Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Farmacodinâmica 2: relação fármaco-receptor O estudo das relações fármaco-receptor e suas consequências envolve: • Mecanismos farmacológicos desencadeados em alvos • Relação dose x efeito (concentração x resposta) • Variações de resposta Exemplo: há fármaco COX-2 seletivo inibidor e aqueles não seletivos, podendo inibir COX-1 e 2. Teorias de interação fármaco-receptor • A forma como a interação acontece muda tudo ➢ Interação ligante-receptor (modelo “chave- fechadura”) Exemplo: a chave não entra; entra, mas não mexe; entra e mexe um pouco ou entra/gira/abre. Teoria da ocupação de receptores “O efeito farmacológico é proporcional à fração de receptores ocupados pelo fármaco, sendo máxima com ocupação total (100%)” – Clark (1920) • Afinidade: tendência de se ligar ao sítio receptor Quanto maior o KD, maior a fração dissociada do receptor e quando maior o KA, maior a fração ligada. OBS: É uma característica do ligante! • Relação dose (concentração) x ocupação - Ocupação raramente é linear e dificilmente consegue ocupação de 100% - Pode apresentar-se em gráfico ocupação x concentração com curva em hipérbole ou sigmoide Quanto menor o kD, maior o kA e a afinidade; • Afinidade (ocupação de receptores) não prediz efeito, nem explica como fármacos ligados (com afinidade) podem ter efeito submáximo Teoria dos agonistas e antagonistas “Deve haver algo além da simples ocupação do receptor pelo ligante para determinar respostas farmacológicas consequentes”. – Ariens (1954) • Atividade intrínseca (α): tendência de ativar o receptor • A ativação depende de mudança conformacional • Agonistas ativam receptor (α=1) e antagonistas inativam (α=0) OBS: ligante pode ser antagonista em um receptor, mas agonista em outro (“atividade intrínseca”) • Relação dose (concentração) x efeito (resposta) - Curvas do gráfico em hipérbole e sigmoide - Potência: depende da afinidade e atividade intrínseca - Ajuda a determinar a dose a ser utilizada na clínica Bmáx: ocupação total de receptores KD: [fármaco] necessária para ocupar 50% do total dos receptores ocupados EC50: [fármaco] que produz 50% do Emáx EMÁX: efeito máximo Quanto menor o efeito máximo, maior a potencia Fármaco X possui menor EC e, por isso, a resposta acontece em um tempo mais rápido que o fármaco Y (mais potente). • Fármacos podem ter efeitos submáximos, mesmo ocupando e ativando receptores - Agonista total (forte/pleno): maior resposta possível, representa 100% - Agonista parcial (fraco/dual): se liga ao receptor estimulando com menor potencial que o estimulante original (0<α<1), parcela é ativada - Antagonista (“puro”) • Relação dose (concentração) x efeito (reposta) - Eficácia: relação direta com a atividade intrínseca (efeito) - Depende do número de receptores e amplificação (varia de acordo com tecido) - Ajuda a comparar eficácia terapêutica de fármacos Quanto maior o α, maior o efeito máximo e maior a eficiência. Potência x eficácia • Potência: relaciona a capacidade do fármaco em atingir o efeito máximo de acordo com o menor tempo em relação a outros • Eficácia: capacidade do fármaco em atingir a maior resposta possível em relação aos outros Exemplo: fármaco A atinge efeito máximo mais rápido que o fármaco B, por isso, é mais potente. Porém, o fármaco B possui resposta maior que o A, então, é mais eficaz que ele. Atividade constitutiva de receptores • Atividade constitutiva = na ausência de ligante, receptores podem ser ativados • Receptores multiconformacionais em alteração espontânea - Alterações constantes regidas pela termodinâmica Antes, a concepção de agonista era de que ativavam receptores e antagonistas deixavam inativos. Agora, acrescentou alguns conceitos: • Receptores podem estar na forma ativa ou inativa naturalmente (tendendo pro inativo) e mudam conformação variando o seu tipo. • O antagonista tem afinidade por qualquer receptor, caso se ligue a um receptor ativo (naturalmente) ele servirá para manter receptor fixo dessa maneira e no inativo ocorre da mesma maneira– não altera equilíbrio (98% inativado e 2% ativado) • O agonista prefere se ligar em conformações que já estão ativadas e as mantém assim por mais tempo. A cada vez que um inativo se torna ativo o agonista se liga, nisso alterará o equilíbrio para as formas ativas. OBS: o conceito de antes e o de agora acontecem mutuamente, um não exclui outro. OBS: agonistas e antagonistas não mudam a conformação, eles apenas se ligam e mantem a conformação que receptor já estava. Mesmo que o agonista estiver ligado na forma ativa e manter a forma ativa dessa maneira, se o antagonista estiver ligado a forma inativa não vai ter receptor inativo virando ativo e o agonista não vai conseguir manter mais receptores na forma ativa. Então agonista não vai conseguir manter mais receptores na forma ativa se o antagonista estiver impedindo receptores de se tornarem ativos. • Sem ligantes, uma fração pequena de receptores está na forma ativa (ativação constitutiva depende do receptor, tecido, etc) Portanto, se eu colocar um agonista no meio: 1. Agonistas preferem formas ativas 2. Conformações são “mantidas” pelo agonista ligado 3. O equilíbrio nativo dos receptores é “deslocado” para formas ativas OBS: se agonista for parcial nem todas as formas vão ficar deslocadas para forma ativada. • Antagonistas não tem preferência (“só ocupam”), por isso não tem efeito • Balanço de formas ativas/inativas varia entre sistemas - Um ligante que prefere a conformação inativa “desloca o equilíbrio” nesse sentido, ou seja, esses fármacos tem efeito contrário ao agonista – caso dos agonistas inversos (α<1) Curvas “dose x efeito” de ligantes
Compartilhar