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Cirurgia Geral Gabriela Teixeira ATM 2024/2 Hemorragia Digestiva Baixa ● Sangramento agudo que ocorre com origem distal ao ângulo de Treitz; ○ Quando é proximal → HDA. ● 24% das hemorragias digestivas; ● Mais comum em idosos; ● 1% das internações; ● Mortalidade está relacionada com: Intensidade do sangramento, idade, doenças associadas, etc; ● 10 a 25% das enterorragias são HDA; ● 85% cessam em 48 horas → Apenas estabilizando o paciente; ● 15% recidivam na mesma internação → Candidatos a tratamento cirúrgico; ● 10% o sangramento é contínuo. ● Paciente típico: Idoso, comorbidades, uso de medicamentos, diabetes, hipertensão, etc. ➢ Sangramento gastrointestinal oculto: Anemia, pesquisa de sangue oculto nas fezes positivo; ➢ Sangramento gastrointestinal de origem obscura: Anemia e/ou sangue oculto fecal positivo, sem diagnóstico etiológico após realização de endoscopia digestiva alta e colonoscopia → Normalmente são sangramentos no delgado. Conduta: ● Estabilização: Acessos venosos, soluções cristalóides EV, oxigênio, controle da diurese, HGT, avaliar necessidade de UTI e transfusão de sangue; ● Exames laboratoriais: HG, Na, K, uréia, creatinina, TP, KTTO, gasometria arterial, etc. ○ Lembrar que o hematócrito pode ser enganoso! ● 1º → Estabilizar o paciente. Após estabilização: ★ Estabelecer a origem do sangramento; ○ Afastar a possibilidade de hemorragia digestiva alta: ✓ 1ª opção: Endoscopia digestiva alta; ✓ 2ª opção: Sonda Nasogástrica → Se sair bile, podemos afastar a possibilidade de HDA (podemos ter a certeza de que estômago e duodeno estão bem). ➢ Se não houver bile, não podemos afastar HDA, pois pode acontecer de o piloro (válvula duodenal), competente, não permitir que o sangue chegue ao estômago (ex.: por úlcera duodenal); ➢ Se houver bile, significa que o piloro é incompetente, permitindo que o conteúdo do duodeno reflua para dentro do estômago, e, assim, se não houver sangue, apenas bile, pode-se excluir HDA; ➢ Se houver sangue, será HDA. ○ Realizar videocolonoscopia; ✓ Após afastar a possibilidade de HDA; ✓ Quanto antes fazer, melhor → Após o paciente estar estável. 1 Cirurgia Geral Gabriela Teixeira ATM 2024/2 Dificuldade no Diagnóstico e Tratamento: ● Dificuldade na localização exata do sangramento; ● Exames subsidiários nem sempre disponíveis; ● Idade avançada (200x mais frequente no idoso) → Mais difícil de realizar exames por o paciente não possuir condições ideais; ● Comorbidades; ● Muito mais difícil de diagnosticar do que HDA. Causas de HDB: Doença Diverticular: ● Principal causa de HDB; ● 60 anos (60% dos pacientes nessa idade possuem divertículos); ● Localização única do sangramento; ○ 50 a 95% são proximais ao ângulo esplênico (cólon esquerdo → diverticulite); ○ Proximais ao ângulo hepático (cólon direito) → Complicação mais comum é o sangramento. ● 80% dos sangramentos resolvem espontaneamente; ● Risco de ressangramento é de 25%; ● Risco do terceiro sangramento é de 50%; ○ Pensar em indicação cirúrgica. ● Divertículo não evolui para neoplasia; ● Uso crônico de AINH aumenta o risco de sangramento; ○ Muito comum idosos sofrerem de dores crônicas e utilizarem antinflamatórios; ○ AAS também. Lesões Vasculares do Intestino Delgado e Colorretais: ● Normalmente em pacientes idosos, 60 anos (50%) / 70 anos; ● Normalmente ocorrem no ceco e/ou no cólon ascendente (lado direito). ● Múltiplos em 25%; ● Sangramento não arterial (melena intermitente ou sangramento inaparente); ○ Sangramento menos intenso do que o de origem diverticular. ● O sangramento maciço é autolimitado em 85 a 90%; ● Ressangramento em 25%. Ectasia Vascular e Angioplastia: ● A videocolonoscopia é o exame de escolha com alta especificidade e sensibilidade. Doença Inflamatória Intestinal: ● Retocolite e Doença de Crohn; ○ Doenças crônicas. ● Diarréia com muco e sangue; 2 Cirurgia Geral Gabriela Teixeira ATM 2024/2 ● Hemorragia maciça é incomum; ○ Ocorre mais em Doença de Crohn (normalmente essa doença atinge o íleo terminal). ● 50% cessa espontaneamente → Maior chance do que as anteriores de necessitar de tratamento cirúrgico; ● 35% de chances de ressangramento; ● Colectomia total, preservar o reto. ○ Ressecção do reto é uma cirurgia complexa. Grande parte dos pacientes são jovens, e a cirurgia tem risco de lesionar a inervação local. Adenoma e Carcinoma Colorretal: ● Adenomas = Pólipos → Precursores dos carcinomas colorretais; ● A maioria apresenta sangue oculto nas fezes; ● CA de cólon direito (anemia); ○ Sangue oculto nas fezes; ○ Sem dor. ● CA de cólon esquerdo (hematoquezia); ○ Dor em FID, cólicas, dor que alivia com a evacuação, normalmente > 40 anos. ● Reto (hematoquezia com aumento da frequência evacuatória e tenesmo); ○ Sangramento mais vivo; ○ Indolor (pode retardar o diagnóstico), sangramento mais intenso; ○ Dor aumenta conforme aumenta o tumor. ● Sangramento pós-polipectomia. ○ Pode ser imediato ou tardio. Doenças Anorretais: ● 10% das HDB moderadas e graves; ● Diagnóstico feito por exame proctológico; ● Sangramento hemorroidário; ● Varizes anorretais; ○ Normalmente em pacientes com hipertensão portal; ○ Mau prognóstico. Divertículo de Meckel: ● Sangramento volumoso e indolor; ● Principal causa de sangramento gastrointestinal significativo em crianças; ● Ulceração da mucosa ileal decorrente da mucosa gástrica heterotópica contida no divertículo; ● 2% da população apresentam esses divertículos; ○ Grande maioria é assintomática. ● Normalmente se situa até 100 cm da válvula íleo-cecal; ● Mais comum no sexo masculino; ● Diagnóstico: Cintilografia com hemácias marcadas com tecnécio (60 a 80% de sensibilidade); ● Tratamento: Ressecção intestinal; ● Semelhante a um apêndice; 3 Cirurgia Geral Gabriela Teixeira ATM 2024/2 ○ Quando for realizar cirurgia de apendicite e, após aberto, não se identificar o apêndice como causador, deve-se examinar o intestino delgado em busca de um Divertículo de Meckel. Radioterapia Prévia: ● Retite actínica pós-radioterapia hemorragia; ● Complicação da radioterapia pélvica; ○ CA de colo uterino em mulheres; ○ CA de próstata em homens. ● Incidência diminuiu com a modernização dos equipamentos de radioterapia; ● Diabéticos são mais propensos; ● Tratamento: ○ Plasma de Argônio → Faz cauterização sem contato com a mucosa (apenas com gás) durante um procedimento endoscópico; ○ Formalina 4% tópica. Colite Isquêmica: ● Processo de isquemia da parede do cólon (mucosa); ○ Principalmente esquerdo e descendente; ● Causa mais comum: Obstrução da artéria mesentérica inferior; ○ Por trombo, embolia ou quadro de aterosclerose. ● Quadro isquêmico intermitente; ● Diagnóstico baseado em suspeita clínica: Dor em flanco esquerdo, diarréia (pode conter sangue → descamação da mucosa); ● 1º → Mucosa, 2º → Muscular, 3º → Serosa; ○ Classificação da colite como 1º, 2º e 3º grau. ● Pacientes com histórico de diabetes, tabagismo, precedentes vasculares, etc. Fístula Aorto-Mesentérica:Raro; ● Raro; ● Geralmente fatal. Outros fatores que devem ser avaliados: ● Fatores de coagulação; ● Uso de medicações (anticoagulantes, esteróides, anti-inflamatórios, drogas imunossupressoras, quimioterapia, AAS, etc); ● Quadros prévios de sangramento por outras causas; ● Endometriose; ○ Raro; ○ Normalmente endometriomas localizados no fundo se saco de douglas (início), que vai penetrando na parede do reto, até atingir a mucosa e iniciar sangramento para dentro do reto; ○ Diagnóstico: No período menstrual, além de perder sangue pela vagina, perde pelo ânus. 4 Cirurgia Geral Gabriela Teixeira ATM 2024/2 Avaliação inicial e reanimação: ● Anamnese dirigida e exame físico geral; ○ Uso de medicamentos, desmaios, casos ou cirurgias prévias, etc. ● Avaliação se é hematoquezia ou enterorragia; ○ Enterorragia: Sangramento vivo, grande quantidade, coágulos; ○ Hematoquezia: Sangue misturado às fezes, em menor quantidade. ● Se sangramento maior: Monitoramento cardíaco, acesso venoso, cateterismo vesical; ○ Tratamento igual ao choque → Acesso venoso (já se coletasangue para exames), reposição de volume, oxigênio, etc. ● Hemograma e provas de coagulação; ● Estabelecer nível do choque e HDB; Diagnóstico e Tratamento Não Cirúrgico: ● Após a estabilização do paciente; ● Saber se é hemorragia alta ou baixa; ● EDA ou SNG em HDB moderada; ○ Sonda nasogástrica com secreção biliosa afasta HDA (sonda com sangramento ou sem resíduos não afasta HDA). ● Colonoscopia; ● Cintilografia; ● Arteriografia; ● Enteroscopia; ○ Para examinar intestino delgado → Não na fase aguda. Em sangramento de origem obscura. ● Cápsula endoscópica; Colonoscopia: ● Procedimento de escolha; ● Identifica a origem em 85%; ● Permite tratamento endoscópico por métodos: ○ Físicos (térmicos); ○ Químicos; ○ Mecânicos; ○ Plasma de argônio; ○ Formalização. 5 Cirurgia Geral Gabriela Teixeira ATM 2024/2 Angiografia: ● É empregada em casos de sangramento maciço e instabilidade hemodinâmica não esclarecido pela colonoscopia; ● Sangramento ativo de, pelo menos, 0,5 ml por min; ● Pode embolizar o vaso sangrante → Atuar como terapêutica. Cintilografia: ● Opção para definir região de sangramento maciço; ● Indica o quadrante do sangramento; ● Sangramento ativo de até 0,1 ml por minuto; Cápsula Endoscópica: ● Hemorragia digestiva de origem indeterminada; ● Para examinar intestino delgado; ● Alta acurácia; ● Pouca morbidade; ● Dispositivo (11 X 30 mm); ● Atentar para doença de crohn e estenose (não podem ingerir a cápsula); ● Não afirma exatamente o local do sangramento; ○ Não consegue fazer “tatuagem” para marcar a lesão para posterior cirurgia (colonoscopia consegue). Tratamento Cirúrgico: ● 10 a 25% das HDB; ● Instabilidade hemodinâmica não reversível; ● Paciente necessita de mais de 2.000 ml de transfusão de CHAD/24h; ● Sangramento contínuo por 72h; ● Recidiva após tratamento não cirúrgico; ● Tipo sanguíneo de difícil obtenção (ex.: O-); ● Paciente com graves comorbidades; ○ IRC, transplantados, etc. Colectomia segmentar: ● Quando se conhece o local do sangramento; ● Maior chance de recidiva. Colectomia total: ● Quando não se sabe a origem exata; ● Maior mortalidade; ● Menor chance de recidiva. Anastomoses: ● Dependerá das condições clínicas do paciente. 6
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