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A FÁBULA COMO RECURSO PEDAGÓGICO NO PROCESSO DE 
EDUCAÇÃO INCLUSIVA 
 
 Autora: Regina Maura B.Marcon – Profª 
PDE - SEED – PR 
reginamarcon@gmail.com 
 Orientadora: Profª Drª Milena Ribeiro 
Martins – UFPR 
milenarm@hotmail.com 
 
Resumo 
Este artigo é resultado de pesquisa-ação realizada para o Programa de Desenvolvimento 
Educacional – PDE 2016. O tema “A Fábula como recurso pedagógico no processo de Educação 
Inclusiva” teve como objetivo principal levar o estudante a refletir e compreender a importância da 
Educação Inclusiva por meio da leitura e discussão de fábulas. Foram realizadas sete oficinas de 
leitura (ver APÊNDICE) para estudantes do 7º ano do Ensino fundamental. A escolha desse gênero 
literário deve-se ao fato de a fábula ser uma narrativa de fácil compreensão para os alunos, com 
grande valor pedagógico, que permite a ampla discussão sobre questões morais e éticas, sobre 
valores essenciais ao ser humano. Para colaborar com as modificações necessárias para a efetiva 
inclusão, propõe-se com esse trabalho a leitura de fábulas para que temas relativos a inclusão sejam 
discutidos, sentidos e problematizados pela comunidade escolar, especialmente pelos alunos. 
Devido à proposta do projeto, as Fábulas trabalhadas na implementação foram selecionadas com 
antecedência e por motivos específicos; são elas: “A coruja e a águia”; “O útil e o belo”; “A rã e o boi” 
e “O corvo e o pavão” todas retiradas do livro FÁBULAS, de Monteiro Lobato, onde o escritor fez a 
reescritura das Fábulas de Esopo e La Fontaine, adaptadas para a criança brasileira, sendo a 
primeira edição do início do século 20. Durante a realização das oficinas foi possível perceber 
algumas mudanças no comportamento dos estudantes e a demonstração de maior compreensão 
sobre a importância da educação inclusiva. 
 
Palavras-chave: Fábula. Currículo. Inclusão. Autoconhecimento. 
 
Introdução 
Diariamente, em nossas escolas, nos deparamos com estudantes que não 
sabem conviver com os colegas, não respeitam as diferenças, gerando assim vários 
conflitos. Em face disso, a escola deve prever no seu Projeto Político Pedagógico 
ações que visem a formação dos estudantes para que eles percebam que ninguém 
é igual a ninguém, e que ninguém é obrigado a ser igual a ninguém. Mas todos 
devem ser respeitados. 
mailto:reginamarcon@gmail.com
mailto:milenarm@hotmail.com
 Nesse contexto, o papel do pedagogo é fundamental para a superação das 
dificuldades do dia a dia escolar, bem como na implementação de novos projetos 
para as demandas que surgem a cada ano letivo. 
Assim, propõe-se com esse trabalho uma intervenção, através de oficinas de 
leitura, com a utilização da fábula, para o estudante tornar-se um colaborador na 
promoção da inclusão educacional. Acredita-se que essa intervenção possa levar os 
educandos que não são portadores de necessidades especiais a reconhecerem que 
cada pessoa tem sua individualidade, e esse indivíduo portador de necessidades 
especiais deve ser respeitado e ter seus direitos garantidos pela instituição que o 
acolheu. 
 As fábulas escolhidas para o projeto envolvem questões sobre 
autoconhecimento e fazem parte do livro FÁBULAS, de Monteiro Lobato, onde o 
escritor fez a reescritura de fábulas de Esopo (século VI a.C) e La Fontaine (1621 – 
1695), adaptadas para a criança brasileira, sendo a primeira edição do início do 
século 20. As histórias são narradas por Dona Benta com comentários das 
personagens do Sítio do Picapau Amarelo. Geralmente, fábulas foram e 
continuam sendo contadas ou escritas para aconselhar, e/ou alertar sobre algum 
fato que poderia ser da [ou acontecer na] vida real. No final da fábula, aparece a 
famosa “moral da história”, contendo algum ensinamento, crítica ou ainda ironia. 
 
Encaminhamentos Metodológicos 
 Utilizou-se a pesquisa-ação para articular a pesquisa teórica à prática. A 
pesquisa-ação 
(...) é um tipo de pesquisa social com base empírica que é concebida 
e realizada em estreita associação com uma ação ou com a 
resolução de um problema coletivo e no qual os pesquisadores e os 
representativos da situação ou problema estão envolvidos de modo 
cooperativo ou participativo (THIOLLENT, 2008, p.16). 
 
A estratégia de ação foi dividida em sete oficinas – durante o 1º 
semestre/2017 - elaboradas por assunto com atividades que envolveram 
questionamentos, leituras, apresentação de vídeo, dinâmicas e reflexões, com o 
intuito de contribuir para uma ampliação dos conhecimentos, promover o 
acolhimento e interação dos educandos em condições de inclusão no âmbito 
escolar, como também possibilitar mudanças de atitudes da comunidade escolar 
frente às diferenças que são constitutivas desse ambiente. 
Participaram das oficinas três turmas do 7º ano do Ensino Fundamental, do 
turno vespertino, totalizando aproximadamente 90 estudantes, do Colégio Estadual 
Júlia Wanderley, localizado no município de Curitiba, capital do Estado do Paraná. 
A média para cada turma foi de 14 horas-aula. As fábulas “A coruja e a 
águia”, “O útil e o belo”, “A rã e o boi” e “O corvo e o pavão” foram a base para o 
desenvolvimento das oficinas que abordaram os seguintes assuntos: 
- O que as fábulas nos ensinam? 
- Inclusão e respeito. 
- Compreendendo as diferenças. 
- Alguns aspectos da educação inclusiva. 
- A Declaração Universal dos Direitos Humanos. 
- Educação Inclusiva: possibilidades e desafios. 
Durante o mesmo período das oficinas de leitura na escola treze pedagogas 
da rede estadual de ensino participaram do Grupo de Trabalho em Rede – 
GTR/2017 – no qual fui professora-tutora no curso tema deste artigo: “A fábula como 
recurso pedagógico no processo de educação inclusiva”. Um dos objetivos do GTR 
é contribuir para o aperfeiçoamento dos Professores da Rede mediante estudo das 
proposições dos Professores PDE. Devo ressaltar que o projeto cresceu muito 
devido às contribuições das pedagogas participantes do curso, que compartilharam 
as suas experiências, opiniões, sugestões e o reconhecimento da importância de se 
trabalhar a educação inclusiva. 
 
Desenvolvimento 
O currículo escolar e a inclusão educacional 
 Segundo a SEED-PR, a preocupação com a Educação Especial, no âmbito 
da escola pública paranaense, teve início em 1958, no Centro Educacional Guaíra, 
hoje Colégio Estadual Guaíra, sob a iniciativa da professora Pórcia Guimarães 
Alves, então diretora da Instituição, que criou uma psicologia voltada para o estudo 
de crianças com problemas de aprendizagem e de repetência escolar. Em função 
desses estudos, foi criada naquela instituição a primeira classe especial em escola 
da rede pública de ensino do Paraná, iniciativa que se intensificou quando foi 
instituído em 1963, pela Secretaria de Estado da Educação e Cultura, o serviço de 
Educação de excepcionais. O ano de 1961 constitui-se num marco importante na 
história da Educação Especial do Paraná quando, pela primeira vez na legislação 
educacional, a Educação Especial foi contemplada com alguns artigos da lei 
4.024/61, que estabelecia as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. 
 No decorrer de 1971, a Secretaria de Estado da Educação (SEED) foi 
reestruturada, em consequência da lei 5.692/71, quando então o Serviço de 
Educação de Excepcionais passou a ser dirigido pelo Departamento de Educação 
Especial (DEE). Esse departamento se estruturou de forma setorizada, 
compreendendo a direção, o setor administrativo e os setores específicos que 
atualmente constituem o Departamento de Educação Especial e Inclusão 
Educacional (DEEIN). Sua missão é promover a qualidade do atendimento 
educacional especializado ofertado aos estudantes com deficiência intelectual, 
deficiência física neuromotora, deficiência visual, surdez, transtornos globais do 
desenvolvimento, altas habilidades/superdotação e aqueles que estão internados narede hospitalar ou afastados da escola por tratamento de saúde. 
No Brasil, a educação especial é uma modalidade que perpassa os níveis, 
etapas e modalidades da educação e atende a educandos com deficiência, 
transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação. O 
atendimento educacional especializado foi instituído pela Constituição Federal de 
1988, no inciso III do art. 208, e definido pelo art. 2 do Decreto nº 7.611/2011. A 
LDB (Lei nº 9.394/96 – de Diretrizes e Bases da Educação Nacional) define como 
dever do Estado o “atendimento educacional especializado aos educandos com 
necessidades especiais, preferencialmente na rede regular de ensino” (Artigo n° 4, 
III), norteando as políticas educacionais desde então, e oferecendo a base legal para 
a propagação da Educação Inclusiva. 
 A Resolução CNE/CEB Nº 2, de 11 de setembro de 2001, que institui as 
Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica, no ART 5º 
considera educandos com necessidades educacionais especiais os que durante o 
processo educacional apresentarem: 
I – dificuldades acentuadas de aprendizagem ou limitações no 
processo desenvolvimento que dificulte o acompanhamento das 
atividades curriculares, compreendidas em dois grupos: a) aquelas 
não vinculadas a uma causa orgânica específica; b) aquelas 
relacionadas a condições, disfunções, limitações ou deficiências; 
II – dificuldade de comunicação e sinalização diferenciadas dos 
demais alunos, demandando a utilização de linguagens e códigos 
aplicáveis; 
III – altas habilidades/superdotação, grande facilidade de 
aprendizagem, que os leve a dominar rapidamente conceitos, 
procedimentos e atitudes. 
 
 Conforme a legislação brasileira – MEC (1996), a proposição dessas políticas 
deve centrar seu foco de discussão na função social da escola. É no projeto 
pedagógico que a escola se posiciona em relação ao seu compromisso com uma 
educação de qualidade para todos os seus alunos. Assim, a escola deve assumir o 
papel de propiciar ações que favoreçam determinados tipos de interações sociais, 
definindo, em seu currículo, uma opção por práticas heterogêneas e inclusivas. De 
conformidade com o art 13 da LDBEN, em seus incisos I e II, ressalta-se o 
necessário protagonismo dos professores no processo de construção coletiva do 
projeto pedagógico. Dessa forma, não é o aluno que se amolda ou se adapta à 
escola, mas é ela que, consciente de sua função, coloca-se à disposição do aluno, 
tornando-se um espaço inclusivo. 
 Sobre a finalidade da escola, Eloiza Oliveira, considera que: 
 O projeto político pedagógico define a relação da escola com a 
comunidade que a cerca e pode influenciar a sociedade no sentido de 
encaminhá-la para ser inclusiva. Essa sociedade tem como objetivo 
principal oferecer oportunidades iguais para que cada pessoa seja 
autônoma e autodeterminada. Ela é democrática, reconhece todos os 
seres humanos como livres e iguais e com direito a exercer sua 
cidadania. (OLIVEIRA, 2009, p. 120) 
 
 Cabe à escola organizar e determinar as questões relacionadas a didática, 
metodologia, filosofia, temporalidade, estratégias de avaliação e, principalmente, o 
que a torna inclusiva ou não, as adaptações curriculares. Além disso, o currículo 
escolar deve contribuir também para a socialização dos alunos, com ou sem 
necessidades especiais. 
 O currículo tem como foco o aluno. Para atingir seus objetivos faz-se 
necessário que a escola tenha projetos que incorporem a realidade social, que 
desenvolva ideias, atitudes e conhecimentos que proporcionem reflexões voltadas 
para a valorização da diversidade, e que os conteúdos privilegiem o conhecimento e 
a percepção do mundo capacitando o aluno para o entendimento e participação na 
vida social. É no convívio com o outro que o aluno conhece a si mesmo, forma a 
sua identidade e aprende a exercer a cidadania. 
 Sacristán (1998) defende que o currículo deve ser entendido como processo, 
que envolve uma multiplicidade de relações, abertas ou tácitas, em diversos 
âmbitos, que vão da prescrição à ação, das decisões administrativas às práticas 
pedagógicas, na escola como instituição e nas unidades escolares especificamente. 
 As Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica 
definem na concepção de currículo que: 
 As dificuldades de aprendizagem na escola apresentam-se como um 
contínuo, compreendendo desde situações mais simples e/ou 
transitórias – que podem ser resolvidas espontaneamente no curso 
do trabalho pedagógico – até situações mais complexas e/ou 
permanentes – que requerem o uso de recursos ou técnicas especiais 
para que seja viabilizado o acesso ao currículo por parte do 
educando. Atender a esse contínuo de dificuldades requer respostas 
educativas adequadas que abrangem graduais e progressivas 
adaptações de acesso ao currículo, bem como adaptações de seus 
elementos. Em casos muito singulares, em que o educando com 
graves comprometimentos mentais e/ou múltiplos não possa 
beneficiar-se do currículo da base nacional comum, deverá ser 
proporcionado um currículo funcional para atender às necessidades 
práticas da vida. (MEC, Diretrizes Nacionais para Educação Especial, 
2001, p.58). 
 
Assim, tendo no currículo a base organizacional da escola, espera-se que o 
professor saiba acolher e desenvolver a aprendizagem dos seus alunos respeitando 
a diversidade, que as atividades propostas incentivem a cooperação entre os 
educandos, e que os professores atuem de forma integrada e colaborativa. 
 Desse modo, o currículo desenvolvido na escola configura-se como um 
projeto global de cultura e de educação, “no qual se deve observar não apenas 
objetivos relacionados com os conteúdos de matérias escolares, mas também outros 
que são comuns a todas elas ou que ficam à margem das mesmas.” (SACRISTÁN, 
2000, p. 245). 
 
O trabalho pedagógico e a inclusão educacional 
 Almeida e Soares (2010) fazem uma reflexão referindo-se ao pedagogo como 
o profissional que tem um papel indispensável no ambiente escolar, pois é 
entendido como um articulador do trabalho educativo. Ele é o profissional que deve 
intervir colaborativamente nas ações realizadas no contexto escolar, dentro e fora da 
sala de aula, contribuindo para tornar a escola um ambiente democrático e 
propagador de uma educação de qualidade. 
 Outro grande desafio desse profissional é sensibilizar o corpo docente para a 
elaboração dos planos individuais – planos de aula que respeitem a individualidade 
do aluno – com as devidas adequações curriculares/metodológicas com o objetivo 
de melhorar a qualidade da educação inclusiva. O Plano de Trabalho Docente, a 
Proposta Pedagógica Curricular e o Projeto Político Pedagógico da escola devem 
refletir sobre a educação inclusiva em toda a sua extensão, esses documentos 
devem expressar a busca de potencialidades, a construção da diversidade através 
do ensino, entendendo-se que o processo que viabiliza uma educação inclusiva 
deve ser uma construção coletiva, com a participação de todos os integrantes da 
comunidade escolar. 
 De acordo com Sacristán (1998), em meio a esses conflitos, não é a prática 
pedagógica a ser definida com as soluções propostas, e sim o papel que o professor 
ocupa nessa prática que produzirá algum efeito. Destaca-se aí a importância dos 
recursos pessoais do professor, considerados como a base que o aproximará ou o 
afastará do contexto, de novas ideias. Os recursos pessoais constituem um conjunto 
de conhecimentos que vão além dos conteúdos que a disciplina exige, mas fazem 
parte da prática docente, como: saber equilibrar conhecimento e modo de ensinar, 
as estratégias de ensino e aprendizagem a serem utilizadas, o compromisso com a 
realidade onde está inserido. 
 A concepção de escola,alunos e sociedade que queremos envolve a 
diversidade, e a inclusão torna-se fundamental para promover o direito à educação 
e a cidadania superando a desigualdade e a segregação. 
 
A leitura de fábulas como recurso para a inclusão educacional 
 Ana Maria Machado propõe que: “Ler bem é ficar mais tolerante e mais 
humilde, aceitar a diversidade, dispor-se a tolerar a diferença e a divergência”. 
(MACHADO 2002, p. 100) 
 Superar os desafios relacionados à inclusão escolar pressupõe mudanças. 
Para isso a leitura literária, além de nos ajudar a ler melhor, pode levar o leitor a 
reflexões e considerações não pensadas ou elaboradas antes de determinada 
leitura. 
A literatura nos diz o que somos e nos incentiva a desejar e a 
expressar o mundo por nós mesmos. E isso se dá porque a literatura 
é uma experiência a ser realizada. É mais que um conhecimento a 
ser reelaborado, ela é a incorporação do outro em mim sem renúncia 
da minha própria identidade. (COSSON, 2009, p.17) 
 
 A imersão em histórias pode modificar o jovem leitor e consequentemente a 
realidade que o cerca. 
 A literatura é uma prática e um discurso, cujo funcionamento deve 
ser compreendido criticamente pelo aluno. Cabe ao professor 
fortalecer essa disposição crítica, levando seus alunos a ultrapassar o 
simples consumo de textos literários. (COSSON, 2009, p.47) 
 
 Assim, trabalhar literatura na escola pode levar o estudante a perceber as 
diferenças entre os seres humanos como algo natural e entender que muitas 
diferenças não dependem de vontade própria, pois são consequências de ordem 
genética e também da experiência de vida de cada um. 
 Nesse sentido, proponho que a leitura de fábulas pode levar o estudante a 
mudanças de comportamento, que virão da leitura seguida de discussão coletiva, e 
consequentemente ajudar a promover a inclusão educacional, compreendendo e 
respeitando a diversidade que nos cerca e que nos constitui. 
 A fábula é uma narrativa figurada, na qual personagens são sempre animais 
que possuem características humanas, e é sustentada por uma lição de moral, 
constatada na conclusão da história. Muitas delas nasceram na Antiguidade e eram 
usadas pelos pedagogos da época para ensinar o comportamento ético às crianças 
que educavam. André Jolles, um estudioso de gêneros dentre os quais se inclui a 
fábula, registra que: 
As personagens e as aventuras do Conto não nos propiciam, pois, a 
impressão de serem verdadeiramente morais; mas é inegável que 
nos proporcionam certa satisfação. Por quê? Porque satisfazem, ao 
mesmo tempo, o nosso pendor para o maravilhoso e o nosso amor ao 
natural e ao verdadeiro mas, sobretudo, porque as coisas se passam 
nessas histórias como gostaríamos que acontecessem no universo, 
como deveriam acontecer. (JOLLES, 1976, p. 198) 
 
O mundo mágico e imaginário das fábulas, onde os animais pensam e agem 
como pessoas, cometendo erros e acertos, demonstrando qualidades e defeitos, 
permite ao estudante compreender valores e comportamentos presentes na nossa 
sociedade. 
 Luís da Câmara Cascudo, considerado um dos mais importantes escritores e 
estudiosos da cultura popular brasileira, sobre a relação da cultura indígena com a 
fábula, escreve “A Fábula tem essa importância porque é o gênero único onde o 
indígena critica e ensina”. E, “Os problemas morais, sociais e vitais eram 
esclarecidos na ação dos bichos. Havia uma intenção soberana de ensino e de 
direção ética, acima da consagração dos modelos animais, vencedores ou cínicos”. 
(CASCUDO, 1984, p. 90 – 91) 
Dessa forma, para promover a educação inclusiva na escola torna-se 
necessário que principalmente alunos e professores recebam todos os estudantes 
respeitando-se as diferenças individuais, considerando o tempo e o espaço de que 
cada um necessita. Nesse caso, a fábula pode ser um recurso pedagógico eficaz, 
pois nos ensina a refletir sobre os acontecimentos da vida cotidiana. 
Durante as oficinas a maioria dos estudantes demonstrou interesse pela 
leitura das fábulas, mas foram as discussões coletivas que os levaram as reflexões e 
melhor compreensão sobre o que é educação inclusiva. Eles conseguiram, através 
do exemplo trazido pela fábula, expor situações vivenciadas na escola, na família e 
também na sociedade, seja porque presenciaram alguma ocorrência de exclusão ou 
inclusão, ou através das notícias vindas pela internet ou televisão principalmente. 
 Na oficina onde se trabalhou a fábula “A coruja e a águia” (LOBATO, 2012, 
p. 14-15) os estudantes relataram situações onde se sentiram excluídos devido às 
suas características físicas ou intelectuais (alto, baixo, gordo, magro, tipo de 
cabelo e outras como uso de óculos, aparelho nos dentes, ser o mais/menos 
inteligente da turma ). Resumo da fábula: A coruja e a águia depois de muita briga 
resolveram fazer as pazes. Combinaram de não comer os filhotes uma da outra. A 
águia perguntou como distinguiria os filhotes da coruja. Respondeu a coruja “- Coisa 
fácil. Sempre que encontrares uns borrachos lindos, bem-feitinhos de corpo, alegres, 
cheios de graça...,já sabes, são os meus”. Dias depois a águia encontrou um ninho 
com três monstrengos dentro. Ela achou os bichos horríveis e comeu-os. Moral da 
história: quem o feio ama, bonito lhe parece. Nesse caso, eles relacionaram a fábula 
com experiências pessoais, ou seja, aqueles que são lindos em casa quando 
chegam na escola não são percebidos da mesma forma. Foi um momento de 
discussão e reflexão sobre como a pessoa se vê. 
Com a leitura da fábula “O útil e o belo” (LOBATO, 2012, p. 45 – 46) o 
objetivo foi fomentar discussões sobre o respeito pelas diferenças. Nessa oficina 
eles observaram e relataram sobre características, próprias ou dos colegas, que 
eles julgaram positivas ou negativas , como: “é baixinho, mas joga futebol muito 
bem”, “ela é feia, mas é muito inteligente”, “ele é magrela e alto demais, mas é o 
único que alcança os livros no alto do armário”. Assim, eles apontaram 
características que num primeiro momento pode ser ruim, mas quando perceberam 
a importância daquela diferença passaram a valorizá-la. Resumo da fábula: Um 
veado viu sua imagem refletida nas águas do rio e pensou “- bem malfeito de corpo 
que sou! A cabeça é linda, com estes formosos chifres...Mas as pernas...muito finas, 
muito compridas...”. De repente ele ouve o latido de cães de caça. Ele foge 
embrenhando-se na floresta. Enquanto corria percebeu que os chifres se 
enroscavam nos cipós e atrapalhava a fuga, e que as pernas finas eram sua única 
segurança. Acabou mudando de ideia, melhor pernas finas e úteis do que os chifres 
bonitos e inúteis. 
“A rã e o boi” (LOBATO, 2012, p. 15 – 16) foi a fábula escolhida para fomentar 
discussões sobre se aceitar e como uma pessoa pode ajudar a outra a partir das 
diferenças entre elas. Resumo da fábula: A rã e a saracura tomavam sol à beira de 
um brejo. Quando viu um boi a rã quis se inchar para ficar do tamanho do boi. Se 
estufou tanto que explodiu como um balão. Com esta fábula os estudantes foram 
incentivados a falarem sobre as limitações de cada um e sobre as diferenças que 
envolvem os seres humanos. Nesse caso, os estudantes salientaram as suas 
dificuldades com relação à aprendizagem e perceberam que o que é muito difícil 
para alguém, como por exemplo a matemática, para outro é muito fácil. Eles 
entenderam também que alguns alunos têm mais dificuldade durante as aulas 
devido a alguma deficiência, como por exemplo os estudantes com déficit de 
atenção, com TDAH, com deficiência auditiva, os autistas que necessitam de mais 
atenção por parte dos professores e incentivo dos colegas ajudando-os nas 
atividades diárias. Nessa oficina os estudantes mais desinibidos e que contam com 
acompanhamento de especialistas (psicólogo, neurologista, psicopedagogo, 
psiquiatra) falaram livrementesobre as suas dificuldades na escola, levando os 
colegas a compreenderem melhor as situações do dia a dia escolar, como a 
agitação do hiperativo, a demora para copiar os exercícios e a necessidade de 
sentar nas primeiras carteiras daquele que tem déficit de atenção. 
E, na última oficina, quando trabalhamos sobre as possibilidades e os 
desafios da educação inclusiva, a fábula escolhida para fomentar discussões sobre 
identidade, sobre o que distingue cada pessoa foi “O corvo e o pavão” (LOBATO, 
2012, p. 58 – 59). Nesse caso, os estudantes foram incentivados a falar sobre a 
inclusão fazendo as seguintes reflexões: “você aceita a diferença do outro?” e “você 
está pronto para lidar com alguém diferente de você?”. Resumo da fábula: O pavão 
muito vaidoso disse ao corvo que era a mais formosa das aves, a mais perfeita. O 
corvo não concordou com tal perfeição. O pavão orgulhoso não aceitou a crítica e 
respondeu: “- Quem quer criticar-me! Um bicho preto, capenga, desengraçado e, 
além disso, ave de mau agouro...Que falha você vê em mim...?”. O corvo logo 
respondeu que as patas do pavão eram de dar vergonha. Fazendo, assim, o pavão 
reparar nos próprios pés. Os estudantes falaram livremente sobre o assunto e 
reconheceram a necessidade de informação para saberem conviver com os colegas 
com necessidades especiais. 
Ler uma narrativa literária (como ninguém precisa ensinar, mas cada 
leitor vai descobrindo à medida que se desenvolve) é um fenômeno 
de outra espécie. Muito mais sutil e delicioso. Vai muito além de 
juntar letras, formar sílabas, compor palavras e frases, decifrar seu 
significado de acordo com o dicionário. É um transporte para outro 
universo, onde o leitor se transforma em parte da vida de um outro, e 
passa a ser alguém que ele não é no mundo cotidiano. (MACHADO, 
2002, p.77) 
 
Considerações Finais 
 
Nos últimos anos a Educação Inclusiva ganhou força no Brasil. As pessoas 
com alguma deficiência ganharam visibilidade seja através de políticas públicas, ou 
das famílias que foram atrás dos seus direitos; da televisão e da internet com 
reportagens e entrevistas; também através de filmes. Um dos filmes mais recentes é 
“O Farol das Orcas” (Direção: Gerardo Olivares. Nacionalidade: Argentina, Espanha. 
Ano: 2016. Netflix/Brasil. Tempo: 110min) baseado na relação de uma criança 
autista com o mundo que a rodeia. Livros também nos dão uma dimensão dos 
desafios da inclusão, um bom exemplo é o livro Longe da Árvore, onde o autor 
Andrew Solomon procura descobrir o que acontece com as famílias ao descobrirem 
que têm um filho diferente do esperado. 
E a escola? Como a escola está tornando a inclusão uma realidade? 
A Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Lei 13.146 de 
06/07/2015), que começou a vigorar no início de 2016, proíbe qualquer escola 
(pública ou particular) de recusar matrícula de crianças e adolescentes com 
deficiência no ensino regular. 
Assim, nossas escolas precisam ir além de questões como ter banheiros 
adaptados, portas largas e elevadores para atender os estudantes cadeirantes. A 
acessibilidade é importante e todos que dela necessitam devem ser respeitados; no 
entanto, existem outros estudantes com necessidades que não são visíveis. É 
essencial que as instituições de ensino estejam atentas para acolher os estudantes 
com necessidades educacionais especiais como um ser humano que tem o direito 
de estudar e ser atendido respeitando-se as suas expectativas de aprendizagem. 
Para desenvolver uma perspectiva inclusiva, a escola precisa buscar formas 
de interação e recursos pedagógicos que possam levar o estudante a 
compreender, a fazer reflexões e aprofundar conhecimentos sobre as necessidades 
educacionais especiais suas e alheias. 
Nesse sentido, buscamos com a proposta das oficinas de leitura uma 
estratégia didática para envolver os educandos no processo da educação inclusiva. 
As oficinas de leitura foram momentos significativos para a sensibilização dos 
estudantes sobre a inclusão educacional. De maneira lúdica e divertida as fábulas 
escolhidas levaram-nos a uma maior percepção da realidade com relação as 
diferenças existentes entre os seres humanos. Todo o processo de leitura 
aconteceu nas salas de aula e na maioria das vezes em grupos. Tem um exemplar 
do livro Fábulas (LOBATO, 2012) disponível na biblioteca do colégio e as fábulas 
escolhidas foram digitadas e “xerocadas” para que cada estudante tivesse sua cópia 
dos textos. As atividades foram desenvolvidas coletivamente, às vezes em duplas, 
mas sempre com a exposição para todo o grupo. 
 Sobre as fábulas escolhidas: 
“A coruja e a águia” (LOBATO, 2012, p. 14 – 15), foi escolhida para fomentar 
discussões sobre como a pessoa se vê. 
A fábula, intitulada “O útil e o belo” (LOBATO, 2012, p. 45 – 46), trabalhamos 
o respeito pela diferença e a aceitação das pessoas com deficiência. 
Na reflexão sobre autoconhecimento proposta na fábula “A rã e o boi” 
(LOBATO, 2012, p. 15 – 16), os estudantes perceberam que as pessoas são 
diferentes, trabalhamos a não discriminação através da demonstração das 
características de cada um. 
E, em o “O corvo e o pavão” a discussão envolveu questões de identidade, 
sobre o que distingue cada pessoa. 
Durante o processo de desenvolvimento das oficinas de leitura percebeu-se 
que o trabalho de discussão e problematização sobre a inclusão educacional: 
- ajudou a promover a sensibilização dos estudantes, aproximando-os de 
uma realidade sobre a qual muitos ainda não haviam pensado; 
- através das reflexões feitas, elevou-se o nível de compreensão dos 
estudantes sobre o que é inclusão educacional; 
- levou os estudantes à análise de situações de inclusão e exclusão que 
ocorrem no dia a dia escolar e na sociedade de maneira geral; 
- possibilitou mudanças de atitude, levando estudantes sem necessidades 
especiais a serem mais compreensivos com os colegas com necessidades 
especiais. 
No decorrer deste trabalho, o número de estudantes com necessidades 
educacionais especiais, distribuídos nas três turmas, era de cinco, sendo dois 
TDAH, um autista leve, dois com dificuldade de comunicação (um por baixa audição 
e o outro com problema na fala). 
Os professores do colégio tomaram ciência do trabalho em forma de oficinas 
através de apresentação feita pela autora durante a Semana Pedagógica em 
Fev/2017. Os professores dos sétimos anos cederam aulas para o desenvolvimento 
do projeto com os estudantes. 
Finalmente, podemos concluir que a proposta de trabalho com oficinas de 
leitura utilizando fábulas serviu para motivar os estudantes para aprenderem sobre 
alguns aspectos da educação inclusiva e também para que eles percebessem que a 
sociedade está repleta de pessoas diferentes que não devem ser discriminadas. 
Esta experiência nos mostrou que a inclusão é também uma oportunidade para os 
alunos aprenderem uns com os outros, levando os estudantes a mudança de 
comportamento, demonstrando que é possível conviver com as diferenças que a 
educação inclusiva propõe com respeito e responsabilidade. 
 
Referências 
ALMEIDA, Cláudia M.; SOARES, Kátia C.D. Pedagogo escolar: as funções 
supervisora e orientadora. Curitiba: Editora IBPEX, 2010. 
BRASIL. Presidência da República. Constituição Federal. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm Acesso em: 27 
mai 2016 
______. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Especial. Marcos 
Político-Legais da Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. 
Disponível em: 
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=6726
-marcos-politicos-legais&Itemid=30192 Acesso em: 27 mai 2016 
______. Presidência da República. Ministério da Educação. Lei de diretrizes e 
bases da educação nacional. Lei nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996. Brasília: 
MEC, 1996. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htmAcesso em: 27 mai 2016 
______. Presidência da República. Casa Civil. Dispõe sobre a Educação Especial. 
Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/decreto/d7611.htm Acesso 
em: 27 mai 2016 
______. Presidência da República. Casa Civil. Institui a Lei Brasileira de Inclusão 
da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm Acesso 
em: 19 ago 2016 
CASCUDO, Luís da Câmara. Literatura Oral no Brasil. São Paulo: Editora da 
Universidade de São Paulo, 1984. 
COSSON, Rildo. Letramento Literário: teoria e prática. São Paulo: Editora 
Contexto, 2009. 
JOLLES, Andre. Formas Simples; tradução de Álvaro Cabral - São Paulo: Editora 
Cultriz, 1976. 
LAJOLO, Marisa; CECCANTINI, João Luís. Monteiro Lobato, Livro a Livro: Obra 
Infantil. 1ª reimpressão – São Paulo: Editora UNESP, 2009. 
LAJOLO, Marisa; Zilberman, Regina. Literatura Infantil Brasileira: História e 
Histórias. 6ª ed. São Paulo: Editora Ática, 2007. 
LOBATO, Monteiro. Fábulas. 3 ed. São Paulo: Editora Globo, 2012. 
MACHADO, Ana Maria. Como e por que ler os clássicos universais desde cedo. 
Rio de Janeiro: Editora Objetiva, 2002. 
MINETTO, Maria de Fátima Joaquim ET ALL./ Diversidade na aprendizagem de 
pessoas portadoras de necessidades especiais – Curitiba: IESDE Brasil S.A., 
2010. 
NOGUEIRA, Mário Lúcio de Lima; OLIVEIRA, Eloiza da Silva Gomes; SÁ, Márcia 
Souto Maior Mourão. Legislação e Políticas Públicas em Educação Inclusiva – 
Curitiba: IESDE Brasil S.A., 2009. 
PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação – Educação Especial. Histórico e 
legislação. Disponível em: 
http://www.educacao.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=11 
Acesso em: 28 mai 2016 
[Início da Educação Inclusiva no Paraná] Disponível em: 
http://www.ctaguaira.seed.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=46 
Acesso em: 28 mai 2016 
PETIT, Michele. Os jovens e a leitura: uma nova perspectiva; tradução de Celina 
Olga de Souza - São Paulo: Editora 34, 2008. 
SACRISTÁN, J.G. Currículo uma reflexão sobre a prática. 3 ed. Porto Alegre: 
Artmed, 1998. 
SACRISTÁN, J.G; GOMES, A.I.Perez. Compreender e transformar o ensino. 4 ed. 
Porto Alegre: Artmed, 2000. 
SOLOMON, Andrew. Londe da Árvore – Pais, Filhos e A Busca da Identidade. 
1ª ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2013. 
THIOLLENT, Michel. Metodologia da pesquisa-ação. 16. ed. São Paulo: Cortez, 
2008. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
APÊNDICE - Oficinas 
 
1ª OFICINA 
Assunto: Apresentação do tema “A FÁBULA COMO RECURSO PEDAGÓGICO NO 
PROCESSO DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA”. 
- conversa informal com os alunos para a apresentação do tema; 
- estimular os alunos para falarem sobre a inclusão educacional; 
- conversar com os alunos a respeito de fábulas que eles já conheçam. 
Perguntas aos alunos: 
a) Você sabe o que significa inclusão? 
b) Você sabe o significado da palavra exclusão? 
c) Você sabe o que significa “necessidade educacional especial”? 
d) Você já presenciou situações de exclusão na escola? E, fora dela? 
Dinâmica: “CARTEIRA DE IDENTIDADE” 
Objetivo: que um colega descreva o outro como o vê. 
Descrição: Formar duplas. Os alunos se sentam um de frente para o outro. Cada um 
descreve o outro através de um texto suscinto. Depois as descrições são trocadas e 
lê-se o que um colega percebe no outro. Essa leitura pode ser silenciosa ou feita em 
voz alta. 
- expressar livremente e oralmente sobre a atividade realizada. 
* escolher e reservar um espaço na parede da sala de aula para fazer um mural, 
onde serão colocadas as atividades desenvolvidas no decorrer dos encontros. 
- colar as descrições no mural. 
REFLEXÃO: Cada pessoa deve se observar e pensar que todas as pessoas são 
diferentes de alguma forma. E o modo como um indivíduo se vê não é igual ao modo 
que outros o veem. 
 
2ª OFICINA 
Assunto: O que as fábulas nos ensinam? 
Explicar aos alunos que vamos trabalhar com algumas fábulas durante nossos 
encontros. E, que as fábulas escolhidas para esse projeto foram retiradas do livro - 
“Fábulas” - de Monteiro Lobato. 
Vídeo: Monteiro Lobato (3’20) – para apresentação do autor. 
link: https://www.youtube.com/watch?v=BD0lS35IZUY 
Perguntas aos alunos: 
a) quem conhece as histórias de Monteiro Lobato? 
b) você conhece as personagens do Sítio do Picapau Amarelo? 
c) o que são fábulas? 
d) você conhece alguma fábula? 
e) as fábulas podem nos trazer algum ensinamento? 
f) o que são valores morais? 
Explicar que no final de cada fábula as personagens do Sítio do Picapau Amarelo 
comentam as histórias que são contadas por Dona Benta. 
Leitura: em duplas fazer a leitura da fábula “A coruja e a águia”. Essa fábula foi 
escolhida para fomentar discussões sobre como a pessoa se vê – “- Para mim, vovó 
– comentou Narizinho -, esta é a rainha das fábulas. Nada mais verdadeiro. Para os 
pais os filhos são sempre uma beleza, nem que sejam feios como os filhos da 
coruja.” 
- incentivar os alunos para tecerem seus próprios comentários sobre a leitura 
realizada; 
- sobre o comentário da personagem Narizinho “Para os pais os filhos são sempre 
uma beleza, nem que sejam feios como os filhos da coruja”. Perguntar: “o que você 
entendeu sobre o comentário da Narizinho?” 
 REFLEXÃO: fazer um pequeno texto ou um desenho para responder às questões: 
- você já se sentiu excluído? Por quê? Em que situação? 
- Se a resposta for afirmativa, o que você gostaria de dizer à pessoa que o excluiu? 
Inclua no seu texto ou desenho essa resposta ou reação. 
Colar a produção do aluno no mural. 
 
3ª OFICINA 
https://www.youtube.com/watch?v=BD0lS35IZUY
Assunto: Inclusão e respeito. 
Dinâmica: “QUADRILHA” 
Descrição: Os participantes ficam um de frente para o outro, em círculo, como se 
fossem parceiros de quadrilha. Eles se cumprimentam apresentando-se e vão 
passando de um para o outro até chegar ao parceiro inicial. Além da apresentação, 
os participantes devem falar sobre uma característica de temperamento ou física, e 
uma dificuldade escolar que tenha. 
Perguntas aos alunos: 
a) todos têm as mesmas características? 
b) todos têm as mesmas dificuldades? 
c) como você pode ajudar o seu colega a superar uma dificuldade? 
d) para você o que significa “respeitar o outro”? 
e) você lembra quem mais se assemelhou com você durante a dinâmica? 
Leitura: em duplas fazer a leitura da fábula “O útil e o belo”. Essa fábula foi 
escolhida para fomentar discussões sobre o respeito pelas diferenças. 
- incentivar os alunos para comentarem sobre a leitura realizada; 
- para estimular os comentários fazer perguntas aos alunos, como: 
a) o que vocês acharam da história? 
b) qual a importância de se valorizar e de respeitar o outro como ele é? 
- com quais sentimentos humanos podemos relacionar as seguintes falas do veado: 
“Bem malfeito de corpo que sou!” e, “a natureza foi injusta comigo”? 
- escreva uma característica de um colega que você não tem mas gostaria de ter. 
- escreva uma característica que você tem e que te faz feliz. 
REFLEXÃO: Somos todos diferentes. 
- Você respeita as pessoas que são diferentes de você? 
- Por meio de que atos demonstramos respeito ou falta de respeito com relação às 
diferenças? 
 
4ª OFICINA 
Assunto: Compreendendo as diferenças. 
- conversa informal com os alunos sobre diferenças, citar exemplos (como: 
diferentes lugares, culturas, vestimentas, cor da pele, formato dos olhos) e incentivar 
que eles colaborem com outros exemplos; 
Perguntar aos alunos, e incentivá-los a dar exemplos, como: 
a) quem acompanhou os jogos paralímpicos? Conversar sobre os atletas 
paralímpicos, dar exemplos utilizando imagens, recortes de jornais, fotos e textos 
para estimular a discussão; 
b) o que são brinquedos inclusivos? 
c) as pessoas devem se aceitar como são, ou seja, com suas deficiências, 
diferenças? 
- solicitar aos alunos que façam umcírculo e sentem-se no chão para que possamos 
ler em conjunto a fábula “A rã e o boi”. 
Leitura: fazer a leitura em voz alta da fábula “A rã e o boi”. Essa fábula foi 
escolhida para fomentar discussões sobre se aceitar como é. 
Nessa leitura espera-se que o aluno perceba que as pessoas não são iguais, que 
cada ser humano tem suas limitações e também necessidades diferentes. 
Estimular os alunos a falarem livremente sobre as diferenças que envolvem os seres 
humanos, salientar sobre as deficiências físicas, auditivas, visuais, as pessoas 
superdotadas, aquelas que teêm dificuldade de aprendizagem, os autistas, os down. 
Atividade: 
- Utilizando uma revista, cada aluno deverá escolher a figura de uma pessoa, 
recortar e colar no mural; 
- livremente e oralmente, os alunos devem falar sobre as figuras que escolheram e 
citar alguma diferença entre elas. 
REFLEXÃO: Podemos aprender com esse texto que as pessoas são diferentes e 
fazem coisas diferentes. Como uma pessoa pode ajudar a outra a partir das 
diferenças entre elas? 
 
5ª OFICINA 
Assunto: Alguns aspectos da educação inclusiva. 
Conforme a Resolução CNE/CEB Nº 2, de 11 de setembro de 2001, são educandos 
com Necessidades Educacionais Especiais (NEE) aqueles que durante o processo 
educacional apresentarem: 
I – dificuldades acentuadas de aprendizagem ou limitações no processo 
desenvolvimento que dificulte o acompanhamento das atividades curriculares, 
compreendidas em dois grupos: a) aquelas não vinculadas a uma causa orgânica 
específica; b) aquelas relacionadas a condições, disfunções, limitações ou 
deficiências; 
II – dificuldade de comunicação e sinalização diferenciadas dos demais alunos, 
demandando a utilização de linguagens e códigos aplicáveis; 
III – altas habilidades/superdotação, grande facilidade de aprendizagem, que os 
leve a dominar rapidamente conceitos, procedimentos e atitudes. 
 
Apresentar aos alunos, de forma resumida, trechos das seguintes leis (cada aluno 
recebe o resumo por escrito): 
- Lei 13.146 - de 06jul/2015 (Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência; 
- Lei 9.394 de 20/dez/1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira; 
- Lei 8.069 de 13/jul/1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA); 
- Constituição da República Federativa do Brasil/1988 – Art. 227 
Perguntas aos alunos: 
a) Você já conhecia essas leis? 
b) Você conhece alguém com NEE (Necessidades educacionais especiais)? 
c) Você acredita que é possível fazer adaptações e adequações na escola para 
as pessoas com NEE? 
Vídeo: link https://www.youtube.com/watch?v=j3-yzfAC06g 
Apresentação do vídeo (8min) “Em minha mente Asperger” (relato de um 
adolescente autista, ele fala sobre o “seu mundo” e suas dificuldades). 
Após a apresentação do vídeo, citar algumas características das pessoas autistas, 
como as dificuldades: de interação social, em expressar emoções, mudanças na 
rotina; o desenvolvimento cognitivo é normal ou alto. 
- Incentivar os alunos para comentarem sobre o relato do aluno que aparece no 
vídeo. Auxiliar os alunos, fazendo perguntas, como: 
a) O comportamento dele é igual ao das outras pessoas? 
b) Ele fica irritado com o barulho na sala de aula? 
c) Ele consegue ler como as outras pessoas? 
https://www.youtube.com/watch?v=j3-yzfAC06g
d) O que ele espera das pessoas que, como você, assistiram o vídeo? 
Dinâmica: “Jardim dos sentidos” 
Descrição: dividir a turma em dois grupos; em um dos grupos, todos os alunos 
cobrem os olhos com uma venda (de tecido) e utilizando-se apenas do tato devem 
procurar identificar objetos que estarão nas mãos dos colegas do outro grupo (não 
vendado). 
Depois de tatearem todos os objetos os alunos trocam de posição. Nesse momento 
alguns objetos também serão trocados. Repetindo a atividade de tatear cada objeto. 
Ao terminar de tatear os objetos, retiram-se as vendas. Sentados formando um 
grande círculo dentro da sala de aula, os alunos fazem o relato, um de cada vez, 
sobre a experiência vivida com a dinâmica. 
 
- Incentivar os alunos a relatarem sobre o que sentiram durante a dinâmica e darem 
outros exemplos que eles imaginam de situações que as pessoas com necessidades 
especiais podem viver. 
REFLEXÃO: A pessoa com deficiência encontra dificuldades no seu cotidiano. 
Como você pode ajudar a promover a inclusão dessas pessoas? 
 
6ª OFICINA 
Assunto: A Declaração Universal dos Direitos Humanos 
Fazer um breve relato sobre a Declaração. 
Perguntas aos alunos: 
a) O que é ter direito humano? 
b) O que nos torna humanos? 
c) Buscar uma definição para “ser humano”. 
Dinâmica: “EM BUSCA DE SOLUÇÃO” 
Descrição: O professor elabora um problema para que o aluno apresente uma 
solução. A atividade funciona bem em equipe, uma vez que permite que os alunos 
troquem impressões e discutam possibilidades de solução. 
- Problema: A escola recebeu um aluno cadeirante, sua sala de aula fica no segundo 
andar, mas na escola não tem elevador. Como fazer para esse aluno permanecer na 
escola? 
REFLEXÃO: A minha escola é inclusiva?! 
Escolha uma das opções e complete a frase: 
a) A minha escola é inclusiva 
porque............................................................................................... 
b) A minha escola não é inclusiva porque 
.....................................................................................................................A minha 
escola se tornará inclusiva 
quando............................................................................................................................
........................................................................................................................................ 
Incentivar o aluno a falar livremente sobre a sua opinião, depois colar a frase no 
mural. 
- Distribuir para cada aluno uma cópia da “Declaração Universal dos Direitos 
Humanos para a Criança” 
• Essa Declaração é um livreto ilustrado para crianças. Para finalizar, cada 
aluno confecciona o seu livreto e usa lápis de cor para colorir as imagens. 
 
7ª OFICINA 
Assunto: Educação Inclusiva: possibilidades e desafios 
Para saber o que os alunos assimilaram sobre a Educação Inclusiva, incentivá-los a 
responder à frase: 
Quando você pensa em Educação Inclusiva, qual a primeira palavra ou expressão 
que vem a sua mente? 
Escrever as palavras no quadro de giz agrupando as palavras iguais ou com sentido 
semelhante; incentivar os alunos a falarem sobre as palavras e o que elas 
representam. Procurar associá-las a possibilidades ou desafios com relação a 
educação inclusiva. 
Leitura: da fábula “O corvo e o pavão”. Essa fábula foi escolhida para fomentar 
discussões sobre identidade, sobre o que distingue cada pessoa. 
- Incentivar os alunos a comentarem sobre a leitura realizada; 
- para estimular os comentários, perguntar aos alunos: 
a) como o corvo via o pavão? 
b) como o pavão via o corvo? 
c) o quê, segundo o corvo, o pavão possuía de imperfeito? 
d) o desprezo e a vaidade são substantivos que aparecem no texto. Dê exemplos 
que relacionem esses dois sentimentos as atitudes humanas. 
e) o que você entende pela expressão “abater o orgulho”? 
f) sobre a fala do corvo: 
“– Não há dúvida que você é um belo bicho – disse o corvo. – Mas, perfeito? Alto 
lá!” 
 Por que o pavão ficou desapontado quando olhou para os próprios pés? 
g) explique o provérbio desta fábula: “não há beleza sem senão”. 
h) aponte pelo menos uma semelhança com atitudes humanas, envolvendo 
desprezo e vaidade, com relação às diferenças entre as pessoas. 
REFLEXÃO: O diferente está preparado para o mundo. 
- você aceita a diferença do outro? 
- você está pronto para lidar com alguém diferente de você? 
CONTANDO UMA FÁBULA: depois de lidas as fábulas e feitas as reflexões, cada 
aluno deve criar uma fábula, com ilustrações, onde ocorra uma situação de inclusão. 
Ao final, eles devem socializar o trabalhofeito apresentando para os colegas. 
• Os textos dos alunos serão recolhidos, encadernados e depois ficarão na 
biblioteca da escola para serem lidos por outros colegas de turmas diferentes e 
também servirem de inspiração e estímulo para os professores produzirem outros 
livros de autoria dos alunos.

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