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AFRICA

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Atenção
É comum a divisão do continente entre África branca, ao norte do Saara, onde vive uma população formada pela raça mediterrânea, e África negra, ao sul do Saara, com uma variada população, destacando-se: os pigmeus das selvas equatoriais; o grupo khoi-san, que vive nos desertos e planaltos meridionais; os sudaneses das savanas da zona boreal; o grupo banto, mais numeroso da África central e austral.
Religião
Há três grandes grupos religiosos: o islamismo, o cristianismo e as religiões animistas (que, no contexto africano, significa considerar que todos os seres da natureza são dotados de vida e têm uma finalidade específica no universo).
Você sabe como é chamada a relação entre todas as coisas do mundo, dentro da cultura africana?
Cosmogonia
1Aculturação é o abandono completo de sua própria cultura para assumir a cultura do estrangeiro. A língua portuguesa é o primeiro instrumento de aculturação, ou seja, apagamento dos traços culturais autóctones. Tal proposta é mais comum entre os mestiços, que não se veem como negros e desejam ser totalmente brancos, se não pela fisionomia, ao menos pelos costumes. Surge uma burguesia negra ou mestiça.
2Assimilação é a adoção de costumes europeus sem o abandono completo de marcas culturais africanas. O assimilado vincula-se à cultura europeia por uma questão de sobrevivência, mas ainda mantém valores africanos.
Você já deve estar percebendo que estamos falando do início de um processo de resistência contra a colonização portuguesa. Essa resistência terá seu auge com o processo de Negritude.
O que é a Negritude?
A palavra negritude foi empregada pela primeira vez por Aimé Césaire, em 1938, no seu livro de poemas Cahiers d’un retour au pays natal.
Negritude é uma expressão cultural de revitalização das identidades africanas. São vários movimentos que se propagam nas letras, na música, nos manifestos políticos, desde 1915.
O movimento de Negritude, primeiramente difundido nos Estados Unidos, em Cuba e no Haiti, surge para revigorar o ser africano massacrado pelo regime colonial, e tem seu auge entre os anos 1930 e 1950. A cor da pele, os ritos, a natureza e os costumes sociais passam a ser extremamente valorizados. O discurso se radicaliza, e tudo o que não pertencer ao universo negro torna-se indesejável.
Atenção
Importante lembrar que a Guerra Colonial desenvolvida nas cinco nações africanas no período de 1961 a 1974 teve o apoio da extinta URSS (União Soviética) em termos de armamento e de treinamento de guerrilha, contando também com o auxílio de Cuba, que objetivavam ampliar o comunismo no mundo. Este, entretanto, não se consolidou naquelas nações após a década de 1980, e isso pode ser muito bem entendido na leitura de obras literárias como em Quem me dera ser onda, do angolano Manuel Rui.
Uma das causas para o sucesso do movimento guerrilheiro se deveu ao apoio da população local e ao fato de um dos instrumentos de luta ter sido o poema cantado, passado de boca em boca, que levava a conscientização dos motivos da guerra à população, como veremos oportunamente.
A esmagadora maioria dos angolanos - perto de 90% - é de origem bantu.
O principal grupo étnico bantu é o dos ovimbundos que se concentra no centro-sul de Angola e se expressa tradicionalmente em umbundo, a língua nacional com maior número de falantes em Angola. Por seu lado, os ambundos, falando quimbundo (ou kimbundu), a segunda língua nacional com mais falantes, estabelecem-se maioritariamente na zona centro-norte, no eixo Luanda-Malanje e no Quanza-Sul.
O quimbundo é de grande relevância, por ser a língua tradicional da capital e do antigo reino dos N'gola. Legou muitas palavras à língua portuguesa e importou desta, também, muitos vocábulos.
No norte (Uíge e Zaire) concentram-se os bacongos de língua quicongo (ou kikongo) que tem diversos dialetos. Era a expressão do antigo Reino do Congo.
Os quiocos ocupam o leste, desde a Lunda Norte ao Moxico, e expressam-se tradicionalmente em chocué (ou tchokwe), forma linguística que se tem vindo a sobreposto a outras da zona leste do país.
Por último, cerca de 3% da população atual é branca (Maioritariamente de origem portuguesa.) ou mestiça, população que se concentra primariamente nas cidades e tem o português por língua materna.
De referir, ainda, a existência de um número considerável de falantes das línguas francesa e lingala, explicada pelas migrações relacionadas com o período da luta de libertação e pelas afinidades com as vizinhas República do Congo e República Democrática do Congo.
Produção literária
A literatura angolana tem na década de 1940 o seu período de consolidação, embora no século XIX tenhamos já algumas publicações, como Espontaneidades da minha alma (1849), o primeiro livro de poemas publicado na África de língua portuguesa, de José da Silva Maia Ferreira.
Nele, encontramos uma curiosa paródia de a Canção do Exílio, do nosso Gonçalves Dias, embora em nada os versos se assemelhem ao nacionalismo do brasileiro, visto que o autor angolano, ainda sob a forte marca do eurocentrismo, pode ser caracterizado como um aculturado, apesar de já esboçar alguns indícios regionais e de sentimento nacional. 
No poema ao lado, retirado de Espontaneidades da minha alma, você perceberá no trecho extraído que o sentimento nacional presente nos versos se refere ao fato de o poeta reconhecer que nasceu em Angola.
Este poema já traz ambientes típicos do país, embora o poeta compare Angola a Portugal (Que também identifica como sendo sua pátria.) e também ao Brasil, comparação que deixa Angola sempre em desvantagem em termos de belezas naturais.
Língua
O português é a única língua oficial de Angola, no entanto o país conta com cerca de duas dezenas de línguas nacionais, das quais 6 com maior expressão:
Literatura feita em África
Com José da Silva Maia Ferreira, inaugura-se uma literatura feita em África, por africanos. Entretanto, também houve uma literatura em África, feita por portugueses. Convém, aqui, abrirmos um parêntese para lembrar que a África nunca foi considerada um lugar bom para os portugueses.
Feita essa observação, resta afirmar que o português Alfredo Troni, autor de Nga Muturi, texto que leremos a seguir, também pode se juntar aos nomes de Gregório, Bocage e Tomás Antônio, pois que também era mal visto pelas autoridades portuguesas.
Colaborador da imprensa, ao publicar Nga Muturi no seu jornal, mostrará a modificação que a civilização europeia trouxe para Angola, na presença de uma escrava que vai se descaracterizando aos poucos, porém sem perder verdadeiramente as suas raízes étnicas.
Muitos outros autores poderiam aqui ser citados, mas fiquemos com estes dois (Luandino Vieira e Agostinho Neto) como exemplos fortes. Os conceitos aqui apresentados também são elementos das literatudas de outros países africanos de língua oficial portuguesa (PALOPs): a natureza, a negritude, a infância (que simboliza a pureza e o tempo antes da colonização), a dor do colonizado, o desejo de liberdade, os ritos que incluem a crença, a música e a dança (do que é símbolo maior o tambor) e a ancestralidade.
Em 3 de agosto de 1959, tropas portuguesas massacraram trabalhadores em greve nas Docas de Pidjiguiti, no Porto de Bissau, na Guiné-Bissau, matando mais de 50 pessoas. Em 20 de janeiro de 1973, Amílcar Cabral foi assassinado na Guiné-Conacri por agentes do governo colonial.
Em 5 de julho de 1975, foi reconhecida a independência da República Popular de Cabo Verde, separadamente da Guiné-Bissau, e Aristides Maria Pereira foi eleito o primeiro presidente da República de Cabo Verde.

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