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EXAME FÍSICO DO SISTEMA CARDIOVASCULAR

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Manoella Rodrigues – Med 102 
EXAME FÍSICO DO SISTEMA CARDIOVASCULAR 
AVALIAÇÃO DO PRECORDIO 
 
 
 
 
Precordio é uma região do tórax especificamente relacionada a região onde tem a projeção 
torácica do coração e dos seus vasos da base. Região paraesternal se estendendo para a 
esquerda, até a região hemiclavicular esquerda, no 5º e 6º espaço intercostal. 
Três exames a fazer: inspeção, palpação e ausculta. 
(Paramentação, apresentar-se ao paciente sempre pelo lado direito do paciente, identificar o 
paciente, pedir permissão, higienizar mãos e materiais.) 
“Olá Sr. João. Bom dia. Meu nome é ___________, sou acadêmica (o) de medicina aqui de 
vassouras. Estou aqui hoje para fazer uma avaliação do coração do Sr., tudo bem? O Sr. pode se 
deitar com a barriga para cima e retirar sua blusa por favor?” (levantar a maca em 30º na região 
da cabeça; lavar as mãos e o material). 
 
1. INSPEÇÃO 
• Boas condições de iluminação; 
• Cabeceira a 30 graus; 
• Paciente deitado ou sentado; 
• Tórax desnudo; 
• Uso de lanterna tangenciando a região observada; 
• Tangenciar olhar quando usar a lanterna; 
• Procurar pulsatilidade anormal (única região normal é no 
ictus); 
• Se for uma paciente mulher, pedir permissão e licença para afastar as mamas ou pedir para 
que ela mesma as afaste; 
• Em pacientes obesos e musculados vai ser mais difícil de observar; 
• O que causa alteração dos batimentos é por causa da pressão ou do volume sobre as 
câmaras. 
“Sr. João, eu vou realizar um exame agora. Só preciso que o senhor se mantenha paradinho, 
respirando normalmente, enquanto eu vou checar com a lanterna, tudo bem?” 
Avaliação da percussão no exame 
físico respiratório pode ajudar no 
exame físico cardíaco 
Pneumotórax hipertensivo – 
aérea cardíaca sofre desvio para o 
lado oposto. 
Na atelectasia também. 
PROVA PRÁTICA 
Não será cobrado regiões 4 e 5. Nem na inspeção, nem na palpação. 
 
Manoella Rodrigues – Med 102 
Região 1 
Região da fúrcula esternal abrangendo a crossa (arco) da Aorta. 
Condição que faça a crossa ou a pressão nela aumentar terá uma pulsatilidade visível e/ou 
palpável. 
Ter pulsatilidade não quer dizer que tenha alguma patologia, mas deve ficar de olho. 
 
Região 2 
Região do 2º espaço intercostal direito na linha paraesternal abrangendo a Aorta 
Ascendente. 
Procura o ângulo de Louis, desliza para a direita, acha a 2ª costela e desce para o 2º espaço. 
 
Região 3 
Região do 2º espaço intercostal esquerdo na linha paraesternal abrangendo a Artéria 
pulmonar. 
 
Região 4 
Região do 3º e 4º espaço intercostal esquerdo na linha paraesternal abrangendo o Átrio 
Esquerdo. 
Principalmente no 3º. 
Se tiver pulsitilidade pensar nas possibilidades que aumentem a câmara atrial esquerda. 
 
Região 5 
Região do 5º espaço intercostal direito na linha paraesternal abrangendo o Átrio Direito. 
Doenças que aumentem a câmara atrial direita podem trazer pulsitilidade visível e/ou 
palpável. 
 
Região 6 
Região do apêndice xifóide abrangendo o Ventrículo Direito. 
 
Região 7 
Manoella Rodrigues – Med 102 
Região do 5º e 6º espaço intercostal esquerdo na linha paraesternal abrangendo Ventrículo 
Direito. 
 
Região 8 
Região do 5º espaço intercostal esquerdo na linha hemiclavicular abrangendo o ictus. 
Única região que é normal ter pulsatilidade. 
 
2. PALPAÇÃO 
Tem duas fases: palpação para perceber se há frêmito e ruídos; e dos pontos específicos do 
precardio. 
• Mão espalmada, dedos unidos e na horizontal; 
• 1º palpar a região do ictus e ventrículo direito; 
• O normal é não perceber nada além da bulhas cardíacas; 
• Unhas cortadas SEMPRE; 
• Pacientes com fístula apresentam frêmito pois são dialíticos crônicos (fazem 
hemodiálise). 
“Sr. João, eu vou precisar apalpar o peito do senhor e pode gerar um desconforto mas é 
rapidinho, ok?” 
1ª fase: 
Palpação global procurando frêmito; mão na vertical ou horizontal; mão inteira. 
 
2ª fase: 
Região 1 
Região da fúrcula. 
Técnica: 2 dedos em garra tentando “entrar” no esterno. 
Patologias: HAS, Aneurisma de Aorta, Insuficiência Aórtica. 
Não sentir o pulso é preocupante. 
 
Região 2 
Região do 2º espaço intercostal direito. 
Estenose – válvula que deveria 
estar aberta e está semi-
aberta. 
Insuficiência – válvula abre 
normal mas fecha errada, 
permitindo efluxo do sangue 
Manoella Rodrigues – Med 102 
Técnica: 1 dedo junto ao esterno no espaço intercostal e o restante dos dedos para cima 
(usar ângulo de Loius para identificar). O dedo deve estar próximo a linha paraesternal. 
Patologias: Estenose aórtica e insuficiência aórtica. 
Se houver pulsação é motivo de preocupação. 
 
Região 3 
Região do 2º espaço intercostal esquerdo. 
Técnica: 1 dedo no espaço intercostal e próximo a linha paraesternal; o restante pra cima. 
Patologias: Hipertensão arterial pulmonar primária ou secundária a tromboembolismo 
pulmonar, DPOC, estenose mitral grave. 
 
 
 
Região 4 
Região do 3º e 4º espaço intercostal esquerdo. 
Técnica: dedo indicador no 3º espaço e dedo médio no 4º espaço. 
Patologias: insuficiência mitral grave ou dupla lesão mitral (estenose + insuficiência). 
Se o ventrículo direito aumentar muito o diâmetro, os folhetos da válvula mitral tendem a 
se afastarem. 
 
Região 5 
Região do 5º espaço intercostal direito. 
Técnica: 1 dedo e restante pra cima (usar ângulo de Loius para identificar). 
Patologias: insuficiência tricúspide grave, primária ou secundária a uma grande dilatação do 
ventrículo direito. 
 
 
 
Estenose mitral grave causa congestão, causando 
aumento da pressão na artéria pulmonar. 
Erro comum: não fazer o exame na 
linha paraesternal; fazer onde não tem 
coração. Isso acontece por na linha 
paraesternal os espaços intercostais 
são mais juntinhos. 
Região 4 e 5, de vermelho não 
serão cobradas na prova prática. 
Manoella Rodrigues – Med 102 
 
 
 
 
 
 
Região 6 
Região do apêndice xifoide. 
Técnica: polegar ou indicador apoiado e restante dos dedos para cima. 
Patologias: hipertensão arterial pulmonar, estenose mitral, estenose pulmonar e embolia 
pulmonar. 
Se houver pulsatilidade na ponta do dedo está relacionado com o ventrículo direito. Se 
houver pulsatilidade na digital esta relacionado com aorta descendente (aneurisma de 
aorta) ou hepatomegalia. 
 
Região 7 
Região do 5º e 6º espaço intercostal na linha paraesternal esquerdo. 
Técnica: parte mais altinha da mão próximo ao polegar na linha paraesternal e pressionar a 
região; médico ao lado direito do paciente. 
Patologias: insuficiência tricúspide, doença de chagas, comunicação interatrial, 
comunicação intraventricular. 
Se houver aumento da pulsatilidade do ventrículo, irá perceber uma oscilação na região. 
 
Região 8 
Região do 5º espaço intercostal esquerdo na linha hemiclavicular. 
Localização: 
• Traçar linha imaginária a partir da clavícula, paralela à linha esternal mediana. Achar o 
ponto no 5º espaço intercostal. 
• Se o ictus estiver pra cima ou pra dentro do ponto na foto é variação anatômica. Não 
pode estar nem pra baixo, nem pra “fora”. 
• No paciente: mede com os dedos os limites da clavícula e põe o indicador no meio pra 
marcar a linha, e desce verticalmente até o 5º espaço intercostal. 
Hipertensão arterial pulmonar – ventrículo precisa 
vencer a pressão aumentada na artéria, tendo que 
contrair com mais força. 
Embolia pulmonar - coagulo que sai das veias do 
membro inferior e migram pela circulação chegando na 
veia cava, entraram no átrio direito, passaram para o 
ventrículo direito, indo para artéria pulmonar e chega 
no pulmão entupindo a rede de capilares. Quando 
entope diminui a aérea de perfusão. 
Manoella Rodrigues – Med 102 
Extensão: 
• Colocar duas polpas digitais e ver se tem pulso; colocar o 3º dedo pra ver se tem 
pulso, se tiver, colocar mais um dedo. Se não tiver, anotar o resultado como “2 
polpas”. 
• Colocarum dedo no 5º e no 6º espaço intercostal e verificar se tem pulso. Não é 
normal ter nos dois. 
Amplitude: 
• Com dois dedos pressionar a região, se parar ou diminuir os batimentos está 
“normal”. 
“Sr. João, agora vou precisar que o senhor se vire para o lado esquerdo, tudo bem?” 
Mobilidade: 
• Colocar a mão na vertical, toda apoiada no paciente. 
• Pedir para o paciente se virar para o lado esquerdo e observar se o pulso muda de 
lugar. 
 
 
Manoella Rodrigues – Med 102 
ICTUS NORMAL 
Localidade Linha hemiclavicular esquerdo e 5º espaço intercostal. 
Extensão 1 a 2 dedos e no 5º espaço intercostal. 
Amplitude Fácil apagamento dos batimentos com a pressão dos dedos. 
Mobilidade Decúbito lateral desloca 2-3 cm posteriormente. 
Duração Ausculta simultânea 2-3 iniciais da sístole. 
 
ICTUS ANORMAL 
Localização – se estiver fora da linha hemiclavicular esquerda e do 5º espaço intercostal. 
Extensão – 3 ou mais polpas digitais ou abrangendo 5º e 6º espaço intercostal significa uma 
patologia. 
Amplitude – quando pressiona e não diminui a pulsação ou a pulsação fica mais intensa 
significa uma patologia. 
Mobilidade – paciente muda de posição para decúbito lateral e não muda o ictus significa uma 
patologia. 
 
Quando há sobrecarga de volume, o coração dilata. Nessa condição, espera-se que o ictus 
esteja além da hemiclavicular esquerda. Se tiver com a extensão maior que duas polpas 
digitais ou no 5º e 6º espaço intercostal, o ictus está aumentado, logo, pressupõe que seja uma 
patologia que altere o volume, como as que estão na foto. 
Manoella Rodrigues – Med 102 
Quando há sobrecarga pressórica, a camada muscular hipertrofia concêntrica. Nessa condição, 
espera-se que o ictus está localizado até a hemiclavicular esquerda. Se não tiver fácil 
apagamento das pulsações com a pressão das mãos (amplitude) significa que pode existir ali 
uma patologia relacionada a pressão. Isso porque a parede está mais espessa, logo, é mais 
difícil de apagar as pulsações. 
Doenças do pericárdio que alteram mobilidade do ictus. 
 
 Doenças volumétricas Doenças pressóricas 
Localização Além do normal Normal 
Extensão Maior Normal 
Amplitude Baixa Alta 
 
 
 
3. AUSCULTA 
 
 
 
 
Estetoscópio 
Diafragma – precisar colocar certo peso sobre o estetoscópio. 
Abrange sons de alta frequência 
Campânula – apenas apoiar sobre a pele. Abrange sons de baixa 
frequência. 
Manoella Rodrigues – Med 102 
 
São três fases: 
1ª – bulhas cardíacas fisiológicas – B1 e B2. 
2ª – bulhas cardíacas patologias – B3 e B4. 
3ª – sopros e ruídos. 
 
1ª fase: 
B1 nos focos mitral e tricúspide 
B2 nos focos aórtico convencional, aórtico acessório e pulmonar. 
• Colocar o esteto (diafragma) na carótida para verificar o pulso. Ver ambos os lados. Se 
houver sopro carotídeo em um dos lados, não podemos usar o outro lado; procurar 
outro pulso. 
• Se não for possível usar o pulso carotídeo, usaremos, em ordem, o pulso axilar, pulso 
braquial, pulso radial ou pulso femural; 
Bulha cardíaca fisiológica 1: 
É gerada pelo fechamento das válvulas átrio-ventriculares (mitral e tricúspide). 
Está relacionada o início da sístole. 
Técnica B1: 
• Verificar se o ritmo é normal ou anormal; 
• Ver se o som é hipofonético, normofonético e hiperfonético; 
• Apalpar pulso carotídeo + foco mitral (5º espaço intercostal esquerdo na linha 
hemiclavicular). Se o som coincidir com o pulso, é B1. 
• Pulso carotídeo no som de B1 + foco tricúspide (5º e 6º espaço intercostal esquerdo 
linha paraesternal). 
• Mitral da B1 > Tricúspide da B1. 
Bulha cardíaca fisiológica 2: 
É gerada pelo fechamento de válvulas semilunares (aórtica e pulmonar). 
Está relacionado com início da diástole. 
Técnica B2: 
• Marcar o pulso que NÃO coincide com o som. 
• Apalpar pulso carotídeo + aórtica convencional (2º espaço paraesternal direito). 
• Pulso carotídeo + aórtica acessória (3º espaço paraesternal esquerdo). 
AUSCULTA SEMPRE COM PULSO CAROTÍDEO. 
 NÃO SEGURAR NA CABEÇA DO ESTETO 
QUANDO O EXAME FOR COM A 
CAMPÂNULA. 
Manoella Rodrigues – Med 102 
• Comparar convencional com acessório e ver qual é mais intenso. 
• Comparar o mais intenso com a pulmonar (2º espaço intercostal esquerdo linha 
paraesternal); 
• Aórtico da B2 > Pulmonar da B2. 
2ª fase: 
B3 e B4 nos focos mitral e tricúspide com a campânula. 
B3 próximo de B2; fora do pulso. 
B4 próximo de B1; junto ao pulso. 
Podemos ter B3 de VE, B3 de VD, B4 de VE, B4 de VD. 
Técnica: 
• Apalpar pulso carotídeo + mitral 
• Pulso carotídeo + tricúspide. 
3ª fase: 
Ausculta de sopros e ruídos com o diafragma. 
Em todo o precordio – focos mitral, tricúspide, aórtico convencional, aórtico acessório, 
pulmonar, fúrcula e axilar. 
Fúrcula e axilar -> irradiação do sopro. 
• Apalpar pulso carotídeo; 
• Sopro depois de B1 é da sístole. 
• Sopro depois de B2 é diástole. 
Sopro sistólico mitral -> insuficiência mitral. 
Sopro diastólico mitral -> estenose mitral. 
 
 
 
 
 
 
 
Manoella Rodrigues – Med 102 
AVALIAÇÃO PULSO VENOSO 
O pulso venoso está atrás do musculo esternocleidomastóideo. Procurar jugular interna. 
Cabeceira em 45ºgraus. Tórax desnudo. 
Uso da lanterna na região atrás do ECOM para visualizar o pulso. 
Características: 
• Consegue ver com a lanterna. 
• Não palpável. 
• É compressível (se aplicar força nele, para de pulsar). 
• É polifásico – várias ondas. 
• Localizado atrás do ECOM – esternocleidomastóideo 
• Coluna máxima até 4,5cm. 
Técnica: 
• Usar 2 réguas que comecem no ponto 0 (se não começar no ponto 0 tem que medir a 
diferença e descontar posteriormente). 
• Colocar uma régua perpendicular ao chão no ângulo de Loui do paciente. 
• Outra régua na altura máxima da coluna.

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