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Indaial – 2019 AcessibilidAde e inclusão digitAl Prof.a Franciéle Carneiro Garcês da Silva 1a Edição Copyright © UNIASSELVI 2019 Elaboração: Prof.a Franciéle Carneiro Garcês da Silva Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: SI586a Silva, Franciéle Carneiro Garcês da Acessibilidade e inclusão digital. / Franciéle Carneiro Garcês da Silva. – Indaial: UNIASSELVI, 2019. 196 p.; il. ISBN 978-85-515-0395-9 1. Acessibilidade. - Brasil. 2. Inclusão digital. – Brasil II. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. CDD 020 III ApresentAção Prezado acadêmico, bem-vindo! Este livro didático foi criado visando capacitá-lo para as questões relativas à disciplina de Acessibilidade e Inclusão Digital. Tais questões fazem parte da sua formação acadêmica e, nesse sentido, encontra-se dividido em três unidades. Na Unidade 1, intitulada Tópicos Especiais em Acessibilidade e Inclusão Digital são apresentados os aspectos históricos e conceituais sobre a acessibilidade e inclusão digital, a importância dos conhecimentos sobre a acessibilidade para a Biblioteconomia, bem como apresenta a legislação, os direitos das pessoas com deficiência e as normas técnicas de acessibilidade em bibliotecas. Por fim, conceitua o que são tecnologias assistidas e sua contribuição para a promoção da qualidade de vida de pessoas com deficiência. Na Unidade 2, intitulada Acessibilidade e Inclusão Digital: caminhos para uma prática inclusiva e acessível, você compreenderá os motivos que levam às pessoas com deficiência a estarem afastadas dos ambientes das bibliotecas e unidades de informação e qual o papel do bibliotecário para reverter essa situação; conhecerá a promoção da autonomia e da acessibilidade em bibliotecas estudando o papel do bibliotecário, as necessidades de informação e acesso à informação por pessoas com deficiência. Será possível também entender como planejar bibliotecas que busquem a inclusão e promovam a acessibilidade para as pessoas com deficiência; aprenderá a identificar como as tecnologias assistivas podem contribuir para a autonomia de pessoas com deficiência e seu pleno exercício da cidadania, bem como o acesso à informação e, por fim, conhecerá os softwares e instrumentos que permitem a acessibilidade às pessoas com deficiência em bibliotecas. A Unidade 3, intitulada Educação Inclusiva e Bibliotecas Acessíveis apresenta a importância da educação inclusiva e da acessibilidade no ambiente escolar. Traz ainda a compreensão do papel e do conceito de biblioteca inclusiva e acessível e incita refletir sobre o Código de Ética bibliotecária, as funções do bibliotecário e a sua contribuição para tornar bibliotecas acessíveis e inclusivas. Por fim, traz o conceito de audiodescrição e sua função e fornece exemplos de bibliotecas com acessibilidade. Nesse sentido, sugerimos a leitura de cada unidade deste livro didático na íntegra e de forma atenta. Incentivamos também que sejam respondidas as questões da Autoatividade, que contém exercícios elaborados para testar seus conhecimentos. Lembre-se de que esta disciplina é vital para seu aprendizado no que se refere às questões de acessibilidade e inclusão social e digital. Estes conteúdos serão úteis no seu dia a dia como profissional dentro de uma biblioteca ou unidade de informação e o concederão as habilidades necessárias para ser um profissional que atenda às demandas da sociedade do século XXI. Ótimo estudo e boas reflexões! Ma. Franciéle Carneiro Garcês da Silva IV Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA V VI VII UNIDADE 1 – TÓPICOS ESPECIAIS EM ACESSIBILIDADE E INCLUSÃO DIGITAL ...........1 TÓPICO 1 – HISTÓRIA DA ACESSIBILIDADE ................................................................................3 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................3 2 ACESSIBILIDADE E OS DIREITOS HUMANOS ..........................................................................4 3 PRINCIPAIS MARCOS DA ACESSIBILIDADE NO BRASIL ......................................................8 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 10 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 11 TÓPICO 2 – ACESSIBILIDADE: ASPECTOS CONCEITUAIS ..................................................... 13 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 13 2 DEFINIÇÃO DOS CONCEITOS SOBRE ACESSIBILIDADE .................................................... 14 3 AS DIMENSÕES DA ACESSIBILIDADE ....................................................................................... 23 RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 28 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 29 TÓPICO 3 – LEGISLAÇÃO SOBRE ACESSIBILIDADE ................................................................ 31 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 31 2 ACESSIBILIDADE E A CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA DE 1988....................................... 32 3 LEGISLAÇÃO PARA A PROMOÇÃO DA ACESSIBILIDADE EM INSTITUIÇÕES DE ENSINO E BIBLIOTECAS ........................................................................................................... 36 RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 41 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 42 TÓPICO 4 – INCLUSÃO DIGITAL E TECNOLOGIAS ASSISTIVAS ......................................... 45 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 45 2 CONCEITUANDO A INCLUSÃO DIGITAL .................................................................................46 3 ACESSIBILIDADE E INCLUSÃO DIGITAL .................................................................................. 48 4 TECNOLOGIAS ASSISTIVAS PARA A PROMOÇÃO DA LIBERDADE E AUTONOMIA DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA EM SUA INTERAÇÃO NA SOCIEDADE .......................................................................................................................................... 49 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 59 RESUMO DO TÓPICO 4........................................................................................................................ 62 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 63 UNIDADE 2 – ACESSIBILIDADE E INCLUSÃO DIGITAL: CAMINHOS PARA UMA PRÁTICA INCLUSIVA E ACESSÍVEL ..................................................................... 65 TÓPICO 1 – ACESSIBILIDADE E A PROMOÇÃO DA AUTONOMIA EM BIBLIOTECAS ........67 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 67 2 ACESSIBILIDADE, INCLUSÃO E A PROFISSÃO BIBLIOTECÁRIA ..................................... 68 3 ACESSIBILIDADE, INCLUSÃO SOCIAL E O ACESSO ............................................................. 69 À INFORMAÇÃO .................................................................................................................................... 69 3.1 NECESSIDADES DE INFORMAÇÃO E AS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA ....................... 71 sumário VIII 3.2 PESSOAS COM DEFICIÊNCIA VISUAL E O ACESSO ............................................................. 74 À INFORMAÇÃO .................................................................................................................................. 74 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 77 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 82 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 84 TÓPICO 2 – PLANEJANDO BIBLIOTECAS ACESSÍVEIS E INCLUSIVAS ............................. 87 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 87 2 PENSANDO AS BIBLIOTECAS PARA A INCLUSÃO DE PESSOAS COM NECESSIDADES ESPECIAIS ............................................................................................................ 88 3 PLANEJAMENTO DE BIBLIOTECAS ACESSÍVEIS E INCLUSIVAS E AS SUAS ETAPAS ......89 4 PRÁTICAS COMUNICACIONAIS E RECURSOS PARA AMPLIAÇÃO DA ACESSIBILIDADE DA COMUNICAÇÃO DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA .................... 91 RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 94 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 95 TÓPICO 3 – ESTUDO DE TECNOLOGIA ASSISTIVA E DE OUTRAS INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS QUE VISEM À INCLUSÃO SOCIAL DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA NAS BIBLIOTECAS ............................................................................. 99 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 99 2 TECNOLOGIA ASSISTIVA E ACESSO EM BIBLIOTECAS E UNIDADES DE INFORMAÇÃO ...................................................................................................................................100 2.1 SISTEMA BRAILLE .......................................................................................................................100 2.2 MOUSEKEY ....................................................................................................................................102 3 SOFTWARES DE ACESSIBILIDADE ÀS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA VISUAL ..........103 3.1 DOSVOX .........................................................................................................................................103 3.2 VIRTUAL VISION .........................................................................................................................106 3.3 PROGRAMA MOTRIX .................................................................................................................109 3.4 JAWS FOR WINDOWS .................................................................................................................110 3.5 NVDA ..............................................................................................................................................111 3.6 OPENBOOK ..................................................................................................................................112 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................113 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................114 UNIDAE 3 – EDUCAÇÃO INCLUSIVA E BIBLIOTECAS ACESSÍVEIS ..................................117 TÓPICO 1 – EDUCAÇÃO INCLUSIVA E A BIBLIOTECA ESCOLAR ......................................119 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................119 2 REFLEXÃO SOBRE O ENSINO DE BIBLIOTECONOMIA E A ACESSIBILIDADE ...........119 3 EDUCAÇÃO INCLUSIVA E ACESSIBILIDADE NO AMBIENTE ESCOLAR......................121 4 BILIOTECAS ESCOLARES E ACESSIBILIDADE .......................................................................125 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................127 RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................135 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................137 TÓPICO 2 – BIBLIOTECAS INCLUSIVAS E O PROFISSIONAL BIBLIOTECÁRIO ............141 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................141 2 ACESSIBILIDADE E INCLUSÃO EM BIBLIOTECAS PÚBLICAS .........................................144 3 O AMBIENTE UNIVERSITÁRIO E A ACESSIBILIDADE ........................................................147 3.1 ACESSIBILIDADE EM BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS ....................................................152 3.1.1 PROESP/CAPES: Laboratório de Acessibilidade da Biblioteca Central Cesar Lattes – Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) .........................................................154 IX 3.1.2 Laboratório de Acessibilidade (LA) da Biblioteca Central Zila Mamede (BCZM) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte ...................................................................160 3.2 NÚCLEOS DE ACESSIBILIDADE DE INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR ...............162 3.2.1 Núcleo de Acessibilidade e Inclusão da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) ..................................................................................................................................162 3.2.2 Núcleo de Acessibilidade da Universidade Federal de Goiás (UFG) ...........................165 3.2.3 Núcleo de Acessibilidade Educacional (NAE) da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) ..................................................................................................................1693.3 FUNDAÇÕES E ASSOCIAÇÕES DESTINADAS AO ATENDIMENTO DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA .....................................................................................................................170 3.3.1 Fundação Dorina Nowill para Cegos ................................................................................170 3.3.2 Associação Catarinense para Integração do Cego – ACIC .............................................173 3.3.3 Centro de Apoio ao Deficiente Visual – CADEVI ............................................................174 3.3.4 Associação de Pais Banespianos de Excepcionais – APABEX ........................................174 3.3.5 Associação Mineira de Reabilitação – AMR .....................................................................175 3.3.6 Laramara – Associação Brasileira de Assistência ao Deficiente Visual .........................176 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................180 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................181 REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................183 X 1 UNIDADE 1 TÓPICOS ESPECIAIS EM ACESSIBILIDADE E INCLUSÃO DIGITAL OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • conhecer os aspectos históricos e conceituais sobre acessibilidade e inclusão digital; • entender a importância dos conhecimentos sobre acessibilidade para a Biblioteconomia; • conhecer os conceitos que envolvem a temática da acessibilidade; • aprender, a partir da legislação, os direitos das pessoas com deficiência; • conhecer as normas técnicas para acessibilidade em Bibliotecas e centros de informação; • entender o que são tecnologias assistivas e como elas podem proporcionar qualidade de vida para pessoas com deficiência. Esta unidade está dividida em quatro tópicos. No decorrer da unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – HISTÓRIA DA ACESSIBILIDADE TÓPICO 2 – ACESSIBILIDADE: ASPECTOS CONCEITUAIS TÓPICO 3 – LEGISLAÇÃO SOBRE ACESSIBILIDADE TÓPICO 4 – INCLUSÃO DIGITAL E TECNOLOGIAS ASSISTIVAS 2 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 HISTÓRIA DA ACESSIBILIDADE 1 INTRODUÇÃO A equidade de direitos entre cidadãs e cidadãos está prevista em diversas localidades do mundo como política de inclusão social. Nesse sentido, conforme os instrumentos normativos que serão discutidos ao longo dessa unidade, toda pessoa com necessidades educacionais especiais deve ter seus direitos e qualidade de vida assistidos pelo Estado, como uma política pública. A discussão sobre a qualidade de vida das pessoas com deficiência pode ser considerada recente. As primeiras conferências que discutiram essa temática no mundo ocorreram na segunda metade do século XX, especialmente no contexto europeu. No Brasil, o debate se iniciou na elaboração da Constituição Federal de 1988, conhecida popularmente como “constituição cidadã”. Entretanto, as primeiras garantias de direitos da pessoa com deficiência só foram conquistadas no início do século XXI, no Brasil (MAZZOTTA; D’ANTINO, 2011). Diversos foram os motivos que contribuíram para o atraso dessas pautas, elenca-se o principal destes o pré-conceito sobre a participação social das pessoas com deficiência nos estratos sociais: escolas, ambientes de cultura e lazer e também no mercado de trabalho. Acreditava-se que a pessoa com deficiência não poderia ser inserida nesses espaços e, no modelo econômico capitalista, eram consideradas economicamente e/ou intelectualmente improdutivas. A pessoa com deficiência era, por muitas vezes, enxergada com pré-conceito pelas pessoas sem deficiência. Parte desses pré-conceitos mudaram a partir do aprofundamento de pesquisas científicas sobre as doenças, isso inclui pesquisas que buscassem a melhoria da qualidade de vida da pessoa com deficiência, mudando, inclusive, a forma como as pessoas eram tratadas. Até o início dos anos 2000 era comum que se referissem às pessoas com deficiência como “dementes”, “débeis mentais”, “deficientes”, “incapaz intelectual”, “especiais”, entre outros adjetivos que contribuíram para a exclusão dessas pessoas. Pensando em uma forma de minimizar o pré-conceito e exclusão das pessoas com deficiência, Amiralian et al. (2000) discutem a necessidade de se analisar os termos médicos e os termos sociais sobre as doenças a fim de relacioná-los e utilizá-los como medida educativa. Os autores discutem que se utilizada apenas a terminologia médica, limita-se à compreensão social das doenças (haja vista a complexidade da linguagem entre profissionais da saúde). Em contrapartida, usar apenas a terminologia social pode aumentar preconceitos e dificultar a inclusão das pessoas com deficiência na sociedade. UNIDADE 1 | TÓPICOS ESPECIAIS EM ACESSIBILIDADE E INCLUSÃO DIGITAL 4 Nos próximos subtópicos serão discutidas a inclusão social das pessoas com deficiência e acessibilidade a partir da Declaração Universal dos Direitos Humanos, bem como os principais marcos da acessibilidade no Brasil. 2 ACESSIBILIDADE E OS DIREITOS HUMANOS Ao pensar em acessibilidade, imagina-se que o termo está relacionado majoritariamente a aspectos arquitetônicos, tais como pisos direcionais, rampas, barras de apoio etc. Entretanto, a acessibilidade vai além das condições físicas de estar em determinado espaço, compreende também o acesso a materiais, serviços e informações que permita a pessoa com deficiência uma vida mais digna. Ao relacionar a temática com a atividade bibliotecária, compreende- se como fundamental a preocupação desses profissionais com o acesso às informações para todas as pessoas, respeitando as limitações (quando houver) e fazendo o possível para satisfazer a necessidade informacional do usuário. No que tange ao acesso às informações, faz-se necessária a compreensão da trajetória da acessibilidade para entender os contextos e limites que se encontram atualmente para a promoção da equidade de oportunidades para todas as pessoas. Compreende-se que o contexto pós-guerra mundial foi fundamental para pensar a acessibilidade arquitetônica para pessoas com deficiência física, pois nessa época, devido ao enfrentamento bélico, muitos militares e civis sofreram traumas físicos e psicológicos e, com isso, mobilidade reduzida (perda parcial ou total de membros, distúrbios motores, visuais e auditivos) (CARDOSO, 2011). Para minimizar a situação conflituosa do período, um grupo de países se reuniu para repensar a estrutura global sobre a paz e os direitos humanos. Assim, compreende-se a Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) como o primeiro documento que promoveu não só a união das nações, mas também a equidade entre as pessoas. No preâmbulo desse documento consta que a DUDH tem “[...] como o ideal comum a ser atingido por todos os povos e todas as nações, com o objetivo de que cada indivíduo e cada órgão da sociedade tendo sempre em mente esta Declaração, esforce-se, por meio do ensino e da educação, por promover o respeito a esses direitos e liberdades [...]” (ONU, 2009, s.p.). Nesse sentido, compreende-se que profissionais de Biblioteconomia, enquanto mediadores, têm papel fundamental na promoção e discussão desses valores na sociedade. Salienta-se que tal documento foi escrito com base no contexto de conflitos de guerra da época, por isso nota-se artigos específicos que tratam do direito a julgamento em um tribunal, a proibição da tortura, dos castigos cruéis e dos exílios arbitrários. Com relação ao tema desse tópico (acessibilidade), nota- se que, mesmo não explicitados, os ideais para a equidade de direitos e para a humanização de todas as pessoas, independentemente da sua condição, estão presentes nos respectivosartigos: TÓPICO 1 | HISTÓRIA DA ACESSIBILIDADE 5 QUADRO 1 – DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS (ARTIGOS RELACIONADOS À ACESSIBILIDADE) • Artigo 1 – “Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade”. Nesse artigo destaca-se o nascer livre, em dignidade e direitos. Toda pessoa deve nascer com o mínimo de direito garantido, como por exemplo, o seu registro civil, acesso à saúde, alimentação e deve ser tratada com espírito de fraternidade pelas pessoas a sua volta. • Artigo 2, Parágrafo 1 – “Todo ser humano tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição”. Ainda que não esteja explicitado, elenca-se a relação com a temática proposta nesta unidade a menção a “qualquer outra condição”. Nessa perspectiva, assume-se que essas condições podem referir- se à condição da pessoa com deficiência. • Artigo 3 – “Todo ser humano tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal”. É dever do Estado garantir condições para nascimento, desenvolvimento e segurança para todas as pessoas. • Artigo 5 – “Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante”. Considera-se o referido artigo importante para essa discussão, uma vez que o fato de não enxergar a pessoa com deficiência com humanidade tornou esses corpos vulneráveis. A partir desse artigo, observa-se um movimento global contra a desumanização e a crueldade de umas pessoas em relação às outras. • Artigo 6 – “Todo ser humano tem o direito de ser, em todos os lugares, reconhecido como pessoa perante a lei”. Mais uma vez, destaca-se o reconhecimento de todos os indivíduos como pessoa, como indivíduo que merece equidade de tratamento em todos os espaços. • Artigo 7 – “Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qualquer distinção, a igual proteção da lei. Todos têm direito a igual proteção contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação”. Nota-se que aqui foi utilizada pela primeira vez a palavra discriminação, ou seja, destaca ainda mais a necessidade de igual proteção e tratamento perante a lei. • Artigo 13, Parágrafo 1 – “Todo ser humano tem direito à liberdade de locomoção e residência dentro das fronteiras de cada Estado”. Aqui destaca-se a primeira preocupação com a locomoção de todas as pessoas. Pode-se associar esse artigo ao início da preocupação com a acessibilidade nos espaços públicos. • Artigo 19 – “Todo ser humano tem direito à liberdade de opinião e expressão; esse direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e ideias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras”. Esse artigo relaciona-se às atividades de profissionais da informação, já que mediar as informações de acordo com as necessidades do usuário é uma das missões desses profissionais. Atenta-se para o fato de que é necessário compreender a condição do usuário para que este consiga acessar a informação desejada. UNIDADE 1 | TÓPICOS ESPECIAIS EM ACESSIBILIDADE E INCLUSÃO DIGITAL 6 • Artigo 23, Parágrafo 1 – “Todo ser humano tem direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, a condições justas e favoráveis de trabalho e à proteção contra o desemprego”. • Artigo 23, Parágrafo 2 – “Todo ser humano, sem qualquer distinção, tem direito a igual remuneração por igual trabalho”. Nesse artigo, pode-se notar que todas as pessoas têm direito a um trabalho digno com remuneração justa e isso também se aplica às pessoas com deficiência. • Artigo 26, Parágrafo 1 – “Todo ser humano tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo menos nos graus elementares e fundamentais. A instrução elementar será obrigatória. A instrução técnico-profissional será acessível a todos, bem como a instrução superior, está baseada no mérito”. É dever do Estado proporcionar uma educação que inclua todas as pessoas no sistema de ensino público. • Artigo 27, Parágrafo 1 – “Todo ser humano tem o direito de participar livremente da vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de participar do progresso científico e de seus benefícios”. Aqui discute-se o acesso e o usufruto de bens culturais públicos e do progresso científico para bem-estar de todas as pessoas. FONTE: Adaptado de Organização das Nações Unidas – ONU (2009) Apesar de essencial para o contexto político mundial da época, a DUDH, mesmo propondo o tratamento equânime para todas as pessoas no acesso à saúde, educação, mobilidade, julgamento justo e usufruto dos avanços científicos, não abordou especificamente as pautas que incluem as pessoas com deficiência. Observa-se também que não foram estabelecidas normas para a acessibilidade. Tal discussão se iniciou em 1973, nos Estados Unidos da América (EUA), com a criação da Lei de Reabilitação, que impunha a criação de adaptações e ambientes menos restritivos no emprego e no ensino superior financiado pelo estado para que pessoas com deficiência pudessem estudar e trabalhar (U.S. DEPARTMENT OF JUSTICE, 2009). Pouco tempo depois, em 1975, a Lei de reabilitação se estendeu às escolas para a integração das pessoas com deficiência com a Lei Education for All Handicapped Children Act - EAHCA (Educação para Todas as Crianças Deficientes). Essa lei garantia que todas as escolas que recebessem auxílio do governo, acolhessem crianças com necessidades educacionais especiais. O marco civil na garantia dos direitos das pessoas com deficiência aconteceu em 1980 nos EUA com a Lei Americans with Disabilities – ADA (Americanos com Deficiência), proibindo a discriminação da pessoa com deficiência, promovendo a acessibilidade no mercado de trabalho e estabelecendo fundos públicos para a compra de recursos que necessitam (U.S. DEPARTMENT OF JUSTICE, 1990). TÓPICO 1 | HISTÓRIA DA ACESSIBILIDADE 7 Outro importante documento para a causa foi a Declaração Mundial sobre a Educação para Todos, publicado pela UNESCO no ano de 1990. Este também pode ser considerado um dos documentos norteadores a respeito da inclusão da diversidade nas instituições de ensino. Nele consta que “as necessidades básicas de aprendizagem das pessoas [...] [com] deficiência requerem atenção especial. É preciso tomar medidas que garantam a igualdade de acesso à educação aos portadores de todo e qualquer tipo de deficiência, como parte integrante do sistema educativo” (UNESCO, 1990, p. 4). Observa-se que na citação anterior consta o adjetivo “portadores de deficiência” ao referir-se à pessoa com deficiência. Recomenda-se que não seja utilizado, pois não há opção de a pessoa deixar de portar uma deficiência. Nesse sentido, recomenda-se que utilize pessoa com deficiência ou o adjetivo que determinados grupos prefiram, como é o caso dos cegos e surdos. Retomando a discussão, destaca-se que em 1995 a Organização das Nações Unidas (ONU) publica as Normas sobre a Igualdade de Oportunidades para as Pessoas com Deficiência, estabelecendo diretrizes para a acessibilidade de todas as pessoas. Consta no documento que: [...] Os Estados devem reconhecer a importância global das condições de acessibilidade para o processo de igualdade de oportunidades em todas as esferas da vida social. No interesse de todas as pessoas com deficiência, os Estados devem: a) iniciar programas de ação que visem tornar acessível o meio físico; b) tomar medidas que assegurem o acesso à informação e à comunicação (ONU, 1995, s.p.). Tal documento torna-se essencial para estudantes e profissionais de Biblioteconomia, pois versa sobre a acessibilidade aos espaços, incluindo a biblioteca e o acesso à informação e comunicação. Outro documentoimportante acerca da acessibilidade é a Declaração de Salamanca (1995), também promovida pela ONU. Esse documento é resultado da “Conferência Mundial Sobre Necessidades Educacionais Especiais” e estabelece diretrizes para a educação especial no mundo incluindo crianças, jovens e adultos da educação básica ao ensino superior. Essa declaração dialoga com a DUDH, com a “Declaração Mundial de Educação para todos” e propõe orientações e sugestões para que as nações incorporem nas políticas escolares. São elas: política e organização, fatores relativos à escola, recrutamento e treinamento de educadores, serviços externos de apoio, áreas prioritárias, perspectivas comunitárias e requerimentos relativos à aquisição e distribuição de recursos. A declaração de Salamanca pauta-se no princípio de que a educação é um direito de todos, independentemente da sua condição humana, toda pessoa tem o direito de se educar. Outro aspecto discutido no documento é que toda criança que tem dificuldades no processo de ensino-aprendizagem pode ser considerada com necessidades educacionais especiais e, para atendê-la, a escola deve adaptar- se aos estudantes cumprindo com seu compromisso de oferecer uma educação diversificada no espaço comum a todas as crianças. UNIDADE 1 | TÓPICOS ESPECIAIS EM ACESSIBILIDADE E INCLUSÃO DIGITAL 8 Nesse subtópico foram tratados alguns dos documentos que contribuíram para a consolidação da acessibilidade como um direito de todas as pessoas. Vimos que a discussão se iniciou no pós-guerra com a DUDH e ampliou nas leis americanas até aumentar o debate globalmente a partir da Declaração Mundial de Educação para Todos, da Declaração de Salamanca e das Normas sobre a Igualdade de Oportunidades para as Pessoas com Deficiência da ONU. A seguir serão abordados os principais marcos para a acessibilidade e inclusão social no Brasil. 3 PRINCIPAIS MARCOS DA ACESSIBILIDADE NO BRASIL A discussão sobre a acessibilidade no Brasil, assim como em outros países do mundo, também foi tardia. Costa, Maior e Lima (2005) dizem que essa temática começou a ser abordada no país a partir da Constituição Federal de 1988. Apesar do tema acessibilidade ser recente, a preocupação com a qualidade de vida e educação da pessoa com deficiência pode ser identificada desde o período histórico conhecido como Brasil Império, quando o imperador Dom Pedro II criou em 1845 o Instituto Benjamin Constant (IBC), destinado à educação de crianças cegas. No ano de 1857, também foi fundado, com a outorga do imperador, o Instituto Imperial dos Surdos Mudos, conhecido atualmente como Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES), ambas as instituições na cidade do Rio de Janeiro. Outras importantes instituições para cuidado, apoio e educação de pessoas com necessidades educacionais especiais são: a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais – APAE – e a Associação de Apoio à Criança Deficiente – AACD. A primeira trata-se de uma organização social fundada em 1954 que tem como objetivo “promover a atenção integral à pessoa com deficiência intelectual e múltipla” (APAE, 2018, s.p.). Atualmente, a instituição atende a mais de 2 mil municípios brasileiros. A segunda, fundada em 1950, inspirada na inovação tecnológica dos EUA, é considerada uma instituição de excelência no tratamento de pessoas com deficiência. A instituição também oferece outras atividades, tais como a inserção no esporte paraolímpico e atividades para a integração social das pessoas com deficiência, especialmente para a superação do trauma e/ou condição (AACD, 2018). A história da acessibilidade, no Brasil, dialoga com as convenções citadas no subtópico anterior. Preocupado com a inclusão e atendimento da pessoa com deficiência, o Governo Federal brasileiro aderiu às sugestões e diretrizes propostas pela ONU e legitimadas pela Declaração de Salamanca. Salienta-se que apesar de ter aderido às propostas internacionais entre os anos 1990 e início dos anos 2000, ainda hoje o acolhimento da pessoa com deficiência e a acessibilidade dessas pessoas é um desafio, haja vista a dimensão do território brasileiro. TÓPICO 1 | HISTÓRIA DA ACESSIBILIDADE 9 As convenções descritas trouxeram como pautas importantes os princípios gerais de autonomia, independência das pessoas, exercício pleno à cidadania, não discriminação, prevenção e repressão de abusos e violência contra a pessoa com deficiência. Destaca-se, portanto, que a assistência social, saúde, educação e acolhimento da pessoa com deficiência é dever do Estado, e ainda que determinados municípios possuam autonomia federativa, devem incluir diretrizes determinadas pelo Governo Federal para atender a essa comunidade em suas pastas (BRASIL, 1988). Carletto e Cambiaghi, autoras do e-book Desenho universal: um conceito para todos (2008), também trazem uma contribuição importante para a história da acessibilidade no Brasil, que diz respeito à adoção dos desenhos universais para o acesso de pessoas com deficiências nos transportes públicos, ruas e construções. O desenho universal funciona como um instrumento para a concretização de políticas de acessibilidade determinadas pelo Estado, utiliza princípios e conceitos adotados mundialmente para todo e qualquer programa de acessibilidade plena para que ele seja igualitário, adaptável, óbvio (intuitivo), conhecido, seguro, sem esforço e abrangente. Com base nesses conceitos descritos, cabe ao poder público promover as melhorias no espaço público e fiscalizar as instituições, sendo o órgão competente para essa fiscalização o Ministério Público, que deve cobrar o cumprimento das leis e normas instituídas para a sociedade civil e empresarial. No tocante às bibliotecas, elas também devem atender às normas de acessibilidade como a adoção do desenho universal para sinalização. O espaço deve incluir rampas, pisos direcionais e de alerta, banheiros adaptados e atendimento adequado por parte dos profissionais que nela trabalham. As adaptações nas construções civis para a promoção da acessibilidade ainda não têm a cobertura de todos os espaços públicos e/ou privados. Entretanto, destaca-se que a adoção de tais medidas é boa para todas as pessoas: para pessoas com deficiência por facilitar o acesso e a inclusão social e para as pessoas sem deficiência no desenvolvimento da empatia, que contribuirá para a formação de uma sociedade inclusiva e equânime. DICAS No site da ONU Brasil você pode encontrar um amplo material bibliográfico e audiovisual sobre direitos humanos. Acesse https://nacoesunidas.org/direitoshumanos/ e confira. https://nacoesunidas.org/direitoshumanos/ 10 Neste tópico, você aprendeu que: • A discussão sobre a acessibilidade de pessoas com deficiência começou efetivamente no contexto pós-guerras mundiais. • A Declaração Universal dos Direitos Humanos foi essencial para o reconhecimento dos direitos e acesso à informação, saúde e educação de todas as pessoas. • Instituições como a ONU e UNESCO foram fundamentais para ampliar as discussões sobre acessibilidade e educação especial em diversas regiões do mundo. • A Declaração Mundial de Educação para Todos, a Declaração de Salamanca e as Normas sobre a Igualdade de Oportunidades para as Pessoas com Deficiência, da ONU, são documentos essenciais para conhecimento das principais propostas para a acessibilidade. • No Brasil, apesar de adotar apenas no século XXI pautas efetivas para a prevenção, proteção das pessoas com deficiência e punição nos casos de abuso e violência, pode-se observar que a preocupação com a educação e tratamento dessas pessoas acontece desde o século XIX. • As principais instituições que acolheram, ao longo do tempo, essas pessoas foram o Instituto Benjamin Constant, o Instituto Nacional de Educação para Surdos, a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais – APAE – e a Associação de Apoio à Criança Deficiente – AACD. • A adoção do desenho universal amplia as formas de mobilidade e a acesso a benspúblicos e privados para as pessoas com deficiência. RESUMO DO TÓPICO 1 11 1 O(s) documento(s) que impulsionaram a discussão sobre acessibilidade no mundo foram: I- Declaração Universal dos Direitos Humanos II- Marco Civil da Internet III- Normas sobre a Igualdade de Oportunidades para as Pessoas com Deficiência IV- Declaração de Salamanca V- Nenhuma das respostas anteriores De acordo com os itens elencados, assinale a alternativa que corresponde aos documentos estudados nesse tópico: a) ( ) Apenas o item V está correto. b) ( ) Os itens II e III estão corretos. c) ( ) Apenas o item I está correto. d) ( ) Os itens I, III e IV estão corretos. 2 Observe a seguinte tirinha: A tirinha “Super Normais” foi criada para retratar a deficiência de maneira diferente. De acordo com os autores, o objetivo é desconstruir os pré-conceitos e discriminações que essas pessoas sofrem no dia a dia. No que tange à transformação da sociedade, a fim de que ela se torne mais inclusiva, assinale a alternativa que aponta a medida que permite a universalização dos espaços para a mobilidade e acesso de pessoas com deficiência em espaços públicos e privados: a) ( ) Escadas rolantes em shoppings, aeroportos etc. b) ( ) A adoção do desenho universal que permite à pessoa com deficiência o acesso por rampas, pisos direcionais, banheiros inclusivos, entre outros. c) ( ) A presença de um acompanhante em todos os espaços públicos. d) ( ) Todas as alternativas anteriores. AUTOATIVIDADE 12 3 De acordo com os conteúdos estudados sobre as instituições de apoio à pessoa com deficiência, relacione as colunas: (1) Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais – APAE (2) Associação de Apoio à Criança Deficiente – AACD (3) Instituto Benjamin Constant – IBC (4) Instituto Nacional de Educação de Surdos – INES a) ( ) Instituição criada durante o Brasil Império destinada à Educação de crianças cegas. b) ( ) Tem por objetivo promover a atenção integral à pessoa com deficiência intelectual e múltipla. c) ( ) Foi chamado, durante o Brasil Império, de Instituto Imperial dos Surdos Mudos. d) ( ) A instituição promove a inserção da pessoa com deficiência no esporte paraolímpico 4 Leia a frase a seguir: De acordo com a afirmação contida na frase, existe uma série de atividades que profissionais da informação podem realizar para a promoção da inclusão social. Sobre o atendimento às pessoas com necessidades educacionais especiais, cabe a este profissional: a) ( ) Priorizar o atendimento de pessoas que não possuem deficiência para aumentar a produtividade. b) ( ) Não atender às pessoas com deficiência intelectual. c) ( ) Atender somente pessoas com deficiência acompanhadas. d) ( ) Nenhuma das alternativas anteriores. A acessibilidade nas bibliotecas e unidades de informação vai além da construção de rampas e pisos táteis, envolve a participação de todos os profissionais da biblioteca e da sociedade civil. 13 TÓPICO 2 ACESSIBILIDADE: ASPECTOS CONCEITUAIS UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Como estudado nas unidades anteriores, uma das principais áreas de estudo da Biblioteconomia é a organização do conhecimento para a recuperação da informação através dos sistemas de organização do conhecimento (SOC). Esses sistemas também são utilizados nas bibliotecas físicas para organizar a localização fixa dos livros e são denominados sistemas de classificação bibliográficas, tais como a Classificação Decimal de Dewey (CDD), a Classificação Decimal Universal (CDU), a Classificação de dois pontos ou classificação facetada (Colon classification), a Classificação da Biblioteca do Congresso (LCC – Library of Congress Classification), entre outros sistemas. Para a organização do conhecimento e tratamento das informações, o assunto das obras é o elemento essencial para o tratamento da informação. Sendo assim, a compreensão dos conceitos é essencial para a classificação dos assuntos (DAHLBERG, 1978). No que se refere à acessibilidade, tema central dessa unidade, enxerga-se a compreensão do assunto como fundamental para profissionais da informação por dois aspectos: o primeiro para tratamento da informação no processamento técnico e o segundo para que o atendimento no serviço de referência para que se atenda a toda diversidade de usuárias e usuários da mesma forma. Por diversidade, entende-se como as pessoas que não fizeram parte da hegemonia social e cultural (homens brancos heterossexuais e abastados financeiramente) (MORAES, 1997), que representaram por séculos o poder na política, na ambiência jurídica, nos cargos de liderança, trabalho e também no lar como chefes de família. Assim, os grupos sociais que englobam a diversidade correspondem a: diversidade de gênero (mulheres cisgêneros, mulheres transgêneros, homens transgêneros, pessoas de gênero fluído ou gênero não binário etc.), diversidade sexual (população LGBTI+), diversidade étnico-racial (negros, indígenas, ciganos, asiáticos etc.) e diversidade da condição humana (pessoas com deficiência). Nessa perspectiva, entende-se que diversidade e acessibilidade são temas que estão relacionados, uma vez que, ao longo do tempo, alguns grupos não puderam exercer a cidadania, participar da vida política e ocupar o mercado de trabalho, enquanto outros viviam à margem da sociedade. Com base nisso, o presente tópico se dedicará a operacionalizar os conceitos de diversidade, especificamente à diversidade da condição humana e acessibilidade para que estudantes de Biblioteconomia compreendam esse universo a fim de proporcionar um atendimento mais equânime às pessoas com deficiência. UNIDADE 1 | TÓPICOS ESPECIAIS EM ACESSIBILIDADE E INCLUSÃO DIGITAL 14 2 DEFINIÇÃO DOS CONCEITOS SOBRE ACESSIBILIDADE O conceito, na Biblioteconomia, é majoritariamente estudado na Organização do Conhecimento e teve como principal teórica a cientista da informação e pesquisadora alemã Ingetraut Dahlberg (1978). A autora diz que a atividade de definir as coisas é natural aos seres humanos, ou seja, desde que a pessoa humana foi capaz de pensar e falar, criou um conjunto de símbolos para definir as coisas, representando-as através de imagens e/ou palavras escritas ou expressas através da fala ou dos sinais. Os conceitos podem ser representados por uma ou mais palavras e representam objetos, instituições, espaços geográficos e ideias. Francelim e Kobashi (2011) explicam que os conceitos podem ser entendidos também como unidades de conhecimento. Os autores consideram que ao estruturar a operacionalização dos conceitos deve-se pensar numa estrutura hierárquica para facilitar a organização e compreensão do que será conceituado. Diante disso, para compreender ainda mais o universo da acessibilidade, observe o esquema e a operacionalização dos conceitos envolvidos na temática dessa unidade: QUADRO 2 – MAPA CONCEITUAL DA ACESSIBILIDADE FONTE: A autora Acessibilidade Étnica Gênero Sexualidade Diversidade Educação inclusiva Educação para a diversidade Necessidades Educacionais Condição Humana Pessoa sem deficiência Pessoa com deficiência Especiais Equidade de direitos e oportunidades Inclusão Social TÓPICO 2 | ACESSIBILIDADE: ASPECTOS CONCEITUAIS 15 • Acessibilidade A acessibilidade vai além do planejamento do espaço físico para incluir as pessoas com deficiência, ele também é aplicado a outros ambientes, por exemplo, o ambiente digital, pois trata-se de: [...] um conceito que envolve tanto aspectos do espaço físico, o espaço em que vivemos, como do espaço digital. A legislação brasileira conceitua acessibilidade como sendo a possibilidade e condição de alcance para utilização, com segurança e autonomia, dos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das edificações, dos transportes e dos sistemas e meios de comunicação por pessoas com deficiência (TORRES; MAZZONI; ALVES, 2002, p. 83). Sendo assim, a acessibilidade é um direito para que todas as pessoas, independentemente da sua condição, possamfrequentar todos os espaços e acessar diversos conteúdos informacionais. Tornar um espaço inclusivo é uma boa prática para formar uma sociedade mais equânime, haja vista que a alteração desses espaços em nada afeta o dia a dia das pessoas sem deficiência, mas inclui, ou seja, amplia o acesso para todas as pessoas. FIGURA 1 – SÍMBOLOS REFERENTES À ACESSIBILIDADE FONTE: <https://www.franciscoegito.com.br/noticia/noticias/o-que-e-acessibilidade-e-quais-as- normas-na-seara-condominial>. Acesso em: 6 jun. 2019. • Equidade de direitos e oportunidades A Equidade é um conceito que por diversas vezes foi utilizado como sinônimo de igualdade. Entende-se que tais conceitos são distintos, pois a igualdade representa uma forma de tratamento e atendimento igual para as pessoas, sem a compreensão da diversidade. Nesse sentido, a equidade representa uma forma mais justa de compreender e atender às necessidades de diferentes grupos, uma vez que as necessidades de informação, comunicação, mobilidade, são diferentes entre as pessoas com deficiência e as pessoas sem deficiência. Hossne (2009, p. 212) salienta que “a equidade busca o que é justo, o que, em última análise, está intrinsecamente vinculado à ética, enquanto adequada opção de valores”. Tornar uma sociedade mais equânime significa compreender e agir em todos os espaços, reconhecendo as limitações e necessidades de cada pessoa, combatendo a exclusão e contribuindo para a inclusão social. AUDITIVO FÍSICAOU MOTORA INTELECTUAL OU MENTAL MOBILIDADE REDUZIDA OBESIDADE PESSOA COM 60 ANOS OU MAIS VISUAL UNIDADE 1 | TÓPICOS ESPECIAIS EM ACESSIBILIDADE E INCLUSÃO DIGITAL 16 FIGURA 2 – DIFERENÇAS ENTRE IGUALDADE E EQUIDADE FONTE: <https://programaelas.com.br/diferenca-de-equidade-e-igualdade-de-genero/>. Acesso em: 6 jun. 2019. • Inclusão Social A inclusão social é a ideia que visa a participação de todas as pessoas nos ambientes escolares, de trabalho, de esportes e lazer para o exercício da cidadania. Nessa perspectiva, Garrafa (2005) destaca que a inclusão social considera o empoderamento, a emancipação e libertação das pessoas para viverem de forma mais autônoma, cumprindo com seus deveres e usufruindo dos seus direitos como cidadãs e cidadãos. Reconhece-se que todas as pessoas têm direito à saúde, educação, assistência social e jurídica e a participar da economia de seus Estados-nações. FIGURA 3 – INCLUSÃO SOCIAL FONTE: <http://guiadocente.com.br/inclusao-escolar-experiencias-nova-lei/>. Acesso em: 6 jun. 2019. TÓPICO 2 | ACESSIBILIDADE: ASPECTOS CONCEITUAIS 17 • Diversidade A diversidade contempla o que é diferente do hegemônico, do padrão socialmente instituído como imagem ou conduta correta. Para Abramowicz (2006, p. 12), “diversidade pode significar variedade, diferença e multiplicidade. A diferença é qualidade do que é diferente; o que distingue uma coisa de outra, a falta de igualdade ou de semelhança”. Nessa perspectiva, o reconhecimento de que há diversidade entre as pessoas é fundamental para a formação de uma sociedade mais inclusiva. FIGURA 4 – ÁRVORE DA DIVERSIDADE FONTE: <https://leveconsciencia.files.wordpress.com/2017/11/arvore-da-diversidade.jpg>. Acesso em: 6 jun. 2019. • Diversidade étnica Trata-se do reconhecimento das muitas populações existentes. Reconhecer e respeitar a diversidade étnica contribui para o combate ao preconceito contra populações não brancas, respeitando as especificidades culturais de cada grupo e dando voz a todas as pessoas na ciência, na representação política, nos espaços de lazer e no mercado de trabalho. A diversidade étnica também contempla as características étnico-raciais que vão além da cultura e visam ao combate ao racismo que trata do preconceito ligado muitas vezes a características físicas e cor da pele. Ao longo do tempo, pessoas negras, indígenas, orientais, entre outros grupos foram marginalizados ou categorizados socialmente de forma pejorativa. Foi através de lutas, como a do Movimento Negro, que as populações conquistaram os direitos civis e buscam, ainda hoje, o combate ao racismo e ao preconceito nos mais diversos estratos sociais (GOMES, 2011). UNIDADE 1 | TÓPICOS ESPECIAIS EM ACESSIBILIDADE E INCLUSÃO DIGITAL 18 FIGURA 5 – DIVERSIDADE ÉTNICO-RACIAL FONTE: <https://novaescola.org.br/conteudo/8921/por-um-ensino-de-varias-cores>. Acesso em: 6 jun. 2019. • Diversidade de Gênero É a compreensão de que existem pessoas de diversos gêneros, não apenas o masculino e feminino. O gênero representa a identidade político-social que a pessoa escolhe ou que é escolhida por ela. Quando se refere ao fato de o gênero ser escolhido por pais e/ou mães em relação aos seus fi lhos e fi lhas, fala-se sobre os papéis e comportamentos normativos que a pessoa deve “cumprir” ao longo da vida. Por exemplo, quais atividades devem ser realizadas por homens e quais devem ser realizadas por mulheres. Ao discutir sobre a diversidade de gênero, faz-se necessária a compreensão de que existem mais gêneros que os binários (homem e mulher). Nesse sentido, reconhece-se a escolha política-identitária para que cada pessoa possa decidir a qual gênero se enquadra, tais como: homem cisgênero, homem transgênero, mulher cisgênero, mulher transgênero, pessoas de gênero fl uído e pessoas de gênero não binário, entre outros. Destaca-se que diversidade de gênero não têm o mesmo signifi cado de diversidade de sexualidade (JESUS, 2012). Esta última será abordada no próximo conceito. FIGURA 6 – DIVERSIDADE DE GÊNERO FONTE: <https://aminoapps.com/c/seven-oclock-soc-br/page/blog/diversidade-de-genero>. Acesso em: 6 jun. 2019. TÓPICO 2 | ACESSIBILIDADE: ASPECTOS CONCEITUAIS 19 • Diversidade de sexualidade ou diversidade sexual Corresponde ao reconhecimento de diversas formas afetivas e sexuais de relacionamento entre pessoas. Esses relacionamentos podem ser heterossexuais (entre pessoas de gêneros diferentes), homossexuais (entre pessoas do mesmo gênero), bissexuais (quando a pessoa se relaciona com o homens e mulheres) e pansexuais (quando a pessoa sente atração por todos os gêneros, binários e não binários). A identidade sexual ou identidade de sexualidade foi reprimida e oprimida durante a história da humanidade. Foi através dos movimentos sociais que as populações LGBTI+ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais, Intersexuais, entre outros) buscaram e buscam, dia após dia, o respeito a sua identidade, segurança, igualdade de direitos civis como casamento e previdência social. A liberdade de gênero e sexualidade é um direito de todas as pessoas e deve ser respeitado sem distinções de tratamento (JESUS, 2012). FIGURA 7 – SÍMBOLO DE LUTA DA POPULAÇÃO NEGRA LGBTQI+ FONTE: <https://ceert.org.br/noticias/direitos-humanos/6646/filmes-lgbt-com-protagonistas- negros>. Acesso em: 6 jun. 2019. • Diversidade da Condição Humana A diversidade de características físicas, culturais, étnicas, de gênero, sexualidade e da condição humana devem compor o mundo social. Entende-se por diversidade da condição humana a humanização das pessoas com deficiência, reconhecendo que são pessoas que compõem a sociedade e merecem ser respeitadas não havendo diferenciação no tratamento em relação a pessoas sem deficiência. Destaca-se que diversidade e diferenciação são conceitos opostos. A diversidade diz sobre o reconhecimento de que as pessoas não são iguais e devem gozar de direitos equiparados no exercício da cidadania. A diferenciação tem caráter discriminatório, uma vez que implica na concepção de que pessoas de condição humana diferentes merecem tratamentos diferentes. “A sociedade cria e reproduz a ‘diferenciação social’ sem absorver o conjunto das diferenças singulares como parte de seu movimento” (FERNANDES, 2002, p. 55). https://ceert.org.br/noticias/direitos-humanos/6646/filmes-lgbt-com-protagonistas-negros https://ceert.org.br/noticias/direitos-humanos/6646/filmes-lgbt-com-protagonistas-negros UNIDADE 1 | TÓPICOS ESPECIAISEM ACESSIBILIDADE E INCLUSÃO DIGITAL 20 FIGURA 8 – DIVERSIDADE DA CONDIÇÃO HUMANA FONTE: <http://revistadmais.com.br/sp-reune-gestores-municipais-para-formular-sugestoes-de- politicas-publicas-para-pessoas-com-defi ciencia/>. Acesso em: 6 jun. 2019. • Pessoa sem defi ciência Caracteriza as pessoas que não têm defi ciência ou necessidades educacionais especiais. Salienta-se que de forma alguma deve-se caracterizar essas pessoas como normais, pois essa diferenciação trataria as pessoas com defi ciência como anormais. FIGURA 9 – PESSOAS SEM DEFICIÊNCIA FONTE: <https://sociologiacienciaevida.com.br/masculinidade-hegemonica-e- representatividade/diversidade-pessoas/>. Acesso em: 6 jun. 2019. • Pessoa com defi ciência Caracteriza-se pessoa com defi ciência aquela que possui necessidades educacionais e de mobilidade especiais. Sassaki (2003) explica que esse é o termo para tratamento escolhido pelas pessoas com defi ciência, o autor conta que foi decidido em assembleia durante um encontro realizado em Recife no qual as pessoas optaram por desconsiderar o termo “portadores de defi ciência”, passando a denominar-se “pessoa com defi ciência”. TÓPICO 2 | ACESSIBILIDADE: ASPECTOS CONCEITUAIS 21 Atenta-se também que não é correto caracterizar as pessoas com deficiência como deficiente físico ou deficiente intelectual. Deve-se utilizar apenas pessoa com deficiência, sem especificar a condição. FIGURA 10 – PESSOAS COM DEFICIÊNCIA FONTE: <https://diariodainclusaosocial.com/2016/09/08/quem-sao-as-pessoas-consideradas- pessoas-com-deficiencia/>. Acesso em: 6 jun. 2019. • Educação inclusiva A educação inclusiva é aquela que visa incluir as pessoas com deficiência no sistema de ensino público e privado do país. Acredita-se que ela é “promotora do sucesso de todos e de cada um, assente em princípios de direito e não de caridade, igualdade de oportunidades e não de discriminação” (SANCHES, 2005, p. 131). Nessa perspectiva, a educação inclusiva contribui para a socialização da pessoa com deficiência e que, dessa maneira, possa desenvolver empatia nas pessoas sem deficiência. FIGURA 11 – EDUCAÇÃO ESCOLAR INCLUSIVA FONTE: <http://www.ung.br/noticias/univeritas-itaqua-recebe-i-jornada-pedagogica-de- educacao-inclusiva>. Acesso em: 6 jun. 2019. https://diariodainclusaosocial.com/2016/09/08/quem-sao-as-pessoas-consideradas-pessoas-com-deficiencia/ https://diariodainclusaosocial.com/2016/09/08/quem-sao-as-pessoas-consideradas-pessoas-com-deficiencia/ http://www.ung.br/noticias/univeritas-itaqua-recebe-i-jornada-pedagogica-de-educacao-inclusiva http://www.ung.br/noticias/univeritas-itaqua-recebe-i-jornada-pedagogica-de-educacao-inclusiva UNIDADE 1 | TÓPICOS ESPECIAIS EM ACESSIBILIDADE E INCLUSÃO DIGITAL 22 • Educação para a diversidade É a concepção de que a educação deve atender a todas as pessoas para que se sintam parte do sistema de ensino e da comunidade escolar. De acordo com o Ministério da Educação e Cultura brasileiro, a diversidade deve estar contemplada nos currículos como previsto na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) (BRASIL, 1996). FIGURA 12 – EDUCAÇÃO PARA A DIVERSIDADE FONTE: <https://desabafosocial.com.br/blog/2016/05/06/luto-educacao-bahia/>. Acesso em: 6 jun. 2019. • Necessidades educacionais especiais Tratam-se dos recursos humanos, materiais e tecnológicos utilizados para que pessoas com deficiência tenham condições para frequentar as instituições de ensino (BEYER, 2013). FIGURA 13 – NECESSIDADES EDUCACIONAIS E PARA LOCOMOÇÃO ESPECIAIS FONTE: <http://estudantesdepedagogia10.blogspot.com/2017/03/necessidades-educacionais- especiais.html>. Acesso em: 6 jun. 2019. https://desabafosocial.com.br/blog/2016/05/06/luto-educacao-bahia/ http://estudantesdepedagogia10.blogspot.com/2017/03/necessidades-educacionais-especiais.html http://estudantesdepedagogia10.blogspot.com/2017/03/necessidades-educacionais-especiais.html TÓPICO 2 | ACESSIBILIDADE: ASPECTOS CONCEITUAIS 23 Até aqui foram discutidos os conceitos que envolvem a temática da acessibilidade, da diversidade e do universo educacional que acolhe a temática. No próximo subtópico serão discutidas as dimensões da acessibilidade. 3 AS DIMENSÕES DA ACESSIBILIDADE A acessibilidade para pessoas com deficiência dialoga com a inclusão dessas pessoas, permitindo que tenham acesso a bens e serviços como as pessoas sem deficiência. Para minimizar as barreiras no acesso à saúde, mobilidade, educação, trabalho e lazer foram estabelecidas seis dimensões que auxiliam na qualidade de vida das pessoas com deficiência (SASSAKI, 2009; FÁVERO; COSTA, 2014, VASCONCELOS; SONZA, 2017). São elas: • Acessibilidade Arquitetônica – visa a eliminação das barreiras físicas nos ambientes internos e externos para que as pessoas com deficiência possam frequentar todos os espaços. Alguns exemplos de barreiras arquitetônicas são: degraus, buracos, desníveis no chão, pisos escorregadios e não direcionais, sanitários pequenos e sem barras de apoio, má iluminação, móveis e equipamentos mal localizados, corredores estreitos. Estima-se que os espaços sejam adaptados inserindo rampas; mantendo o chão nivelado; incluindo pisos antiderrapantes e direcionais; construindo corredores largos; repensando o posicionamento dos móveis e equipamentos para que as pessoas com deficiência possam circular no espaço; construindo banheiros adaptados. FIGURA 14 – RAMPA DE ACESSO PARA CADEIRANTES FONTE: <https://arqdicasblog.wordpress.com/2016/06/17/nbr-9050-calculo-de-rampas/>. Acesso em: 6 jun. 2019. • Acessibilidade comunicacional – visa extinguir barreiras na comunicação interpessoal, no acesso à informação escrita e virtual. Esse tipo de acessibilidade ocorre na comunicação face a face, na impressão de materiais bibliográficos e placas em braile, o uso de computadores adaptados para pessoas com baixa visão, na inclusão de intérpretes de libras nos programas de televisão, o uso de áudio livros, recursos auditivos nos caixas eletrônicos e uso de softwares especiais para navegação na internet, entre outros recursos. https://arqdicasblog.wordpress.com/2016/06/17/nbr-9050-calculo-de-rampas/ UNIDADE 1 | TÓPICOS ESPECIAIS EM ACESSIBILIDADE E INCLUSÃO DIGITAL 24 FIGURA 15 – COMUNICAÇÃO ATRAVÉS DA LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS (LIBRAS) FONTE: <http://www.acessibilidade.ufc.br/acessibilidade-comunicacional-voce-ja-ouviu-falar/>. Acesso em: 6 jun. 2019. • Acessibilidade atitudinal – busca eliminar barreiras para a convivência, como a promoção de eventos, exposições, palestras e encontros que integrem todas as pessoas para que desenvolvam empatia, acolhimento, conscientização, a fi m de eliminar preconceitos e estereótipos e ensinando através da educação que todas as pessoas devem ser respeitadas. Recomenda-se a realização de uma recepção acolhedora de estudantes e profi ssionais com defi ciência e o relacionamento integrado junto à família (especialmente no caso de estudantes). FIGURA 16 – ACESSIBILIDADE ATITUDINAL FONTE: <http://apaeconselheirolafaiete.blogspot.com/2011/04/acessibilidade-atitudinal- quando-somos.html>. Acesso em: 6 jun. 2019. TÓPICO 2 | ACESSIBILIDADE: ASPECTOS CONCEITUAIS 25 • Acessibilidade programática – deve-se eliminar barreiras nos documentos institucionais, tais como legislação, editais de concursos, regulamentos, portarias, projeto político-pedagógico etc. Essa dimensão contempla a liberdade no acesso a bens e serviços para que a pessoa com deficiência tenha uma vivência plena nos espaços escolares, culturais, de lazer e trabalho. Recomenda-se a capacitação de profissionais da educação e da saúde e formação continuada para que estes profissionais atendam à pessoa com deficiência de maneira apropriada. Também recomenda-se a adequação dos projetos políticos- pedagógicos e a proposição e implementação de leis voltadas às necessidades das pessoas com deficiência. FIGURA 17 – ACESSIBILIDADE NAS ELEIÇÕES FONTE: <http://www.tre-mt.jus.br/imprensa/noticias-tre-mt/2012/Outubro/direito-ao-voto-tre-garante-acessibilidade-de-portadores-de-necessidades-especiais>. Acesso em: 6 jun. 2019. • Acessibilidade metodológica – busca promover uma educação sem barreiras de técnicas, métodos e teorias. Consiste na inclusão de materiais didáticos adequados para atender às necessidades educacionais especiais, deseja-se que educadoras e educadores tenham o conhecimento das teorias da inteligência múltipla, compreendendo diversos estilos para ensinar e aprender. Recomenda- se a adequação dos métodos de ensino, atendimento especializado, bidocência, a presença de estagiárias e estagiários para auxiliar e educar de forma participativa, uso de laboratórios especializados no espaço escolar, diversidade de materiais na biblioteca e/ou brinquedoteca para pessoas com deficiência e a criação de projetos acessíveis, como projetos de competência em informação realizados por profissionais de Biblioteconomia. http://www.tre-mt.jus.br/imprensa/noticias-tre-mt/2012/Outubro/direito-ao-voto-tre-garante-acessibilidade-de-portadores-de-necessidades-especiais http://www.tre-mt.jus.br/imprensa/noticias-tre-mt/2012/Outubro/direito-ao-voto-tre-garante-acessibilidade-de-portadores-de-necessidades-especiais UNIDADE 1 | TÓPICOS ESPECIAIS EM ACESSIBILIDADE E INCLUSÃO DIGITAL 26 FIGURA 18 – ACESSIBILIDADE METODOLÓGICA (LIBRAS) FONTE: <https://www.justica.gov.br/seus-direitos/classificacao/classificacaolinguasinais.pdf>. Acesso em: 6 jun. 2019. • Acessibilidade instrumental – elimina barreiras nos instrumentos e ferramentas de estudo. Tais barreiras dizem respeito aos obstáculos que limitam o acesso da pessoa com deficiência à informação, liberdade de movimento e circulação com segurança nos espaços internos e nas ruas. Essas barreiras são minimizadas com a utilização de equipamentos, aparelhos e utensílios adaptados e com o recurso das tecnologias assistivas (ver Tópico 4). Recomenda-se a adequação do mobiliário, a aquisição de jogos e computadores inclusivos. FIGURA 19 – TECLADO ADAPTADO PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA FONTE: <http://site.uniaraxa.edu.br/instituicao/inclusao-e-acessibilidade-no-uniaraxa/ acessibilidade-instrumental-e-tecnologica/>. Acesso em: 6 jun. 2019. As dimensões descritas nesse tópico tratam-se de recomendações, ou seja, não são garantias de que aconteçam nas instituições de ensino, cultura, informação, trabalho, saúde e lazer. Sabe-se que apesar de haver estudos desenvolvidos para a melhoria da qualidade de vida da pessoa com deficiência, por vezes existem limitações orçamentárias para que a inclusão seja feita com excelência. https://www.justica.gov.br/seus-direitos/classificacao/classificacaolinguasinais.pdf http://site.uniaraxa.edu.br/instituicao/inclusao-e-acessibilidade-no-uniaraxa/acessibilidade-instrumental-e-tecnologica/ http://site.uniaraxa.edu.br/instituicao/inclusao-e-acessibilidade-no-uniaraxa/acessibilidade-instrumental-e-tecnologica/ TÓPICO 2 | ACESSIBILIDADE: ASPECTOS CONCEITUAIS 27 IMPORTANT E A Teoria do Conceito é de grande importância para o processamento técnico de materiais da Biblioteca durante a atividade de classificação e indexação. DICAS Ficou curioso sobre a Teoria do Conceito? Sugerimos a leitura do seguinte artigo: DAHLBERG, Ingetraut. Teoria do conceito. Ciência da informação, v. 7, n. 2, 1978. Disponível em: http://revista.ibict.br/ciinf/article/view/115. Acesso em: 4 jun. 2019. http://revista.ibict.br/ciinf/article/view/115 28 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, você aprendeu que: • Conhecer os conceitos que envolvem a acessibilidade é importante para profissionais de Biblioteconomia, tanto para atividades de processamento técnico quanto para atendimento de usuárias e usuários das bibliotecas e centros de informação. • Entender os conceitos e termos adequados auxilia no combate ao preconceito e estereótipos enfrentados pelas pessoas com deficiência. • A acessibilidade diz respeito não só ao espaço físico, mas também ao acesso à informação, à comunicação, ao aprendizado e aos documentos normativos das instituições e empresas. • Existem seis dimensões (arquitetônica, comunicacional, metodológica, programática, instrumental e atitudinal) que visam eliminar obstáculos para que pessoas com deficiência tenham condições melhores de ensino, trabalho, mobilidade e lazer. • Ainda que existam estudos e ações que visem a melhoria da qualidade de vida da pessoa com deficiência há impedimentos que podem restringir o acesso, como preconceitos e corte orçamentário para adquirir recursos humanos, materiais e tecnológicos que assistam esse público. 29 1 Pode-se observar que as pessoas com deficiência têm uma série de direitos educacionais especiais que permitem o acesso à educação e exercício da cidadania. Com base nesse contexto, marque (V) para as sentenças verdadeiras e (F) para as falsas: a) ( ) A denominação correta de pessoas com necessidades educacionais especiais é pessoa portadora de deficiência ou deficiente. b) ( ) As dimensões para acessibilidade são diretrizes e sugestões, não garantias de que os espaços serão inclusivos. c) ( ) Pessoas sem deficiência não podem ocupar o mesmo espaço que pessoas com deficiência, pois terão seus direitos prejudicados. d) ( ) O espaço da Biblioteca também deve adotar as dimensões de acessibilidade para que se torne um espaço inclusivo. e) ( ) A diversidade da condição humana é o conceito que visa à humanização da pessoa com deficiência para que sejam incluídas socialmente e tenham equidade de direitos e oportunidades. f) ( ) As escolas devem adaptar-se às condições dos estudantes com necessidades educacionais especiais. 2 Observe o cordel apresentado na figura: FONTE: <http://cuiadepoeta.blogspot.com/2011/04/paixao-pela-acessibilidade.html>. Acesso em: 7 jun. 2019. AUTOATIVIDADE 30 A proposta de teatro inclusivo do governo de Pernambuco se relaciona especificamente com qual dimensão da acessibilidade? a) ( ) Dimensão comunicacional. b) ( ) Dimensão arquitetônica. c) ( ) Dimensão instrumental. d) ( ) Todas as alternativas. 3 Qual das recomendações a seguir dizem respeito à dimensão arquitetônica? a) ( ) Adequação dos documentos normativos, editais e projetos políticos- pedagógicos. b) ( ) Adequação do espaço físico com a inclusão de rampas, pisos direcionais e antiderrapantes, barras de apoio, e banheiro inclusivo. c) ( ) Compra de computadores adequados para pessoas com baixa visão. d) ( ) Promoção de eventos como palestras, encontros, seminários e fóruns que discutam a temática da acessibilidade. 4 Leia a tirinha a seguir: Com base na tirinha e nos conteúdos estudados, aponte atitudes que podem ser feitas para que as pessoas com deficiência sejam incluídas socialmente. FONTE: <https://ponte.org/armandinho-por-alexandre-beck/>. Acesso em: 7 jun. 2019. 31 TÓPICO 3 LEGISLAÇÃO SOBRE ACESSIBILIDADE UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO A organização social, seja qual for o regime político-econômico adotado pelo Estado-nação é regida por leis, ou seja, obedece à constituição. No Brasil, o instrumento normativo conhecido como a carta magna da população é a Constituição da República Federativa do Brasil, conhecida também como constituição cidadã, pois foi nela que os direitos das mulheres, crianças, idosos, populações tradicionais brasileiras (indígenas e quilombolas) e das pessoas com deficiência foram contemplados pela primeira vez na história (BRASIL, 1988). No que tange à acessibilidade, as primeiras leis foram sancionadas no Brasil a partir da constituição de 1988, impulsionadas pelos movimentos sociais, pelas conferências mundiais citadas no Tópico 1 e outros eventos sobre a temática. A partir desses eventos, outras leis e decretos foram sancionados, destaca-se um aumento considerável depois dos anos 2000, especialmente com a popularização da internet, facilitando, assim, o acesso à informação. Salienta-se que o acesso à informação é um direito de todas as pessoas e é dever do Estado promover a acessibilidadeno que tange à busca, acesso e uso das pessoas com necessidades educacionais especiais, como previsto no Artigo 8°, parágrafo 3°, inciso oitavo da Lei de Acesso à Informação, que os órgãos e as entidades públicas devem “adotar as medidas necessárias para garantir a acessibilidade de conteúdo para pessoas com deficiência” (BRASIL, 2011, s.p.). Ter uma documentação que contemple as pessoas com deficiência é de grande importância para toda a sociedade, uma vez que as leis são propostas por representantes políticos escolhidos democraticamente. Nesse sentido, à medida que a população e representantes políticos foram discutindo a temática, foram ampliadas as leis que discutem o tratamento da pessoa com deficiência na saúde e educação pública (BRASIL 1996), a acessibilidade nos espaços públicos (ABNT, 2015) e também os dispositivos que agravam a penalização de crimes cometidos contra a pessoa com deficiência no Código Penal brasileiro (BRASIL, 1940). Diante disso, esse tópico destina-se a apresentar a temática da acessibilidade a partir da constituição de 1988, abordando as principais leis, decretos e acordos para a promoção da acessibilidade para todas as cidadãs e cidadãos e também em universidades e bibliotecas. 32 UNIDADE 1 | TÓPICOS ESPECIAIS EM ACESSIBILIDADE E INCLUSÃO DIGITAL 2 ACESSIBILIDADE E A CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA DE 1988 A Constituição de 1988 pode ser compreendida como um marco civil revolucionário na história do Brasil. Tal documento representa não só a retomada do Estado democrático após pouco mais de duas décadas de Golpe Militar e Ditadura brasileira, mas também a representatividade das mulheres na discussão de políticas públicas que ampliaria os direitos de toda a população. Essa representatividade das mulheres na política brasileira emergiu com o movimento Mulheres do Brasil (CARNEIRO, 2003). Foi a partir desse documento que de fato se regulamentou o dever do Estado de cuidar de todas as pessoas, aparecendo, pela primeira vez na história, a atenção às crianças e idosos. Também foi nela que surgiram as primeiras leis que tratassem dos direitos das pessoas com deficiência, iniciando no Brasil as discussões sobre acessibilidade e inclusão social, como consta no preâmbulo da constituição: Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias [...] (BRASIL, 1988, s.p.). A partir dessa citação, pode-se notar valores já destacados nessa unidade, como autonomia no exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, o bem- estar, a igualdade escrita no documento (mas que entende-se como os princípios para a equidade), o desenvolvimento de uma sociedade sem preconceitos, pautada na harmonia e solução pacífica de problemas. Todos esses valores são fundamentais para o acolhimento de todas as pessoas, especialmente às pessoas com deficiência. Aproximando-se do tema desse tópico, consta na Constituição do Brasil os artigos que tratam dos direitos de todas as pessoas, incluindo as pessoas com deficiência, são: LEGENDA Artigo – cada temática especificamente discutida na legislação. § -- Parágrafo Numerais romanos I, II, III... – Incisos ATENCAO TÓPICO 3 | LEGISLAÇÃO SOBRE ACESSIBILIDADE 33 QUADRO 3 – ARTIGOS QUE TRATAM DOS DIREITOS DE TODAS AS PESSOAS, INCLUINDO AS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA • Artigo 2°, IV – É objetivo fundamental da república “promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação”. Nesse artigo nota-se os princípios para o respeito à diversidade, sem discriminações, prevalecendo os direitos humanos que prezam pela igualdade de direitos. • Artigo 5° – Todas as pessoas são “iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade”. Aqui nota-se o direito de todas as pessoas de viver dignamente, sem distinção devido a sua condição física. • Artigo 5°, XIV – É direito de todas as pessoas “o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional”. Aqui pode-se fazer uma aproximação ao exercício de profissionais da informação, haja vista que, assim como consta na constituição, todas as pessoas têm o direito de acessar as informações que desejarem e é dever, desses profissionais, atender a todas e todos com a devida atenção. • Artigo 5°, XV – Toda cidadã e cidadão brasileiro tem direito à “livre a locomoção no território nacional em tempo de paz”. Todas as pessoas têm o direito de ir e vir, de circular pelas ruas, as quais devem ser acessíveis para pessoas com deficiência. • Artigo 6° – Todas as pessoas têm direito “a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição”. Aqui nota-se que todas as pessoas têm o direito de viver dignamente, destaca-se aqui que o adjetivo “desamparados” é usado para referir-se às pessoas em situação de vulnerabilidade, incluindo as pessoas com deficiência. • Artigo 6°, XXXI – No que se refere aos direitos de trabalhadoras e trabalhadores, a constituição proíbe “qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência”. Destaca-se que apesar de tratar do direito ao trabalho digno sem distinção salarial para pessoas com deficiência, a lei ainda não adotou a terminologia correta e ainda trata as pessoas como “portadoras de deficiência”. Tal terminologia é inadequada, uma vez que a pessoa com deficiência não pode deixar de portar a sua condição. • Artigo 23°, II – A constituição determina que é “competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios cuidar da saúde e assistência pública [...] proteção e garantia das pessoas portadoras de deficiência”. O Estado deve assegurar o cuidado dessas pessoas. • Artigo 24°, XIV – É competência do Estado legislar sobre “proteção e integração social das pessoas portadoras de deficiência”. Aqui nota-se a valorização e integração da pessoa com deficiência para que não fiquem em situação de isolamento. • Artigo 37°, VIII – Sobre a administração pública, a respeito dos cargos e concursos, “a lei reservará percentual [...] para as pessoas portadoras de deficiência e definirá os critérios de sua admissão”. Cabe ao Estado incluir as pessoas com deficiência no serviço público, reservando as vagas e garantindo o direito de trabalhadoras e trabalhadores com deficiência servir a sociedade no seu respectivo cargo. • Artigo 40°, § 4°, I – Sobre trabalhadoras e trabalhadores do serviço público é vedada a adoção de tratamento e critérios diferenciados na aposentadoria para “portadores de deficiência”. A pessoa com deficiência tem o direito de gozar de uma longa carreira no serviço público. 34 UNIDADE 1 | TÓPICOS ESPECIAIS EM ACESSIBILIDADE E INCLUSÃO DIGITAL • Artigo 100° § 2º – No que tange ao pagamento de dívida pelas fazendas públicas, os “débitos de natureza alimentícia cujos titulares, originários ou por sucessão hereditária, tenham 60 (sessenta) anos de idade, ou sejam portadores de doença grave, ou pessoas com deficiência, assim definidos na forma da lei, serão pagos com preferência sobre todos os demais débitos”. FONTE: Adaptado de Brasil (1988, s.p.) Caso o Estado entre em crise em relação à Fazenda (verba) pública, as pessoas com deficiência e pessoas com doença grave têm prioridade para
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