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FRoNt_SENAD_MJSP_Modulo_1

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Prévia do material em texto

MÓDULO 1
INTRODUÇÃO
 
GOVERNO FEDERAL 
MINISTÉRIO DA JUSTIÇA E SEGURANÇA PÚBLICA 
SECRETARIA NACIONAL DE POLÍTICAS SOBRE DROGAS 
 
SECRETÁRIO NACIONAL 
Luiz Roberto Beggiora 
 
DIRETOR DE POLÍTICAS PÚBLICAS 
E ARTICULAÇÃO INSTITUCIONAL 
Gustavo Camilo Baptista 
 
COORDENADOR-GERAL DE PESQUISA E FORMAÇÃO
Carlos Timo Brito
 
CONTEUDISTAS 
George Felipe Lima Dantas
Isângelo Senna da Costa 
 
REVISÃO DE CONTEÚDO 
Carlos Timo Brito
Fernanda Flavia Rios dos Santos 
 
APOIO 
Ana Carolina Pastorino Magalhães
Daphne Sarah Gomes Jacob
Eurides Branquinho da Silva
Maria Aparecida Alves Dias
Maria de Fatima Pinheiro de Moura Barros
Tatiana Almeida Santos
EXPEDIENTE
Baixe o aplicativo Zappar no seu celular ou tablet
REALIDADE AUMENTADA (RA) 
Nas páginas deste material encontram-se códigos como este ao lado 
que dão acesso a conteúdos extras. Para visualizá-los, baixe o aplicativo 
Zappar no seu celular ou tablet e enquadre os códigos no aplicativo (você 
precisa ter conexão à internet).
Todo o conteúdo do Curso FRoNt - Fundamentos para Repressão ao Narcotráfico e ao 
Crime Organizado, da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (SENAD), Ministério 
da Justiça e Segurança Pública (MJSP) do Governo Federal - 2021, está licenciado sob 
a Licença Pública Creative Commons Atribuição - Não Comercial- Sem Derivações 
4.0 Internacional.
BY NC ND
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA (SEAD)
SECRETÁRIO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Luciano Patrício Souza de Castro
labSEAD
COORDENAÇÃO GERAL
Luciano Patrício Souza de Castro
FINANCEIRO
Fernando Machado Wolf
SUPERVISÃO TÉCNICA EAD
Giovana Schuelter 
SUPERVISÃO DE PRODUÇÃO DE MATERIAL
Francielli Schuelter 
SUPERVISÃO DE MOODLE
Andreia Mara Fiala 
SECRETARIA ADMINISTRATIVA
Caroline da Rosa 
Gabriela Cassiano Abdalla
DESIGN INSTRUCIONAL
Supervisão: Milene Silva de Castro
Danrley Mauricio Vieira
Márcia Melo Bortolato
Marielly Agatha Machado
DESIGN GRÁFICO
Supervisão: Fabrício Sawczen
Heliziane Barbosa
Juliana Jacinto Teixeira
Luana Pillmann de Barros
Vinicius Alves Jacob Simões
REVISÃO TEXTUAL
Supervisão: Cleusa Iracema Pereira Raimundo
Isadora da Silveira Calônico
PROGRAMAÇÃO
Supervisão: Alexandre Dal Fabbro
Cleberton de Souza Oliveira
Thiago Assi
AUDIOVISUAL
Supervisão: Rafael Poletto Dutra
Fabíola de Andrade
Luiz Felipe Moreira Silva Oliveira
Renata Gordo Corrêa
TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO
Dalmo Tsuyoshi Venturieri
Wilton Jose Pimentel Filho
SUMÁRIO
Unidade 1 | aSPeCTOS MeRCadOLÓGICOS 
dO naRCOTRÁFICO e dO CRIMe 
ORGanIZadO
Unidade 2 | CRIMe, ORGanIZaÇÕeS 
CRIMInOSaS e naRCOTRÁFICO
1.1 Economia das drogas
2.1 Crime organizado
1.2 Mercados ilegais
2.2 Organizações criminosas (características e 
peculiaridades de uma ORCRIM)
6
6
37
aPReSenTaÇÃO 5
Unidade 3 | eLeMenTOS HISTÓRICOS, 
SOCIOeCOnÔMICOS e nORMaTIVOS 
dO CRIMe ORGanIZadO e dO 
naRCOTRÁFICO
3.1 Violência e drogas no Brasil e no mundo
3.2 Caracterização da criminalidade no Brasil
47
1.3 Redução da oferta de drogas
17
29
2.3 Narcotráfico/tráfico de drogas
37
41
44
3.3 Peculiaridades do Sistema de Justiça 
Criminal brasileiro
47
51
55
ReFeRÊnCIaS 62
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO 5
aPReSenTaÇÃO
Olá, cursista! 
Seja bem-vindo ao nosso primeiro módulo do curso.
Neste módulo, trataremos da problemática do narcotráfico e do crime 
organizado, por meio de uma abordagem multidisciplinar que leva em 
conta, por exemplo, aspectos econômicos, sociais, culturais e psico-
lógicos. Nesse sentido, apresentaremos reflexões que nos permitam 
entender no que consiste a economia das drogas e quais os elementos 
que compõem o mercado das drogas. Outros pontos abordados no 
módulo dizem respeito a concepções nacionais e internacionais do 
que vem a ser o crime organizado e as organizações criminosas em 
suas interfaces com a violência e com o Sistema de Justiça Criminal.
ObjeTiVOS dO MÓdULO
 � Descrever noções e conceitos essenciais à temática narcotráfico 
e crime organizado.
 � Examinar a problemática do mercado das drogas em seus 
diferentes níveis e interfaces com áreas do conhecimento como 
Direito, Economia e Psicologia.
 � Identificar os contornos conceituais da violência com enfoque 
em suas interações com a temática das drogas.
 � Discutir aspectos relevantes do Sistema de Justiça Criminal 
brasileiro em face de fenômenos relativos ao narcotráfico e ao 
crime organizado.
Enquadre no seu celular 
ou tablet o código de 
REALIDADE AUMENTADA 
do aplicativo Zappar 
para assistir ao vídeo de 
apresentação do módulo.
RA
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO 6
UnIdade 1
aSPeCTOS MeRCadOLÓGICOS 
dO naRCOTRÁFICO e dO CRIMe 
ORGanIZadO
Nesta unidade, apresentaremos as principais noções e conceitos re-
lacionados aos aspectos mercadológicos do crime organizado e do 
narcotráfico, assim como os aspectos relacionados à oferta de drogas. 
Para compor nossa reflexão, vamos nos valer de aspectos econômicos, 
sociais, culturais e psicológicos que circundam o problema.
Para entender como se estrutura o sistema de economia das drogas, 
avance para o próximo tópico.
COnTexTUaLiZandO 
1.1 eCOnOMia daS dROGaS
A questão das drogas é um tema bastante presente e controver-
tido politicamente na vida contemporânea. Você já deve ter ouvido 
discussões que perpassam esse assunto, em ambientes diferentes, 
por diversas pessoas. De fato, o problema das drogas causa pressão 
nas áreas da saúde, educação, segurança pública, gestão prisional e 
assistência social, entre outras.
Foto: © [Haider] / Adobe Stock.
Os hospitais, presídios e centros de recuperação de dependentes 
químicos mostram uma face grotesca do que começa com a produção 
de substâncias de uso ilícito, normalmente Cannabis e cocaína, seu 
transporte e depois tráfico de forma pulverizada nas áreas urbanas 
da maior parte do mundo, uma verdadeira epidemia silenciosa.
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO 7
Nas ruas da maioria das capitais do país, usuários de 
drogas são vistos nas sinaleiras, numa situação degradante, 
pedindo moedas e mendigando qualquer centavo para 
compra de droga.
 (SOUZA; CALVETE, 2017)
Você perceberá, ao longo deste módulo, que a questão das drogas 
é bastante complexa, a começar por sua natureza sanitária, social 
e econômica. A dependência química é uma doença com várias ex-
pressões e com relação a diferentes drogas. 
O Código Internacional de Doenças (2013), em sua décima 
edição, aponta os vários diagnósticos correspondentes 
(disponível em: https://cid10.com.br/).
Saiba MaiS
Para falarmos da relação entre economia e drogas, é necessário 
falarmos de Gary Becker (Prêmio Nobel de Ciências Econômicas de 
1992) e sua contribuição para o estudo da chamada Economia do 
Crime. Em 2004, Becker e colaboradores focaram o tema específico 
da Teoria Econômica dos Bens Ilegais: o Caso das Drogas. Veja:
Becker (1974, p. 4) pressupõe que o crime é uma atividade 
ou ‘indústria’ economicamente relevante, conquanto 
negligenciada pelos economistas; conjectura, na sequência, 
que a negligência resulta de atitude que concebe a atividade 
ilegal como demasiadamente imoral para que receba uma 
atenção científica sistemática.
(CARDOSO, 2018, p. 185)
A ideia da descriminalização das drogas foi levantada por Becker e 
colaboradores. O famoso e premiado economista, juntamente com 
outros dois pesquisadores da Universidade de Cambridge, Inglaterra, 
estimaram teoricamente que os custos sociais da criminalização das 
drogas poderiam superar seus efeitos benéficos (BECKER; MURPHY; 
GROSSMAN, 2006, p. 38 apud CARDOSO, 2018, p. 185).
https://cid10.com.br/
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO 8
“The Business of Drugs”, em inglês original, ou 
“Drogas: oferta e demanda”, em português, é uma série, 
disponível no aplicativo Netflix desde 2020. 
A apresentadora da série é uma ex-analista da Agência 
Central de Inteligência dos Estados Unidos da América 
que esteve por vários anos no enfrentamento da questão 
das drogas. No trailer da série, a apresentadora declara 
que a única maneirade acabar com a guerra contra as 
drogas é entendendo a economia que a impulsiona. 
Dica DE MíDia
Vale ressaltar que a modelagem utilizada por Becker e colaboradores 
é estritamente econométrica, ou seja, tem o objetivo de entender 
as variáveis capazes de interferir em uma relação de causa e efeito. 
Portanto, não tem provisão sobre as muitas variáveis intervenientes, 
como é o caso na relação entre liberação de drogas e menores custos 
econômicos e sociais, passíveis de atuarem sobre o complexo fenô-
meno estudado: as drogas ilícitas.
Veja mais sobre o assunto no artigo “Drogas: proibir 
é legal?” (disponível em: https://super.abril.com.br/
historia/drogas-proibir-e-legal/).
Saiba MaiS
Passadas algumas décadas das reflexões teóricas e das projeções 
de Becker acerca dos eventuais benefícios da descriminalização das 
drogas, hoje é possível comparar fatos sobre a aplicação das duas 
políticas: a política de descriminalização e a política de proibição legal.
Os Estados Unidos da América constituem um bom exemplo a ser 
estudado nesse sentido.
Enquadre no seu celular 
ou tablet o código de 
REALIDADE AUMENTADA 
do aplicativo Zappar para 
assistir ao vídeo sobre 
Economia do Crime.
RA
https://super.abril.com.br/historia/drogas-proibir-e-legal/
https://super.abril.com.br/historia/drogas-proibir-e-legal/
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO 9
WASHINGTON
OREGON
CALiFÓRNiA
NEVADA
COLORADO
iLLiNOiS
MiCHiGAN
VERMONT MAiNE
MASSACHUSETTS
ALASKA
Lá as unidades federativas possuem legislações distintas, ao con-
trário do Brasil, país onde prevalece uma legislação federal única. 
Em função disso, as políticas de liberação de uso e comercialização 
legal de drogas podem assumir posições extremamente díspares.
Estados que liberam o consumo 
recrativo da Cannabis nos EUA: 
Califórnia, Colorado, Oregon, 
Massachusetts, Washington, 
Maine, Nevada, Illinois, Michigan, 
Vermont, Alasca e Maine.
Foto: Adaptado de © [sutowo] / 
Adobe Stock. 
Loja de maconha no Colorado (Native Roots 
Marijuana Dispensary). 
Foto: © [Kristina Blokhin] / Adobe Stock.
No estado do Colorado, por exemplo, houve um aumento em todas 
as taxas criminais desde que as leis liberando a maconha foram 
aprovadas (FURTON, 2018). Por outro lado, uma pesquisa mostrou 
que, na cidade de Denver, também no Colorado, a presença de pontos 
de venda de maconha se correlacionou positivamente com uma 
redução de 17 crimes por mês a cada 10.000 residências nos bairros 
onde foram instalados.
ESTaDOS EM qUE O USO REcREaTivO 
Da MacONha é lEgalizaDO NOS EUa
|
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO 10
Veja os dados relativos à queda dos crimes na capital do Colorado:
Redução de 19% na 
taxa média dos 
crimes na cidade de 
Denver, Colorado.
Porém, há que se ressaltar que correlações não são, necessariamente, 
relações de causa e efeito.
Algo digno de nota está no fato de o Colorado ser conhecido nos Es-
tados Unidos da América pelo ethos libertário de seus locais. Curiosa-
mente, a cidade de Boulder no Colorado foi ranqueada pela National 
Geographic Society como sendo a mais feliz dos EUA.
Como a cidade mais feliz dos EUA, é seguro dizer que 
Boulder encontrou seu equilíbrio. Esta cidade descontraída 
no sopé das Montanhas Rochosas pontua em vários níveis 
da escala para hierarquizar a felicidade. 
(GUPTON, 2017)
glossáRio
Correlação é uma medida do 
relacionamento linear entre duas 
variáveis. Essas variáveis podem 
estar positivamente relacionadas, 
negativamente relacionadas ou não 
relacionadas.
Ethos é o conjunto de traços e modos de 
ser que dão contorno identitário de um 
determinado grupo social. Libertário 
é a filosofia política que abrange a não 
agressão como valor fundamental e 
os direitos de propriedade como seu 
núcleo. Os libertários estão associados ao 
anarquismo e livre mercado.
No sentido oposto à política de abertura para a liberação do comércio 
de drogas, está o recrudescimento da repressão ao tráfico em países 
como Filipinas e Indonésia. A guerra declarada pelo presidente fili-
pino Rodrigo Duterte contra o tráfico continua bastante popular no 
país, ainda que tenha um alto índice de mortes relacionadas a essa 
política, segundo o artigo de Martin Petty (2019).
Situação semelhante ocorre na Indonésia, país que até mesmo já 
executou brasileiros envolvidos com o narcotráfico internacional. 
A opção pela redução da oferta de drogas ao povo indonésio pela 
via da repressão é perceptível em falas do presidente Joko Widodo.
As drogas estão entrando nas aldeias, arruinando nossos 
jovens, estão sendo vendidas nos campi; até as universidades 
têm problemas com drogas. Isto é uma emergência.
(JOKO WIDODO)
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO 11
A questão tem se tornado tão séria que o governo brasileiro tem alertado 
os viajantes brasileiros dos riscos de se ingressar na Indonésia portando 
drogas, veja as Instruções para Viajantes Brasileiros (BRASIL, 2020).
É importante ressaltar que o crime de tráfico de drogas 
é punido na Indonésia com pena de morte. Cidadãos 
brasileiros já foram condenados por tráfico de drogas na 
Indonésia e sentenciados à pena de morte e executados. 
Recorda-se a todos os viajantes brasileiros com destino 
ao país que as punições para tráfico de drogas são 
extremamente severas e que sua aplicabilidade é de 
total competência das autoridades locais. Nesse sentido, 
viajantes devem conhecer bem o conteúdo de qualquer 
pacote, presente, envelope ou contêiner levado à Indonésia.
Convém, ainda, evitar transportar encomendas, sobretudo 
de desconhecidos. Não há garantias de que as autoridades 
indonésias venham a promover suspensão de pena de 
morte por questões judiciais.
PoDCAsT TRaNScRiTO
Se a imoralidade do tema tráfico e do uso de drogas é fato ou não, em 
face das ciências, nem por isso a economia das drogas deixou de ser 
tratada por diversas ciências, incluindo a própria economia. E para 
você entender a economia das drogas, é necessário ter em conta, 
inicialmente, a noção do que é a expressão “economia”.
Economia traduz o processo pelo qual bens e serviços são 
produzidos, vendidos e comprados pelos agentes econômicos em 
um determinado tempo e lugar.
Neste ponto, também se faz necessário compreender a expressão 
“droga” no contexto deste curso.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) define ‘droga’ 
como sendo ‘toda substância, natural ou sintética, capaz de 
produzir, em doses variáveis, os fenômenos de dependência 
psicológica ou dependência orgânica’.
(OMS, 2008 apud ROCHA, 2015, p. 20)
Enquadre no seu celular 
ou tablet o código de 
REALIDADE AUMENTADA 
do aplicativo Zappar 
para assistir ao vídeo 
que apresenta uma 
classificação das drogas.
RA
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO 12
Já o Departamento de Narcóticos da Polícia Civil do Paraná define o 
termo “droga” ligeiramente diferente, para ele “droga é o nome gené-
rico dado a todos os tipos de substâncias, naturais ou não, que ao serem 
ingeridas provocam alterações físicas e psíquicas” (DENARC, 2020).
Correspondentemente, drogas de uso ilícito são produzidas em certos 
locais, sendo depois transportadas e finalmente vendidas e compradas:
 � No mesmo local.
 � Numa região específica.
 � Globalmente.
Trata-se, portanto, de uma atividade de cunho translocalizado, 
ou que pode acontecer sequencialmente em lugares diferentes, no 
todo ou em parte.
14
165
CANADÁ
EUA
EUROPA
BRASiL
REGiÃO
DOS ANDES
124
Principais produtores de cocaína
Consumo de cocaína (em toneladas métricas)
Tráfico de cocaína (em toneladas métricas)
140
60
15
6
17
MÉXiCO
ÁFRiCA 
OCiDENTAL
ÁFRiCA 
DO SUL
CARiBE
VENEZUELA
14
165
C
A
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A
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EUA
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EG
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O
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O
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N
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124
Principais produtores de cocaína
Consum
o de cocaína (em
 toneladas m
étricas)
Tráfico de cocaína (em
 toneladas m
étricas)
14
0
60156
17
M
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14
165
CANADÁ
EUA
EUROPA
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DOS ANDES
124
Principaisprodutores de cocaína
Consumo de cocaína (em toneladas métricas)
Tráfico de cocaína (em toneladas métricas)
140
60
15
6
17
MÉXiCO
ÁFRiCA 
OCiDENTAL
ÁFRiCA 
DO SUL
CARiBE
VENEZUELA
Fonte: Adaptado de UNODC (2011).
PRiNciPaiS flUXOS glObaiS DE cOcaíNa|
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO 13
O termo “droga” teve origem na palavra droog, proveniente do ho-
landês antigo, cujo significado é folha seca (DENARC, 2020), por conta 
dos medicamentos que antigamente eram feitos com plantas. Hoje, a 
terminologia ‘droga’ se refere a toda substância que tem propriedade 
de afetar a estrutura e produzir efeitos no organismo, segundo a OMS.
Chamamos de drogas psicotrópicas aquelas que atuam diretamente 
no funcionamento do sistema cerebral e causam modificações no 
estado mental.
Drogas psicotrópicas, também conhecidas por substâncias psicoa-
tivas, são aquelas que atuam diretamente sobre o cérebro, alterando 
de alguma maneira o psiquismo. Elas dividem-se em três grupos: 
drogas depressoras, drogas estimulantes e drogas perturbadoras.
glossáRio
A terminologia “psicotrópico” é composta 
por duas palavras: psico e trópico. Psico 
está relacionado ao psiquismo, que abarca 
todas as funções do sistema nervoso 
central (SNC), e “trópico” significa ter 
atração por, em direção a. 
É importante ressaltar que os usuários dessas drogas podem ser clas-
sificados de acordo com o padrão de consumo. As classificações são:
 � Experimental.
 � Ocasional.
 � Usuários de abuso.
 � Usuários crônicos.
As drogas psicotrópicas são altamente viciantes, podendo levar o 
indivíduo à dependência química, física e psicológica, e, dentre outras 
coisas, pode resultar na morte do usuário (DENARC, 2020).
DROGAS DEPRESSORAS
DROGAS ESTiMULANTES
DROGAS PERTURBADORAS
Seu efeito é diminuir a atividade cerebral. 
Elas diminuem a atividade psicomotora do organismo, 
assim como a atenção, a concentração, a capacidade 
de memorização e intelectual.
Seu efeito é acelerar a atividade cerebral, trazendo 
como consequência um estado de alerta exagerado, 
insônia, sentimento de perseguição e aceleração dos 
processos psíquicos.
Seu efeito é distorcer ou modificar a atividade cerebral, 
causando delírios, alucinações e alterações
na sensopercepção (efeito sinestésico). As drogas 
perturbadoras também são chamadas de alucinógenas.
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO 14
crack
cocaína
substância droga
dependência
risco
crime
narcótico
heroína
vidavício
abuso
Veja a seguir os detalhes do surgimento da Cocaína e da Heroína.
1.1.1 COCaína e HeROína
Em um ensaio informativo intitulado “Doses Diárias: cocaína, a 
droga glamourosa dos anos 70 está de volta”, o site do Instituto 
para Pesquisas em Ciências Sociais da Universidade de Queensland 
(Austrália) traça, em breves linhas, a trajetória da cocaína ao longo 
da história. Um trecho desse ensaio referindo-se a um dos derivados 
mais perigosos da cocaína, o crack, está traduzido a seguir:
O crack de cocaína é processado com amônia ou bicarbonato 
de sódio, produzindo uma versão sólida em pedra da droga 
que pode ser fumada. Não só o crack foi mais potente, mas 
os efeitos da droga (normalmente após o fumo) foram 
sentidos mais rapidamente.
(FERRIS; WOOD; COOK, 2018)
Ainda de acordo com o autor, o fato de a droga ser muito mais ba-
rata permitiu que ela se espalhasse rapidamente nas comunidades 
mais carentes. Em 1985, seu uso tornou-se uma epidemia que teve 
duração de 10 anos. 
É um tipo de apresentação da cocaína sob 
forma solidificada em cristais.
O nome da droga deriva do ruído 
característico produzido ao ser aquecido.
SObRE O CRACk|
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO 15
Nos Estados Unidos da América, surge também a heroína, uma droga 
derivada da papoula e, assim como a morfina, é um pó de cor branca. 
A ela também foi associado um glamour, como na descrição do pe-
riódico “The Dispatch” da Universidade de Nova Iorque:
Em 1990, a heroína chique se tornou o auge do vício em 
drogas na mídia, principalmente na indústria da moda, 
onde a estética andrógina era procurada por designers, 
fotógrafos e marcas, acreditando que, quanto mais doente 
você parece, mais as pessoas olham para você. Com uma 
indústria forjada pelo vício em drogas, treze designers se 
uniram para derrubar o sentimento com a formação de 
Designers Against Addiction. 
(THE DISPATCH, 2018)
Seja por glamour, por ponderações econômicas ligadas à política criminal 
ou por qualquer outro motivo, no Brasil também há um forte apelo 
para a abolição das restrições ao comércio de drogas. Em manifestação 
recente, o icônico advogado criminalista Antônio Carlos de Almeida 
Castro afirmou que há necessidade de descriminalizar todas as drogas 
(JORNAL O MOSSOROENSE, 2020).
Contudo, essa intenção não se restringe a manifestações na mídia e em 
eventos acadêmicos. Não é de hoje que sentenças judiciais e mesmo a 
lei penal vêm paulatinamente incorporando a agenda defendida com 
veemência por Almeida Castro. Um exemplo disso está na profunda 
alteração da Lei de Drogas ocorrida em 2006.
Antes
Lei nº 6.368
21 de outubro de 1976
Art. 16. 
Adquirir, guardar ou trazer consigo, para o uso próprio, substâncias 
entorpecentes ou que determine dependência física ou psíquica, 
sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou 
regulamentar.
Pena: Detenção, de seis meses a dois anos, e pagamento de vinte a 
cinquenta dias-multa.
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO 16
Depois
Lei nº 11.343
23 de agosto de 2006
Art. 28. 
Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer 
consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em 
desacordo com determinação legal ou regulamentar será submetido 
às seguintes penas:
I . advertência sobre os efeitos das drogas;
II. prestação de serviços à comunidade;
III. medida educativa de comparecimento a programa 
ou curso educativo.
Nesse sentido, observando-se a evolução da taxa de homicídios no 
Brasil, percebe-se um ponto de inflexão com o aumento de mortes 
por armas de fogo justamente após o advento da Lei nº 11.343/2006, a 
qual, na prática, despenalizou o consumo de drogas no país. Os aspectos 
psicossociais e econômicos relacionados à liberação das drogas serão 
retomados com maior profundidade ao longo deste curso.
60.000
Homicídio POR OUTROS MEIOS Homicídio POR ARMA DE FOGO
50.000
40.000
30.000
20.000
10.000
0
34.147
47.510
19
80
19
81
19
82
19
83
19
84
19
85
19
86
19
87
19
88
19
89
19
9
0
19
9
1
19
9
2
19
9
3
19
9
4
19
9
5
19
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6
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9
7
19
9
8
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9
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0
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0
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0
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0
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7
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8
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0
9
20
10
20
11
20
12
20
13
20
14
20
15
20
16
20
17
60.000
Homicídio POR OUTROS MEIOS Homicídio POR ARMA DE FOGO
50.000
40.000
30.000
20.000
10.000
0
34.147
47.510
19
80
19
81
19
82
19
83
19
84
19
85
19
86
19
87
19
88
19
89
19
9
0
19
9
1
19
9
2
19
9
3
19
9
4
19
9
5
19
9
6
19
9
7
19
9
8
19
9
9
20
0
0
20
0
1
20
0
2
20
0
3
20
0
4
20
0
5
20
0
6
20
0
7
20
0
8
20
0
9
20
10
20
11
20
12
20
13
20
14
20
15
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16
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60.000
Homicídio POR OUTROS MEIOS Homicídio POR ARMA DE FOGO
50.000
40.000
30.000
20.000
10.000
0
34.147
47.510
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19
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5
19
9
6
19
9
7
19
9
8
19
9
9
20
0
0
20
0
1
20
0
2
20
0
3
20
0
4
20
0
5
20
0
6
20
0
7
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0
8
20
0
9
20
10
20
11
20
12
20
13
20
14
20
15
20
16
20
17
Fonte: Adaptado de Romano (2019) 
TaXa DE hOMicíDiO NO bRaSil DE 1980 a 2017|
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO 17
Veja a seguir como funciona o mercado do tráfico, e o que dizem 
os indicadores.
1.1.2 MeRCadO dO TRÁFiCO
Várias décadas após Gary Becker estabelecer as bases da Economia 
do Crime, são diversos os autores e instituições da área econômica 
que também passaram a tratar do tema. Até mesmo importantes 
indicadores econômicos já são associados a atividades ilícitas.A exemplo disso, estão os documentos de organizações UNODC, 
UNDP, OMS etc., que trazem referências a atividades ilícitas em sua 
articulação com indicadores macroeconômicos.
Segue abaixo um excerto de estudo do Banco Mundial a esse respeito, 
especificamente no que concerne a atividades ilícitas na Colômbia: 
glossáRio
Os indicadores macroeconômicos 
são medidas que indicam as variáveis 
agregadas de todo o país, ao contrário dos 
indicadores microeconômicos, que focam 
em empresas ou setores específicos.
O artigo articula um conjunto de dados cujos componentes 
principais são estimativas de renda ilícita advinda do 
tráfico de drogas e criminalidade comum. Rendas ilícitas 
aumentaram drasticamente até 2001, atingindo um 
máximo de aproximadamente 12 por cento do Produto 
Interno Bruto (PIB) e então decresceram para menos de dois 
por cento em 2013. No período de declínio estão superpostos 
um período de alto crescimento econômico e a fase posterior 
a implementação do Plano Colômbia. 
(VILLA; MISAS; LOYAZ; 2020)
Entendidos os conceitos básicos sobre economia e drogas, é possível 
imaginar a existência de uma economia das drogas. Ela envolve 
diversos processos, incluindo a lavagem de dinheiro.
Muitas vezes feita 
em laboratórios 
remotos e 
caseiros.
Produção
Drogas de uso 
ilícito.
Compra e 
venda
Rede complexa 
de transporte e 
de transações 
financeiras.
Transporte
Tema sempre 
presente na mídia 
contemporânea.
Lavagem 
de dinheiro
PROCESSOS ENVOLViDOS NA ECONOMiA DAS DROGAS
Lorem ipsum
PROcESSOS ENvOlviDOS Na EcONOMia DaS DROgaS|
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO 18
A lavagem de dinheiro é o processamento de recursos criminais para 
disfarçar sua origem ilegal. Esse processo é crucial para as operações 
do crime organizado, porque os infratores seriam descobertos facil-
mente se não pudessem “mesclar” seu dinheiro ilegal em um negócio 
jurídico, banco ou imobiliário (SOUDIJN, 2014).
Por exemplo, um traficante de drogas pode comprar um 
restaurante para disfarçar os lucros das drogas com os lucros 
legítimos do restaurante. Dessa maneira, os lucros das drogas 
são lavados pelo restaurante para fazer com que a renda 
pareça ter sido obtida legalmente.
NA PRáTICA
Tendo compreendido que a economia é um sistema e que envolve a 
produção, o transporte, a compra e a venda de bens e serviços, emerge 
a questão do mercado, seja ele tangível ou intangível (virtual, por 
exemplo). É nele que os agentes econômicos trocam ou vendem seus 
bens e serviços, valendo-se de unidades monetárias ou de outros bens. 
É importante saber que os agentes econômicos que atuam no mer-
cado são indivíduos e organizações de indivíduos, o que chamamos 
de crime organizado, quando referente a drogas de uso ilícito.
Ou seja, são seres humanos que fazem escolhas, sozinhos ou em grupo. 
Portanto, um mercado é determinado pelo conjunto das interações 
humanas que nele ocorrem. “Na economia global do século XXI, há 
uma tendência inexorável nas organizações criminosas a se desen-
volverem como pequenos grupos de empreendedores que têm apenas 
conexões tênues, ou como ela sugere, crime em rede.” (POTTER, 2007).
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO 19
Assim como em qualquer outro mercado, o processo que constitui o 
mercado das drogas ilícitas reflete questões macroestruturais, como 
produção, distribuição, lucratividade, liquidez e segurança, e também 
questões próprias do nível do indivíduo, de seu ambiente e de seus 
grupos imediatos. Isso vale para a oferta, para a procura e para as 
ações de prevenção e repressão a esse mercado.
Considerando que as escolhas individuais são relevantes 
para a compreensão da dinâmica do mercado das drogas, 
fica explícito que as ciências comportamentais também 
podem contribuir para a compreensão e implementação de 
estratégias que possam desarticulá-lo.
Veja a seguir algumas informações sobre os mercados ilegais.
1.2 MeRCadOS iLeGaiS
No glossário de termos organizado pela Gerência de Desenvolvimento 
Econômico da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do 
Distrito Federal, há uma versão adicional sobre o termo “mercado”.
Mercado deve ser entendido como o ‘local’ em que 
operam as forças da oferta e demanda, através de 
vendedores e compradores, de tal forma que ocorra a 
transferência de propriedade da mercadoria através de 
operações de compra e venda.
(EMATER-DF, 2020)
Você já deve ter entendido que, conforme referido anteriormente, a 
ideia de mercado não pressupõe um local específico, mas um espaço 
ou região em que compradores e vendedores se relacionam, de tal 
forma que os preços de um mesmo bem (incluindo drogas ilícitas) 
tendem, rapidamente, a serem iguais. 
Mercado municipal Mercado on-line Mercado das drogas Mercado financeiro
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO 20
Nesse sistema e na seara das drogas ilícitas, cabe destacar os for-
necedores de substâncias, os usuários e as próprias drogas ilícitas.
Kuhns (2007) estabelece um diferencial também na maneira como 
os mercados de drogas estão dispostos:
crescimento populacional
intersecção entre mercados 
legais e ilegais
urbanização
novas tecnologias
mistura de múltiplas substâncias
aumento crescente da criação e utilização 
de substâncias precursoras (necessárias 
para produção de certas drogas)
tráfico de diferentes drogas e poliusuários 
(usuários de drogas diferentes)
novas substâncias chegando ao 
mercado de drogas
renda
São mercados onde qualquer um 
pode comprar ou vender, num 
determinado local. Frequentemente 
estão localizados em áreas de 
trânsito pesado (esquinas, bairros, 
bares e assim por diante), onde os 
usuários podem facilmente 
encontrar vendedores e vice-versa. 
Ou mercados discretos são 
aqueles onde um número finito 
de indivíduos compram, 
vendem e usam as drogas, com 
acesso aos vendedores 
estritamente controlado.
Se desenvolvem quando os 
vendedores restringem suas 
vendas a clientes conhecidos ou 
clientes que são referidos por 
outros conhecidos ou vendedores, 
em um esforço para reduzir o risco, 
minimizar negócios que terminam 
mal e evitar conflitos nas 
transações.
MERCADOS ABERTOS MERCADOS FECHADOS MERCADOS SEMiABERTOS
algUNS faTORES qUE favOREcEM a 
EXPaNSãO DO MERcaDO glObal DE DROgaS
|
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO 21
As substâncias psicoativas, hoje consideradas drogas ilícitas, estão 
difundidas por todo globo. Sua difusão e respectivos mercados, corres-
pondentemente, aconteceu globalmente e desde tempos imemoriais.
A Organização das Nações Unidas (ONU) estabeleceu o Protocolo de 
Drogas Sintéticas de 1948, ou Protocolo de Paris. Tal protocolo, en-
tretanto, não é inovador sobre o tema, já que a Liga das Nações (que 
antecedeu a ONU) também tratou da questão.
Fumante de ópio de Xangai na década de 1920. 
Foto: Facts and Details.
A produção e uso de drogas, ainda que imemorial, tem alguns marcos 
clássicos. O período que compreendeu as décadas de 1840 e 1850 foi 
marcado por conflitos entre o Reino Unido e o Império Chinês em 
razão do comércio do ópio. Foram as denominadas Guerras do Ópio.
Você pode ler mais sobre o assunto acessando os links de 
“Guerras do Ópio” (disponível em: https://brasilescola.
uol.com.br/historiag/guerras-do-opio.htm), “O que 
foi a Guerra do Ópio” (disponível em: https://super.
abril.com.br/mundo-estranho/o-que-foi-a-guerra-
do-opio/) e “Drogas: 5 mil anos de viagem” (disponível 
em: https://super.abril.com.br/ciencia/drogas-5-mil-
anos-de-viagem/).
Saiba MaiS
Originado na Ásia e derivado da flor da papoula (papaverum somni-
ferum), o ópio tem efeitos analgésicos e era largamente consumido 
na Europa e na América no século XIX. A morfina, importante droga 
analgésica, é o mais conhecido dos alcaloides contidos no ópio.
https://brasilescola.uol.com.br/historiag/guerras-do-opio.htm
https://brasilescola.uol.com.br/historiag/guerras-do-opio.htm
https://super.abril.com.br/mundo-estranho/o-que-foi-a-guerra-do-opio/
https://super.abril.com.br/mundo-estranho/o-que-foi-a-guerra-do-opio/
https://super.abril.com.br/mundo-estranho/o-que-foi-a-guerra-do-opio/https://super.abril.com.br/ciencia/drogas-5-mil-anos-de-viagem/
https://super.abril.com.br/ciencia/drogas-5-mil-anos-de-viagem/
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO 22
Segunda Guerra do Ópio. 
Foto: © [Archivist] / Adobe Stock.
Alguns textos específicos e atuais do Escritório das Nações Unidas 
sobre Drogas e Crime trazem informações importantes sobre o cres-
cimento das substâncias ilegais em circulação e a realidade do número 
de usuários no mundo. 
Relatório Mundial sobre Drogas do UNODC 2020. 
Fonte: UNODC (2020).
A seguir, apresentaremos informações relacionadas às drogas de uso 
ilícito, usuários e fornecedores.
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO 23
Nos anos 1990, cerca de 230 substâncias psicoativas 
estavam sob controle internacional. Dessas 230, algumas 
dominavam os mercados globais de maneira mais 
saliente: Cannabis (ou maconha), cocaína, ópio, heroína, 
anfetaminas e êxtase. Duas décadas depois, a situação 
mudou, considerando a quantidade de drogas que 
passaram a estar disponíveis no mercado. O número de 
novas substâncias psicoativas (NSP) sintéticas cresceu de 
166 para 950 substâncias, no período que compreende o 
ano de 2005 até o final de 2019. Mundialmente, em anos 
recentes, as autoridades identificaram mais de três vezes 
a quantidade de NSP quanto ao número de substâncias 
psicoativas já sob controle internacional. Em função 
da velocidade do surgimento de novas substâncias, os 
sistemas nacionais de controle colocaram um número 
crescente de substâncias sob controle. Dessa forma, uma 
certa quantidade dessas substâncias teve seu status legal 
modificado num curto espaço de tempo.
PoDCAsT TRaNScRiTO
Entre as substâncias que emergiram no mercado, na última década, 
podemos citar: canabinoides sintéticos, catinonas, fenetilaminas, 
piperazinas e várias substâncias análogas ao fentanil, que resul-
taram em um incremento na classificação dessas substâncias em 
nível internacional.
1.2.2 USUÁRiOS de dROGaS iLíCiTaS
Sobre os usuários e as consequências do consumo de drogas ilícitas 
para a saúde, o World Drug Report 2020 do UNODC apresenta os 
seguintes dados:
1.2.1 dROGaS de USO iLíCiTO
Veja o que nos diz o UNODC acerca do mercado de drogas ilícitas:
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO 24
Ainda de acordo com o documento da ONU, 11 milhões de pessoas 
injetam drogas e, entre elas:
HIV HePaTiTe C
HIV +
 HePaTiTe C
1,4 milhão de usuários de 
drogas injetáveis vivem 
com HIV
5,5 milhões de usuários 
têm Hepatite C
1,2 milhão de usuários 
estão vivendo com 
Hepatite C e HIV
NÚMERO DE USUÁRiOS NO ANO DE 2018 EM MiLHÕES
192
Cannabis
Anfetaminas e Estimulantes 
de prescrição
Cocaína
Ecstasy
Opioides e Opiáceos
27
19
21
58
88
30
Fonte: Adaptado do Relatório Mundial sobre 
Drogas do UNODC (2020).
NúMERO DE USUÁRiOS NO aNO DE 2018 EM MilhõES|
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO 25
Você sabia que os altos índices de transmissão de HIV e hepatite C 
fazem com que esses vírus sejam considerados epidemias globais? 
As pessoas que injentam drogas (PWID) são uma das populações 
mais vulneráveis afetadas por essas doenças infecciosas.
A prevalência de HIV e hepatite C é desproporcionalmente alta nesse 
grupo e é responsável por uma uma parte significativa de novos infec-
tados por HIV e por hepatite C em todo o mundo (UNODC, 2020, p. 11).
glossáRio
PWID é a sigla em inglês para people who 
inject drugs.
1.2.3 FORneCedOReS
Finalmente, considerando o componente “fornecedores” do mercado 
de drogas, os documentos do UNODC dizem o seguinte: 
Com relação ao suprimento de drogas, o mesmo relatório 
do UNODC destaca que a Cannabis continua sendo a droga 
mais amplamente produzida em todo o mundo, e esse 
mercado está passando por transição e diversificação em 
países que permitem o uso não medicinal de Cannabis. 
O cultivo global da folha de coca mostrou uma clara 
tendência ascendente no período de 2013 a 2017, 
aumentando em mais de 100%.
Já a produção ilícita global estimada de cocaína atingiu uma 
alta histórica de 1.976 toneladas em 2017. No mesmo ano, 
cerca de 70% da área cultivada com coca foi localizada na 
Colômbia, 20% no Peru e 10% no Estado plurinacional da 
Bolívia. Ao mesmo tempo, a quantidade global de cocaína 
apreendida em 2017 aumentou 13% em relação ao ano 
anterior, ajudando a manter o suprimento de cocaína sob 
controle, embora o uso de cocaína esteja aumentando na 
América do Norte e na Europa Ocidental e Central. Em 2018, 
houve um declínio no cultivo de papoula, principalmente 
como resultado de uma seca no Afeganistão, que, no 
entanto, foi novamente o país responsável pela grande 
maioria do cultivo e produção ilícita de papoula do ópio no 
mundo naquele ano” (UNODC, 2020). 
PoDCAsT TRaNScRiTO
Dos mencionados relatórios do UNODC, é possível mensurar e qua-
lificar o avanço, a complexidade e a extensão do mercado de drogas 
no plano internacional. 
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO 26
CANADÁ
EUA
RÚSSiA
JAPÃO
AUSTRÁLiA
CHiNA
ÁFRiCA
DO SUL
BRASiL
AMÉRICA 
CENTRAL 
AMÉRICAAAMÉMÉRICARICA
CENTRALCENCEN LL
AnfetaminasCannabis
Ecstasy CocaínaOpiáceos
Produção e consumo interno
País ou região produtiva
País ou região de trânsito
Destino
SUDESTE
ASiÁTiCO
ÁSiA 
CENTRAL
REGIÃO
DOS ANDES
Fonte: Adaptado de Mundo Estranho (2018).
Em síntese, nos últimos trinta anos vem ocorrendo em todo o mundo 
um crescimento vertiginoso da quantidade e da variedade de drogas 
ilícitas que se encontram difundidas pelo planeta. Entre essas subs-
tâncias, a Cannabis é a mais consumida e os opioides são as drogas 
mais danosas à saúde.
Boa parte da totalidade de cocaína mundial é produzida em três países 
que fazem fronteira com o Brasil: Colômbia, Peru e Bolívia.
EXTENSãO DO MERcaDO DE DROgaS iNTERNaciONal|
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO 27
Para saber mais sobre o desenvolvimento do mercado da 
maconha, vale a pena ver o vídeo “Evolução do Mercado 
de Maconha” (disponível em: https://www.uniad.org.br/
galeria-de-videos/evolucao-do-mercado-de-maconha-
ronaldo-laranjeira-bloco-a-2-6/).
Dica DE MíDia
Esses números são refletidos nos altos índices de prisões provisórias 
relacionadas ao crime de tráfico de drogas ou a crimes correlatos. 
Veja o percentual no gráfico a seguir:
PERCENTUAL DE PRESOS PROViSÓRiOS POR TiPO DE CRiME PRATiCADO
Tráfico de Drogas ou Indução, Instigação ou Auxílio ao Uso de Drogas
Roubo
Homicídio
Crime do Sistema Nacional de Armas
Furto
Receptação
Crime de Ameaça
Latrocínio
Violência Doméstica
Estupro de Vulneráveis
Organização Criminosa
Crime Tentado - Assunto 5555
Estupro
Extorsão
Estelionato
Sequestro
Violação da Obrigação de Alimentos
Crimes previstos no ECA
Não Informado
Não Classificado
29%
26%
13%
8%
7%
4%
2%
2%
2%
2%
1%
1%
1%
1%
0%
0%
0%
0%
9%
6%
Fonte: Adaptado de Tribunal de Justiça (2017).
Vamos relembrar os pontos principais? Veja uma síntese dos pontos 
mais importantes relacionados ao aumento das substâncias ilegais 
em circulação e a realidade dos números de usuários no mundo.
PERcENTUal DE PRESOS PROviSóRiOS POR cRiME PRaTicaDO|
https://www.uniad.org.br/galeria-de-videos/evolucao-do-mercado-de-maconha-ronaldo-laranjeira-bloco-a-2-6/
https://www.uniad.org.br/galeria-de-videos/evolucao-do-mercado-de-maconha-ronaldo-laranjeira-bloco-a-2-6/
https://www.uniad.org.br/galeria-de-videos/evolucao-do-mercado-de-maconha-ronaldo-laranjeira-bloco-a-2-6/
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO 28
No próximo tópico, você vai entender o panorâma geral das políticas 
de redução de drogas no Brasil.
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO 29
1.3 RedUÇÃO da OFeRTa de dROGaS
A Política Nacional sobre Drogas, instituída pelo Decreto nº 9.761/2019, 
nomeou a redução da oferta de drogas como um de seus principais 
eixos de atuação, com ações prioritárias sumarizadas pelo Ministério 
da Justiça e Segurança Pública.
Segundo a Política Nacional sobre Drogas, as iniciativas de redução 
da oferta incluem ações de Segurança Pública, defesa, inteligência, 
regulação de substâncias precursoras, de substânciascontroladas e 
de drogas lícitas, repressão da produção não autorizada, operações 
especiais, bem como a recuperação de ativos que financiem ou sejam 
resultados dessas atividades criminosas.
Veja a seguir as ações previstas no eixo de redução de oferta:
Repressão ao uso de 
drogas ilícitas.
Identificação e 
desmantelamento das 
organizações criminosas.
Combate ao narcotráfico, 
à corrupção, à lavagem de 
dinheiro, ao crime organizado 
e crimes conexos.
Erradicação e apreensão 
permanentes de tais 
substâncias produzidas 
no território nacional ou 
estrangeiro.
Gestão de ativos criminais 
gerados pelo narcotráfico, 
apreendidos pelo Estado.
Bloqueio do ingresso das drogas 
oriundas do exterior, destinadas 
ao consumo interno ou ao 
mercado internacional.
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO 30
Com base no princípio da responsabilidade compartilhada, o combate 
às drogas ilícitas vinculadas ao crime organizado deve priorizar as 
regiões com maiores indicadores de homicídios.
Entende-se que a redução dos crimes relacionados ao tráfico e uso de 
drogas ilícitas proporcionará melhoria substancial nas condições de 
segurança e bem-estar de comunidades, de famílias e dos cidadãos, 
de um modo geral. 
Uma atribuição central da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas 
é assessorar o Ministro de Estado da Justiça e Segurança Pública e 
prestar assistência aos órgãos do ministério quanto às políticas sobre 
drogas relacionadas com a redução da oferta, a repressão da produção 
não autorizada e o combate ao tráfico ilícito de drogas, respeitadas as 
competências de outras entidades da Administração Direta e Indireta.
Fonte: Divulgação/PRF.
As unidades de operações especiais, tanto das forças armadas quanto 
das forças policiais brasileiras, figuram como importante recurso 
para o enfrentamento repressivo da oferta de drogas.
Comando de Operações Táticas do Departamento 
da Polícia Federal. 
Foto: © [André Gustavo Stumpf] / Flickr.
Enquadre no seu celular 
ou tablet o código de 
REALIDADE AUMENTADA 
do aplicativo Zappar para 
assistir ao vídeo sobre o 
Comando de Operações 
Táticas.
RA
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO 31
Dentre os principais termos técnicos e conceitos empregados no 
texto do Ministério da Justiça e Segurança Pública sobre a redução 
da oferta de drogas que serão abordados ao longo dos tópicos deste 
módulo, um deles é as operações especiais.
Este tipo de unidade está presente nas forças militares (Exército, 
Marinha e Aeronáutica) e nas demais instituições de polícia mundo 
afora, mesmo naquelas de estética civil. Nesse sentido, um tipo de 
unidade que figura como espécie do gênero forças especiais é a SWAT.
Segundo Davidson (2007), a formação de unidades de operações 
especiais SWAT marcou uma ruptura nos serviços policiais tradi-
cionais e trouxe um novo método de gerenciamento de crises pelos 
executivos policiais modernos. Foi possível perceber que a utilização 
de uma equipe especializada, com policiais especialmente armados, 
treinados e excepcionalmente bem liderados, reduziu os danos sobre 
a população, com pouca ou nenhuma perda de vidas quando confron-
tados com criminosos pesadamente armados.
Nesse sentido, quando as ocorrências tinham um desfecho favorável 
aos policiais, principalmente as que haviam cobertura midiática, foi 
possível produzir bons efeitos de relações públicas.
William H. McRaven, por sua vez, ao definir sobre operações espe-
ciais, escreveu:
Uma operação especial é conduzida por forças especialmente 
adestradas, equipadas e apoiadas visando um alvo específico, 
cuja destruição, eliminação ou resgate (no caso de reféns) 
constitui-se em imposição política ou militar.
(MCRAVEN, 1996)
No contexto brasileiro, o Curso de Ações de Comandos se destaca na 
formação dos integrantes das unidades de operações especiais do 
Exército Brasileiro.
Comando de Operações Táticas, a unidade de 
operações especiais da Polícia Federal. 
Foto: © [Alfredo Carrijo] / Revista Diálogo América.
Enquadre no seu celular 
ou tablet o código de 
REALIDADE AUMENTADA 
do aplicativo Zappar para 
assistir ao vídeo animado 
sobre as operações 
especiais e sua relevância 
no enfrentamento aos 
grupos organizados.
RA
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO 32
No contexto das polícias militares, as unidades de operações es-
peciais são representadas pelos Batalhões de Operações Especiais 
(BOPEs). Por sua vez, no combate ao narcotráfico nos níveis federal 
e internacional, destaque-se o Comando de Operações Táticas 
(COT), da Polícia Federal.
No contexto americano de operações especiais, a Joint Pub. 3-05 
estabelece as missões de ação direta projetadas para a obtenção de 
resultados específicos.
Leia mais sobre Joint Pub. 3-05 acessando o link do site da 
Joint Chiefs of Staff (disponível em: https://www.jcs.mil/
Doctrine/Joint-Doctine-Pubs/).
Saiba MaiS
Veja mais vídeos sobre as operações especiais nas dicas de mídia 
a seguir:
Assista ao vídeo “Curso de Ações de Comandos” 
(disponível em: https://youtu.be/ilvUX5LMlJ8).
Você também pode ter acesso aos trabalhos da BOPE, 
no vídeo “BOPE Policia Militar- DF” (disponível em: 
https://www.youtube.com/watch?v=QXlpRdg4scg).
Para entender mais sobre o Comando de Operações 
Táticas, assista ao vídeo da Polícia Federal (disponível em: 
https://youtu.be/fc1q9Hj4D2s).
Dica DE MíDia
Você sabe o que significa a expressão latina ultima ratio? Ela é uma 
das expressões mais conhecidas no contexto das operações especiais.
Ultima ratio significa literalmente última razão, ou, em termos 
mais práticos, último recurso. Tratando-se de uma alternativa 
tática, seja no contexto macro do combate ao crime organizado, 
seja no contexto específico do enfrentamento de narcotraficantes, 
as ações envolvendo o emprego de forças especiais precisam ser 
precedidas do trabalho de inteligência.
https://www.jcs.mil/Doctrine/Joint-Doctine-Pubs/
https://www.jcs.mil/Doctrine/Joint-Doctine-Pubs/
https://youtu.be/ilvUX5LMlJ8
https://www.youtube.com/watch?v=QXlpRdg4scg
https://www.youtube.com/watch?v=QXlpRdg4scg
https://youtu.be/fc1q9Hj4D2s
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO 33
Isso se torna ainda mais relevante porque a Inteligência de Segurança 
Pública está intimamente relacionada à execução de ações para prever, 
prevenir, neutralizar e reprimir atos criminosos de qualquer natureza.
Lei nº 9883 
de 7 de dezembro de 1999
Art. 1º
§ 2º, que instituiu o Sistema Brasileiro de Inteligência (SISBIN)
“[...] entende-se como inteligência a atividade que objetiva a 
obtenção, análise e disseminação de conhecimentos dentro e fora do 
território nacional sobre fatos e situações de imediata ou potencial 
influência sobre o processo decisório e a ação governamental e sobre a 
salvaguarda e a segurança da sociedade e do Estado.”
Veja que essa definição está relacionada diretamente a questões de 
Estado, ou seja, a referida lei trata eminentemente de Inteligência de 
Estado. Por sua vez, como já mencionado, os recursos a serem em-
pregados pelas agências de Segurança Pública, tanto na prevenção 
quanto no combate à prática de ilícitos como tráfico de drogas, sempre 
serão melhores dosados se forem precedidos de ações de Inteligência 
de Segurança Pública.
A atividade de Inteligência de Segurança Pública (ISP) é a sistemati-
zação de ações especializadas para identificar, avaliar e acompanhar 
ameaças reais ou potenciais na esfera de Segurança Pública. Além 
disso, suas ações servem de orientação para subsidiar os tomadores 
de decisão, no planejamento e execução de uma política de Segurança 
Pública, com ações voltadas para previsão, prevenção, neutralização 
e repressão de atos criminosos de qualquer natureza que atentem à 
ordem pública, à segurança das pessoas e do patrimônio.
Conheça algumas finalidades da ISP a seguir:
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO 34
FiNALiDADES DA iSP
Proporcionar diagnósticos e prognósticos sobre a evolução de situações do interesse 
da Segurança Pública, subsidiando seus usuários no processo decisório.Contribuir para que o processo interativo entre usuários e 
profissionais de Inteligência aumente o nível de eficiência dos usuários e de suas 
respectivas organizações.
Subsidiar o planejamento estratégico integrado do sistema de Segurança Pública e a 
elaboração de planos específicos para as diversas organizações que o compõem.
Assessorar as operações de prevenção e repressão da Segurança Pública, com 
informações relevantes.
Proteger a produção do conhecimento de ISP.
Por sua vez, a Doutrina de Inteligência de Segurança Pública do Estado 
do Rio de Janeiro (DISPERJ, 2015), precursora da própria Doutrina 
Nacional de Segurança Pública (DNISP), define a atividade de Inteli-
gência de Segurança Pública (ISP), em seus dois ramos, Inteligência 
e Contrainteligência, da seguinte forma:
O exercício permanente e sistemático de ações especializadas 
para identificar, avaliar e acompanhar ameaças reais ou 
potenciais na esfera de Segurança Pública, basicamente 
orientadas para produção e salvaguarda de conhecimentos 
necessários para subsidiar os tomadores de decisão, para 
o planejamento e execução de uma política de Segurança 
Pública e das ações para prever, prevenir, neutralizar e 
reprimir atos criminosos de qualquer natureza que atentem à 
ordem pública, à incolumidade das pessoas e do patrimônio.
 (DISPERJ, 2015)
Aqui cabe refletir sobre os contornos conceituais da Doutrina Nacional 
de Inteligência de Segurança Pública (DNISP). Segundo a DNISP (2015), 
a doutrina é um “conjunto de conceitos, características, princípios, 
valores, normas, métodos, procedimentos, ações e técnicas que 
orientam e disciplinam as atividades de ISP.” 
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO 35
Propõe uma linguagem especializada entre os profissionais da ativi-
dade de ISP, de modo que as relações de comunicação essenciais ao 
seu exercício ocorram sem distorções ou incompreensões.
Dentro dessa perspectiva, a doutrina deve ser capaz de padronizar 
a atuação das agências que integram o Sistema de Inteligência de 
Segurança Pública (SISP), visando maximizar os seus padrões de 
eficácia e eficiência, convertendo-se em importante instrumento de 
assessoria às políticas e ações relacionadas à área de Segurança Pública.
Ainda dentro da temática “inteligência”, para mais 
informações sobre proteção de conhecimentos sensíveis 
e sigilosos, bem como outros assuntos correlatos, 
sugere-se a consulta ao “Cardeno de Legislação da 
Agência Brasileira de Inteligência” (disponível em: 
https://www.gov.br/abin/pt-br/centrais-de-conteudo/
publicacoes/Col3v3.pdf).
Saiba MaiS
Finalmente, para encerrar este tópico sobre elementos relevantes 
para a política de redução da oferta de drogas, convém elucidar o que 
vem a ser o “princípio da responsabilidade compartilhada”. 
Mais de 11 mil militares e 33 agências governamentais 
atuam no combate ao crime nas fronteiras. 
Fonte: IDESF.
No contexto da Política Nacional sobre Drogas, esse princípio está 
relacionado com a necessidade de se canalizarem esforços em nível 
local, regional, nacional e internacional com vistas ao combate do 
cultivo, da produção e do tráfico de drogas (ciclo logístico).
https://www.gov.br/abin/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/Col3v3.pdf
https://www.gov.br/abin/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/Col3v3.pdf
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO 36
Ou seja, é preciso adotar estratégias de cooperação mútua e de arti-
culação de esforços entre governo, iniciativa privada, terceiro setor 
e cidadãos de modo geral, com foco na priorização de regiões que 
apresentam taxas de homicídios mais elevadas. Em outras palavras, 
os múltiplos atores envolvidos nos esforços de redução da oferta 
de drogas devem agir de forma mais organizada que aqueles que 
atuam na atividade criminal. Parafraseando as palavras de Rudy 
Giuliani, ex-prefeito da cidade de Nova Iorque, já é tempo de as 
ações de redução da oferta de drogas passarem a ser tão organizadas 
quanto o crime organizado.
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO 37
Unidade 2
CRIMe, ORGanIZaÇÕeS 
CRIMInOSaS e naRCOTRÁFICO
COnTexTUaLiZandO
Nesta unidade, você conhecerá as principais noções e conceitos re-
lacionados ao crime organizado e ao narcotráfico, sempre conside-
rando os contornos legais e gerenciais desses conceitos, tendo em 
perspectiva aspectos econômicos, sociais, culturais e psicológicos. 
2.1 CRiMe ORGaniZadO
O crime organizado constitui um tema de alta complexidade e de 
imenso interesse social, político, cultural e econômico. O assunto 
está constantemente na pauta jornalística, na agenda de pesquisa das 
ciências sociais aplicadas, nas audiências judiciais e também possui 
forte inserção em filmes e programas televisivos.
Foto: © [Maxim_Kazmin] / Adobe Stock.
O crime organizado tornou-se um verdadeiro ícone da cultura 
popular, objeto de atenção da sociedade civil e assunto de Estado. 
Isso tanto na seara interna quanto internacional.
Trata-se de algo bem sintetizado por Sydney Mufamadi, Ministro 
da Segurança e Proteção do Governo de Unidade Nacional da África 
do Sul entre 1994 e 1999:
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO 38
O crime organizado passou a ser, individualmente, a maior 
ameaça global desde o final da Guerra Fria. 
(POTTER, 2007, p. 887)
No entanto, o crime organizado continua sendo um dos termos re-
lacionados ao crime mais difíceis de definir com qualquer grau de 
precisão. A “Enciclopédia Britânica” define o crime organizado como 
um empreendimento complexo e altamente centralizado constituído 
para práticas de atividades ilegais.
Trata-se de um tipo de organização que envolve delitos, como sub-
tração de cargas, fraudes, roubos, sequestros mediante resgate e 
demanda por pagamentos por proteção.
A principal fonte de lucro para os sindicatos do crime é o 
suprimento de bens e serviços que, não obstante serem ilegais, 
são demandados continuamente pelo público, tais como drogas, 
prostituição, agiotagem e jogatinas.
Klaus von Lampe, professor de Criminologia na Escola de Economia, Lei 
e Direito de Berlim, em uma revisão sistemática da literatura da área, 
colacionou mais de 200 definições para a expressão crime organizado.
Lampe argumenta que muitas das definições empregadas para a 
expressão crime organizado nem mesmo podem ser tomadas por 
definições no sentido exato da palavra. Em verdade, a maioria das 
expressões não passariam de meras descrições. Isso porque, segundo o 
autor, a definição pressupõe o delineamento das fronteiras do objeto. 
Contudo, no caso do crime organizado, nem sempre as definições 
empregadas obedecem esses critérios (LAMPE, 2016).
Ainda de acordo com Lampe, existem diferentes definições de crime 
organizado, separados por perspectivas elementares.
Na primeira perspectiva, o que tornaria o crime organizado 
seria a natureza dos crimes praticados ou os criminosos 
por trás deles. Assim, para uma atividade ser classificada 
como organizada, ela deveria apresentar um certo nível de 
sofisticação, continuidade, racionalidade e dano.
| Perspectiva 1
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO 39
Na segunda perspectiva, não importam os crimes praticados 
em si, o que importa é como os criminosos se vinculam e se 
associam uns com os outros. “O crime organizado estaria 
relacionado a qualquer grupo que possui alguma estrutura 
formal cujo objetivo primeiro seja obter dinheiro oriundo de 
atividades ilegais (FBI apud LAMPE, 2016).
| Perspectiva 2
A terceira perspectiva estaria relacionada à concentração de 
poder ilegítimo nas mãos de criminosos. Assim, os criminosos 
poderiam criar um tipo de governo no submundo criminoso 
que controla, regula e taxa atividades ilegais. 
| Perspectiva 3
A quarta perspectiva, chama-se condição sistêmica, que 
acontece quando o crime organizado influencia as instâncias 
legítimas das sociedade, ou as toma em acordo com a elite 
política e financeira que governa um país. Nessa perspectiva, os 
criminosos exerceriam influência sobre a sociedade legítima, 
substituindo o governo formal ou estabelecendo aliançascom 
políticos corruptos e com a elite empresarial com a finalidade de 
manipular a ordem constitucional em vantagem própria. Lampe 
denomina essa perspectiva também de condição sistêmica.
| Perspectiva 4
Como você viu, a condição sistemática, quarta perspectiva de crime 
organizado, tem um processo muito semelhante às fases do processo 
mapeado por Juliet Berg e descortinado para o público brasileiro por 
Dantas. Veja:
 � 1° Estágio: Confronto
O Estado passaria por uma situação de confronto em relação ao crime 
organizado, utilizando métodos policiais para destruí-lo, na tentativa 
de erradicar as ilicitudes por ele praticadas.
Enquadre no seu celular 
ou tablet o código de 
REALIDADE AUMENTADA 
do aplicativo Zappar 
para assistir ao vídeo 
animado sobre as quatro 
perspectivas para definição 
do crime organizado.
RA
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO 40
 � 2° Estágio: Aquiescência
Ao perceber a incapacidade de adotar uma estratégia bem-sucedida 
contra o crime organizado, o Estado seria forçado a aceitar a prevalência 
de atividades ilegais daquelas organizações em seu território nacional.
 � 3° Estágio: Conveniência tática
Nesse estágio, seria eleita pelo Estado a opção de tirar proveito das 
operações ilícitas, na medida em que beneficiassem a economia, a 
sociedade, ou mesmo os funcionários da Segurança Pública.
 � 4° Estágio: Encorajamento
Membros do Estado, beneficiários diretos das atividades ilícitas do 
crime organizado, passariam a prevenir ou sabotar estratégias de 
contenção, para garantir os benefícios por eles auferidos. 
Um exemplo de condição sistêmica no crime organizado foi o nar-
cotraficante Pablo Escobar, eleito como deputado suplente do Par-
lamento colombiano.
Fonte: La Parola.
Em suma, entre os principais elementos que configuram o crime 
organizado, estão: 
A interação social entre indivíduos que compõem 
um grupo criminoso. 
A busca de lucro, principalmente por meio da 
prática de crimes.
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO 41
A condução de negócios ilícitos em um ambiente 
favorável, permeado por corrupção, demanda de 
mercado e suporte social.
A realização de atividades ilícitas caracterizadas 
por continuidade e persistência.
O uso de ameaças de violência e corrupção política 
como meio de realização de negócios e proteção 
do empreendimento criminoso.
Na sequência, veja as características das organizações criminosas.
2.2 ORGaniZaÇÕeS CRiMinOSaS 
(CaRaCTeRíSTiCaS e PeCULiaRidadeS 
de UMa ORCRIM)
A legislação brasileira não define o que é crime organizado. O texto 
legal limita-se a descrever os requisitos formais que caracterizam 
uma organização criminosa (ORCRIM).
Lei nº 12.850 
de 2 de agosto de 2013
Art. 1° 
§ 1º “Considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro) 
ou mais pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela 
divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, 
direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a 
prática de infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a 4 
(quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacional.”
Dentro das categorias sintetizadas por Klaus Von Lampe, nossa le-
gislação foca em definir organizações criminosas e em como os 
criminosos vinculam-se uns aos outros.
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO 42
Até 2013, o conceito de grupo ou organização criminosa utilizado 
pela área jurídica era extraído da Convenção de Palermo, a qual foi 
internalizada no ordenamento jurídico pátrio pelo Decreto nº 5.015, 
de 12 de março de 2004.
Decreto nº 5.015 
de 12 de março de 2004
Art. 2° (alínea A)
Grupo criminoso organizado: grupo estruturado de três ou mais 
pessoas, existente há algum tempo e atuando concertadamente com 
o propósito de cometer uma ou mais infrações graves ou enunciadas 
na presente Convenção, com a intenção de obter, direta ou 
indiretamente, um benefício econômico ou outro benefício material.
Note que a definição antiga era mais rígida, pois alcançava grupos 
formados por apenas três criminosos, diferentemente do atual requi-
sito mínimo para preenchimento do tipo penal atual, que considera 
organização criminosa os grupos constituídos de quatro pessoas.
O que resta estabelecido legalmente é que o primeiro 
requisito para a configuração de uma organização criminosa 
(ORCRIM) é a associação de quatro ou mais pessoas. 
Um segundo requisito para o mesmo fim é a divisão de 
tarefas. Isso, inclusive, pressupõe a existência de relações 
hierárquicas dentro da organização criminosa. Por fim, 
como terceiro requisito fundamental para a configuração de 
uma ORCRIM, é necessário que haja o uso instrumental de 
atividades criminosas (condutas tipificadas como crime), 
para o alcance de vantagens. É importante frisar que os 
crimes praticados pela ORCRIM precisam ter penas máximas 
superiores a quatro anos.
Por fim, além das questões jurídicas relacionadas à definição 
e aos requisitos necessários para a configuração de uma 
ORCRIM, é necessário considerar também o ambiente em 
que esses grupos estão inseridos e os fatores psicológicos 
internos aos indivíduos que os compõem.
Neste último aspecto, por exemplo, há fenômenos como o 
comportamento dissocial, que é muito presente entre os 
participantes de organizações criminosas. O comportamento 
dissocial (categorizado no CID-10) é um transtorno de 
personalidade que leva os indivíduos a serem extremamente 
violentos com grupos antagônicos, mas chegam a cultuar e 
demonstrar respeito cerimonial ao próprio grupo.
PoDCAsT TRaNScRiTO
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO 43
Assim como ocorre em organizações mafiosas mundo afora, o com-
portamento dissocial é uma marca bem presente na criminalidade 
faccionada no Brasil. Organizações criminosas do narcotráfico, como 
o Comando Vermelho e o Primeiro Comando da Capital, apresentam 
rígidos códigos de hierarquia e disciplina reforçados por rituais e 
protocolos não escritos que são reforçados pelo grupo o tempo todo, 
quase sempre por estímulos negativos (punição).
Leia mais sobre a história do PCC e das facções criminosas, 
seus códigos de ética e as regras de conduta dentro da 
organização (disponível em: https://www.politize.com.
br/pcc-e-faccoes-criminosas/).
Saiba MaiS
Assim, para o reforço das regras informais que mantêm a estrutura 
organizada dos empreendimentos criminosos, o emprego da violência 
extrema como recurso é a regra. Portanto, torturas, esquartejamentos 
e decapitações são eventos sempre presentes nos relacionamentos 
com clientes (como dependentes químicos que não pagam suas dívidas 
com tráfico), com rivais, com as forças de segurança do Estado e com 
os próprios membros da ORCRIM que violam as regras do grupo.
Agora, pense no que você viu até aqui e faça a seguinte reflexão:
A associação de quatro pessoas que, por meio da divisão 
de tarefas, se utilizam do crime de tráfico de drogas para 
enriquecimento ilícito configura uma organização criminosa, 
cuja pena máxima é de 15 anos, nos termos da lei brasileira. 
Por outro lado, por questão de política criminal, a associação 
de pessoas visando à geração de lucros com o jogo do bicho é 
caracterizada como contravenção penal, com pena máxima 
de um ano e não configura uma ORCRIM.
NA PRáTICA
Siga para o próximo tópico, no qual falaremos sobre narcotráfico e 
tráfico de drogas como sinônimos, e suas implicações legais segundo 
a legislação brasileira.
https://www.politize.com.br/pcc-e-faccoes-criminosas/
https://www.politize.com.br/pcc-e-faccoes-criminosas/
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO 44
Lei nº 11.343
de 23 de agosto de 2006
Art. 33. 
Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, 
vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer 
consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou 
fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em 
desacordo com determinação legal ou regulamentar:
Pena: reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 
(quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos)dias-multa.
§ 1º - Nas mesmas penas incorre quem:
I. importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire, vende, expõe à 
venda, oferece, fornece, tem em depósito, transporta, traz consigo ou 
guarda, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo 
com determinação legal ou regulamentar, matéria-prima, insumo ou 
produto químico destinado à preparação de drogas;
II. semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização ou em 
desacordo com determinação legal ou regulamentar, de plantas 
que se constituam em matéria-prima para a preparação de drogas;
III. utiliza local ou bem de qualquer natureza de que tem a 
propriedade, posse, administração, guarda ou vigilância, ou 
consente que outrem dele se utilize, ainda que gratuitamente, 
sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou 
regulamentar, para o tráfico ilícito de drogas.
2.3. naRCOTRÁFiCO/TRÁFiCO de dROGaS
O Escritório Sobre Drogas e Crimes da ONU define o tráfico de drogas 
como sendo um “comércio global ilícito que envolve cultivo, fabri-
cação, distribuição e venda de substâncias que sejam proibidas por 
leis de drogas” (UNODC, 2010).
Ou seja, as expressões “narcotráfico” e “tráfico de drogas” são equi-
valentes. O crime de tráfico de drogas é tipificado pela legislação 
brasileira nos termos da Lei nº 11.343/2006. Confira:
O caput do artigo 33 é aceito pelos doutrinadores como o tipo funda-
mental do tráfico de drogas. Porém, as condutas arroladas no § 1º do 
art. 33 e nos artigos de 34 a 36 da mesma lei também são equiparadas 
ao crime de tráfico de drogas. 
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO 45
Pela leitura do texto legal, você pode concluir que o crime de tráfico 
de drogas é tipificado no Brasil como um crime de múltiplas condutas. 
Essas condutas são expressas pelos seguintes verbos: 
importar
exportar
remeter
preparar
produzir
vender
expor à venda
ter em depósito
transportar
trazer consigo
guardar
prescrever
ministrar
entregar a consumo ou fornecer drogas
A lei ainda acrescenta que o crime de tráfico pode ser configurado 
mesmo que as ações que o caracterizam sejam realizadas gratuita-
mente, contanto que sejam práticas “sem autorização ou em desacordo 
com determinação legal ou regulamentar” (SILVA, 2010).
Se é possível traçar seus contornos legais nos limites da lei brasileira, 
a mesma coisa não se pode dizer da cadeia logística do narcotráfico.
BRASIL
SURINAME
GUIANA FRANCESA
VENEZUELA
COLÔMBIA
EQUADOR
PERU
BOLÍVIA
CHILE
ARGENTINA
URUGUAI
PARAGUAI
As fronteiras brasileiras incluem dez nações, entre elas, 
os três principais produtores de cocaína: Peru, Bolívia 
e Colômbia. A cocaína produzida nesses países corresponde 
a 75% da produção mundial.
| GEOGRAFIA DO BRASIL
GUIANA
Fonte: Adaptado de Roehrich (2014).
gEOgRafia DO bRaSil|
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO 46
Sobre o caráter transnacional do tráfico de drogas e a necessidade 
de cooperação internacional para seu enfrentamento, vale a pena a 
leitura do trecho sobre o assunto, presente no livro “Lei de Drogas 
Comentada”, de César Dario Mariano da Silva (2010). Veja: 
A cooperação internacional segue o espírito das 
Convenções das Nações Unidas e o princípio da justiça 
universal, considerando ser obrigação de todos os países 
participar do enfrentamento ao crime organizado, visto 
como um mal universal.
A Lei de Drogas não fugiu a essa finalidade, deixando 
evidente que o Brasil deve cumprir as convenções e 
tratados internacionais dos quais faça parte para o 
combate ao narcotráfico.
O Brasil é signatário de diversos acordos e tratados para 
o combate ao narcotráfico, especialmente com países da 
América Latina, podemos citar Chile, Equador, Argentina 
e Cuba, entre outros. O Brasil também firmou acordos 
internacionais com os Estados Unidos e com alguns países 
da Europa, além de ser signatário da Convenção das 
Nações Unidas Contra o Crime Organizado Transnacional, 
realizada em novembro de 2000, na cidade de Nova Iorque.
Assim, cabe ao Brasil prestar auxílio às outras nações e 
organismos internacionais, assim como solicitar apoio 
em diversas áreas relacionadas ao combate ao tráfico de 
drogas e outros delitos conexos, como o tráfico de armas, 
lavagem de dinheiro e o desvio de produtos químicos para 
a produção de drogas. 
As áreas de inteligência, sem as quais esses delitos não 
podem ser combatidos, também são alcançadas pelo 
dispositivo. As informações são elementos essenciais para 
o combate às organizações criminosas.
PoDCAsT TRaNScRiTO
Você pode perceber que o narcotráfico, ou tráfico de droga, somente 
se viabiliza por ações interdependentes que são puníveis pelas legis-
lações internas dos países, mas que, para serem reprimidas de fato, 
exigem respostas articuladas interna, regional e internacionalmente.
Enquadre no seu celular 
ou tablet o código de 
REALIDADE AUMENTADA 
do aplicativo Zappar 
para assistir ao vídeo que 
apresenta o contexto do 
combate ao tráfico de 
drogas no Brasil.
RA
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO 47
Unidade 3
eLeMenTOS HISTÓRICOS, 
SOCIOeCOnÔMICOS e nORMaTIVOS 
dO CRIMe ORGanIZadO e dO 
naRCOTRÁFICO
Nesta unidade, apresentaremos o panorama da violência no Brasil e 
no mundo, e a relação entre violência e a temática das drogas.
3.1 ViOLÊnCia e dROGaS nO bRaSiL
e nO MUndO
Como já citado neste curso, uma das características mais marcantes 
do modus operandi das organizações criminosas ligadas ao narco-
tráfico no Brasil e no mundo é a demonstração de força por meio do 
emprego de violência extrema.
No início de 2019, imagens chocaram o país durante as rebeliões ocorridas 
nos presídios da região Norte. Nesses episódios, abriram-se para o mundo 
as assinaturas macabras que as ORCRIM do narcotráfico conceberam 
para não deixar dúvidas de quem estava no comando das rebeliões.
COnTexTUaLiZandO
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO 48
Jennifer Woodhull, do Departamento de Estudos 
Religiosos da Universidade da Cidade do Cabo, apresenta 
a raiz etimológica da palavra violência (título original: 
“Etymological Root of the Word ‘Violence’”, disponível 
em: https://www.youtube.com/watch?v=GfBirU1GLiw).
Dica DE MíDia
Quando se pensa no uso da força no contexto da violência, é razoável 
imaginar situações como as mencionadas na abertura do presente 
tópico. Diante de circunstâncias tão extremas quanto bárbaras, parece 
ser fácil delimitar o conceito de violência. Entretanto, para o bem da 
sociedade, a vida não é feita somente de extremos, pelo contrário.
O que dizer das consequências sociais, comunitárias e para a saúde 
dos indivíduos mais vulneráveis que sofrem com a violência psico-
lógica, por exemplo?
As origens etimológicas do termo violência sintetizam o conceito de 
violência como a agressão (força) exercida contra alguém.
Por mais direto e objetivo que seja o conceito empregado por Jennifer 
Woodhull, aspectos relevantes envolvendo a violência acabam não 
sendo contemplados.
https://www.youtube.com/watch?v=GfBirU1GLiw
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO 49
A Organização Mundial da Saúde, ao definir o termo violência, abrange 
uma ampla gama de atos, como a violência interpessoal, o compor-
tamento suicida ou conflito armado. Indo mais além dos atos físicos 
para incluir ameaças e intimidações. Veja:
Essa definição da OMS apresenta diferentes facetas da violência: 
Esses diferentes tipos de violência possuem elementos bem presentes 
A Organização Mundial da Saúde define violência como: o 
uso intencional da força física ou poder, por intermédio de 
ameaça ou de fato, contra o próprio indivíduo, contra outra 
pessoas ou grupo ou comunidade, que resulte ou tenha 
grande probabilidade de resultar em ferimento, morte, ou 
dano psicológico, prejuízo ao desenvolvimento ou privação. 
Além de morte e ferimentos, a definição também inclui uma 
miríade de consequências menos óbvias de comportamentos 
violentos, tais como prejuízo psicológico, privação e prejuízo 
ao desenvolvimento que compromete o bem-estar dos 
indivíduos, famílias e comunidades.
 (WHO,2002)
Foto: © [Adragan] / Adobe Stock.
O que dizer da violência que é fruto da ameaça, como é o caso de 
comunidades inteiras subjugadas por meio do medo por conta das 
demonstração de força dos cartéis de drogas?
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO 50
no quotidiano das cidades brasileiras, que, como já citado, se expan-
diram e continuam a se expandir rapidamente e de forma desordenada. 
O tipo de força empregada (física ou poder).
A tangibilidade do recurso empregado (ameaça 
ou poder de fato).
O sujeito que recebe a ação (o próprio indivíduo, 
outro indivíduo, grupo ou comunidade).
E o tipo de resultado (ferimento, 
morte, dano psicológico, prejuízo ao 
desenvolvimento, ou privação). 
Tudo isso é ainda mais agravado pelo advento de fenômenos como 
o do crack, como bem aduzem De La Rosa, Lambert e Cooper (1990).
Ainda acerca da conexão entre tráfico de drogas ilícitas e violência, mais 
uma vez convém recorrer ao posicionamento da OMS sobre o tema: 
A economia do crack aumentou enormemente o número de 
traficantes de drogas em várias comunidades dos centros 
de cidade: a tecnologia e a disponibilidade de cocaína 
coincidiram com um encolhimento das oportunidades de 
trabalho decente em muitas dessas comunidades. Segundo 
evidências recentes, o tráfico de crack quase invariavelmente 
envolve violência; traficantes ameaçam uns aos outros e 
à comunidade (Johnson et al., no prelo). Mas o papel das 
quadrilhas nesta economia em expansão do crack ainda é 
questionável e pouco compreendido.
(DE LA ROSA; LAMBERT; COOPER, 1990, p. 171)
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO 51
Veja no próximo tópico os aspectos históricos e sociais do Brasil em 
relação à criminalidade e ao fenômeno do tráfico de drogas. O que será 
A violência e o uso de drogas ilícitas representam grandes 
desafios à saúde pública. A OMS identifica fortes associações 
entre ser vítima ou autor de violência e o uso de drogas 
ilícitas. Além disso, os relacionamentos interpessoais, 
a comunidade e o nível social foram identificados como 
fatores de risco que aumentam a chance de o indivíduo 
sofrer violência relacionada a drogas. Embora exista uma 
clara relação entre drogas e comportamento violento, a 
natureza dessa relação de causalidade é multifacetada e 
poucos estudos examinaram tal relação. Essa relação existe 
por várias razões, algumas diretas, como o próprio efeito 
farmacológico dos medicamentos, e outras indiretas, como 
a violência que ocorre para obter drogas, violência nos 
mercados de drogas ilícitas e uso de drogas como resultado 
de uma vida como vítima de atos violentos. Apesar de 
uma série de evidências sugerir ligações entre várias 
categorias de drogas e comportamento violento, existe 
uma falta de ações preventivas destinadas à redução de 
violência, especificamente voltada para o tema tráfico de 
drogas. Embora esse seja um problema tradicionalmente 
considerado exclusivo da Justiça Criminal, ele é mais 
abrangente do que isso. A abordagem da saúde em face da 
violência relacionada às drogas oferece uma maneira de 
melhor entendimento, resposta e, finalmente, prevenção 
da violência relacionada ao uso de drogas ilícitas.
PoDCAsT TRaNScRiTO
que as taxas de criminalidade nos dizem?
3.2 CaRaCTeRiZaÇÃO da 
CRiMinaLidade nO bRaSiL
É impossível dissociar a explosão da criminalidade da rápida e de-
sordenada expansão urbana e populacional experimentada pelo país. 
Sachsida et al. (2010) apresentam em seu artigo algumas correlações 
positivas entre desemprego, taxa de crescimento urbano e aumento 
no número de crimes no Brasil. De forma semelhante, Cavalcanti e 
Gonçalves (2010) encontraram correlações positivas entre o IDH e a 
quantidade de homicídios na Região Metropolitana de Brasília. 
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO 52
Veja a figura a seguir, extraída do relatório da Segurança Pública do 
Projeto Brasília 2060 (IBICT, 2015).
Região Metropolitana
São Paulo
Rio de 
Janeiro
Belo 
Horizonte
Porto 
Alegre
Recife AMB
População 
(1970)
8.139.730 6.879.183 1.619.792 1.590.798 1.755.083 637.516
Densidade 
demográfica 
(1970)
1.024,0 1.395,10 112,4 162,3 634,1 19,8
População 
(2010)
20.820.093 12.090.607 5.156.217 4.197.557 4.046.845 3.548.426
Densidade 
demográfica 
(2010)
2.621,20 2.452,00 357,7 428,2 1.462,00 110,3
Crescimento 
(1970-2010)
256% 176% 318% 264% 231% 557%
Fonte: IBGE. 
A imagem sintetiza bem os números da expansão populacional em 
seis das mais influentes regiões metropolitanas brasileiras, com 
destaque para a Área Metropolitana de Brasília (AMB).
Veja o documento da Linha de Base do Projeto Brasília 2060 
(disponível em: http://brasilia2060.ibict.br/wp-content/
uploads/2015/12/Linha-de-Base-Seguranca2.pdf). 
Saiba MaiS
cRESciMENTO POPUlaciONal E aDENSaMENTO DEMOgRÁficO 
EM REgiõES METROPOliTaNaS SElEciONaDaS
|
http://brasilia2060.ibict.br/wp-content/uploads/2015/12/Linha-de-Base-Seguranca2.pdf
http://brasilia2060.ibict.br/wp-content/uploads/2015/12/Linha-de-Base-Seguranca2.pdf
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO 53
Confrontando-se os dados relativos a recursos públicos com as esta-
tísticas criminais, observa-se que não foram apenas as taxas popula-
cionais, sobretudo em áreas metropolitanas, que dispararam no país.
de 1996 
a 2015 
 � Crescimento de 60% de crimes intencionais 
contra a vida.
 � Aumento de 4,5% ao ano no orçamento da 
Segurança Pública.
Estamos diante de uma prova que demonstra a aplicação não eficaz 
dos já escassos recursos públicos. Essa situação se agrava, uma vez 
que as preocupações com a violência também congestionam a pauta 
do Congresso Nacional.
Foto: © [SZ Photos] / Adobe Stock.
Já conforme o Centro de Estudos e Debates Estratégicos, um órgão 
da Câmara dos Deputados, entre os anos de 2004 e 2018, mais de 
1.500 proposições tramitaram no Congresso Nacional sobre o tema 
Segurança Pública (CEDES, 2018). 
Foto: © [MoiraM] / Adobe Stock.
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO 54
No período foram abordados assuntos como:
 � Sistema Único de Segurança Pública (SUSP).
 � O limite das atribuições das instituições policiais.
 � Alterações na política de persecução criminal.
 � O atendimento às vítimas.
 � Articulações de cooperação internacional contra o 
crime organizado.
Sem dúvida, tais pautas são relevantes, mas terminam sobrepondo-se 
a outros temas de igual ou maior significado.
É preciso destacar a significativa redução na taxa de homicídios no 
país em 2019, que sofreu uma queda de 19%. Os números do Monitor 
da Violência, iniciativa entre o Núcleo de Estudos da Violência da USP 
e o G1, revelam que milhares de vidas foram poupadas no período. 
Essa redução notável nos homicídios pode estar relacionada com 
as recentes operações com precisão cirúrgica realizadas contra o 
crime organizado.
Foto: © [Joa Souza] / Adobe Stock.
Dando continuidade ao assunto, veja a seguir algumas características 
do Sistema de Justiça Criminal brasileiro em relação aos crimes de 
tráfico de drogas.
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO 55
3.3 PeCULiaRidadeS dO SiSTeMa de 
jUSTiÇa CRiMinaL bRaSiLeiRO
Seja na perspectiva da repressão, seja na perspectiva da prevenção 
das atividades do narcotráfico e do crime organizado, é necessário 
considerar as peculiaridades do Sistema de Justiça Criminal pátrio. 
No Brasil, a atuação do Tribunal do Júri se limita aos crimes dolosos 
contra a vida. Outras peculiaridades no país, e ainda mais marcantes, 
se comparadas ao que ocorre nas demais nações, são a estética, a 
organização e a abrangência territorial das polícias. No Brasil, con-
vivem instituições policiais de estética civil e militar, à semelhança 
de países como Chile e Itália; porém, diferentemente desses países, 
cujas polícias, em regra, possuem competência territorial nacional, 
no Brasil as instituições policiais têm responsabilidade apenas no 
nível de estados e municípios.
No Brasil, somente uma dessas polícias possui o ciclo policial com-
pleto: a Polícia Federal. Ou seja, o Sistema de Segurança Pública 
brasileiro é

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