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OBJETIVOS 1. Caracterizar meningite e meningoccemia quanto a: MENINGITE AGENTES ETIOLÓGICOS E A IMPORTÂNCIA CLÍNICA DA EPIDEMIOLOGIA REFERÊNCIA: Harrison MENINGITE BACTERIANA AGUDA – DEFINIÇÃO. A meningite bacteriana é uma infecção purulenta aguda no interior do espaço subaracnóideo. Está associada a uma reação inflamatória do SNC, que pode resultar em diminuição da consciência, crises convulsivas, aumento da pressão intracraniana (PIC) e acidente vascular encefálico (AVE). As meninges, o espaço subaracnóideo e o parênquima cerebral são frequentemente acometidos pela reação inflamatória (meningoencefalite). ETIOLOGIA. O S. pneumoniae constitui a causa mais comum de meningite em adultos com > 20 anos de idade, sendo responsável por quase 50% dos casos notificados. Há uma série de circunstâncias predisponentes que elevam o risco de meningite pneumocócica; a mais importante delas é a pneumonia pneumocócica. Outros fatores de risco incluem a coexistência de rinossinusite ou otite média pneumocócica aguda ou crônica, alcoolismo, diabetes, esplenectomia, hipogamaglobulinemia, deficiência de complemento, traumatismo craniano com fratura da base do crânio e rinorreia do LCS. A taxa de mortalidade continua sendo de cerca de 20%, apesar da antibioticoterapia. A incidência de meningite por N. meningitidis diminuiu com a vacinação rotineira de indivíduos de 11-18 anos de idade com a vacina glicoconjugada meningocócica quadrivalente (sorogrupos A, C, W-135 e Y). A vacina não contém o sorogrupo B, que é responsável por cerca de 33% dos casos de doença meningocócica. A infecção pode iniciar-se por colonização nasofaríngea, que pode determinar um estado de portador assintomático ou doença meningocócica invasiva. O risco de doença invasiva após a colonização nasofaríngea depende dos fatores de virulência bacterianos e dos mecanismos de defesa imune do hospedeiro, como a sua capacidade de produzir anticorpos antimeningocócicos e de lisar os meningococos pelas vias clássica e alternativa do complemento. Os indivíduos que têm deficiência de qualquer componente do complemento, como a properdina, são altamente suscetíveis às infecções meningocócicas. Os bacilos Gram-negativos entéricos causam meningite em indivíduos com doenças crônicas e debilitantes, como diabetes, cirrose ou alcoolismo, ou com infecções crônicas do trato urinário. A meningite causada por microrganismos Gram-negativos também pode complicar procedimentos neurocirúrgicos, particularmente craniotomia, bem como traumatismo craniano associado a rinorreia e otorreia do LCS. A otite, a mastoidite e a rinossinusite são condições predisponentes e associadas para a meningite causada por espécies de estreptococos, anaeróbios Gram-negativos, Staphylococus aureus, Haemophilus sp. e Enterobacteriaceae. A meningite que complica a endocardite pode ser causada por estreptococos viridans, S. aureus, Streptococcus bovis, grupo HACEK (Haemophilus sp., Actinobacillus actinomycetemcomitans, Cardiobacterium hominis, Eikenella corrodens, Kingella kingae) ou enterococos. O Streptococcus do grupo B, ou Streptococcus agalactiae, antigamente responsável por meningite predominantemente em recém-nascidos, tem sido descrito com frequência cada vez maior em indivíduos > 50 anos de idade, sobretudo naqueles com doenças subjacentes. A L. monocytogenes constitui uma causa cada vez mais importante de meningite em recém-nascidos (< 1 mês de idade), mulheres grávidas, indivíduos > 60 anos de idade e pacientes imunocomprometidos de todas as idades. A frequência da meningite por H. influenzae tipo b (Hib) em crianças declinou espetacularmente desde a introdução da vacina conjugada anti-Hib, embora haja relatos de raros casos de meningite por Hib em crianças vacinadas. Com mais frequência, o H. influenzae causa meningite em crianças e adultos de idade mais avançada não vacinados, e o H. influenzae não b representa um patógeno emergente. O S. aureus e os estafilococos coagulase-negativos constituem causas importantes da meningite que ocorre após procedimentos neurocirúrgicos invasivos, particularmente procedimentos de derivação para hidrocefalia. MENINGITE VIRAL AGUDA - Os agentes mais importantes consistem em enterovírus (incluindo vírus Echo e vírus Coxsackie, além dos numerosos enterovírus), vírus varicela-zóster (VZV), HSV (HSV-2 > HSV-1), HIV e arbovírus. REFERÊNCIA: Pediatria – Nelson MENINGITE BACTERIANA AGUDA FORA DO PERÍODO NEONATAL – ETIOLOGIA. A causa mais comum de meningite bacteriana em crianças de 1 mês a 12 anos de idade nos Estados Unidos é a Neisseria meningitidis. A meningite bacteriana causada por Streptococcus pneumoniae e Haemophilus influenzae tipo b tem se tornado muito menos comum em países desenvolvidos desde a introdução de imunização universal contra esses patógenos, começando aos 2 meses de idade. A infecção causada por S. pneumoniae ou H. influenzae tipo b deve ser considerada em indivíduos cujas vacinas não estão em dia ou nos países em desenvolvimento. Aqueles com distúrbios imunológicos (infecção pelo HIV, deficiência de subclasse da IgG) ou anatômicos (disfunção esplênica, defeitos ou implantes cocleares) subjacentes também têm risco aumentado de infecção por essas bactérias. Alterações das defesas do hospedeiro causadas por defeitos anatômicos ou déficits imunológicos também aumentam o risco de meningite por patógenos menos comuns, como Pseudomonas aeruginosa, Staphylococcus aureus, estafilococos coagulase-negativos Salmonella spp. e Listeria monocytogenes. EPIDEMIOLOGIA. Um grande fator de risco para meningite é a falta de imunidade contra patógenos específicos associados a pouca idade. Os riscos adicionais incluem colonização recente por bactérias patogênicas, contato próximo (domiciliar, creches, alojamentos universitários, quartéis militares) com indivíduos que tenham a doença invasiva causada por N. meningitidis e H. influenzae tipo b, aglomerações de pessoas, pobreza, etnia negra ou indígena dos Estados Unidos e gênero masculino. O modo de transmissão mais provável é pelo contato pessoa a pessoa através de secreções ou gotículas do trato respiratório. O risco de meningite aumenta entre os lactentes e crianças menores com bacteremia oculta. A disfunção esplênica (anemia falciforme) ou a asplenia (por trauma ou defeito congênito) está associada a um aumento do risco de infecção pneumocócica, por H. influenzae tipo b (em certo grau) e, raramente, por sepse e meningite meningocócica. Os defeitos dos linfócitos T (congênitos ou adquiridos por quimioterapia, AIDS ou malignidade) estão associados ao aumento do risco de infecções do SNC por L. monocytogenes. As comunicações congênitas ou adquiridas de LCR pela barreira cutaneomucosa, como os defeitos cranianos ou faciais da linha média (lâmina cribiforme) e da orelha média (base do músculo estapédio) ou fístulas da orelha interna (janela oval, canal auditivo interno, abertura interna do canalículo da cóclea) ou comunicação do LCR através da ruptura das meninges por fratura na base do crânio, indo à lâmina cribiforme ou ao seio paranasal, associam-se a um risco maior de meningite pneumocócica. Seio dérmico lombossacral e meningomielocele estão associados à meningite bacteriana estafilocócica e por bactérias entéricas gram-negativas. As derivações liquóricas aumentam o risco de meningite por estafilococos (especialmente as espécies coagulase-negativas) e outras bactérias com baixa virulência que tipicamente colonizam a pele. STREPTOCOCCUS PNEUMONIAE A epidemiologia das infecções causadas por S. pneumoniae tem sido drasticamente alterada pelo uso generalizado da vacina pneumocócica conjugada heptavalente proteico-polissacarídica (sorotipos 4, 6B, 9V, 14, 18C, 19F, 23F). A vacina tem levado a uma diminuição drástica nas taxas de meningite pneumocócica, acompanhada por um ligeiro aumento da meningite causada por alguns sorotipos não vacinais.