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1 ANTIBIÓTICOTERAPIA | Marina Prietto | CURSO DE ANTIBIOTICOTERAPIA A principal diferença entre bactérias GRAM POSITIVO e GRAM NEGATIVO: 1. Composição da parede bacteriana (1º) 2. Espessura diferente; 3. Presença de peptideoglicaneo (proteção osmótica); Após diferenciar entre gram positivo e negativo, como definir gênero e espécie da bactéria? Por meio de provas bioquímicas: Catalase | Coagulase |Padrão de hemólise | Testes com antibióticos | Em relação aos germes GRAM POSITIVOS de importância médica: BACILOS COCCOS Listeria (meningites) Staphylococcus (é catalase positivo) Nocardia sp Streptococcus (é catalase negativo) Enterococcus 2 ANTIBIÓTICOTERAPIA | Marina Prietto | GRAM POSITIVOS AERÓBICOS: – COCCOS – S aureus (é o rei dos coccos gram positivos) o MSSA: Oxacilina o MRSA: Vancomicina + outras drogas STAPHYLOCOCCUS SP (de importância médica): S. aureus: Infecções de pele (celulites); endocardites; osteomielites; artrites; choque séptico; pele escaldada. S aureus é um coagulase positivo. S. epidermidis: É um coagulase negativo. Associado a infecções de cateter e dispositivos médicos implantáveis. Apresentam a propriedade de formar “biofilme” (ou seja, podem ser encontrados aderidos a superfícies) Menor virulência Neonatos – possui um risco de gravidade maior. Conduta: retirar o dispositivo e cobrir de acordo com a sensibilidade (vancomicina – se for resistente a oxacilina); STREPTOCOCCUS: 3 ANTIBIÓTICOTERAPIA | Marina Prietto | ENTEROCOCOS: E. faecalis É o mais frequente, e está associado a infecções adquiridas no ambiente hospitalar. Aumento da resistência – (flora normal; translocação – feridas, cirurgias, foco urinário –) VRE enterococo resistente a vancomicina E. faecium: infecções hospitalares. GRAM POSITIVOS AERÓBICOS: – BACILOS – Lysteria monocytogenes Quadros leves, porém, pode ocasionar meningites (neonatos; imunossuprimidos; idosos) Sem gravidade – gastroenterite Droga de escolha: Ampicilina. Nocardia sp: Pode estar relacionada tanto a Imunocompetentes como em imunodeprimidos Clínica: linfadenite; abcessos; pneumonia granulomatosa; Pode ser fracamente corada por Ziel. GRAM NEGATIVOS ANAÉROBICOS: COCOS (IST; IVAS; MENINGITE) BACILO FERMENTADORES DE GLICOSE (enterobactérias): BACILO NÃO FERMENTADORES DE GLICOSE Neisseria ggonorrhaeae E. coli Acinetobacter (hosp.) Haemophilus influenzae Klebisiella Pseudomonas (hosp.) Neisseria meningitidis Citrobacter | Enterobacter Burkholderia cepacia Moraxella catarrhalis Serratia | Shigella Tenotrophominas maltophilia Salmonella Proteus DA COMUNIDADE PARA O HOSPITAL: Procedimentos médicos comuns associados com infecções nosocomiais: Quando pensar? Mais de 72hrs internado. Apresenta algum dispositivo (cateter | sonda | IOT) 4 ANTIBIÓTICOTERAPIA | Marina Prietto | COCOS GRAM NEGATIVOS: Gonococo: Diplococo gram negativo intracelular IST – uretrite gonocócica – aumento da resistência com o uso de ciprofloxacino. Tratamento atual: Ceftriaxone + Azitromicina Testes moleculares (é uma ferramente a mais para o diagnóstico) Meningococo: Diplococo gram negativo. Relacionado a quadros: Meningite! (achado bacteriano no LCR); Pode ocasionar meningoccemia e lesões cutâneas. São sensíveis à penicilina (no brasil) porém, em alguns casos é indicado associar o ceftriaxone pela possibilidade de infecção associada ao pneumococo. ANAERÓBIOS: “ACIMA DO DIAFRAGMA” (gram +) “ABAIXO DO DIAFRAGMA” Peptococcus Clostridium perfringens; difficile; tetani Peptostreptococcus Gram negativos: Bacterioides fragilis Fusobacterium sp Prevotella sp Clostridium sp: C. Tetani = causador do tétano (paralisia espástica) C. Botulinum = causador do botulismo (paralisia plástica) C. Perfringens = causador da grangrena gasosa C. Difficile = colite pseudomembranosa (enterite) – devido ao uso excessivo de ATB; 5 ANTIBIÓTICOTERAPIA | Marina Prietto | BACTÉRIAS ATÍPICAS: São consideradas atípicas por não serem coradas com gram (não possuem parede celular); Dessa forma, são diagnosticadas por outros métodos ( Como não possuem parede, não adianta utilizar betalactâmicos – indicado uso de macrolídeos. BACTÉRIAS ATÍPICAS Mycoplasma pneumoniae ou hominis Chlamydia pneumoniae ou trachomatis Legionella pneumophila ESPIROQUETAS: Sifilis Treponema pallidum Doença de Lyme Borrelia burgdorferi Leptospirose Leptospira PRINCÍPIOS GERAIS DA ANTIBIOTICOTERAPIA. É preciso lembrar, sempre! Nem sempre febre é uma doença infecciosa. Identificar a localização/sítio do processo infeccioso e defina os agentes mais comuns. Reconheça os agentes principais em casa sítio do processo. Lembrar dos cenários: bacteriúria assintomática; diarreias agudas (muitas vezes virais); flebites químicas; IVAS virais → não usar. Avaliar urgência de início do ATB empírico (sepse, meningites, endocardites e neutropênicos); AGENTES | SÍTIOS: CAVIDADE ORAL: Peptococcus Peptostreptococcus Actinomyces PELE E PARTES MOLES: S. aureus S. pyogenes S. epidermidis OSSOS E ARTICULAÇÕES: S. aureus S. epidermidis Streptococcus ABDOME: E.Coli Proteus Klebisiella Enterococcus Bacteriodes sp. TRATO URINÁRIO: E.coli Proteus Klebisiella Enterococcos MENINGITES: S. pneumoniae N. meningitis H. influenzae S. agalactiae E. Coli Listeria 6 ANTIBIÓTICOTERAPIA | Marina Prietto | TRATO RESPIRATÓRIO INFERIOR (comunitária) S. pneumoniae H. influenzae Klebisiella pneumonae Legionella pneumophila Mycoplasma Chlamidia TRATO RESPIRATÓRIO SUPERIOR: S. pneumonae H. influenzae Moraxella catarrhalis TRATO RESPIRATÓRIO INFERIOR (hospitalar) Klebisiella pneumoniae Enterobacter sp Pseudomonas S. aureus SEMPRE LEMBRAR! Coletar cultura antes do início da terapia. Além do sítio, existem alguns pontos importantes que devem ser levados em consideração na hora de suspeitar de algum agente etiológico e iniciar a sua terapia empírica. 1. Idade do paciente 2. Comorbidades 3. Uso prévio de ATB 4. Presença de cateter | sonda vesical | drenos | proteses 5. Populações especificas (gestantes; RN; crianças) – nem todo ATB é indicado. ESCOLHA DO ATB: Sempre levar em consideração a farmacocinética e farmacodinâmica (absorção | penetração no alvo indicado) Espectro de cobertura + mecanismo de ação; Bacteriostático x bactericida = gravidade | imunodeprimido | SNC Oral x parenteral (gravidade) Amplo espectro (pacientes graves e instáveis) x reduzido Distribuição em tecidos – avaliar se o ATB concentra no local da infecção Acertar a dose (adequar o nível sérico | periodicidade de uso) Investigar possíveis efeitos colaterais. AVALIAÇÃO NA RESPOSTA AO ATB: Presença de resposta clínica e laboratorial em 48 a 72hrs. Redução de sintomas como febre Melhora do leucograma Desaparecimento ou melhora dos sinais e sintomas específicos do sítio infeccioso (Ex: melhora da disúria) Redução de marcadores inflamatórios (PCR | VHS | Dímero D) A IMAGEM costuma apresentar alterações mais tardiamente (não levar como critério de melhora) Resultado das culturas? DESCALONAR! 7 ANTIBIÓTICOTERAPIA | Marina Prietto | CRITÉRIOS DE FALHA NA ATB: Rever o caso – houve erro no diagnóstico? Falta de adesão – erro na dose, nos intervalos de uso. Pacientes imunodeprimidos demandam mais, apresentam uma resposta mais lentificada. Complicações locais (abcesso; coleções fechadas) – ATB não penetra. Investigar necessidadede intervenções cirúrgicas – retirar corpo estranho (Ex: próteses) POR ÚLTIMO: Resistências dos antibióticos. MECANISMOS DE RESISTÊNCIA: Basicamente por conta de 2 formas: intrinsceca X adquirida. As mais conhecidas: Inativação enzimática (betalactamase) ESBL (É uma betalactamase que degrada o anel de cefalosporinas/penicilinas) – droga de escolha: carbapenêmicos KPC (enzima que degrada o anel dos carbapenêmicos) – droga da escolha: polimixina; cefalosporina 5º Alteração de permeabilidade da parede Efluxo do microbiano Alteração do sítio de ligação (PBP) – EX: MRSA ou MSSA. 6D da ATBterapia: D diagnóstico D desbridamento e drenagem – retirar foco/cultura. D drogas - atento aos eventos adversos D dose – peso; atentar para disfunções renal e hepática D duração – sem estender além do necessário D descalonamento – reduzir o espectro após o resultado da cultura) 8 ANTIBIÓTICOTERAPIA | Marina Prietto | PRECAUÇÕES: Lembrar, sempre diferenciar: INFECÇÃO X COLONIZAÇÃO: COLONIZAÇÃO: crescimento e multiplicação de um micro-organismo em superfícies epiteliais do hospedeiro sem expressão clinica ou imunológica (microbiota humana normal). Pode ocasionar situações como a colite pseudomembranosa. INFECÇÃO: danos decorrentes da invação e multiplicação microbiana no hospedeiro, ocorrendo a interação imunológica. Presença de sinais e sintomas caracteriza a doença. 9 ANTIBIÓTICOTERAPIA | Marina Prietto | PENICILINAS E CEFALOSPORINAS (batalactâmicos) São drogas bactericidas, agem na parede celular (peptideoglicano) Podem ser utilizados tanto em ambiente hospitalar como também (e principalmente) comunitária. Eventos adversos dessas classes: hipersensibilidade (1º) e alterações renais (nefrite). PENICILINAS NATURAIS Penicilina G cristalina Penicilina benzatina Penicilina procaína Penicilina V PENICILINAS SEMISINTÉTICAS Penicilina com ação antistafilocíccica (OXACILINA) Aminopenicilina (AMPICILINA OU AMOXACILINA) PENICILINAS COM AÇÃO ANTI PSEUDOMONAS Piperacilina PENICILINAS COMBINADAS COM INIBIDORES DE BETALACTAMASE Amoxacilina + clavulanato PENICILINA NATURAIS: PENICILINAS CRISTALINA: Atinge elevados níveis séricos (EV) Bactericida, apresenta meia vida curta Atravessa SNC (“) Espectro: Streptococcus pneumoniae (pneumonia em locais de baixa resistência) Streptococcus pyogenes (erisipela) Streptococcus viridians (endocardite) Enterococcus faecalis (infecção hospitalar) Neisseria meningitidis (meningite meningococcemia) Espiroquetas o Treponema (sífilis) o Leptospira (leptospirose) PENICILINA PROCAÍNA E BENZATINA: Procaína: IM 12/12h (pouco utilizada); Benzatina: IM meia vida prolongada – bastante utilizada. TRATAMENTO: sífilis primária e secundária. PROFILAXIA: febre reumática. CUIDADO! Reações alérgicas, nefrite e hipercalemia. 10 ANTIBIÓTICOTERAPIA | Marina Prietto | SEMISINTÉTICAS AMINOPENICILINAS As penicilinas V caíram em desuso após o surgimento das aminopenicilinas. Ampicilina: EV e VO – posologia 6/6h Amoxacilina: VO (Brasil) – posologia 8/8h e 12/12h; USO: IVAS (amigdalite/otite/sinusite); Meningites (meningo/listéria); Endocardite (ampicilina + aminoglicosídeo); GECA; ITU (apesar de não ser 1º opção, porém cobre algumas poucos gram -) Espectro: Streptococcos Enterococcos ** Enterobactérias; Haemophilus e listeria (AMPLICILINA) PENICILINAS COM AÇÃO PARA ESTAFILOCOCOS: Principal foco: S. Aureus Indicado para o aureus da comunidade, normalmente o aureus hospitalar é um MRSA. OXACILINA: Endovenosa, de 4/4h – sem formulação VO. Se for utilizado em nefropatas – realizar correção para função renal. Principais indicações: Estafilococo adquirido na comunidade + doenças com critérios de internação por S. aureus (endocardite | celulite | osteomielite) PENICILINAS COM INIBIDORES DE BETALACTAMASE: Não apresentam ação antimicrobinana se for utilizado de forma isolada. É um substrato para enzima que degrada o anal do ATB São eles: Clavulanato | Sulbactam e Tazobactam. Principais combinações: Amoxacilina + Clavulanato Ampicilina + sulbactam (tem ação contra acinetobacter) Espectro: - S. pyogens - H. influenzae - S. pneuoniae - MSSA e anaeróbios gram + PENICILINAS COM AÇÃO ANTI PSEUDOMONAS: Normalmente não são isoladas e estão associadas a inibidores de betalactamase. Principal representante: TAZOCIM (piperacilina + tazobactam) Espectro: - Pseudomonsas - Acinetobacter - Serratia - Anearóbios. USO: em caso de infecções hospitalares; pneumonia associada a VM e peritonites. 11 ANTIBIÓTICOTERAPIA | Marina Prietto | CEFALOSPORINAS: - São derivados semissintéticos da cefalosporina C - Apresenta o núcleo cefêmico: anel betalactâmico + anel dihidrotiazínico - Apresentam menos reações alérgicas que as penicilinas, mas mesmo assim ainda pode apresentar uma reação cruzada (possui o anel betalactâmico) PRIMEIRA GERAÇÃO Cefazolina | Cefalotina | Cefalexina SEGUNDA GERAÇÃO Cefuroxima |Cefaclor (Zinat) | Cefoxitina | TERCEIRA GERAÇÃO Ceftriaxone (Rocefin) | Cefotaxima | Ceftazidima QUARTA GERAÇÃO Cefepime (Maxcef) PRIMEIRA GERAÇÃO: Espectro: GRAM POSITIVOS (Staphilococcos e Streptococcos | BGN – E coli (bem pouco); Porém, não apresenta ação para pneumococo e não atravesse barreira SNC. São elas: Cefalexina ou Cefadroxila – Uso VO. Em caso de pacientes graves, preferir drogas parenterais: Cefalotina e Cefazolina. Indicação: - Infecção de partes mores - Profilaxia cirúrgica - Infecções ósseas NÃO usar em IVAS; E usar com cuidado e como alternativa: ITU em gestantes (pois as quinolonas são contraindicadas) SEGUNDA GERAÇÃO: Espectro: H. influenzae | M. catarrhalis | Pneumococo | Estreptococos (pyogenes e viridans) | Estaphilo MSSA. Aumenta o espectro para cobrir agentes de infecções de vias aéreas. São eles: Cefuroxima e Cefaclor (Zinat) OBS: A cefoxitina é uma cefalosporina de 2ª geração, porém, apresenta uma atividade inferior contra staphilococos (apresenta uma atividade maior contra enterobactérias) TERCEIRA GERAÇÃO: - Não possui ação para pseudomonas. - Representantes: Cetriaxone (ROCEFIM) e Cefotaxime. Cefotaxime é mais indicado para uso em RN e hepatopatas). Possui uma ação em: Pneumococo e gonococo (principalmente após a intensa Resistencia a cipro) – Atravessa SNC Ação MSSA Cobre BG negativos comunitários (ITU e GECA). Uso em: - Pneumonia bacteriana comunitária - Meningite purulenta no adulto - Pielonefrite - Infecção de partes moles - Infecções intra-abdominais Eventos adversos: barro biliar ou hepatotoxicidades. 12 ANTIBIÓTICOTERAPIA | Marina Prietto | OBS: Apesar de ser 3º geração o CEFTAZIDIMA é um ATB que cobre pseudomonas. – É um excelente agente para infecções hospitalares e em neutropênicos. QUARTA GERAÇÃO: Único representante no Brasil: CEFEPIME (Maxcef); Possui uma apresentação EV ou IM – dose precisa ser corrigida para F. renal. Possui ação em: - Cobre todos os agentes das gerações anteriores - Pseudomonas - MSSA - Gram negativos Uso: Excelente para infecções hospitalares; PAV; neutropêmnicos Não possui ação para ESBL e MRSA. NOVA CEFALOSPORINAS: CEFTOLOZANE + TAZOBACTAM ou Ceftazidime + Avibactam Geração extremamente avançada e cara, considerada por alguns autores como a 5º geração. Possui espectro para ESBL + ação para pseudomonas. Foi aprovada pelo FDA para casos bem específicos: - PAV - ITU complicada - Infecções intra-abdominais INFECÇÕES HOSPITALARES: CARBAPENÊMICOS - São eles: Imipenem | Ertapenem | Meropenem- Também é um betalactâmico, possui ação bactericida, porém, possui o anel dessa classe é mais estável a degradação da betalactamase. - Uso: infecções hospitalares graves por bacilos gram negativos e ESBL - Possui ação para: pseudomonas; acinetobacter; anaeróbios e MSSA. 13 ANTIBIÓTICOTERAPIA | Marina Prietto | POLIMIXINAS São eles: Polimixina B e a polimixina E (Colistina); Foi uma droga que por muito tempo deixou-se de usar, entretanto, com o surgimento das bactérias resistentes a carbapenêmicos, percebeu-se que a polimixina apresentava uma ação eficaz a bactalatamases que degradavan o anel carbapenêmico. Possui uma ação bactericida, com despolarização da membrana bacteriana. Apresenta uma toxicidade, principalmente na placa neuromuscular e disfunção renal. Espectro: - Principalmente: bacilos gram negativos - NÃO fermentadores (Pseudomonas aeruginosa | Acinetobacter baumanni ) - Enterobactérias: E. Coli | K. pneumoniae | Enterobacter) - Uso atual: BNG multiresistêntes e KPC (em ITU e INFECÇÃO DE CORRENTE SANGUÍNEA) Porém, as polimixinas não penetram bem em pulmão e SNC e as polimixinas não cobrem: serratia | proteus | morganella | GLICOPEPTÍDEOS São eles: Vancomicina e Teicoplanina. Atuam de forma bactericida, com a inibição da síntese de peptideoglicano (sítio de ação distinto das penicilinas) Principal indicação: - Gram positivos resistentes – infecção hospitalares (principalmente os estafilococcus MRSA). - Infecção enterocócicas – associação com aminoglicosídeos. - Infecções por estafilococo coagulases negativos Podem ser utilizados em: 1. Pneumonia associada a VM 2. Infecção de corrente sanguínea associada a cateter 3. Endocardite 4. Infecção de partes moles 5. Infecção de ferida cirúrgica 6. Osteomielite 7. Infecções de SNC pós neurocirurgia. 8. Em caso de alergias a beta lactâmicos. 14 ANTIBIÓTICOTERAPIA | Marina Prietto | OXAZOLIDINONAS: Principal representante: Linezolida (ZYVOX) e tedizolida. É uma classe sintética recente. Atua na síntese proteína bacteriana, com função bacteriostática. Possui formação EV e VO – excelente biodisponibilidade (principalmente para a deshospitalização) Espectro: Gram positivos com resistência. Uma das principais indicações são para aqueles pacientes que apresentam contraindicações para o uso de vanco/teico e precisem cobrir MRSA. Atuam em: - MSSA e MRSA - Enterococcos resistentes a vancomicina (VRE) - Pneumococcos resistentes. - Micobactérias (MDR e XDR) USO: 600mg/ IV ou VO de 12/12h (ajusta para função renal) Aprovada APENAS para o uso de infecções de partes moles (celulite e erisipela) e pneumonias Efeitos adversos: - Plaquetopenia reversível (é mais comum após 2 semanas); - Neuropatia periférica (é mais comum em tratamentos longos > 4 semanas). - Inibição da monoaminoxidase iMAO – risco de crise hipertensiva (orientar cuidado com uso de antidepressivos com mecanismos de recaptação de serotonina). DAPTOMICINA. É um liptopeptideo (Cubicin) Tem o mecanismo de ação: despolarização da membrana Apresenta um espectro gram positivo e cobre MRSA e VRE. – É uma alternativa para vanco/teico/linezolida. É feita via EV, doses variadas de acordo com o sítio. Porém, NUNCA usar no sítio pulmonar. É aprovada pela FDA, para: infecções de partes moles e endocardite. Evento adverso: miosite 15 ANTIBIÓTICOTERAPIA | Marina Prietto | INFECÇÕES COMUNITÁRIAS: QUINOLONAS: São eles: Ciprofloxacina | Levofloxacino Atua com uma ação bactericida, na DNA girase – ela atua compactando o material genético. Ou seja, atua evitando com que o DNA bacteriano fique espiralado, promovendo a lise bacteriana (bactericida). São drogas muito prescritas na comunidade e devido a isso, surgiu alguns mecanismos de resistência, como o de efluxo. Em 2016: Alerta do FDA para as fluorquinolonas – alerta para problemas graves (tendinopatias). PRIMEIRA GERAÇÃO: Ácido Nalidixico (pouquíssimo utilizado) FLUORQUINOLONAS: Norfloxacina | Oflaxacina | Ciprofloxacino RESPIRATÓRIAS: Levofloxacina | Moxifloxacina | Delafloxacina. Norfloxacina: Dose: 400mg VO 12/12h Apresenta uma excelente concentração urinária; Porém, sem nível sérico para infecções sistêmicas. Usado em: ITU baixa (cistite) | Profilaxia para PBE | prostatite. Ciprofloxacino: É da classe das fluorquinolonas. Pouquíssima ação para patógenos respiratórios. Espectro: Enterobactérias (GRAM NEGATIVAS); Pseudomonas (≠ da hospitalar); MSSA. Apresenta formulação EV/VO: Excelente biodisponibilidade oral (desospitalização) Dose: 400mg EV e 500mg VO – 12/12h Indicado para: Infecções urinárias alta/baixas. GECA com germes sensíveis Osteomielites (Ciprofloxacino + Clindamicina); Pé diabético (cobre MSSA) Infecções intra-abdominais – apendicites| diverticulites – (Ciprofloxacino + Metronidazol) DICAS! Pobre cobertura para pneumo e germes atípicos. Concentração pulmonar ruim – não usar BCP Não atravessa a barreira hemato liquórica (não trata meningite); Gonococo! → Brasil e mundo (vem sendo resistente a CIPRO) → indicado o uso de Ceftriaxone (uretrite gonocócica); Excelente concentração osséa → Osteomielite1 Não usar com menos de 16 anos: devido a presença de cartilagens de crescimento 16 ANTIBIÓTICOTERAPIA | Marina Prietto | Levofloxacino É considerada uma quinolona respiratória por apresentar excelente concentração pulmonar. Apresenta uso IV e VO com excelente biodisponibilidade. Espectro: Cobre os bacilos gram negativos, mas também atua nos pneumococos e germes atípicos. Indicado para uso de: - Infecções respiratórias altas (otite | sinusite| amigdalite). - Broncopneumonias - ITU (cipro é melhor) Moxifloxacina: - Bastante similar a levofloxacino, entretanto, apresenta maior atividade contra germes entéricos anaeróbios além de gonocócicos resistentes – dose de 400mg IV 1x ao dia. - De modo geral, as quinolonas possuem alguns problemas: - Alterações nas cartilagens de crescimento; - Alargamento do intervalo QT - Tendinopatias (rupturas) - Disglicidemias (hipo e hiper) – principalmente as quinolonas respiratórias. - Toxicidade em SNC. MACROLÍDEOS: - São eles: Eritromicina | Claritromicina | Azitromicina. - É uma classe muito segura, com poucos eventos adversos. - É considerado um medicamento “coringa”, muito indicado em pacientes com contraindicações a outros ATB. - Atuam na síntese proteica (no RNA ribossomal 50s) - São menos alergênicos que os beta lactâmicos Utilizados em infecções de vias aéreas: Azitromicina: - Excelente posologia: Dose única diária. - Comprimidos 500mg e também EV – Biodisponibilidade oral e EV excelentes - Grande concentração intracelular nos patógenos, ou seja, cobre muito bem os germes atípicos! - Apresenta pequena interação medicamentosa (via P450) – mais seguro em pacientes com poliafarmácia. - Prescrições clássicas: IVAS (otite | sinusite | amigndalite) Infecções de partes moles. Uretrite gonocócica (Ceftriaxone e Azitromicina) BCP – pneumonia comunitária – (clássica associação – ceftriaxone e azitromicina) 17 ANTIBIÓTICOTERAPIA | Marina Prietto | Claritromicina - É também utilizada para IVAS e BCP. - Espectro cobre também micobactéria e H. pylori. - Dose: 500mg via oral EV – de 12/12h – necessário corrigir para fun.ão renal. - Associações clássicas: Pneumonia: Ceftriaxone + Claritromicina H. Pilori: Claritromicina + Amoxacilina Micobactérias (Mycobacterium avium (MAC) – pacientes HIV +): Claritromicina + Etambutol; SULFAS São eles: trimetoprima e sulfametoxazol (BACTRIM) | Sulfadiazina + Pirimetamina.(indicado para neurotoxoplasmose – HIV+) Possui ação bacteriostática, realizando a inibição sequencial da biossíntese de ácido fólico. Possui um espectro variado: Bacilos gram negativos | MRSA – adquirido na comunidade | outros agentes Sulfametoxazol + Trimetoprim: Bactrim possui apresentações EV e VO. Doses combinadas (800 / 160mg | 400/80mg) – sempre 5 para 1. Eventos adversos: - Alergia e hipersensibilidade. - Hematológicos: Anemia | agranulomatose | hemólise (se deficiência de G6DP) - Hipercalemia (se for utilizado associadamente com IECA) Indicação - Tratamento de ITU em locais de baixa resistência a BGN. - Nocardiose - Pneumocistose em imunodeprimidos. - GECA com germes sensíveis. - S. aureus MRSA adiquirido na comunidade. - Profilaxia em imunocomprometidos para doenças oportunistas (CD4 < 200) - Neurotoxoplamose; AMINOGLICOSÍDEOS - São eles: Estreptomicina | Amicacina | Gentamicina | Neomicina (tópico); - Apresentam dose única diária (com exceção das infecções por enterococos) - Possui um mecanismo de ação diferente dos outros ATB. Apresenta uma ação bactericida final por meio de 2 mecanismos: Inibição na síntese proteína (na subunidade ribossomal) + Alterações na parede com a relação a permeabilidade (Catiônicos) - Possui algumas caraterísticas, como: São moléculas grandes – catiônicas (lesionam a parede ao transpassar) Não possuem absorção oral – formulação apenas EV e IM Apresenta uma penetração ruim no SNC e sem concentração adequada no pulmão Concentração dependente do nível sérico. Eliminação urinária Apresentam diferenças no espectro de ação (menor delas estreptomicina) Espectro: - Bacios gram negativos entéricos - Pseudomonas - Micobactérias (tuberculosis) - Infecções enterocócicas (betalactâmico + aminoglicosídeo) - Associações para tratamento de endocardite (betalactâmico + aminoglicosídeo) 18 ANTIBIÓTICOTERAPIA | Marina Prietto | Eventos adversos: Principal! → Nefrotoxicidade. - É reversível, porém é acumulativa, ou seja, em caso de associação de drogas nefrotóxicas pode ser danoso. - Ocasiona uma necrose tubular. Otoxicidade também é frequente (coclear e vestibular); Bloqueio neuromuscular. Amicacina: É uma droga semissintética, com formulação IV. Não atravessa barreira hemato liquiorica, porém, pode ser utilizada via intratecal Tem ação para M. tuberculosis. METRONIDAZOL São drogas bactericidas, com o foco principal em ANAERÓBIOS. Possui como mecanismo de ação a transformação do Metronidazol por meio das nitro redutases em compostos tóxicos, que vão atuar na ruptura da estrutura helicoidal do DNA. Dose 500mg EV | VO | Tópica. Apresenta como efeito colateral – efeito disulfiram (se associação com álcool) – gosto metálico e neurotoxicidade. LINCOSAMINAS O principal representante é a clindamicina; Apresenta sua ação bacteriostática, devido a ação na síntese proteica. Apresenta uma excelente concentração óssea Uso: VO e EV – 300 a 600 mg de 6/6h Possui apresentação tópica para tratamento de acne vulgaris Principal efeito colateral: COLITE PSEUDOMEMBRANOSA e alergias. Espectro: - ANAERÓBIOS – Cavidade oral | pulmão| Abcessos cervicofaciais; pneumonias aspirativas (1º) - Infecções por S. aureus (opção caso paciente seja alérgico a betalactâmicos) - Osteomielite – Ciprofloxacino + Clindamicina! - Bacteroides – Aumento nos últimos anos da resistência à clinda “no diafragma para baixo” – indicado uso de metro. - Malária grave É medicamento de 2ª linha para pacientes com HIV + com risco de doenças oportunistas (caso tenha alguma contraindicação a sulfas) 19 ANTIBIÓTICOTERAPIA | Marina Prietto | DIAFRAGMA PARA CIMA CLINDAMICINA DIAFRAGMA PARA BAIXO METRONIDAZOL Associações clássicas: 1. PCP (pneumocistose): Primaquina + Clinda 2. TOXOPLASMOSE: Pirimetamina + Clinda 3. MALÁRIA: Quinino + Clinda (não é muito mais utilizado) ANTIFÚNGICOS REINOS FÚNGICOS: Leveduras – fazem parte da microbiota (podem ocorrer um desequilíbrio) Fungos filamentosos – o homem não é reservatório (porém em imunossuprimidos pode ser grave) Fungos dimórficos – que alteram com base na temperatura (paracoco | esporotricose |histoplasma) As paredes celulares dos fungos são distintas das bactérias, pois apresentam uma aparência mais rígida, com ergosterol. Apresentam uma reprodução lenta – possuem tratamento prolongado devido a isso. População de risco para infecções fúngicas são: - Pacientes transplantados - Tumores sólidos - Neoplasias hematológicas - Em uso de imunobiológicos - Internamento em UTI | Cirúrgicos - Grandes queimados - Soropositivos (CD4 <200) - Neonatologia (prematuros) FUNGOS FILAMENTOSOS: Aspecto: Possui um crescimento em bolor; colônias filamentosas multinucleadas. Crescimento em massa: - Unidade fundamental → Hifas (contínuas e septadas); - Conjunto de hifas → Micélios Os principais fungos são: Aspergillus sp | Fusarium sp | Zigomicetos A diferenciação é feita por meio de aspectos macroscópico e microscópicos (hifas septadas |não septadas) FUNGOS LEVEDURIFORMES: São unicelulares; esféricas Apresenta sua forma de multiplicação: fissão binária |brotamento. As leveduras de importância médica, são: Candida Albicans (1º) Outras: C. glabrata | C. guilliermondii | C. Krusei | C. Lusitanie | C. Parapsilosis | C. Pseudotropicailis | C. tropicalis. 20 ANTIBIÓTICOTERAPIA | Marina Prietto | Quando suspeitar de leveduras? Permanência prolongada em UTI Uso de ATB de largo espectro. Cirurgias abdominais Cateter venoso central Nutrição parenteral total Imunossupressão Índice de APACHE II > 10 Neutropenia VM por mais de 48h Quimioterapia citotóxica FUNGOS DIMÓRFICOS: Eles alternam entre a forma leveduriforme e forma em brotamento de acordo com a temperatura. Representantes: Paracoco | esporotricose |histoplasma; Como é feito o diagnóstico das infecções fúngicas? - Por pesquisa direta – Tinta da China; KOH - Culturas – Placa de ágar Sabouraud. - Antígenos (titulação) ANTI FÚNGICOS: 1. Poliênicos 2. Azólicos 3. Equeinocandinas. 4. Nuclesídeos pirimidínicos. POLIÊNICOS: É a maior classe de antifúngicos. Os principais representantes são: Anfotericina | Nistatina Possuem a ação fungicida e fungistática – ligação ao ergosterol Anfotericina: Possuem diversas formulações: - Lipossimal (ambisome) – Concentração sérica semekhante e menor toxicidade. - Subtipos A B C D (Amphocil) – Possui dispersão coloidal, com concentração sérica baixa e menor toxicidade. - ABLC (Abelcet) – Complexo lipídico (partículas de fosfolipideos) com concentração sérica baixa e menor toxicidade. A vantagem dessas formulações está no fato de possuir menor efeitos colaterais durante a infusão e menor nefro toxicidade; Os principais problemas são os custos elevado e a baixa disponibilidade. Principais indicações (clássicas): Infecções por Candida sp Histoplasmose PB micose Criptococose Aspergilose Efeitos adversos: Toxicidade renal (sempre monitorizar a função renal) Não pode ser feita em infusão rápida, risco de flebite (diluição lenta, com hidratação pré e pós – aprox. 4h de infusão) Risco de DHE (hipocalemia e hipomagnesemia severas) Mielotoxicidade e cardiotoxicidade. 21 ANTIBIÓTICOTERAPIA | Marina Prietto | AZÓLICOS: São representados pelo: Cetoconazol | Fluconazol | Itraconazol | Voriconazol Cetoconazol: Possui apresentação oral e tópica, além da metabolização hepática. Cobre: leveduras | dimórficos e dermatófitos (micoses superficiais) Útil para: pele; pulmão e secreções vaginais Risco de hepatoxicidade. Fluconazol: Apresenta formulação oral e endovenosa. Apresenta melhortolerância e biodisponibilidade se comparado ao cetoconazol; além da penetração em SNC (meningite); Não apresenta metabolização hepática. Uso: - Candidíase mucosa e esofágica - Candidúria - Candidemia - Criptococose - Infecções abdominais - Profilaxia em neutropênicos (!!) Itraconazol: Possui uma absorção errática (cápsulas) – dificuldade de atingir nível sérico adequado. Possui risco de hepatotoxicidade e baixa penetração no SNC. Principal uso: Micoses endêmicas – PHEC – (Paracoco | Histoplasma | Esporotricose | Cromomicose) Voriconazol: Possui apresentação EV e VO, além de uma excelente penetração no SNC Cobre leveduras; dimórficos e filamentosos. Cobre inclusive fungos com sensibilidade a anfotericina. Apresenta como desvantagens: metabolização hepática e elevado custo ($$$) EQUINOCANDINAS: São elas: Caspofungina; Micafungina e Anidulafungina; É um lipopeptídeo semi sintético Atua na inibição da glucana (parede celular) → fungicidas. Espectro: Candida sp e Aspergilus Caspofungina: - Apresenta formulação IV – é uma opção para substituição de anfotericina B e outros azólicos. (Ex: paciente com piora da função renal, contraindicado o uso de anfotericina) - Pode ser utilizado para: Candidíase esogfágica refratária Candidemia ou candidíase invasiva Candidas não albicans – resistentes a anfotericina B Aspergilose invasiva (quando o paciente cursa com I. Renal e contraindica a anfotericina); Neutropenia febril Candidíase abdominal 22 ANTIBIÓTICOTERAPIA | Marina Prietto | NUCLEOSÍDEOS PIRAMIDÍNICOS Principal representante: Flucitocina Atua na inibição da síntese de DNA. Uso clássico: Neurocriptococose com anfotericina B Sempre monitorar o risco de mielotoxicidade. 23 ANTIBIÓTICOTERAPIA | Marina Prietto |
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