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Legislação Federal: A Educação Inclusiva como um direito da pessoa com deficiência Estudar em uma escola, conviver com crianças da mesma idade, conhecer a cultura e os conhecimentos acumulados pela humanidade ao longo da história são direitos de todas as crianças. Mas alcançar esse ideal é um grande desafio, principalmente quando falamos de crianças com algum tipo de deficiência. Durante muitos anos, nossas escolas não podiam oferecer vagas a todas as crianças. Nos anos 1980, o grande desafio da educação pública no Brasil era oferecer vagas a todas as crianças em idade escolar. Atualmente, o nosso desafio é oferecer vagas a todas as crianças, com ou sem deficiência, com ou sem problemas sociais. Estamos em busca de construir uma escola inclusiva, onde todas as crianças tenham o direito de estudar e aprender. As leis sobre Educação Especial e Educação Inclusiva foram se desenvolvendo, crescendo e ampliando seu campo de atuação e regulamentação. Porém, nosso objetivo não é decorar leis e decretos, e sim compreender os objetivos e as propostas apresentados. • O que é a Declaração de Salamanca, afinal? A Declaração de Salamanca (1994) é uma resolução das Nações Unidas que trata dos princípios, da política e da prática na área das Necessidades Educativas Especiais. Nela, destaca-se a EDUCAÇÃO PARA TODOS, considerando que 1. Toda criança tem direito fundamental à educação e deve ser dada a oportunidade de atingir e manter o nível adequado de aprendizagem; 2. Toda criança possui características, interesses, habilidades e necessidades de aprendizagem que são únicas; 3. Sistemas educacionais deveriam ser designados e programas educacionais deveriam ser implementados no sentido de se levar em conta a vasta diversidade de tais características e necessidades; 4. Aqueles com necessidades educacionais especiais devem ter acesso à escola regular, que deveria acomodá-los dentro de uma Pedagogia centrada na criança, capaz de satisfazer a tais necessidades; 5. Escolas regulares que possuam tal orientação inclusiva constituem os meios mais eficazes de combater atitudes discriminatórias criando-se comunidades acolhedoras, construindo uma sociedade inclusiva e alcançando educação para todos; além disso, tais escolas proveem uma educação efetiva à maioria das crianças e aprimoram a eficiência e, em última instância, o custo da eficácia de todo o sistema educacional. • Legislação Decreto 3.298/1999 - Direitos da Pessoa com Deficiência: De forma geral, a proposição dessa lei busca garantir os direitos individuais e sociais das pessoas portadoras de deficiência. O objetivo, portanto, é sustentar que as pessoas com deficiência possuam os mesmos direitos que as pessoas que não possuem tais deficiências, tendo acesso à educação, saúde, trabalho, lazer, entre outros, sem diferenciação. O Estado e a sociedade civil precisam garantir a integração da pessoa com deficiência. Os dois, em conjunto, devem procurar ações que produzam mudanças no contexto social, para evitar a segregação histórica desses indivíduos em nossa sociedade. O foco principal é fornecer igualdade de oportunidades em nossa sociedade, sem privilégios ou paternalismo. A inclusão é a diretriz dessa legislação, é o objetivo que precisa ser alcançado. Destaca- se, nela, que as pessoas com deficiência precisam ser respeitadas em suas peculiaridades; ou seja, compreendidas em suas diferenças e necessidades especiais, sem assistencialismo. Garantir o acesso à profissionalização também é parte do processo de inclusão. Um ponto importante da garantia ao direito à educação é o direito à matrícula. Por muitos anos, as crianças com deficiência não conseguiam matricular-se em escolas públicas ou particulares. Hoje é garantido por lei o acesso e a continuidade dos estudos. Esse ponto precisa ser discutido por todos os estudantes e profissionais de educação. O objetivo principal é que a criança com deficiência tem o direito de participar do ensino regular. O artigo discute ainda a Educação Especial que deve ser oferecida a todas as crianças com deficiência, garantindo o atendimento com equipe especializada. A Educação Especial possui diferentes maneiras de organização, de acordo com a necessidade da criança, podendo ser apresentado de maneira exclusiva ou com apoio ao ensino regular, com atuação transitória ou permanente. Alguns anos após o Decreto em questão, foram organizadas as Diretrizes Curriculares para a Educação Especial, que busca, por sua vez, detalhar como o Decreto n°3298/1999, aqui discutido, pode ser concretizado em nossas escolas. A legislação é parte importante da disciplina de Educação Inclusiva. Muitas pessoas não aceitam a inclusão de crianças com deficiência na escola. Alguns dizem que esse não é o espaço para "essas" crianças, que a escola não está preparada, que não tem estrutura, e outras frases que demonstram resistência. Mas a inclusão é real, é lei válida em todo o território nacional. Então, na formação de professores, precisamos estudar e saber os porquês que fundamentam a inclusão. o Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Especial, de 2001 Neste documento, o Governo Federal organiza o texto em dois temas: 1. A organização dos sistemas de ensino - A legislação considera que existe a necessidade de adequar as escolas e as práticas pedagógicas para receber os alunos com necessidades especiais; 2. A formação de professores. Os princípios das Diretrizes Curriculares para Educação Especial são: 1. Preservação da dignidade humana; 2. A busca da identidade; 3. O exercício da cidadania. O objetivo das Diretrizes Curriculares é a busca da garantia de dignidade humana, ou seja, o reconhecimento da pessoa com deficiência com direitos, como todos os seres humanos. Assim, o texto explica o contexto social que justifica a criação dessa lei: Se historicamente são conhecidas as práticas que levam inclusive à extinção e à exclusão social de seres humanos, considerados não produtivos, é urgente que tais práticas sejam definitivamente banidas na sociedade humana. E bani-las não significa apenas não as praticar. Exige a adoção de práticas fundadas nos princípios da dignidade e dos direitos humanos” (DC, p. 24) Os focos das ações descritas nas Diretrizes Curriculares para a Educação Especial apresentam um conjunto de ações para que a inclusão possa ser efetivada em nossas escolas. Essas ações sugerem um conjunto de mudanças no sistema de ensino brasileiro. São elas: 1. No âmbito político: garantia de vagas; 2. No âmbito técnico-cientifico: formação de professores para perceber as necessidades, flexibilizar ações, avaliar e atuar em equipe; 3. No âmbito pedagógico: focar no ensino e na escola, nas formas e condições de aprendizagem; 4. No âmbito administrativo: criar uma infraestrutura que favoreça a inclusão. Diretrizes da política nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva: O Atendimento Educacional Especializado identifica, elabora e organiza recursos pedagógicos e de acessibilidade, que eliminem as barreiras para a plena participação dos alunos, considerando as suas necessidades específicas. As atividades desenvolvidas no atendimento educacional especializado diferenciam-se daquelas realizadas na sala de aula comum, não sendo substitutivas à escolarização. Esse atendimento complementa e/ou suplementa a formação dos alunos com vistas à autonomia e independência na escola e fora dela. Como podemos perceber, esse artigo explica que o Atendimento Educacional Especializado (AEE) é a assistência pedagógica que buscará compreender e remover as barreiras que existem na aprendizagem, propiciando o melhor desenvolvimento pedagógico possível paracada criança. O AEE funciona como complemento do ensino regular. Alguns anos depois, foi publicado o Decreto n°6949/2009, que regulamenta os Direitos da Pessoa com Deficiência. O documento tem como propósito promover, proteger e assegurar o exercício pleno e equitativo de todos os direitos humanos e as liberdades fundamentais de todas as pessoas com deficiência, e promover o respeito pela sua dignidade inerente; Define que pessoas com deficiência são aquelas que tem impedimentos em longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdades de condições com as demais pessoas. Esse documento foi assinado num encontro que reuniu mais de 40 países do mundo, numa ação conjunta em busca de promover uma educação inclusiva, diminuindo a segregação e a exclusão na sociedade, destacado assim o interesse em promover a dignidade e o acesso a cidadania. Seus princípios gerais são: A. O respeito à dignidade inerente, à autonomia individual, à liberdade de fazer as próprias escolhas e a independência das pessoas; B. A não-discriminação; C. A plena e efetiva participação e inclusão na sociedade; D. O respeito pela diferença e pela aceitação das pessoas com deficiência como parte da diversidade humana e da humanidade; E. A igualdade de oportunidades; F. A acessibilidade; G. A igualdade entre o homem e a mulher; H. O respeito pelo desenvolvimento das capacidades das crianças com deficiência e pelo direito das crianças com deficiência de preservar sua identidade.
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