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Aula 8 & Decadência a) Direitos a uma prestação: são os direitos a um bem da vida. Ex: direito de receber determinada quantia em dinheiro. b) Direitos potestativos: se traduzem na possibilidade da parte de invadir a esfera jurídica alheia impondo um estado de sujeição. Ex: direito de divórcio; direito de negar a paternidade; direito de anular um contrato assinado com coação. a) Ação condenatória: é o meio de proteção dos direitos a uma prestação. b) Ação constitutiva: é o meio de exercício de um direito potestativo. Cria, modifica ou extingue uma relação jurídica. c) Ação declaratória: é o meio de obtenção de uma certeza jurídica, com a declaração da existência ou inexistência de uma relação jurídica. Não causa insegurança jurídica, por isso não se sujeita a nenhum prazo prescricional ou decadencial. Prescrição a violação de um direito a uma prestação faz nascer para o titular a pretensão de ingressar com uma ação condenatória. Caso a ação condenatória não seja ajuizada no prazo previsto pelo legislador, a prescrição colocará fim à pretensão. (art. 189) Aula 8 Decadência/caducidade o instituto da decadência extingue o próprio direito potestativo quando o titular não ingressa com a ação constitutiva ou desconstitutiva para exercício de seu direito dentro do prazo decadencial previsto em lei. ↳ Estão sujeitas à prescrição: ações condenatórias. ↳ Estão sujeitas à decadência: ações constitutivas com prazo. ↳ São perpétuas (não há prescrição nem decadência): ações constitutivas sem prazo e ações declaratórias. 1. Regras sobre a prescrição - a prescrição beneficia o devedor. Contudo, nada impede que ele, mesmo com a consumação do prazo prescricional, opte por realizar o pagamento da dívida, ocasião em que renunciará à prescrição. - requisitos: Prazo prescricional já consumado: nosso ordenamento não admite a renúncia prévia, não sendo possível, por exemplo, cláusula contratual nesse sentido. Sem prejuízo a terceiro. Exemplo: João possui uma dívida prescrita com sua credora Maria e uma dívida não prescrita com seu credor Pedro. Neste caso, a renúncia à prescrição com relação à dívida com Maria prejudicaria Pedro. - a renúncia pode ser expressa ou tácita. - a prescrição pode ser alegada em qualquer grau de jurisdição, mas não pode ser alegada pela 1ª vez em grau de Recurso Especial ou Extraordinário. Aula 8 - existe uma divergência na doutrina sobre a prescrição ser ou não matéria de ordem pública, o que implicaria na (im)possibilidade de reconhecimento de ofício pelo juiz. - contudo, o CPC/15 prevê expressamente que, caso o devedor não alegue a prescrição, o juiz poderá suprir a omissão de ofício, depois de ouvidas as partes. - beneficiam o credor. Impeditivas: impedem que o prazo prescricional comece a correr. Suspensivas: uma causa suspende o prazo que já começou a correr. Voltará a correr de onde parou. Interruptivas: uma causa interrompe o prazo que já começou a correr, voltando a correr do zero. - Causas impeditivas/suspensivas As causas serão impeditivas ou suspensivas conforme o caso concreto. Causas subjetivas bilaterais (art. 197): causas afetas a ambos os sujeitos (credor e devedor): I. não corre prescrição entre cônjuges na constância do casamento ou união estável. O prazo prescricional começa/continua a correr com o divórcio, separação (mesmo a de fato) ou dissolução da união estável; II. entre ascendentes e descendentes durante o poder familiar (até o filho completar 18 anos); III. entre tutelado/tutor ou curatelado/curador, durante a tutela ou curatela. Aula 8 Causas subjetivas unilaterais (art. 198): causas afetas a apenas um dos sujeitos: I. não corre prescrição contra os absolutamente incapazes (menores de 16 anos); II. contra ausente do país trabalhando em serviço público da União, Estados ou Municípios. ↳ embora este inciso não se refira ao ausente (desaparecido), o Enunciado 156 do CJF dispõe que a prescrição não correrá contra ele desde o termo inicial do desaparecimento fixado em sentença. III. credor servindo nas Forças Armadas em tempo de guerra. Causas objetivas ou materiais (art. 199): afetas ao objeto discutido I. pendendo condição suspensiva, pois só é possível violação ao direito depois de implementada a condição; II. não estando vencido o prazo da dívida; III. pendendo a ação de evicção, pois o prazo só se inicia com a procedência da evicção e perda do bem ao terceiro. art. 200: quando a ação se originar de fato que deva ser apurado na seara criminal, o prazo prescricional só começa a correr depois da respectiva sentença definitiva. - Causas interruptivas A interrupção só pode ocorrer uma vez. I. por despacho que ordena a citação, mesmo de juiz incompetente; II. protesto judicial; III. protesto cambial; IV. apresentação de título de crédito em juízo de inventário ou em concurso de credores; Aula 8 V. qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor; VI. qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe em reconhecimento do direito pelo devedor. - a prescrição intercorrente exclui a pretensão executiva. - quando o executado não possui bens penhoráveis, a execução será suspensa pelo prazo 1 ano, suspendendo também a prescrição. Decorrido esse prazo, começa a correr a prescrição intercorrente, que terá o mesmo prazo da prescrição da pretensão originária ( e art. 206, CC). Caso a prescrição intercorrente seja consumada, haverá a extinção da execução. - Prazos prescricionais no CC/02, os prazos prescricionais se concentram apenas nos arts. 205 e 206. Qualquer outro prazo previsto fora desses artigos será decadencial. caso a pretensão não se encaixe nos incisos do art. 206, deve-se usar o prazo geral de 10 anos, previsto no art. 205. de acordo com o art. 192, os prazos prescricionais são apenas os previstos em lei, não podendo ser alterado pelas partes. de acordo com o art. 196, a prescrição já iniciada contra uma pessoa continua a correr contra seus sucessores. teoria da actio nata: por essa teoria, a fluência do prazo prescricional deve ocorrer não a partir da violação do direito, mas sim do conhecimento da violação pela parte prejudicada. Essa teoria é acolhida em algumas decisões do STJ, pelo art. 27 do CDC e no Enunciado 579 do CJF. conforme art. 190, a exceção (defesa) prescreve no mesmo prazo que a pretensão. Aula 8 Ex: Maria é devedora de João, que não realiza a cobrança dentro do prazo prescricional, sendo extinta a pretensão. Anos depois, Maria se torna credora de João, ingressando com ação de cobrança diante de seu inadimplemento. João, na sua defesa, pugna pela compensação entre seu crédito prescrito e o débito em questão. 2. Regras sobre a decadência - a decadência se difere da prescrição, pois pode ser prevista em lei (decadência legal) ou por convenção entre as partes (decadência convencional). - decadência legal: é nula a renúncia (art. 209) - decadência convencional: é possível a renúncia - ambas podem ser alegadas em qualquer grau de jurisdição, mas assim como a prescrição, não pode ser alegada pela primeira vez em sede de Resp ou RE. - decadência legal: cabe conhecimento de ofício pelo juiz (art. 220) - decadência convencional: não cabe (art. 211) - NÃO se aplicam à decadência, salvo disposição legal em contrário (art. 207)
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