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Nutrição Animal – Jennifer Reis da Silva (@jenniferreis_vet) – É PROIBIDA A COMERCIALIZAÇÃO DESTE CONTEÚDO REQUERIMENTO NUTRICIONAL DE CÃES E GATOS EM DIFERENTES FASES DE DESENVOLVIMENTO O período neonatal corresponde as duas primeiras semanas após o nascimento. É uma fase extremamente crítica em que devemos fornecer um ambiente calmo, aquecido e restrito já que o sistema imunológico ainda está em formação. O fornecimento do colostro é fundamental na nutrição dos neonatos por ser rico em nutrientes e imunoglobulinas como IgM, IgA e também alguns fatores bioativos como lisozimas, enzimas bacteriolíticas e lipases. O colostro é fundamental na manutenção da volemia para que haja o correto transporte de oxigênio e nutrientes para as células. Com base na tabela acima podemos ver que conforme o tipo de placenta e quantidade de camadas presentes na placenta dos animais, a transferência de imunoglobulinas é afetada como vemos em cavalos, suínos e ruminantes que tem muita necessidade de consumir imunoglobulinas pós-natal via colostro. Os carnívoros também são altamente dependentes do colostro já que a placenta desses animais também é alta. O colostro deve ser administrado nas primeiras 6 horas de vida do animal para que haja o correto aproveitamento no intestino já que as imunoglobulinas são moléculas grandes que conseguem ser absorvidas nas primeiras horas de vida, uma vez que há espaços no epitélio intestinal que permitem a absorção, mas, quanto mais o tempo passa menor ficam esses espaços e menor é a porcentagem de absorção de imunoglobulinas. Após as 6 horas, o colostro continua sendo importante com fonte nutricional. Para algumas espécies como os suínos há o fornecimento de plasma sanguíneo buscando a melhora da imunidade. Porém não será por meio das imunoglobulinas, mas por outros fatores bioativos lá presentes. As imunoglobulinas, por sua vez serão digeridas como proteínas. Desenvolvimento Pós-Natal Nutrição Animal – Jennifer Reis da Silva (@jenniferreis_vet) – É PROIBIDA A COMERCIALIZAÇÃO DESTE CONTEÚDO Em geral, um filhote mama de 4 a 6 vezes por dia; A abertura dos olhos se dá do 10º ao 16º dia de vida; A abertura dos ouvidos se dá do 15º ao 17º dia de vida então a interação com o ambiente já aumenta nesse período. Nas primeira semanas de vida os gatos possuem 35ºC de temperatura enquanto os cães possuem de 34,4ºC a 36,1ºC. Isso ocorre em razão do sistema de termorregulação ainda não estar bem desenvolvido. Logo, fontes de calor são bem-vindas. Em torno de 4 a 5 semanas, os animais atingem 38,6ºC que é considerado normal para animais adultos. Os cães devem ganhar de 2 a 4 gramas por dia para cada Kg da expectativa de peso adulto. Isso é importante para avaliarmos a curva de crescimento dos animais. Se temos como exemplo um Beagle que, quando adulto, pesa 15Kg é necessário que ganhe de 30 a 60gramas por dia já que 15x 2 = 30 e 15x 4= 60, logo, 2 a 4 gramas de 15Kg equivale a 30 a 60 gramas por dia como podemos ver na tabela abaixo. Os gatos, por sua vez pesam ente 90 a 110 gramas ao nascimento e devem ganhar entre 50 a 100 gramas por semana até 5/6 meses de idade que é a fase de desaleitamento. Esse peso, tanto para cães quanto para gatos aumenta nas proporções contidas na tabela somente nas 3 primeiras semanas de vida. Após esse período há mudança no ganho de peso dos animais. E os filhotes órfãos? Se por algum motivo como falecimento da fêmea, rejeição do filhote/ninhada ou leite de baixa qualidade/quantidade os filhotes não receberem os cuidados necessários de sua mãe, nós deveremos fazer esse papel. Primeiramente devemos fornecer calor que pode ser advindo de diversas formas como colchão térmico (tomar cuidado com o termostato para não causar queimaduras nos animais), lâmpada ou garrafa pet com água quente. É necessário também evitar correntes de vento e falta de umidades no ambiente para que os animais não se desidratem, logo, umidificadores são bem vindos. Devemos fornecer atenção e segurança e também estimular defecação e micção (embeber algodão com água morna e passar no abdômen dos animais estimulando a expulsão das fezes e urina simulando a língua da mãe). Uma boa alternativa são as mães adotivas que possam cuidar dos filhotes órfãos. Porém, devemos nos atentar a fêmeas com Nutrição Animal – Jennifer Reis da Silva (@jenniferreis_vet) – É PROIBIDA A COMERCIALIZAÇÃO DESTE CONTEÚDO pseudociese já que esses animais têm um desbalanço hormonal e, ao darmos um filhote a um animal assim, estaremos estimulando esse desbalanço hormonal, portanto, não é aconselhável termos cadelas com pseudociese como mães adotivas. Além de uma mãe adotiva, podemos utilizar os sucedâneos que são alimentos comerciais ou até caseiros usados para substituir o leite materno. Como fornecer Sucedâneo? Um dos produtos mais conhecidos é o PetMilk que tem como objetivo nutrir os animais nos primeiros dias de vida. Podemos citar como exemplo uma cadela da raça Beagle que deu à luz 4 filhotes e veio a óbito alguns dias após o parto. Os filhotes estão pesando 244 gramas. Primeiro, devemos verificar o rótulo do produto que conterá informações do quanto deve ser fornecido aos animais. No caso do nosso exemplo, deve ser administrado 25kcal para cada 100 gramas de peso corporal. Para calcularmos a quantidade de sucedâneo a ser fornecido devemos: 1. Determinar a necessidade energética de cada animal. Para isso podemos fazer uma regra de 3. 100g ----------- 25kcal 244g-----------x kcal/dia X= 61kcal 2. Conhecer quantidade de energia que há no sucedâneo. Ao observarmos a composição do alimento, notaremos os níveis de garantia, NO primeiro tópico estará especificando o valor energético do produto que é 6238kcal/kg (valor obtido no rótulo). 3. Calcular a quantidade de sucedâneo (em pó) forneceremos. Como temos a informação de que o animal necessita de 61kcal/dia e o produto possui 6238kcal/kg, basta fazermos uma regra de 3. 6238kcal--------1000g (1kg) 61kcal----------x g X=9,8g/dia 4. Realizar a diluição adequada do produto. No rótulo, há a informação de diluir 1 medida de 8 gramas do produto em 40ml de água morna. 8g--------40ml 9,8g------X ml = 49ml de água Como os animais mamam de 4 a 6 vezes por dia também é essencial dividirmos essa alimentação pelo tanto de vezes necessárias. Nutrição Animal – Jennifer Reis da Silva (@jenniferreis_vet) – É PROIBIDA A COMERCIALIZAÇÃO DESTE CONTEÚDO O custo do produto é relativamente alto no mercado, alguns tutores menos informados poderão optar pelo leite de vaca então é nosso papel como médicos veterinários orientar os tutores a respeito da diferença dos leites. Podemos concluir que os valores nutricionais são muito distintos e o leite de vaca acaba por não suprir as necessidades nutricionais dos animais. O sucedâneo caseiro pode ser proposto ao tutor. Na composição de um sucedâneo caseiro é inserido leite integral, gema de ovo (a clara não deve ser inserida por conter avidina que quando cru se torna um composto anti nutricional que impacta no aproveitamento de vitaminas), creme de leite fornecendo gordura, Aminomix (suplemento vitamínico mineral). Esse produto pode ser armazenado na geladeira, mas não tem alta durabilidade (máx 24 horas) ao contrário do produto comercial que pode ser armazenado por vários dias. Importante destacar que devemos respeitar os valores de EMA (Energia Metabolizável Aparente) que é o valor energético do produto. Alimentos com números muito baixos de EMA necessitam de mais refeições durante o dia e, consequentemente muitas excreções também, o que poderia sobrecarregaros rins dos animais que ainda são imaturos gerando nefropatias. O oposto também não é recomendado já que produtos com valores muito altos de EMA pode causar diarreias pela incapacidade digestória do animal. Essa diarreia pode ocasionar desidratação e o animal pode vir a óbito. Logo, devemos nos atentar a qualidade do produto. Os animais devem se alimentar de 4 a 6 vezes ao dia. Isso acaba dando intervalos para os seres humanos e também para o sono dos filhotes que é importante para maturação do sistema imunológico. Os cálculos de valores diários devem ser feitos constantemente de acordo com o peso do animal para que haja ajuste nos valores da dieta. O alimento pode ser oferecido com seringas ou, preferencialmente, mamadeiras estimulando os reflexos de sucção. Nutrição Animal – Jennifer Reis da Silva (@jenniferreis_vet) – É PROIBIDA A COMERCIALIZAÇÃO DESTE CONTEÚDO É importante se atentar a posição do animal ao oferecer o alimento. Na imagem acima, o gato está em uma posição incorreta correndo o sério risco de haver uma falsa via fazendo com que o alimento, ao invés de ir para o esôfago vá para o trato respiratório ocasionando pneumonia aspirativa levando o animal a óbito. Introdução de Alimento Sólido Após a 4ª semana de vida do filhote, o leite não atende mais todas as suas necessidades nutricionais e energéticas. Além disso, nesse período, o animal estará interagindo mais com o ambiente e seus dentes estarão nascendo (21º ao 35º dia de vida). É nessa fase que é inserido o alimento semi sólido que consiste no alimento para filhotes + água morna que irá atuar realçando o sabor do produto. Esse produto deve ser adicionado em potes rasos facilitando o acesso e o ideal é que haja por volta de 4 refeições. Não devemos nos esquecer de remover as sobras dos alimentos já que, por conta da umidade, pode haver fermentação, não devendo mais ser fornecido aos animais. Com o passar do tempo haverá queda na capacidade de digestão de lactose já que haverá redução da enzima lactase no organismo dos animais em razão da mudança de dieta. Outras enzimas como maltase e sacarase irão aumentar sua concentração pela mudança da necessidade nutricional dos filhotes. Desmame O desmame ocorre da 5ª a 6ª semana de vida dos animais já que os dentes dos filhotes já estarão grandes podendo ferir os tetos da mãe, causando uma mastite. Mesmo que os animais sejam desmamados com 45 dias de idade é importante que passem mais tempo com a mãe e os irmãos para que a interação social ocorra de forma adequada prevenindo futuros problemas comportamentais. Período Sensível As primeiras semanas de vida dos cães (3ª a 12ª) são chamadas de “período sensível” por ser o tempo de recebimento de informações e construção de comportamento. Então, nesse período, é recomendado expor os animais a diversas situações como sons altos, diferentes texturas de piso, pessoas diferentes, animais (com calendário de vacinação em dia). Gatos, geralmente, possuem neofobia alimentar, ou seja, não aceitam novos alimentos. Logo, é recomendado que nas primeiras semanas seja inserido diversos alimentos e sabores para que Nutrição Animal – Jennifer Reis da Silva (@jenniferreis_vet) – É PROIBIDA A COMERCIALIZAÇÃO DESTE CONTEÚDO não desenvolvam neofobia alimentar quando forem mais velhos. Os cães, por sua vez, possuem neofilia alimentar, ou seja, gostam de consumir alimentos novos. Controle no fornecimento energético Animais de raças grandes e gigantes têm crescimento explosivo, ou seja, ganham peso rapidamente. Então é fundamental que venhamos nos atentar ao ganho de peso e problemas osteoarticulares. Alguns controles nutricionais são bem vindos como a não suplementação de cálcio para que não haja fechamento das linhas epifisárias de forma precoce e não haja desenvolvimento de patologias decorridas desse fator. O controle de energia consumida é essencial já que altas quantidades podem gerar diversos problemas de saúde em razão das alterações metabólicas e funcionais dos condrócitos e condroblastos que é exacerbada pelo estresse mecânico do peso corporal gerando alterações ortopédicas. Além disso, animais que recebem alimentação a vontade tendem a desenvolver resistência à insulina em razão da obesidade e também aumento da concentração plasmática de triglicerídeos. Concluímos então que o controle da energia fornecida é essencial e eficaz na saúde e prevenção de doenças. Quando oferecer alimentação de adulto? Raças mini e pequenas: 10 meses; Raças médias: 12 meses; Raças grandes: 15 meses; Raças gigantes: 18 a 24 meses. Após a fase neonatal, o período de vida do filhote é dividido em 3 fases: início do crescimento (animal com até 50% do peso adulto), meio (50-80% do peso adulto) e final de crescimento (80- 100% do peso adulto). A necessidade de calorias diária de um animal está relacionada com o peso, que por sua vez, é elevado a um fator que corresponde ao peso metabólico que nada mais é a desconstrução do peso do animal com base no seu gasto energético. Nutrição Animal – Jennifer Reis da Silva (@jenniferreis_vet) – É PROIBIDA A COMERCIALIZAÇÃO DESTE CONTEÚDO Para calcularmos a quantidade de alimento que um animal necessita é necessário: 1. Entender qual a fase de crescimento em que o animal se encontra. Temos como exemplo uma cadela que está pesando 22kg e seu peso adulto é 35kg. Então podemos fazer uma regra de 3. 35kg-------100%peso adulto 22kg------- X% peso adulto X= 62,86% equivale a metade da fase de crescimento. 2. Entender qual a necessidade energética do animal. De acordo com a tabela, o animal se encontra com o peso entre 50 e 80% de seu peso adulto, logo, a equação a ser realizada é: 175 x (peso corporal)0,75 175 x (22)0,75 175 x 10,16 1777 kcal 3. Calcular o consumo diário de alimento. Para isso, necessitamos avaliar o rótulo do alimento que o animal está consumindo, mais especificamente no tópico “energia metabolizável”. No caso do animal do exemplo, o valor é 3931kcal/kg. 3931kcal --------1000g (1kg) 1777kcal --------x g X= 452g/dia (dividir em 4 refeições). E os gatos? Os gatos, por sua vez, têm o tamanho muito parecido quando adultos e seu crescimento é muito similar quando filhotes mesmo com diferentes raças. Por conta disso, podemos utilizar a idade do animal para fazer o cálculo das necessidades energéticas. Além da tabela há uma fórmula específica para calcularmos a necessidade de energia diária: 100 x (PC)0,67 Podemos citar como exemplo um gato com 6 meses de idade pesando 1,9kg. O cálculo então será: 100 x (1,9)0,67 100 x 1,54 = 154kcal/dia Agora devemos multiplicar o resultado pelo valor contido na tabela, que no caso do gato que está com 6 meses é de 1,75 a 2,0. Quem irá estipular se será 1,75 ou 2 seremos nós, os médicos veterinários, Nutrição Animal – Jennifer Reis da Silva (@jenniferreis_vet) – É PROIBIDA A COMERCIALIZAÇÃO DESTE CONTEÚDO levando em consideração o desenvolvimento do animal. Se o animal estiver com desenvolvimento comprometido podemos utilizar o fator 2 e se o animal estiver se desenvolvendo adequado, podemos utilizar valores mais baixos. 154kcal x 1,75 = 270 kcal/ dia (sempre importante arredondarmos o resultado). Para sabermos quanto o animal irá consumir por dia, é necessário consultarmos o rótulo, na opção: Energia Metabolizável. No exemplo, utilizamos como o alimento “PremieR Gatos Filhotes – Frango” em que a energia metabolizável é 4.197kcal/kg de produto. Basta fazermos uma regra de 3: 4.197kcal -------1.000g (1kg) 270kcal--------- X g X= 64 g/dia Diferente doscães que se alimentam 4 vezes ao dia, os gatos se alimentam várias vezes. Logo, podemos colocar pequenas quantidades várias vezes ao dia até ter 64g. O que fazer quando não é descrito o valor de Energia Metabolizável no rótulo do produto? Em alguns produtos não há descrito o valor de energia metabolizável do produto. Logo, podemos utilizar fórmulas para que cheguemos até seu resultado. Uma delas é a Atwater que consiste no seguinte cálculo: EM(kcal) = (4 x g de proteína) + (9 x g de gordura) + (4 x g de ENN – extrativos não nitrogenados). Esse cálculo é muito utilizado para alimentos caseiros. Para dietas comerciais devemos seguir alguns passos: 1. Determinar a energia bruta do alimento por bomba calorimétrica ou através da seguinte equação: EB (KCAL/G) = (5,7 X G DE PROTEÍNAS) + (9,4 X G GORDURA) + [4,1 X (FIBRA BRUTA + ENN Temos o rótulo do alimento: Giant puppy da marca Royal Canin: Agora vamos aos cálculos para a fórmula... PB: 320 x 5,7 = 1.824 EE: 120 x 9,4 = 1.128 Para sabermos a quantidade de ENN devemos fazer uma outra fórmula: ENN = 100% - (%PB + %EE + %matéria mineral + %matéria fibrosa + %umidade) Nutrição Animal – Jennifer Reis da Silva (@jenniferreis_vet) – É PROIBIDA A COMERCIALIZAÇÃO DESTE CONTEÚDO ENN: 100% - (32% + 12% + 8,1% + 2,5% + 11%) ENN: 100 – 65,6 = 34,4 ENN: 34,4% = 344g/kg Fibras: 25g/kg [4,1 x (344 + 25)] = 1512,9 Logo... EB = 1.128 + 1.824 + 1512,9 = 4.465kcal 2. Devemos calcular a digestibilidade da energia desconsiderando o valor de Fibras já que, embora haja geração de energia bruta, não haverá aproveitamento pelo animal. A fórmula para o cálculo de Digestibilidade de energia é: DE(%) = 91,2 – (1,43 X %FB NA MATÉRIA SECA). o 91,2 se refere ao aproveitamento que o animal terá do alimento, porém, quanto mais fibra houver no alimento, pior será seu aproveitamento. No rótulo do produto há 2,5 de fibra em matéria natural. Precisamos então convertê-lo para matéria seca. Segundo o rótulo, há 11% de umidade, logo haverá 89% de matéria seca. precisamos então fazer uma regra de 3: 2,5% --------------89%MS X %--------------- 100%MS X= 2,81% de fibra na matéria seca. Agora nos resta fazermos o cálculo da fórmula: DE(%) = 91,2 – (1,43 x 2,81) 91,2 – 4,02 DE = 87,18% de digestibilidade. 3. Determinar a energia digestível (quanto do alimento foi aproveitado – o que foi excretado nas fezes) do alimento com a seguinte fórmula: ED(KCAL/KG) = EB X (% DE/100) ED = 4465 x (87,18/100) ED = 4465 x 0,8718 ED = 3893kcal /kg 4. Determinar a energia metabolizável (aproveitamento do alimento – o que foi excretado pela urina) por meio da seguinte fórmula: EM(KCAL) = ED – (1,04 X G DE PROTEÍNAS) Segundo o rótulo há 320g/kg de proteína. EM= 3893 – (1,04 x 320) EM = 3896 -332,8 EM = 3560kcal A partir de todos os cálculos, concluímos que a energia metabolizável do alimento é 3560kcal. Nutrição Animal – Jennifer Reis da Silva (@jenniferreis_vet) – É PROIBIDA A COMERCIALIZAÇÃO DESTE CONTEÚDO RECOMENDAÇÕES DA FEDIAF (VALORES CORRIGIDOS) PARA CÃES E GATOS EM MANUTENÇÃO E CRESCIMENTO Comportamentos Alimentares de Cães e Gatos Desde a Antiguidade Historicamente, os gatos são originados do Felis silvestres lybica (Gato selvagem africano) e, embora estejam convivendo com os seres humanos há 4 mil anos ainda guardam alguns comportamentos selvagens. Na natureza, os gatos têm hábitos vespertinos e noturnos em que realizam suas caçadas, de preferência, pequenos roedores, lagomorfos (coelhos e lebres), aves e até mesmo répteis. Costumavam caçar sozinhos e comiam suas presas durante todo o dia. Os gatos são estritamente carnívoros e necessitam de proteína animal em sua dieta. Os cães, por sua vez, são derivados do Canis lupus lupus (Lobo cinzento) que se alimentava de grandes presas como vacas, cavalos e javalis. Enquanto os gatos caçavam sozinhos, os cães costumavam caçar em grupos em que haviam os animais alfas, que são os líderes da matilha, que consomem as carnes mais nobres sendo os primeiros a se alimentarem e também os animas beta que comem o que é deixado pelo alfa. Os cães, atualmente são considerados onívoros em razão de anos de adaptação a dietas fornecidas por seres humanos. Acima podemos observar uma tabela com especificações de necessidades calóricas de animais com diferentes níveis de atividade. Imaginemos uma cadela adulta com 35kg que tem baixo nível de atividade e consome uma alimentação com 3724kcal/kg de produto. Para calcularmos a necessidade energética deste animal basta fazermos o seguinte cálculo: 95 x (PC)0,75 95 x (35)0,75 95 x 14,39= 1367kcal/dia Nutrição Animal – Jennifer Reis da Silva (@jenniferreis_vet) – É PROIBIDA A COMERCIALIZAÇÃO DESTE CONTEÚDO ** 95 corresponde ao valor contido na tabela. Como no alimento da cadela contém 3721kcal para cada kg, devemos fazer uma regra de 3 para sabermos qual a quantidade que a cadela irá precisar comer. 3724kcal --------- 1000g (1kg) 1367kcal --------- x g X = 367g/ dia Podemos dividir esse valor por 2 já que a cadela é adulta e irá necessitar de duas refeições: 367/2 = 183,5g Abaixo podemos ver a tabela referente aos gatos: O cálculo para gatos ativos será: 100 x (PC)0,67 Já para gatos inativos ou castrados, o cálculo será: 52 a 75 x (PC)0,67 podemos citar como exemplo um gato com 4kg que pratica muitas atividades durante o dia e tem um alimento com 4203kcal/kg de produto. Logo, sua necessidade energética será: 100 x 40,67 100 x 2,53 253kcal Agora basta fazermos uma regra de 3 para sabermos a quantidade de alimento que o animal irá necessitar diariamente: 4203kcal-----------1000g (1kg) 253kcal------------ Xg X= 60g/dia Estudos mostram que em São Paulo 26,2% dos cães estão com sobrepeso e 15% estão obesos. Isso está relacionado a alguns fatores como sexo do animal (fêmeas têm mais tendência a engordar) e também se o animal é castrado. Foi comprovado que tutores obesos também tendem a ter animais obesos, talvez por oferecer muitas guloseimas aos animais ou por não se atentarem a quantidade ingerida. Quando há mais cães em casa, o controle de consumo dos animais também é dificultoso. Além disso, tutores idosos também costumam ter animais obesos. Nutrição Animal – Jennifer Reis da Silva (@jenniferreis_vet) – É PROIBIDA A COMERCIALIZAÇÃO DESTE CONTEÚDO Acima podemos observar um exemplo de tabela de condição corporal de cães e gatos. Cães Cães com sobrepeso e obesos necessitam de programas de perda de peso que consiste nos seguintes passos: 1. Determinar em que escore o animal se enquadra. 2. Determinar um Peso Meta para o animal por meio da fórmula: NEM = 70 x Peso Meta 0,75 para cães e NEM= 85 x PV 0,4 para gatos. ***NEM: necessidade energética de manutenção. Cães com sobrepeso necessitam de 15% de redução alimentar enquanto cães obesos irão necessitar de 20% de redução alimentar. Não reduzir mais de 20% de uma vez para não causar prejuízos ao animal. Imaginemos como exemplo uma cadela com 42kg em escore 9. A redução necessária será, primeiramente, perder 20% de seu peso. como a cadela tem 42kg, seu peso meta será: 42kg-----------100% Xkg ------------80% X= 33,6kg Logo, podemos elaborar a equação de necessidade energética: 70 x (33,6)0,75 70 x 13,96 = 977 kcal Agora devemos determinar a quantidade de alimento que a cadela deverá consumir diariamente. Seu alimento contém 2979kcal/kg de produto, logo... 2979 kcal --------- 1000g (1kg) 977kcal----------- xg X= 328g/dia Essa quantidade de alimento deve ser fornecida várias vezes ao dia para que o animal se sinta saciado além de aumentar o incremento calórico favorecendo o gasto energético. Com essa redução, o animal tende a perder 0,8% de peso por semana. Petiscos não são recomendados, porém alimentos como chuchu pode ser fornecido ou também podemos retirar 10% do valor energético que será fornecido em forma de petiscos. Gatos Para fazer um programa de perda de peso para os gatos, não estipulamos um peso Nutrição Animal – Jennifer Reis da Silva (@jenniferreis_vet) – É PROIBIDA A COMERCIALIZAÇÃO DESTE CONTEÚDO meta como fazemos para os cães já que os gatos perdem peso de forma mais lenta, podendo ser em até 2 anos. Isso é bom já que por possuir uma alteração enzimática, os gatos não conseguem metabolizar o excesso de gordura no tecido hepático e, quando há perda de peso intensa há grandes possibilidades desse animal desenvolver lipidose hepática. Temos como exemplo um animal com 6kg. Devemos realizar então a equação: 85 x (6) 0,4 85 x 2,05 = 174kcal/dia O alimento fornecido a esse gato contém 3070kcal/kg de produto. Logo... 3070kcal ---------1000g (1kg) 174kcal ---------- X g X= 57g/dia Com esse programa, o gato pode chegar a perder até 1% do seu peso por semana, enquanto os cães podem perder até 2%. Importante sempre motivar o tutor a manter o programa de perda de peso do animal para que persista no programa mesmo que o animal perca menos peso com o passar das semanas. Importante lembrar que a dieta a ser aplicada deve ser coadjuvante para perda de peso. Para inserirmos um animal na reprodução é necessário analisar a idade, raça específica, aplicar vermífugo além de vacinar os animais. Também devemos selecionar os reprodutores e nos atentar a nutrição dos animais. É necessário que a cadela esteja num escore de condição corporal adequado para resistir ao estresse da gestação e lactação. Quando as fêmeas são muito magras, tendem a perder muito mais peso na lactação além de ter fetos leves e com altos índices de mortalidade. Animais obesos por sua vez tendem a ter predisposição a distocias e a terem filhotes maiores. As cadelas costumam manter seu peso normal durante a gestação, porém, no terço final há aumento de peso que é o momento que ocorre o crescimento fetal. Nessa fase o requerimento energético da fêmea aumenta em torno de 1,25 a 1,50 vezes após os 40 dias de gestação. Já as gatas aumentam seu peso corporal a partir da 2ª semana de gestação para fazer uma reserva energética que será utilizada ao final da gestação e na lactação já que seu peso cairá gradualmente. Devemos então aumentar de 40 a 50% da necessidade energética na segunda semana de gestação. No final da gestação, é recomendada a nutrição das fêmeas de cães e gatos com alimento para filhote já que possui alta quantidade energética. Também é importante fracionarmos a quantidade Nutrição Animal – Jennifer Reis da Silva (@jenniferreis_vet) – É PROIBIDA A COMERCIALIZAÇÃO DESTE CONTEÚDO alimentar já que, por conta da presença dos fetos, haverá compressão do trato gastrointestinal dificultando a alimentação. É a fase de maior desafio nutricional já que a fêmea, além de se manter, deve atender também as exigências de seus filhotes. Nessa fase, a fêmea deve continuar consumindo alimento para filhotes fracionado em várias refeições para suprir as necessidades do animal.
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