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MANIFESTAÇOES ATÍPICAS EM IDOSOS Sinais e sintomas atípicos de idosos na INFECÇÃO Norma básica na assistência ao idoso: manifestações agudas, alterações abruptas e/ou inexplicáveis de sintomas e sinais em pacientes dessa faixa etária exigem cuidadosa avaliação clínica em busca de suas causas. Dentre os principais sinais atípicos: Astenia Anorexia Quedas Alterações cognitivas Taquipneia Encontram- se, por exemplo, percentuais menores de octogenários à admissão hospitalar por pneumonia com febre e/ou tosse do que com delirium. Sinal de alerta básico em processos infecciosos, valores de temperatura média basal e de febre alteram- se progressivamente durante o envelhecer. Deve- se isto à associação de vários fatores como: Sacorpenia Desnutrição Imobilidade Diabetes Melito Doenças neurológicas Fármacos opioides Antidepressivos triciclicos Alfabloqueadores Barbitúricos Benzodiazepínicos OBS: delirium ou estado confusional agudo encontra-se entre os mais importantes sinais de alerta e de sintomatologia atípica desencadeada por infecções em idosos. DOENÇAS CARDIOVASCULARES: Idosos apresentam alto índice de doenças cardiovasculares, sintomáticas ou não. Isso se deve não apenas ao processo do envelhecimento humano, mas à sua associação aos padrões comportamentais de risco acumulados ao longo da vida como, por exemplo, sedentarismo e tabagismo. O diagnóstico clínico das cardiopatias em idosos não necessariamente segue o padrão do “em adultos jovens”. Isso deve-se a associação de 2 fatos: 1°) Mesmo com alterações relacionadas com o envelhecimento, a maioria dos idosos mantém débito cardíaco adequado com condições basais de atividade física. Esses mesmos idosos, diante de quadros de estresse como infecções e peroperatórios, estão sujeitos a descompensações cardiocirculatórias. Isto também ocorre pelo uso de medicamentos com potenciais efeitos colaterais cardiovasculares. 2°) O segundo fato decorre de manifestações atípicas relacionadas com a sobreposição de outras doenças com as cardiopatias. - Insuficiência cardíaca: Sintomas inespecíficos como confusão mental, depressão, fadiga, perda de peso e imobilidade são constantemente atribuídos à idade e ignorados como indicadores de quadro clínico passível de tratamento. OBS: idosos com insuficiência cardíaca sistólica mantêm-se dentro do padrão clássico de piora progressiva da sintomatologia diurna e da dispneia paroxística noturna. O oposto ocorre nos acometidos pela insuficiência cardíaca diastólica, mais comum nessa faixa etária e mais propensa à instalação abrupta de sintomas. - Insuficiência coronariana Dispneia súbita ou piora dela sem dor torácica associada pode ser o primeiro sintoma apresentado em muitos casos de doença arterial coronariana em idosos. Convém ressaltar que a tendência à redução da sensibilidade visceral durante o envelhecimento e da associação a doenças, como o diabetes melito, aumentam o limiar de dor nesses pacientes. Outros sintomas que podem ocorrer são: - Confusão mental - Vertigem - Síncope - Epigastralgias. - Arritmias Essa arritmia merece especial atenção, pois sua primeira manifestação clínica pode ser ataques isquêmicos transitórios ou acidentes vasculares encefálicos com os elevados graus de morbidade e mortalidade deles decorrentes. Merece atenção a possibilidade do diagnóstico de insuficiência cardíaca congestiva secundária a taquiarritmias, principalmente a fibrilação atrial, em situações de declínio cognitivo recente ou perda de capacidade nas atividades da vida diária. Brasicardia: provoca sintomatologia vaga, como tonturas, síncopes e turvação da visão. - Hipertensão arterial Hipertensão arterial de início recente, de rápida evolução e de difícil tratamento nessa faixa etária sugere hipertensão renovascular. Já hipertensão arterial sistólica associada a baixos níveis pressóricos diastólicos merece investigação sobre insuficiência aórtica, valvopatia de difícil ausculta pela característica de seu sopro e por alterações torácicas já comentadas anteriormente. Tonturas, síncopes ou quedas relacionam-se frequentemente com hipotensão postural. EMBOLISMO PULMONAR Comparando- se a sintomatologia do embolismo pulmonar – entre pacientes com idades abaixo e acima de 65 anos de idade – nas primeiras 24 h, observa - se que ambas as faixas etárias apresentaram: - Dispneia - Taquicardia - Taquipneia em igual percentual. Ocorrem, porém, valores significativamente menores de dor torácica como apresentação primária, tosse e hemoptise no grupo de idosos. Opondo-se a isto, o mesmo grupo etário desenvolveu mais quadros sincopais, cianose e hipoxemia. Fatores de risco para idosos: - Obesidade - Imobilidade - Neoplasias - Antecedentes de trombose venosa e/ou de embolismo pulmonar. ABDOMEN AGUDO O paciente idoso tem características clínicas específicas que dificultam o diagnóstico e atrasam as intervenções terapêuticas, agravando o seu prognóstico. As causas para a maior complexidade diagnóstica nesse grupo etário são: -Alterações fisiológicas do envelhecimento -Dificuldade na coleta dos dados da história por barreiras físicas e sociais - Coexistência de várias doenças crônicas subjacentes (multimorbidade). - Uso de inúmeros medicamentos. Geralmente, o exame físico é pobre e os exames laboratoriais normais ou pouco alterados. Ausência de febre em quadros infecciosos desencadeadores de abdome agudo é frequente, assim como queixas que tendem a ser mais gerais que localizadas, tais como: - Alteração da consciência e atenção - Confusão mental, dor difusa - Dor torácica - Fadiga - Sensação de debilidade - Taquipneia - Taquicardia - Declínio funcional – muitas vezes atribuídas pelos cuidadores como consequência da idade. Comparando-se o quadro clínico em pacientes com idade inferior e superior a 60 anos, observam-se nos últimos anos menor frequência de dor, febre, náuseas, vômitos e diarreia. Sintomas inespecíficos antecedem a apresentação clínica típica nos últimos por período maior do que em adultos jovens. OBS: Detalhe propedêutico de destaque é o fato de que o exame físico do abdome em idosos pode não apresentar dor e reação peritoneal. Deve-se isto à flacidez da parede abdominal, mesmo ocorrendo problemas abdominais, como ruptura de aneurisma de aorta ou isquemia mesentérica. Exames laboratoriais também podem não apresentar grandes alterações, como é o caso de apendicite sem leucocitose e com aumento inespecífico de enzimas hepáticas e amilase, mesmo quando o fígado e o pâncreas não são a origem do quadro abdominal. Convém ressaltar que os erros diagnósticos mais frequentes, além da suspeita de doença extraabdominal quando a causa é uma infecção do abdome, são a confusão de gastrenterites agudas, gastrites agudas, infecção urinária, doença inflamatória pélvica e íleo paralítico com abdome agudo de abordagem cirúrgica. DOENÇAS ENDOCRINOMETABÓLICAS - Diabetes Melito O diabetes é uma doença de grande prevalência no idoso com alto custo para a saúde. Infelizmente, muitas vezes o indivíduo faz o diagnóstico de diabetes quando as sequelas se instalam. A apresentação vaga, atípica e silenciosa é frequente. Os sinais e sintomas clássico de hiperglicemia podem faltar ou se apresentar de forma atípica devido as alterações próprias do envelhecimento à multimorbidade e ao uso de inúmeros medicamentos. Por outro lado, diabéticos apresentam com maior frequência manifestações atípicasde outras patologias, como o infarto do miocárdio silencioso. Por outro lado, diabéticos apresentam com maior frequência manifestações atípicas de outras patologias, como o infarto do miocárdio silencioso. A época do diagnóstico os sintomas clássicos, como poliúria, polidipsia e polifagia são raros. São comuns sinais e sintomas atípicos como: - Incontinência urinária - Infecção urinária reincidente - Fagida - Perda de peso - Tonturas - Quedas - Declínio cognitivo - Depressão - Fraqueza muscular - Sintomas de neuropatias periféricas Alterações do nível de consciência, inclusive o delirium e o coma, podem resultar de quadros cetoacidóticos ou hiperosmolares envolvendo alta mortalidade. Muitas vezes, outras doenças são aventadas antes, como o acidente vascular encefálico, a labirintopatia e a doença de Alzheimer A resistência à insulina pode ser causa e efeito do declínio da função muscular (sarcopenia), fazendo com que idosos diabéticos apresentem maior risco para o desenvolvimento de fragilidade; e idosos frágeis têm maior prevalência de diabetes. TIREÓIDE Assim como acontece com todas as doenças endócrino metabólicas, as apresentações oligossintomáticas e atípicas, além da presença de multimorbidade e uso de medicamentos, contribuem para a dificuldade diagnóstica clínica e laboratorial das doenças tireoidianas nos idosos. - Hipertireoidismo: apresenta como sinais e sintomas Fadiga, bradipsiquismo, letargia e obstipação intestinal, além da apatia. No idoso o hipertireoidismo pode aparecer de forma mascarada e atípica (hipertireoidismo com apatia), sem as características hipercinéticas típicas observadas em pacientes mais jovens. Convém lembrar que essa condição apresenta- se com perda ponderal, astenia, depressão e letargia, insuficiência cardíaca, taquicardia ou fibrilação atrial de começo recente refratária ao tratamento convencional e hipotermia. - Aumento de TSH: apresenta como sinais e sintomas pele seca, perda de memória, pensamento alentecido, fraqueza muscular, fadiga, cãibras, intolerância ao frio, obstipação intestinal e alterações da voz. PARATIREÍDES O quadro clínico típico correspondente às queixas de hipercalcemia, dores pela remodelação anormal óssea, cálculos renais pela e hipercalciúria, dores abdominais devido a íleo metabólico e depressão. Os sintomas inespecíficos incluem: - Fraqueza - Fadiga - Dificuldade de concentração - Déficit cognitivo leve - Depressão Em pacientes idosos, esses sintomas inespecíficos são ainda mais frequentes, principalmente os neuropsiquiátricos – como apatia, depressão e perda de memória, comuns a tantas outras doenças prevalentes nessa faixa etária que o diagnóstico pode permanecer insuspeitado. NEOPLASIAS O maior fator de risco independente para câncer é a idade, e quanto maior a idade, maiores as chances de que a doença neoplásica se apresente de forma atípica e permaneça oculta, sendo diagnosticada em estágios mais avançados. Os sintomas e sinais de doença consumptiva, como: - Inapetência - Perda não intencional de peso - Fadiga - Depressão - Anemia - Desnutrição - Caquexia - Fragilidade - Quedas - Declínio funcional - Imobilidade São formas nas quais a doença neoplásica pode se manifestar no idoso. Além das apresentações inespecíficas, os seguintes sintomas e sinais devem ter como diagnóstico diferencial a possibilidade de doença neoplásica: - Alteração de trânsito intestinal - Queixas urogenitais não explicadas - Tumorações e ulcerações, - Quadros compressivos - Dores ósseas - Aumento de volume abdominal - Icterícia - Fraturas patológicas. Massas abdominais ou pélvicas, nódulos em mamas, axilas ou em região cervical, próstatas endurecidas, lesões numulares à radiografia do tórax podem passar despercebidos se não forem ativa e constantemente procurados. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA FREITAS, E. V.; PY, L.; NERI, A. L.; CANÇADO, F. A. X. C.; GORZONI, M. L.; DOLL, J. Tratado de Geriatria e Gerontologia 4ª. Edição. Grupo Editorial Nacional (GEN), 2016.
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