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Bioquímica Glória Mamédio Metabolismo dos aminoácidos Introdução Aminoácidos são moléculas que apresentam um grupo amino e um ácido carboxílico ligado a estrutura. Tem função energética além da estrutural. Podem ser metabolizados na via de gliconeogênese para sintetizar glicose. Os aminoácidos não armazenados no grupo, sendo necessário obter na dieta, sintetizados ou produzidos pela degradação proteica. Os aminoácidos em excesso no organismo são rapidamente degradados A primeira fase do catabolismo é a retirada do grupo amino que forma amônia e o α-cetoácidos. Parte da amônia livre é secretada e a outra vai para o ciclo da ureia. Na segunda fase os esqueletos carbonados dos α- cetoácidos são convertidos em intermediários das vias produtoras de energia. Classificação dos aminoácidos Classificação nutricional Não-essenciais: o próprio corpo produz esses aminoácidos Essenciais: o corpo não produz, e, portanto, devem ser obtidos pela dieta Classificação quanto ao radical Apolares: o radical é formado por hidrocarbonetos apolares ou modificados. a glicina é apolar Polares: radicais que costumam formar pontes de hidrogênio Básicos: radicais com o grupo amino e podem receber elétrons. Ácidos: radicais com o grupo carboxílico e podem receber elétrons. Classificação quanto ao destino cetogênicos: quando os aminoácidos são degradados a acetil-CoA ou acetoacetil-CoA pelo ciclo de Krebs. Glicogênicos: os aminoácidos são degradados a piruvato, α-cetoglutarato, succinil-CoA, fumarato e oxaloacetato. Transformação dos aminoácidos Alguns aminoácidos sofrem transformação por enzimas para sintetizar hormônios e outras substâncias necessárias ao corpo. Transformação da fenilalanina A adrenalina é um neurotransmissor derivado da fenilalanina. Estimula a glicogenólise, lipólise e ação do músculo cardíaco. Fenilcetonúria é uma doença caracterizada pela deficiência na enzima fenilalanina hidroxilase, impedindo que a fenilalanina seja convertida em tirosina. A falta de tirosina impede a formação de substancias importantes para o funcionamento cerebral, os neurotransmissores, como dopamina e noradrenalina, e melanina. Causando distúrbios neurológicos, falta de pigmentação da pele, déficit mental e baixo QI. A falta da enzima também causa o acumulo de fenilalanina no sangue, dessa forma ela é convertida em fenilpiruvato, pelas enzimas AST e ALT, que é transformado em fenillactato e fenilacetato Transformação do ácido glutâmico É convertido no GABA pelo glutamato descarboxilase. O GABA libera a entrada de cloro na célula pós- sináptica hiperporalizando a célula e retardando o impulso nervoso É usado como calmante. Transformação do triptofano A serotonina é derivada do triptofano. O excesso de fenilalanina (fenilcetonúria) bloqueia a enzima 5-OH-triptofano descarboxilase que impede a formação de serotonina, causando depressão, irritabilidade e hiperatividade. A melatonina, hormônio que regula o sono, é derivado do triptofano. O triptofano se transforma em serotonina e está é convertida em melatonina. A adrenalina e o cortisol induzem a formação da enzima triptofano pirolase, que destrói o triptofano antes que ele atinja a glândula pineal. Dessa forma, altas doses de adrenalina e cortisol impedem a formação de serotonina e melatonina. Bioquímica Glória Mamédio A melatonina é antioxidante e capaz de ultrapassar a barreira hematoencefálica, podendo agir diretamente no cérebro, isso garante uma proteção dos neurônios contra os radicais livres. A medida que a concentração de melatonina cai pode haver declínio da função cerebral em conjunto com a desregulação do sono. OBS: a produção de melatonina decai com à idade Transaminação dos aminoácidos Consiste na transmissão do grupo amino de um aminoácido para um α-cetoglutarato, formando um glutamato e um α-cetoácidos Possui ação de uma enzima aminotransferase ou transaminases. O α-cetoglutarato é proveniente do ciclo de Krebs, e é ele que se transforma em glutamato. O glutamato é o principal receptor do grupo amino As mesmas transaminases que transformam o aminoácido em glutamato transformam ele em aspartato A transaminação ocorre em qualquer tecido, porém com mais frequência no fígado As transaminases são especificas para um ou alguns aminoácidos. As mais importantes aminotransferases são a ALT (GPT) e AST (GOT) a ALT é especifica da alanina, formando piruvato e glutamato a AST transfere o grupo amino do glutamato para o oxalacetato formando aspartato, o aspartato é fonte de nitrogênio no ciclo da ureia. Todas as aminotransferases requerem a coenzima piridoxal-fosfato, o grupo amino é transferida para a porção piridoxal, formando piridoxamina-fosfato, e então o grupo amino é transferido desse para o α- cetoácido. As aminotransferases são enzimas intracelulares, dessa forma alta concentração no plasma indica lesão celular no tecido que apresenta essas enzimas. Altos níveis de ALT e AST indicam lesão hepática, sendo a ALT mais especifica para o fígado. O glutamato pode se desaminado ou ser doador do grupo amino para formação de aminoácidos não- essenciais. Desaminação do glutamato Ocorrem principalmente no fígado e nos rins. Fornecem α-cetoácidos que podem entrar nas vias metabólicas energéticas e amônia para a síntese de ureia. O glutamato é tido como um reservatório de amônia que cederá o grupo amino para formação da ureia A amônia é tóxica ao sangue, por isso é incorporada ao glutamato, formando glutamina, para ser transportada ao fígado. Pela enzima glutamina sintetase A glutamato desidrogenase separa a glutamina em α- cetoglutarato e amônia. A amônia será transformada em ureia. Outra forma de transportar a amônia é pela alanina, esse mecanismo é utilizado pelo músculo. Ocorre a transaminação do piruvato para formar alanina, essa é transportada para o fígado onde é convertida em piruvato por transaminação e o piruvato é transformado em glicose pela gliconeogênese. Ciclo da ureia A ureia é a principal forma de eliminação do nitrogênio do organismo Os átomos de nitrogênio são fornecidos pela amônia livre e pelo aspartato O aspartato é gerado pela transaminação do oxalacetato e a amônia livre pela desaminação do glutamato. A ureia é produzida no fígado e transportada pelo sangue para os rins. Reações do ciclo As duas primeiras reações de síntese da ureia ocorrem na mitocôndria e o restante no citosol. Bioquímica Glória Mamédio Formação do carbamoil-fosfato: é catalisada pela carbamoil-fosfato-sintetase 1, utiliza o CO+ NH3+ 2ATP. A amônia incorporada ao carbamoil- fosfato é derivada da desaminação oxidativa do glutamato. A carbamoil-fosfato-sintetase 1 requen o N-acetil-glutamato Formação da citrulina: a ornitina reage com a carbamoil-fosfato, a carbamoil libera um fosfato e forma a citrulina. A ornitina é regenerada ao final do ciclo. Enzima ornitina-transcarbamoilase Síntese de argininossucinato: gerado pela condensação da citrulina com o aspartato, ocorre a clivagem de um ATP gerando AMP e uma molécula pirofosfato. Enzima argininossuccinato sintetase. Clivagem do argininossuccinato: a argininossuccinato é quebrada em arginina e fumarato. A arginina serve de percursora da ureia e o fumarato é hidratadoa malato que segue para outras rotas metabólicas (pode ir para o ciclo do ácido cítrico). Enzima argininossuccinato liase. Clivagem da arginina: a arginase quebra a arginina em ornitina e ureia. Essa enzima é especifica do fígado. A ureia parte para os rins pelo sangue que é filtrada e secretada pelos rins. Parte da ureia vai para o intestino onde é clivada em CO2 e NH3 pela urease bacteriana, parte da amônia é perdida nas fezes e parcialmente absorvida pelo sangue Em pacientes com insuficiência renal ocorre o acumulo de ureia, parte maior da ureia vai para o intestino e por causa da uréase bacteriana os níveis de amônia no sangue aumentam causando hiperamonemia. O N-acetil-glutamato é um ativador da carbamoil-fosfato- sintetase 1, que é o passo limitante e regulador do ciclo. O N-acetil-glutamato é formado pela reação do Acetil- CoA com o glutamato. Metabolismo da amônia Altas concentrações de amônia podem causar problemas no SNC A amônia pode ser obtida por diferentes fontes: aminoácidos: pela transaminação e desaminação glutamina: pelos rins e pelo intestino ação bacteriana no intestino: quando a ureia absorvida é quebrada em CO2 e NH3 Hiperamonemia: ocorre em casos de comprometimento da função hepática em que a concentração de amônia fica acima de 1000µmol/L pode haver consequências devido a neurotoxidade. é um indicador de distúrbio na homeostase do nitrogênio: insuficiência renal infecção renal hiperalimentação protéica enfermidade hepática defeito nas enzimas do ciclo da ureia Altas concentrações de amônia exigem muito glutamato e por consequência altas concentrações de α-cetoácidos, fazendo com que o ciclo de Krebs assume a função de transportar amônia e diminui o rendimento energético, ocasionando um estado de emergência para o estado cerebral. O glutamato é percussor do GABA, e altas concentrações de glutamato implica altas de GABA que dificulta a chegada adequada dos impulsos nervosos que acarreta o coma. Hiperamonemia adquirida: ocasionadas por doenças hepáticas em adultos. Por hepatite viral, isquemia, hepatotoxinas ou cirrose hepática. Hiperamonemia hereditária: deficiência genética em uma das enzimas do ciclo da ureia. Resultam em retardo mental.
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