Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Complicações Crônicas do Diabetes AULA 6 - 09/02/2021 Endócrino Yasmin Pelógio de Macêdo A classificação das complicações do diabetes - Doenças do coração e vasos sanguíneos - Doença renal - Danos oculares - Problemas nos pés - Infecções difíceis de curar - Gengivite - Disfunção erétil • Microvasculares - Retinopatia diabética - Nefropatia diabética - Neuropatia diabética • Macrovasculares - Vasculopatia periférica - Doença obstrutiva: IAM, AVC A fisiopatologia • A via normal da glicose é dada por: glicose vai fosforilar à glicose-6-P -> frutose-6-P -> gliceraldeido-3-P -> 1,3-difosfoglicerato -> piruvato. • Já as 4 vias importantes na patogênese das complicações são a do poliol, a da hexosamina, a da PKC e a da AGE. • Se há glicose em excesso, ela vai adentrar na via do poliol, causando aumento do sorbitol, diminuindo glutationa reduzida e aumentando as espécies reativas de oxigênio. • O aumento da frutose-6-P faz ativar a via da hexosamina, aumentando a glucosamina-6-P, aumentando glicosilação de serinas e treoninas e aumentando algumas substâncias como PAI-1, que é o inibidor do ativador do plasminogênio (predispõe à trombogênese). TGF- alfa e beta também serão aumentados, estimulando proliferação neoplásica. • A terceira via é a da PKC, causada pelo aumento do diacilglicerol, aumentando a PKC e ativando várias vias, que levam a anormalidades no fluxo sanguíneo (pelo aumento de endotelina e óxido nítrico sintetase endotelial), a alterações na permeabilidade vascular, ao estímulo à angiogênese pela ação do VEGF (fator de crescimento vascular endotelial - muito característicos da retinopatia, sendo um dos tratamento dessa complicação a administração de anticorpos anti-VEGF), além de aumentar TGF-beta e consequentemente colágeno e fibronectina, levando a oclusão capilar. Aumento do PAI-1, que diminui fibrinólise, levando a isquemia. Por fim, aumenta a expressão de genes pró- inflamatórios por meio da ativação do NF-kB, aumentando o estresse oxidativo. Aumento de NADPH oxidase e consequente aumento das espécies reativas de O2. • A última via é do Acúmulo de produtos finais da glicação avançada (AGE): proteínas intracelulares, matriz extracelular ou proteína plasmática. Uma forma de ver as complicações derivadas da AGE é pelo sinal da reza, realizado pedindo para o paciente juntar as mãos e visualizando que fica um espaço entre os dedos. Quando há ativação da via AGE, há glicosilação não-enzimática dos tendões, havendo perda de mobilidade (isso é mais comum no paciente DM1 descompensado). - usamos isso para perceber principalmente como ficou o diabetes em suas complicações mas principalmente para mostrar para o paciente e conscientizar. Obs.: Um possível mecanismo unificador da hiperglicemia é a maior produção de superóxido mitocondrial, causando uma alteração a nível de DNA mitocondrial por glicosilação irreversível e levando a ativação das quatro vias. O que é a memória glicêmica? No estudo DCCT, foi percebida a relação de o quanto o paciente controlou o diabetes no início da doença com o melhor ou pior prognóstico (isso é dado principalmente ao dano irreversível no DNA mitocondrial) Qual a relação da glicemia em jejum e a glicemia pós-prandial com a HbA1c, com o controle glicêmico? A HBA1C está relacionada principalmente à glicemia de jejum. Isso porque a glicosilação está relacionada ao tempo persistente de exposição à alta glicemia. Dessa forma, uma HbA1c alta, significa uma glicemia basal alta, necessitando de alteração no tratamento hipoglicemiante basal. Já quando a glicada tá mais baixa, o jejum é menos importante e o pós prandial é mais importante. Quando a glicada tá mais alta, é porque ele já amanhece com o jejum alto, necessitando de alteração. A retinopatia diabética só é vista em pacientes com diabetes, pois por exemplo, as neuropatias podem ter outras causas além do diabetes (a neuropatia é inespecífica, assim como a nefropatia) Retinopatia diabética é patognomônico para diabetes! Conduzindo as complicações diabéticas 1º) Prevenção!!! 2º) Tratamento Retinopatia diabética • Risco de cegueira 25x maior • Hipofluxo retiniana >> Hipóxia >> Hiperfluxo retiniana >> Neovasos • Achados fundoscópicos: - Microaneurisma (primeiro sinal) - Hemorragias retinianas profundas/ superficiais - Exsudatos duros (edema macular) - Manchas algodonosas (infarto de camada de fibras nervosas) - Vênulas em contas-de-rosário - Anormalidades vasculares intra- retinianas (IRMA) - Neovasos Retinopatia Diabética Não Proliferativa (RDNP): Alterações dentro da retina - microaneurisma + manchas algodonosas + 20 ou mais hemorragias em 4 quadrantes Pode ser leve, moderada ou grave Retinopatia Diabética Proliferativa (RDP): ocorre na superfície da retina e cavidade vítrea - Presença de neovasos - Hemorragia vítrea - Descolamento tradicional da retina - Neovasos de íris Vasos beeem mais finos e tortuosos: mais chances de rompimento e sangramentos (hemorragia vítrea) Mácula: principal e mais grave localização de lesão Tratamento Clínico da RDNP • Dieta • Atividade física • Evitar tabagismo e etilismo • Controle glicêmico • Controle da HAS, dislipidemia e anemia • Tratamento clínicos do DM • Antiagregantes planetários • Triancinlona intra vitro (tratamento de edema macular) • Bevacizumab (Avastin) - anti-VEGF (redução dos neovasos, pois VEGF estimula a angiogênese) Tratamento Cirúrgico • Fotocoagulação Neuropatia diabética • Complicação frequente e incapacitante • Ocorre em 50% dos pacientes no decorrer do tempo • Qualquer tipo de DM • Doença heterogênea • Etiologia multifatorial • Prevalência: - No início da doença: 7% - Após 25 anos de doença: 50% - Global: 28% Classificação Polineuropatias simétricas - Polineuropatia sensitivo-motora distal - Polineuropatia sensitiva dolorosa - Neuropatia autossômica Neuropatia focal e multifocal - Neuropatia craniana - Radiculoneuropatia tóraco-abdominal - Mononeuropatia das extremidades (incluindo as neuropatias compressivas) - Radiculoplexopatia lombo-sacra (neuropatia diabética proximal) Complicações • Úlcera nos pés - Causas: diminuição da sensibilidade, traumas repetidos, hipotonia dos músculos dos pés (dedos em martelo), neuropatia autonômica (favorece a infecção) - Localização mais frequente: cabeça do metatarso - Formação de calos e fissuras >> úlcera >> infecção >> isquemia >> gangrena • Artropatia neuropática (ou de Charcot) - Pequenas articulações dos pés - Associação com úlcera e neuropatia autonômica Tratamento • Controle rigoroso da glicemia • Tratamento da dor e da disjutonomia • Amitriptilina, gabapentin, duloxetine • Autoexame dos pés: cuidado com calos, uso de calçados • Tratamento da úlcera: cultura, antibiótico, intervenção cirúrgica (debridamento, drenagem, amputação) Nefropatia diabética Conceito: Proteinúria persistente + redução da função renal + HAS Os estágios Fatores de risco • Predisposição genética • HAS • Hiperfiltração glomerular • Hiperglicemia persistente • Tabagismo Tratamento • Redução da PA • Redução da proteinúria (0,8-1g/kg/dia) • Correção da dislipidemia • Controle da hiperglicemia (inibidores do SGLT2) Doença renal diabética em estágio terminal • Hemodiálise • Diálise peritoneal • Transplante renal • Transplante rim-pâncreas Pé diabético • Causa mais frequente de admissões hospitalares • Acomete 7-15% dos diabéticos • Precede 85% das amputações • O risco de amputação no diabético é 15x maior que na população geral • O tratamento é prologado (6-12 meses) Úlcera isquêmica • Dedos e margens do pé • Granulação pálida, tecido seco • Bordas secas e irregulares • Dolorosa • Pulsos fracos ou impalpáveis Manuseio da úlcera isquêmica: - Avaliação e tratamento vascular - Tratar infecção - Manuseio da dor- Curativos - Evitar compressão e bandagem Úlcera neuropática • Área de pressão • Calosidades • Base granulada vermelha • Leve a moderado exsudato • Pulsos palpáveis • Indolor Manuseio da úlcera neuropática: - Tratar infecção - Debridamento de calosidades - Reduzir pontos de pressão - Restringir caminhadas - Curativos Pé diabético misto Doença arterial coronariana / AVC • Incidência 2 a 5x maior em diabéticos • É a causa mais comum de óbitos em diabéticos tipo 2 (75% dos casos) • 50% dos casos é por IAM
Compartilhar