção: osteoClastos Osso O tecido ósseo é um sistema orgânico em constante remodelação, fruto dos processos de formação (pelos osteoblastos) e reabsorção (pelos osteoclastos). Nas duas primeiras décadas de vida, predomina a formação e há um incremento progressivo da massa óssea; após a soldadura das epífises, persiste ainda um predomínio construtivo, se bem que em menor ritmo, e o ser humano alcança sua maior massa óssea na quarta década da vida (40 anos): é o chamado “pico de massa óssea”. A partir daí, praticamente, estabiliza-se a taxa de formação, enquanto a de reabsorção aumenta. Por conseguinte, passa a ocorrer perda progressiva, absoluta, da massa óssea até então presente: é a “osteopenia fisiológica”. Muitos consideram que tal pico ocorre aproximadamente aos 25 anos, uma vez que daí até os 35 anos o incremento é muito pequeno. De toda forma, admite-se que 90% da massa óssea seja alcançada próximo aos 18 anos de idade. Embora muito saibamos sobre as BMU (unidades multicelulares ósseas) cada vez fica mais evidente que quaisquer considerações sobre o “osso” devam levar em conta o esqueleto apendicular e o esqueleto axial, o osso cortical e o osso trabecular (este último tem uma atividade metabólica cerca de 8 vezes maior que a do osso cortical), a “maturação” do esqueleto pela ação dos hormônios sexuais e o papel do estrógeno em ambos os sexos, dentre outras. A atrofia óssea com o envelhecimento não se faz de modo homogêneo, pois, antes dos 50 anos, perde-se sobretudo osso trabecular (principalmente trabéculas de menor importância estrutural) e, após essa idade, osso cortical (também aqui lamelas de menor importância localizadas na superfície endosteal). - Antes dos 50 = perde-se osso trabecular - Depois dos 50 = perde-se osso cortical A cada 7 a 10 anos “renovamos” todo nosso esqueleto. A perda de massa óssea por involução ocorre sobretudo na mulher pós-menopausada (a falta do freio estrogênico libera a voracidade dos osteoclastos) e no velho; trata-se de um fenômeno relacionado à idade que acomete ambos os sexos e tem como mecanismo predominante a menor formação óssea, em um contexto no qual sobressaem o paratormônio e a vitamina D. ● Os idosos são potencialmente vulneráveis a um balanço cálcico negativo e às osteopenia/osteoporose em decorrência da hipovitaminose D. Obtemos a vitamina D por meio de uma adequada alimentação e principalmente pela produção endógena da pele sob exposição solar. Dependendo do tempo de exposição solar e do grau de pigmentação da pele, mais de 80% dessa vitamina poderá ser sintetizada a partir do 7-desidrocolesterol da pele. - Todavia, muitos fatores contribuem para não termos tal “rendimento” na velhice – dentre eles institucionalização, menor mobilidade, uso de vários agasalhos, menor exposição voluntária ao sol, maior tempo em interiores etc. Significativamente, acresça-se a isso o fato de a pele envelhecida, sob idêntica exposição solar, produzir menor quantidade de vitamina D do que a pele do adulto jovem (segundo Holick et al., [1989] indivíduos com 70 anos ou mais produzem apenas 25 a 30% da quantidade produzida pelos jovens). - Fabiana Bilmayer Sabe-se, ainda, que o envelhecimento traz consigo menor produção da 1α-hidroxilase renal, enzima responsável pela introdução da segunda hidroxila no 25(OH)D, originando o calcitriol, sua forma mais ativa (1,25 (OH)2D). Por conseguinte, os idosos, tendo uma reduzida produção endógena do calcitriol, passam a depender mais das fontes alimentares. Entretanto, o que se observa é que, anos de uma monotonia alimentar quase sempre morta no consumo de alimentos ricos em vitamina D – e que são poucos – acabam por estabelecer, com frequência, os déficits encontrados na velhice. Destaque-se ainda que há associação direta entre déficits dessa vitamina (D), condições de fraqueza muscular e depressão na velhice, além de se discutirem cada vez mais suas ações não relacionadas ao metabolismo osteomineral, uma vez que seus receptores estão presentes em várias células/tecidos de diferentes órgãos (fígado, estômago, intestino, rins, músculos, tireoide, alvéolos pulmonares, mamas e neurônios cerebrais, entre outros). Sabe-se hoje que níveis inadequados de vitamina D têm alta prevalência na velhice, mesmo em países tropicais, como o Brasil. ● Função hormonal no homem e na mulher (enfoque na pós-menopausa) Na pós-menopausa em que a mulher tem uma deficiência estrogênica, essa deficiência estrogênica ela aumenta a reabsorção óssea e você tem uma perda de equilíbrio entre formação e reabsorção. 3) Epidemiologia e incidência de fraturas e doenças articulares. 4) Osteoartrite/Osteoartrose Doença reumatológica mais comum Acomete mais mulheres acima de 60 anos de idade Prevalência aumenta com a idade Impacto socioeconômico significativo ‘’se você fazer uma radiografia em qualquer idoso em 80% dos casos vai existir osteoartrite’’ = por isso deve-se tratar APENAS os que estão SINTOMÁTICOS Infelizmente não tem nenhuma intervenção efetiva que retarde ou cesse a doença (exceção: ARTROPLASTIA) ● EFEITO PLACEBO EFETIVO Dissociação clínico radiológica (exemplo: paciente OA grau 4 que não tem sintomas) - Fisiopatologia Visão antiga = degradação mecânica da cartilagem PAROU DE SE CHAMAR ARTROSE, hoje é ARTRITE Visão atual ‘’ITE’’ = processo inflamatório ● Sinóvia e osso subcondral - Fisiopatologia complexa Afeta cartilagem E osso ● Possui sinovite (não é apenas a artrite reumatoide que tem sinovite) Citocinas - TNF alfa e beta - IL-1 - Epidemiologia Está presente em 10% dos indivíduos acima dos 60 anos. É a doença reumatológica mais comum, sendo a terceira nas causas de incapacidade laborativa (afastamento de trabalho). ● No Brasil a OA acomete cerca de 16% da população. - Fabiana Bilmayer ● As regiões mais afetadas são o quadril, joelhos, mãos e pés. - Fatores de risco ● Idade ↑ ● Sexo feminino (por conta possivelmente das alterações da secreção de hormônios sexuais - estrógeno e progesterona após a menopausa. ● Obesidade (fator de risco MODIFICÁVEL mais importante) ● Predisposição genética - dependendo da região acometida / 30% dos casos de OA em joelhos são familiares / 50% em quadril / 70% em coluna. Outros fatores de risco: ● Mau alinhamento ● Trauma/lesão prévia ● Alteração biomecânica ● Doenças genéticas (síndrome de Marfan, Ehlers Danlos) ● Doenças de depósito● Hipermobilidade - Quadro clínico Sintomas: - Dor articular - em repouso a dor melhora - Rigidez articular fugaz - questão de minutos - Instabilidade articular - Limitação do movimento Sinais: - Aumento da articulação - Crepitações audíveis ou palpáveis - Deformidade articular - Sinais de sinovite - Nódulos de Heberden e de Bouchard Os locais mais incidentes são as articulações do hálux, interapofisários (coluna vertebral), interfalangeanas distais e proximais, carpometacarpianas do primeiro quirodáctilo (polegar), joelhos e quadril. ‘’FLARE’’ ● Na mão Nódulos de Herberden e Bouchard = tradução clínica do osteófito Bouchard = proximal Herberden = distal - Hálux valgo - Rizartrose - Geno varo/vago - Diagnóstico É clínico! Histologia clínica + anamnese + exame físico osteoarticular + exames complementares (de imagem e laboratoriais). ● Radiografia (PADRÃO OURO) = cuidado com dissociação - Osteófitos - protuberância óssea radiopaca - Redução do espaço articular - Esclerose óssea - Cistos subcondrais - Fabiana Bilmayer - Tratamento Não farmacológico: - Orientação de perda de peso - Incentivo a prática de exercícios físicos - Órteses Farmacológico: - AINES: Vantagem = não provoca dependência química Desvantagens = efeitos adversos ● SEMPRE deve ser usado a menor dose necessária - Antidepressivos - Analgésico tópico 5) Osteoporose/perda óssea A osteoporose tem como definição a diminuição de resistência óssea. Diminuição da resistência óssea = diminui QUANTIDADE e QUALIDADE do osso. Isso acaba predispondo o indivíduo a fraturas (FRATURA DE FRAGILIDADE) O que que é uma fratura de fragilidade? é justamente aquele trauma insuficiente para fraturar um osso supostamente normal. Uma em cada três mulheres e um em cada cinco homens de terem fratura. Além disso fratura atrai fratura então se eu for ver um indivíduo que teve fratura vertebral ele tem de sete a dez vezes mais risco de uma nova fratura Além disso impacto na morbimortalidade e na qualidade de vida desses pacientes é muito importante. - Osteoporose primária = Senil OU pós-menopausa - Osteoporose secundária = é quando existe uma doença associada que contribui para minha osteoporose. Ex: hiperparatireoidismo primária; doença celíaca. ● Fatores de risco - Idade avançada - Sexo feminino - Raça: etnia caucasiana E oriental - História pessoal de fratura - História familiar - Uso de glicocorticoide - Tabagismo - Alcoolismo - Sedentarismo - Obesos estão mais protegidos contra a osteoporose Tratado de geriatria - fatores de risco: Sexo feminino; baixa massa óssea; fratura prévia; raça asiática ou caucasiana; idade avançada em ambos os sexos; história materna de FFP ; menopausa precoce não tratada (antes dos 40); tratamento com corticoides; IMC < 19 kg/m; amenorreia primária ou secundária; hipogonadismo primário ou secundário; perda de peso após os 25 anos; tabagismo; alcoolismo; sedentarismo; imobilização prolongada; passado de dieta pobre em cálcio; doenças que induzem a perda óssea. - Fisiopatologia Perda de osso trabecular Inicia a partir dos 30 anos Acelera na menopausa = aumento de reabsorção Há um desequilíbrio entre formação e reabsorção óssea ● Deficiência de esteróides sexuais ● Fatores genéticos ● Fatores bioquímicos - Ex: deficiência de vitamina D - Epidemiologia 1 em cada 3 mulheres 1 em cada 5 homens Se fratura há um aumento de 7x - 10x de terem outra fratura - Fatores de risco Idade avançada Sexo feminino Raça: caucasiana ou oriental Uso de glicocorticoide História pessoal de fratura História familiar - Fabiana Bilmayer Baixo IMC Tabagismo Alcoolismo Sedentarismo - Quadro clínico ASSINTOMÁTICO Atenção = hipercifose e perda de altura - Diagnóstico Rastreio com densitometria óssea. Fratura de fragilidade. - Tratamento Suplementação de cálcio e vitamina D. 6) Efeitos adversos dos AINEs e corticóides. 5 principais efeitos adversos: 1) Úlceras/gastrite: com a inibição da COX-1 o muco que protege a mucosa gástrica não é produzido assim ocorre a lesão da mucosa causando gastrite. 2) Propensão a sangramentos: com as prostaglandinas inibidas NÃO há agregação plaquetária, tornando o indivíduo propenso à sangramentos. 3) AINES em gestantes: diminui as contrações uterinas levando a uma demora no trabalho de parto. 4) No feto: há persistência do canal arterial. 5) À longo prazo: doença renal crônica 7) Prevenção de fraturas e quedas. É importante compreender que o reflexo do aumento da idade dos idosos é percebido nas alterações estruturais e funcionais dos mesmos, e elas avançam na mesma proporção que a idade cronológica. Essas alterações são próprias do processo natural da senescência e tornam o idoso mais suscetível a eventos incapacitantes, entre eles as quedas.4 As quedas em idosos são fenômenos que acometem de maneira progressiva esse segmento populacional e são propulsoras da fragilidade e da vulnerabilidade entre os mesmos. Essa condição decorrente das quedas possivelmente se refletirá na diminuição da capacidade funcional, autonomia, mobilidade para interação social e na qualidade de vida dos idosos.5 As quedas são citadas por pesquisadores da área da gerontogeriatria como um problema iminente à saúde dos idosos. Elas se destacam por serem um dos principais problemas clínicos e de saúde pública dos países em desenvolvimento, por apresentarem alta incidência, além de comprometerem o estado de saúde do idoso. As complicações das quedas para a saúde dos idosos estão presentes em quase todos os registros. Somado a isso, os idosos percebem as quedas como algo negativo. Para eles, cair significa ameaça à sua identidade.6 A queda é evento de elevada incidência entre os idosos. Em nível fisiológico, a - Fabiana Bilmayer massa óssea da mulher diminui mais rápido que a do homem, o que as torna mais propensas às quedas.7 As mulheres idosas com disfunções nutricionais, quatro ou mais comorbidades e depressão possuem mais do dobro de chances de apresentarem quedas. É necessário reforçar a necessidade de prevenção da queda, garantindo ao idoso melhor qualidade de vida, autonomia e independência.7 O tipo mais comum foi a fratura de quadril (72%), seguida pela fratura de braço/antebraço (19%). ★ Tratamento Exercícios: projetos de exercícios com duração de 10 semanas a 9 meses mostraram que (1) há um redução em 10% da probabilidade de queda entres os que se exercitam em comparação com sedentários; (2) o treinamento específico para equilíbrio motivou uma redução de 25% de quedas; (3) aulas de Tai Chi Chuan (um exercício de equilíbrio), reduzem o risco de cair em 37%. Intervenções para reduzir lesões: algumas intervenções podem reduzir o risco de uma lesão grave pós-queda, prevenindo a osteoporose. Suplementos orais de vitamina D e cálcio para mulheres saudáveis na pós-menopausa podem reduzir o risco de fraturas naquelas que caem. Outras medidas de redução ou prevenção de osteoporose precisam ser analisadas para estabelecer-se a eficácia de prevenir fraturas: terapia de reposição hormonal, bifosfonatos, luz solar, caminhadas e consumo aumentado de produtos lácteos. Intervenções que atenuam a força do impacto, como o uso de almofadas externas protetoras de quadril (acolchoamentos autocolantes na pele ou em roupas de baixo) ou de colchonetes no chão podem diminuir o risco de fratura de quadril, caso caiam. Um dos problemas das almofadas autocolantes é o de aceitabilidade. Um estudo feito na Dinamarca, para investigar o efeito dos protetores externos de quadril sobre a prevenção de fraturas de idosos residentes em casas de repouso, mostrou que o risco de fratura de quadril no grupo que usou a almofada foi reduzido em 53%, comparativamente com os controles. As pessoas do grupo de intervenção que sofreram uma fratura, não estavam usando o protetor no momento da queda. (https://saude.gov.br/saude-de-a-z/saude- da-pessoa-idosa) Quedas são frequentes em pessoas idosas, mas podem ser evitadas com alguns cuidados. Geralmente, esses tombos provocam fraturas, traumatismo craniano, contusão muscular e, principalmente,o medo de cair novamente. Para evitar que tais situações aconteçam e coloquem a qualidade de vida da pessoa idosa em questão, tome as seguintes precauções: ● Evite tapetes soltos. ● As escadas e os corredores devem ter corrimão dos dois lados. ● Use sapatos fechados com solados de borracha. ● Coloque tapete antiderrapante no banheiro. ● Evite andar em áreas com piso úmido. ● Evite encerar a casa. ● Evite móveis e objetos espalhados pela casa. ● Deixe uma luz acesa à noite, caso você se levante. ● Espere que o ônibus pare completamente para você subir ou descer. ● Coloque o telefone em local acessível. ● Utilize sempre a faixa de pedestres. ● Se necessário, use bengalas, muletas ou instrumentos de apoio. O importante é a sua segurança. https://saude.gov.br/saude-de-a-z/saude-da-pessoa-idosa https://saude.gov.br/saude-de-a-z/saude-da-pessoa-idosa - Fabiana Bilmayer 8) Classificação de risco (ASA) - escala de estado físico A classificação de estado físico ASA (Sociedade Americana de Anestesiologistas) é uma ferramenta importante para a avaliação pré-anestésica do paciente. Assim, é utilizada em diversos estudos por possuir estreita relação com a morbidade e a mortalidade anestésica. 9) Diferença entre equimose e hematoma. ● EQUIMOSE Ao contrário das anteriores, ocorre por ruptura de vaso (pode ser gerada por traumatismos ou por enfraquecimento da parede vascular, por exemplo), e então há o extravasamento do sangue para fora do vaso. A equimose se apresenta em manchas planas, difusas e irregulares, é conhecida como hemorragia em lençol, justamente por não provocarem elevação no local. É observada como uma mancha roxa na pele, causada por alguma pancada, por exemplo. Não há necessidade de nenhuma interferência, ela desaparece sozinha ao longo dos dias. Figura 4: equimose ● HEMATOMA Já o hematoma, também ocasionado por ruptura de vaso. Ocorre um acúmulo (coleção) de sangue no tecido, formando uma elevação, um alto relevo. Uma causa importante de hematomas é o pós-operatório imediato (poucas horas após o procedimento cirúrgico), por exemplo. Pode ser necessário remover os hematomas, dependendo do tamanho e da localização , podendo ser removido por uma cirurgia simples ou aguardar alguns dias e realizar o esvaziamento com uma agulha. Figura 5: hematoma subdural demonstrado por TC - Fabiana Bilmayer 10)Qual o impacto biopsicossocial da limitação de mobilidade na deambulação e a importância dos cuidados com os idosos dependentes. (https://apsredes.org/pdf/Saude-do-Idoso -WEB1.pdf) A limitação na mobilidade do idoso o impede de senescer de forma digna. Os idosos ao terem suas atividade rotineiras suspensas se sentem incapazes como seres humanos. A vergonha de pedir a ajuda de algum familiar, ou ainda, a falta de zelo dos próprios parentes tendem a deixar os idosos a margem e ainda mais ensimesmados. O impacto biopsicossocial é extremamente alto e o efeito dominó do mesmo é maior ainda. As principais consequências da imobilidade em cada sistema são: 1. Sistema cardiovascular: hiporresponsividade barorreceptora (hipotensão ortostática); intolerância ortostática (taquicardia, náusea, sudorese e síncope após repouso prolongado); redistribuição do volume circulante dos membros inferiores para a circulação central (11% ou 500 mL), especialmente, para o pulmão; redução da capacidade aeróbica, com redução da tolerância ao exercício; maior risco de trombose venosa profunda; 2. Sistema respiratório: redução do volume corrente e da capacidade vital; hipersecreção brônquica; tosse ineficaz; atelectasia; pneumonia; retenção de secreção; embolia pulmonar; insuficiência respiratória; 3. Sistema digestório: anorexia secundária a restrição dietética, doença de base, efeito de medicamentos, alterações psíquicas; desidratação por redução da ingestão hídrica; maior risco de aspiração pulmonar, por engasgo, tosse ou refluxo associados a posicionamento inadequado; doença do refluxo gastroesofágico; constipação intestinal e fecaloma; 4. Sistema genitourinário: aumento do volume residual da bexiga e maior risco de retenção urinária (“bexigoma”); maior risco de incontinência urinária de urgência, transbordamento e/ou funcional; maior risco de infecção urinária aguda ou recorrente e bacteriúria assintomática; nefrolitíase (hipercalciúria da imobilidade e menor ingestão de água); 5. Pele: intertrigo nas regiões de dobras cutâneas, particularmente nas regiões inframamária e interglútea; dermatite amoniacal da “fralda”; escoriações, lacerações e equimoses, frequentemente causadas por manipulação inadequada do idoso; xerodermia; prurido cutâneo; úlcera por pressão devido à compressão prolongada da pele, redução do tônus e da força muscular (3 a 5% ao dia), encurtamento e atrofia muscular; redução da elasticidade das fibras colágenas, com hipertonia, encurtamento muscular e tendinoso e contraturas. https://apsredes.org/pdf/Saude-do-Idoso-WEB1.pdf https://apsredes.org/pdf/Saude-do-Idoso-WEB1.pdf
Compartilhar