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ACUE Gabriela Teixeira ATM 2024/2 Abdome Agudo Não Traumático ➔ Causa mais comum de internação cirúrgica de emergência (7% das consultas de emergência); ➔ Engloba várias condições que variam desde causas banais até situações de elevada mortalidade (10% são complicações graves); ➔ A evolução clínica pode variar de minutos a horas ou mesmo semanas. Revisão Anatômica: Cavidade Peritoneal: ★ Membrana serosa que reveste os órgãos e a parede abdominal; ★ O peritônio se comporta como uma barreira passiva; ★ Apresenta uma área de superfície de cerca de 1m²; ★ Formado por células mesoteliais; ★ Contém, em condições normais, menos de 50 ml de líquido (para que não ocorra aderência entre as vísceras); ★ Funções: ○ Proteger os órgãos abdominopélvicos; ○ Conectar os órgãos uns com os outros; ○ Manter a posição dos órgãos através da suspensão por meio de ligamentos; ○ Prevenir a fricção enquanto os órgãos se movimentam. ★ Cada camada que o peritônio se adere, ele recebe um nome específico: ○ Mesentério: mesentério próprio, mesocólon transverso, mesocólon sigmoide, mesoapêndice; ○ Omento: omento maior, omento menor; 1 ACUE Gabriela Teixeira ATM 2024/2 ○ Ligamentos peritoneais: hepatogástrico, hepatoduodenal, gastrofrênico, gastroesplênico, esplenorrenal, ligamento gastrocólico. ★ Divisões peritoneais: ○ Saco menor (bolsa omental) (retrocavidade); ➢ Forame Oval: Único acesso natural à retrocavidade. ○ Saco maior (compartimentos supracólico e infracólico). ★ Órgãos retroperitoneais e intraperitoneais; ★ Peritônio Visceral (Reveste as vísceras): ○ Inervado pelo SNA, os impulsos sensoriais penetram por ambos os lados da medula; ○ Não tem inervação específica, assim, recebe a inervação da estrutura a qual está recobrindo; ○ Dor mal definida, geralmente sentida na linha média. ★ Peritônio Parietal/Somático (Reveste a parede abdominal): ○ Inervação aferente através dos nervos raquidianos, cujas fibras penetram na medula ipsilateral; ○ Dor com localização bem definida. ★ Relações clínicas: Ascite e peritonite. Características da dor peritoneal: ● Intestino Primitivo Superior: ○ Vai do esôfago até a 3ª porção do duodeno; ○ Sua irrigação parte do Tronco Celíaco; ○ Dor interpretada na linha média da região epigástrica. ● Intestino Primitivo Médio: ○ Vai da 4ª porção do duodeno até o cólon transverso; ○ Sua irrigação parte da Artéria Mesentérica Superior; ○ Dor interpretada na linha média da região periumbilical. ● Intestino Primitivo Inferior: ○ Vai do cólon esquerdo até o reto; ○ Sua irrigação parte da Artéria Mesentérica Inferior; ○ Dor interpretada na linha média na região hipogástrica. 2 ACUE Gabriela Teixeira ATM 2024/2 ➔ Devido a isso, a dor inicial não é bem definida, pois atinge apenas o peritônio visceral, logo, se apresenta por regiões, porém, sem especificidade conforme os órgãos. Após, quando atinge o peritônio parietal, a dor passa a ser definida e favorece o diagnóstico. Tipos de Dor Abdominal: 1. Dor Visceral: ★ Sensação dolorosa profunda, surda, e mal localizada; ★ Fibras aferentes do SNA; ★ Receptores na parede das vísceras ocas e cápsulas dos órgãos sólidos; ★ Desencadeada por distensão (ex.: apendicite), isquemia ou contração exagerada (espasmo) da musculatura da víscera (ex.: gastroenterite); ★ Sentida na linha mediana do abdome sem contratura abdominal; ★ Distribuição bilateral, com exceção para órgãos duplos (rins, ureter e anexos uterinos), em que pode ser unilateral. 2. Dor Parietal (Somática): ★ Nervos somáticos: Fibras aferentes de T6 a L1; ★ Dor bem localizada; ★ Peritônio parietal e raiz dos mesentérios; ★ Distribuição cutânea unilateral; ★ Desencadeada por inflamação, edema ou congestão vascular; ★ Agravada por estímulo do peritônio parietal, como movimento, tosse, etc (característica muito utilizada para a clínica → Manobras); ★ Aguda, em pontada, bem localizada e constante; ★ Associada a rigidez muscular (inervação do peritônio é a mesma da musculatura) e íleo adinâmico (paralítico); ★ Pode ser provocada por manobras de irritação peritoneal; ★ Defesa muscular: ○ Voluntária; ○ Involuntária: Local X Generalizada (“Abdome em tábua). ★ Dor parietal → Frequentemente causa cirúrgica (Provavelmente o paciente precisará de intervenção cirúrgica, por isso a importância de diferenciar dor visceral e parietal). 3. Dor Referida (Irradiada): ★ Dor sentida em um local diferente daquele do estímulo nocivo; ★ Ocorre em área inervada pelo mesmo seguro segmento do órgão envolvido; ★ Dor visceral é comumente referida; ★ Geralmente por processos inflamatórios; ★ Diafragma → Dor no ombro; ★ Trato biliar → Dor no ombro direito; 3 ACUE Gabriela Teixeira ATM 2024/2 ★ Intestino delgado → Dor em região dorsal; ★ Dores abdominais de causas não-abdominais: ○ Afecções Torácicas: - Processos inflamatórios junto ao diafragma ou na pleura parietal (que está em contato com o diafragma), pode causar dor epigástrica; - Processos inflamatórios pulmonares que irritam a pleura parietal; - Afecções da pleura parietal; - Pneumotórax e hemopneumotórax; - Pericardite aguda; - Embolia e infarto pulmonares; ○ IAM: - Principalmente na parede inferior, que está em contato com o diafragma; - Dor epigástrica. Definições e Causas de Abdome Agudo: Dor Abdominal Aguda: ➢ 5 a 10% das consultas em emergências; ➢ 15 a 40% dos casos necessitam tratamento cirúrgico; ➢ Desafios: ○ ⅓ dos casos não tem apresentação típica; ○ Se diagnóstico incorreto, mortalidade aumenta (2,5x em idosos). Principal objetivo: Determinar se necessita tratamento cirúrgico! Principais Causas Etiológicas de Abdome Agudo: ● Apendicite aguda (mais comum abaixo dos 50 anos); ● Colecistite aguda (mais comum acima dos 50 anos); ● Obstrução de intestino delgado; ● Abscesso tubo-ovariano; ● DIP; ● Pancreatite aguda; ● Úlcera gástrica ou duodenal perfurada; ● Diverticulite aguda; ● Gravidez ectópica rota; ● Cisto ovariano roto ou hemorrágico; ● Aneurisma roto de aorta. Causas Gatrointestinais: ○ Apendicite aguda; ○ Obstrução do delgado; ○ Hérnia encarcerada; ○ Úlcera péptica perfurada; 4 ACUE Gabriela Teixeira ATM 2024/2 ○ Diverticulite de cólon; ○ Obstrução de cólon por neoplasia; ○ Adenite mesentérica; ○ Diverticulite de Meckel; ○ Colecistite aguda; ○ Pancreatite aguda; ○ Abscesso hepático; ○ Rotura de TU hepático; ○ Rotura de cisto hidático. Causas Urinárias: ○ Cólica nefrética ou uretral; ○ Pielonefrite aguda. Causas Ginecológicas: ○ DIP; ○ Gravidez ectópica rota; ○ Cisto de ovário torcido ou roto. Causas Vasculares: ○ Trombose mesentérica; ○ Colite isquêmica aguda; ○ Rotura de aneurisma de aorta. Avaliação Clínica no Abdome Agudo: 1. Anamnese: Dor: ➔ Principal sintoma; ➔ Forma de início; ➔ Duração; ➔ Características; ➔ Localização; ➔ Irradiação; ➔ Frequência; ➔ Cronologia; ➔ Intensidade; ➔ Fatores de alívio; ➔ Fatores de piora; ➔ Sintomas associados, etc. Dor de origem parietal, grande chance de ser cirúrgica! Modo de Início: ● Abrupto: Ruptura de aneurisma de aorta, perfuração de víscera oca, gravidez ectópica rota (Paciente consegue descrever com precisão o horário que começou); ● Rápido: (Até 1 - 2h) Colecistite, pancreatite; ● Gradual: (Váriashoras) Inicialmente desconforto, após, bem localizada → Irritação peritoneal: Apendicite, diverticulite, DIP. Contínua X Intermitente: ● Intermitente: Obstrução (digestiva, urinária). Ex.: na obstrução de intestino, quando tem a obstrução, ocorre uma contração exagerada do intestino para 5 ACUE Gabriela Teixeira ATM 2024/2 tentar vencer o obstáculo, o que causa dor intensa, contudo, após, ocorre relaxamento e alivia o sintoma; ● Contínua: Inflamação ou isquemia. Imagem: 1: Dor aguda, abrupta e de forte intensidade. 2: Dor por contração exagerada, intermitente, dor em cólica. 3: Dor aumenta lentamente e gradualmente, até chegar num patamar forte e persistente. Duração: ● Persistente, mais de 6h, forte intensidade: Muito provavelmente necessitará de tratamento cirúrgico! ○ Obs.: Se o paciente chega com início de dor recente, sem característica para pensar em causa cirúrgica, deixar o paciente em observação para avaliar evolução; Localização e Características: ● Dor Visceral X Dor Parietal; ● Irradiação; ● Migração: Apendicite, úlcera duodenal perfurada. Frequência: ● Episódios prévios: Menos provável que seja doença cirúrgica. Vômitos Associados: ● Desencadeados pela dor ou pela doença primária; ● Vômitos precedendo a dor: Em geral não necessita de tratamento cirúrgico; ● Obstrução intestinal: ○ Alta: Vômitos biliosos, precoces (começa com a dor, e logo após vômito); ○ Baixa: Vômitos fecalóides, tardios (paciente já se encontra com dor há 1 - 2 dias, após, vômito). Hábito Intestinal: ● Diarréia: Doença inflamatória intestinal (Crohn); 6 ACUE Gabriela Teixeira ATM 2024/2 ● Constipação: Obstrução (ATENÇÃO: Diarréia paradoxal, paciente não elimina flatos). Outros Sintomas Associados: ● Icterícia: Causa biliar; ● Hematêmese: Vômitos com sangue; ● Hematoquesia: Fezes com sangue; ● Anorexia: Presente em grande parte das causas de abdome agudo. Pensar em causa tumoral. Fatores de Alívio e Piora: ● Estímulo peritoneal: ○ Estímulo do peritônio parietal: Dor com respiração profunda, tosse, caminhar, etc. Imobilização no leito, posição antálgica (peritonite). Paciente se mexe o mínimo possível! ○ Estímulo do peritônio visceral: Paciente não fica quieto devido à dor! História Pregressa: ● Especialmente cirurgias prévias. Toda cirurgia abdominal pode levar a um processo cicatricial com aderências no futuro. Uso de Drogas: ● Corticóides e cocaína podem mascarar o tipo de dor, podendo induzir perfuração de víscera oca (úlceras); ● Anticoagulantes podem favorecer sangramento (hematêmese). Localização: ● Conforme a localização da víscera (olhar página 2 - Porções do intestino primitivo). ● Umbilical: Apendicite inicial, pancreatite, hérnia, obstrução intestinal; ● Epigástrio: úlcera péptica, pancreatite, apendicite inicial, cólica biliar; ● Difusa: Peritonite difusa, pancreatite, processo vascular (ex.: Obstrução da AMS - Irriga intestino médio, sua obstrução causa isquemia!). Questionário Chave: 7 ACUE Gabriela Teixeira ATM 2024/2 2. Exame Físico: Não se inicia o exame pelo local da dor! Primeiro se deve avaliar o impacto dessa dor no quadro geral do paciente. Aspecto Geral: ○ Atitude do paciente (imóvel, curvado, inquieto, movimentando-se, etc); ○ Posição antálgica; ○ Capacidade de responder; ○ Expressão facial. Sinais vitais: ➔ Determinação do grau de urgência. ○ Febre: Baixa (colecistite, apendicite, diverticulite) X Alta (pneumonia, ITU, infecções ginecológicas, colangite); ○ Hipotermia: Sinal de gravidade; ○ Taquicardia e hipotensão: Maior gravidade. Após: Exame do Abdome: ➔ Incluindo toque retal e ginecológico. ○ Inspeção: Cicatrizes, hérnias, distensão, equimoses, etc; ○ Ausculta: RHA (ausentes, aumentados, contínuos, intermitentes); ○ Percussão: Timpanismo (obstrução) ou macicez (ascite). Tamanho de órgãos, peritonite; ○ Palpação: Examinar ponto mais doloroso por último! Abdome rígido, defesa voluntária. Dor à descompressão e outras manobras. Pesquisar hérnias. Sinais Específicos: ○ Blumberg: Dor à descompressão abrupta do abdome → Peritonite localizada (muito usado para diagnóstico de apendicite); ○ Murphy: Parada da inspiração por dor à palpação do HD → Colecistite (contato entre diafragma e vesícula); ○ Sinal do Psoas: Compressão da fossa ilíaca D faz levantamento do membro inferior D → Apendicite; ○ Sinal de Jobert: Desaparecimento da macicez hepática → Pneumoperitônio; ○ Rovsing: Dor no ponto de McBurney quando compressão do cólon descendente → Apendicite aguda; ○ Kehr: Dor no ombro esquerdo quando compressão subcostal → Hemoperitônio (ruptura de baço); ○ Charcot: Dor em HD, icterícia e febre → Coledocolitíase. ○ Aaron: Dor no epigástrio pela compressão firme na FID → Apendicite; ○ Chandelier: Dor importante em baixo ventre com mobilização do colo uterino → DIP; 8 ACUE Gabriela Teixeira ATM 2024/2 ○ Courvoisier: Vesícula biliar palpável e icterícia indolor → Tumor de papila duodenal; ○ Cullen: Equimose periumbilical → Hemoperitônio; ○ Grey Turner: Equimose nos flancos → Pancreatite aguda hemorrágica; ○ Ten Horn: Dor em FID pela tração do testículo D → Apendicite aguda. 3. Exames Complementares: Devem ser complementares, apenas para confirmar a hipótese diagnóstica! ★ Hemograma, bioquímica, EQU: ○ Avaliar leucocitose (sugere processo inflamatório), hematúria (normalmente causas urológicas, também comum na apendicite), amilasemia (confirma diagnóstico de pancreatite), enzimas hepáticas (suspeita de hepatite, colecistite, etc), bilirrubina; ○ Beta HCG (gravidez ectópica); ★ Radiografia de abdome agudo: ○ Tórax AP (ântero-posterior) e perfil; ○ Abdome AP em decúbito dorsal e ortostatismo; ○ Abdome em decúbito lateral com raios horizontais. ★ Eletrocardiograma: Identificar causas de dor abdominal não abdominais. Identificar presença de fibrilação atrial que possa estar causando abdome agudo vascular. ★ Ultrassom: Rápido, barato, seguro (sem radiação), disponível, porém examinador dependente. ○ Patologias pélvicas; ○ Apendicite; ○ Colecistite; ○ Doenças inflamatórias. ○ Limitações: Distensão gasosa (ex.: obstrução gasosa - ar não transmite bem o som) e obesidade (tecido adiposo não transmite bem o som). ★ Tomografia: Demorada, cara, necessita de um radiologista, uso de contraste iodado EV, indicada seletivamente após avaliação clínica criteriosa. ○ Diverticulite: Diagnóstica em 93%, terapêutica (drenagem percutânea); ○ Obstrução intestinal/isquemia; ○ Pancreatite (controle da evolução). ★ Laparoscopia: Diagnóstica/terapêutica. ○ Procedimento cirúrgico, necessita anestesia geral; ○ Raramente necessária; ○ Útil na mulher pré-menopausa no diagnóstico diferencial entre patología anexial (DIP, gravidez ectópica, etc) ou apendicite. 9 ACUE Gabriela Teixeira ATM 2024/2 Conduta Perante Abdome Agudo: ➔ Após avaliação com anamnese e exame físico, e, se dependendo da necessidade, com exames complementares, deve-se definir se o paciente vai para cirurgia, se ficará apenas em observação com com tratamento clínico e acompanhamento ou ainda se deve ser submetido a uma laparoscopia exploratória. Tratamento Inicial: ● Reposição volêmica endovenosa (A grande maioria de abdome agudo causa perda de líquido para o 3º espaço, devido, normalmente,a edema ou sangramento) ; ● Descompressão nasogástrica (SNG) (Em grande parte dos casos de abdome agudo, principalmente cirúrgicos, ocorre distensão gástrica, aumentando o risco de vômitos, e, levando em conta o estado do paciente, pode ocorrer aspiração desse conteúdo); ● Antibioticoterapia (se suspeita de infecção); ● Analgesia: ○ Pró: Permite uma história e exame físico melhores, visto que o paciente sem dor interage melhor e com mais clareza; ○ Contra: Pode mascarar a dor e suas características. ➢ Assim, normalmente se usa um analgésico potente porém de curta duração. Ex.: Morfina (Dura cerca de 2h). Quando Operar? ➔ O objetivo principal na avaliação do abdome agudo é avaliar se é cirúrgico ou não! ● Peritonite (irritação no peritônio parietal - diagnóstico feito pelas características da dor): Forte indicação de abdome agudo cirúrgico. ● Dor abdominal com quadro de septicemia associada; ● Isquemia intestinal; ● Pneumoperitônio: Se não há trauma, só pode ser perfuração de víscera oca. Diagnóstico: ● Etiológico: ○ Exemplo por exames; ● Sindrômico: ○ Pelas manifestações clínicas; ○ Inflamatório; ○ Perfurativo; ○ Obstrutivo; ○ Vascular; ○ Hemorrágico. 10 ACUE Gabriela Teixeira ATM 2024/2 1. Perfurativo: ➔ Perfuração de víscera oca → Extravasamento de ar (pneumoperitônio) e extravasamento do conteúdo da víscera (ex.: suco gástrico); ➔ Perfurações mais comuns: Estômago e duodeno (ambas por úlceras). ➔ Dor súbita, intensa e localizada; ➔ Dor à percussão e à palpação e com sinais de irritação peritoneal; ➔ Náuseas e vômitos reflexos e pouco marcantes; ➔ Distensão abdominal; ➔ Febre de início ausente (não dá tempo); ➔ Posição antálgica (imóvel); ➔ RHA diminuídos ou ausentes. 11 ACUE Gabriela Teixeira ATM 2024/2 2. Inflamatório: ➔ Mais comum, pois envolve apendicite e colecistite; ○ Colecistite: Obstrução do ducto cístico → distensão da vesícula → processo inflamatório químico inicialmente → dor aumenta progressivamente. ➔ Dor progressiva, moderada a intensa e localizada; ➔ Percussão e palpação com muita dor localizada com sinais de irritação peritoneal (quando difusa, pensar em complicações); ➔ RHA diminuídos ou ausentes; ➔ Distensão abdominal precoce; ➔ Vômitos reflexos; ➔ Febre em geral presente; ➔ Posição antálgica; ➔ Toque retal ou genital pode ser doloroso. ➔ Exame de escolha: ○ Apendicite: ecografia; ○ Colecistite: ecografia; ○ Pancreatite: exame laboratorial (amilase aumentada) e TC; ○ Diverticulite: TC. 3. Obstrutivo: ➔ Obstrução do intestino delgado é a 3ª causa mais comum de abdome agudo; ➔ Dor gradual e em cólica; ➔ Náuseas e vômitos reflexos no início e, após, fecalóides; ➔ Parada de eliminação de gases e fezes; ➔ Distensão abdominal; ➔ Afebril; 12 ACUE Gabriela Teixeira ATM 2024/2 ➔ Desidratação precoce e marcante; ➔ RHA de luta (sons metálicos) e, após, ausentes. ➔ Percussão com timpanismo acentuado; ➔ Palpação pouco dolorosa e sem sinais de irritação peritoneal; ➔ Toque retal pode revelar a causa. 4. Vascular: ➔ Geralmente causada por obstrução do sistema circulatório intestinal (ex.: AMS); ➔ Dor súbita, intensa, contínua e difusa (podendo ser em cólica e surda); ➔ A percussão e palpação não modificam muito a intensidade da dor; ➔ Náuseas e vômitos reflexos no início e, após, fecalóides; ➔ Parada de eliminação de gases e fezes; ➔ Distensão abdominal pouco marcante no início; ➔ Desidratação precoce e marcante; ➔ Afebril, podendo a temperatura retal estar abaixo da axilar; ➔ RHA progressivamente ausentes; ➔ Acidose precoce e aumento do lactato; 13 ACUE Gabriela Teixeira ATM 2024/2 ➔ O exame clínico não condiz com a dor! ➔ Tratamento na fase de isquemia é eficiente com sintomas regressivos, já em fase de necrose não. Por isso é crucial o diagnóstico precoce; ➔ Exame de escolha: TC com contraste, arteriografia (padrão ouro). 5. Hemorrágico: ➔ Extravasamento de sangue para dentro da cavidade abdominal; ➔ Presença de sangue no peritônio, que é pouco irritativo. Assim, a dor é leve e vai aumentando lentamente, associada a achados de hipovolemia. ➔ Hemorragia digestiva; ➔ Aneurisma abdominal roto; ➔ Causas ginecológicas são as mais comuns: ○ Cisto ovariano hemorrágico roto; ○ Gravidez ectópica rota. ➔ Exames: Ecografia. Pode-se fazer laparoscopia. 14 ACUE Gabriela Teixeira ATM 2024/2 15 ACUE Gabriela Teixeira ATM 2024/2 Referência: Aulas 1, 2 e 3 de Abdome Agudo - Prof. Silvio Balzan. 16
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