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OBTURAÇÃO ENDODÔNTICA Fase final do tratamento endodôntico. Uma vez retirada a polpa do dente, precisamos vedar o espaço do canal radicular que está aberto. Preencher o canal em toda sua extensão, inserindo um cimento e um cone de guta percha, inerte e asséptico o mais biocompatível possível, para não irritar o canal e estimular o reparo. Segundo o estudo de INGLE, as taxas de fracasso endodôntico associadas a obturação imcompleta correspondem a 58,66% (principal causa de insucesso) OBJETIVOS DA OBTURAÇÃO ENDODÔNTICA: 1. Impedir que Bactérias Lesem os Tecidos Periapical Mesmo depois do PQM e da Medicação intracanal, nós vedaremos o canal, visto que algumas bactérias podem sobreviver a estes processos, logo elas morrerão por falta de nutrição. 2. Preencher o Espaço Vazio “A permanência de um espaço vazio pode ser comprometedor para os bons resultados que se espera do tratamento” . Uma vez que foi feito o tratamento endodôntico e a restauração cair, será necessária a retratação do canal e um novo vedamento, visto que essa obturação já está colonizada por bactérias. →Estudo com Dentes de Cães: Em uma raiz foi aberto e restaurado com Ozi e na outra, vedamento hermético. no dente aberto e vazio ocorreu uma formação de lesão periapical, visto que sem a vedação a cultura bacteriana voltou a crescer, diferente da outra raiz, que uma vez vedada ouve uma reparação do tecido. O mais comum são essas bactérias começarem a colonização por via coronária, seja ela por trincas na restauração, cárie ou maus cuidados. A outra via seria a Anacorélica, via corrente sanguínea (incomum). 3. Permitir o Processo de Reparo O material necessita ser biocompatível, para que esse cimento endodôntico estimule o processo de reparo. Vale enfatizar que o cimento endodôntico a base de HICAL é diferente do DICAL para forramento. Todo material é irritativo/inflamatório, contudo é considerado biocompatível aquele que com o passar do tempo diminui a inflamação local. O comprimento de trabalho é diferente do comprimento de restauração. 4. Estimular o Selamento Biológico Na ausência de reparo, estará presente uma inflamação advinda da falta do depósito de tecido mineral na região, na capsula fibrosa existirá a presença de material restaurador obturando o canal e uma camada fibrosa, que repara mas não é a ideal. Num selamento biológico, a vedação do periápice se dar pelo depósito de tecido mineralizado na região. MOMENTO DA OBTURAÇÃO: “A obturação do canal radicular é o fecho da segurança operatória da técnica endodôntica e deve ser realizada no momento oportuno”. · Polpa Viva: Após o PQM, em sessão única; · Polpa Necrosada: 15 dias após a aplicação da medicação intracanal. 1. PQP: Remove o problema/causa da inflamação; Permite a regularidade das paredes do canal, forma tronco-cônica voltada para incisal afunilando próximo ao periápice, aumentando o sucesso da obturação; 2. Canais Secos: Restos de sangue e exsudato podem ser favorecedores de um processo inflamatório; Deve-se secar com um cone referente a ultima lima ultilizada e em casos de sangramento persistente após a secagem é necessario utilizar novamente a medicação intracanal (trocar se necessário); 3. Paciente Assintomático: Sinais de dor são idicatívos de que a inflamação não foi driblada. Deve-se saber investigar a dor, bater o carbono para evitar dor traumática e seguir as etapas da edodontia corretamente, para não se te uma inflamação persistente. LIMITE DA OBTURAÇÃO: Em PQP, tem-se um limite de trabalho que é estabelecido através da odontometria, contudo, para obturar preconiza-se (na FOUFAL) um limite diferente do limite real do dente. Logo, se um dente tem 20mm, será instrumentado 20mm e quando for obturar será aplicado 1mm aquém, ou seja 19mm. Baseado no estudo de Sjogren et All (principal) e todas as outras pesquisas baseadas na disciplina, observa-se que: · Aquém > 2mm: 68% de taxa de sucesso; · Aquém = 1mm: 94% de taxa de sucesso; · Além > 1mm: 78% de taxa de sucesso. →Qualidade da Obturação: Depende dos fatores seguintes: · Preparo Químico-Mecânico; · Habilidade do Profissional; · Materiais Obturadores; · Técnica de Obturação. MATERIAIS OBTURADORES: Podem ser sólidos (Guta Percha) ou pastosos (cimento), vão ter uma ação física, química e biológicas dentro do canal e precisam ser favoráveis ao reparo. Propriedades Fisico-Químicas Propriedades Biológicas · Fácil inserção; · Plastico no momento da obturação/inserção (maleável) - Cimentos endodônticos; · Bom tempo de trabalho; · Permitir o selamento adequado e não contrair dentro do canal (evitar fraturas); · Ser impermeável; · Bom escoamento e boa viscosidade (aderir); · Ser radiopaco; · Não manchar a estrutura dentária; · Ser de fácil remoção (retratamento). · Ser biocompatível; · Tolerância tecidual; · Ser reabsorvido no periápice em casos de extravasamento; · Estimular ou permitir a deposição de tecido de reparação (fibroso ou mineralizado); · Ter ação antimicrobiana; · Não ser mutagênico nem carcinogênico; · Não desencadear respostas imune nos tecisos periapicais. Nenhum material vai ser perfeito a ponto de ter todas as características ouro, deve-se, então, selecionar o material que melhor consiga atender as necessidades daquele tratamento. →Cones de Guta-Percha: Cones de borracha feitos a partir da Palaquim (Sappotaceae) Introduzidos em 1827 na odontologia, são materiais feitos a mão e desde então são o material semi-sólido mais utilizados. Na FOUFAL são preconizados os tamanhos M (mais calibroso) e FM para inserção dentro do canal e calibradas de acordo como a necessidade de cada obturação. São características: · Boa adaptação ás paredes do canal radicular; · Boa tolerância tecidual, contudo não é reabsorvida (não pode ultrapassar o ápice); · Radiopacidade adequada; · Estabilidade fisico-química; · Facilidade de remoção quando necessário. É considerada semi-sĺido por possuir um carácter elástico maleável além de uma certa dureza. →Cimentos Endodônticos: Marerial obturador, responsável pela retenção mecânica e adesão. Composições Bases: · Óxido de Zinco/Eugenol; Endofil · Resinas; AH-PLUS · Hidróxido de Cálcio; Sealapex · Agregado Trióxido Mineral; MTA-Filapex · Biocerâmicos. Bio- C Sealer Na FOUFAL fazemos o uso do cimento a base de óxido de zinco e eugenol por seu excelente custo benefício e ótimas características, contudo, não deve ocorrer extravazamentos, visto que o eugenol é citotóxico. Apresenta-se em pó e líquido e necessita de manipulação antes do uso para alcançar o ponto de fio e ter boa consistência sem extravazamento. LIMPEZA FINAL: Importante que ocorra para que o cimento tenha melhor adesão após a irrigação para limpeza com o EDTA, com isso ocorrerá a remoção da smear layer e desobistrução dos canalículos dentinários. TÉCNICAS DE OBTURAÇÃO: Dentre a infinidade de técnicas, deve-se valiar uma capacidade de resolução dos casos entre 80-90%. São exemplos de técnicas: · Técnica da Condensação Lateral; · Técnica do Cone Único; (Utilizada majoritariamente na FOUFAL) · Técnica da Condensação Lateral com “plug” Apical de Hidróxido de Cálcio; · Técnica de Schilder; · Técnica de MacSpadden; · Técnica Híbrida de Tagger. Antes de se obturar deve-se fazer um check-list, avaliando as possibilidades da obturação ocorrer e que seja da melhor forma possível. · Há tempo suficiente? A obturação demora, o tempo do PQM por algumas vezes pode ultrapassar o tempo de trabalho disponível, logo, se não houver tempo deve-se medicar o paciente e não obturar; · Assintomático? Se o paciente estiver sentindo dor após a instrumentação, coloca-se uma medicação ao invés de obturar com risco de ser insucesso; · Sangramento? Indicativo de que a inflamação pode persistir; · Canal seco? Importante para não atrapalhar a adesão do material obturador e não favorecer a formação de microbiota resistente. →Técnica do Cone Único: Após a secagem do canal, com cones de papel absorvente, iniciará o processo de obturação com cones de guta percha, condensadores e lamparina. A Secagem é feitacom um cone de mesmo tamanho da ultima lima utilizada, inserido no canal radicular (2, 3, 4) até sair seco, o primeiro sairá umidecido e com coloração normal, secundo menos úmido, até sair totalmente seco. Em casos de aspecto ensaguentado ou coloração diferenciada, é possível a presença de exsudato inflamatório, logo o canal precisa ser medicado antes da próxima etapa. O cone de papel absorvente não pode ser cortado, então deve-se medir com a régua e posicionar a pinça de modo a segurar o cone e permitir apenas o comprimento necessário entrar. Para Calibração, o cone de guta percha deve corresponder a ultima lima utilizada, escolhe-se o cone, posiciona na régua calibradora e cortar (com um bisturi). O cone deve coincidir com o ponto de referência utilizado antes onde o stop para (borda incisal, cúspides, etc), uma vez travado está correta a escolha do cone principal, não esquecendo que o comprimento do cone é 1mm menor que o comprimento real do dente. Radiografa-se o cone para avaliar se a adaptação está correta e se ultrapassou ou não, contudo essa medida não pode ser estática, então se quando cortado estiver muito aquém pode-se cortar uma medida menor, assim na instumentação irá aumentar um pouco a área. A Manipulação do Cimento deve ser feita em placa de vidro e com a espátula 24 (maleável) segundo a proporção do fabricante para atingir o ponto de fio, com homogenização em toda placa de vidro. A manipulação deve ser feita em toda placa de vidro, para que se possa trabalhar o material e eliminar grande parte do agente citotóxico desse material, o Eugenol. Aplica-se o cimento em todo o cone principal e insere-se dentro do canal radicular, faz-se a prova do cone com uma radiografia (segunda prova do cone), feio isso, como o cone é mais robusto na cervical, ele irá vedar hermeticamente o canal radicular. A Calcação é feita com os calcadores de paiva, que podem ser usados de duas formas: · Quente: Aquecidos na lamparina para cortar os cones, contra a parede dental, pois a guta percha vai ficar só na parede radicular, já que na parte coronária ela e o cimento podem manchar a coroa; · Frio: Para finalizar se faz uma calcação vertical para remover possíveis bolhas e a limpeza da região com bolinhas de algodão. Radiografa-se novamente para avaliar se está tudo correto e caso avaliado positivamente, Fecha-se a Cavidade com Ionômero de Vidro (melhor selamento) e encaminha o paciente para a dentística, que avaliará a melhor restauração para aquele elemento dentário. ERROS NA OBTURAÇÃO: · Cone ultrapassando ápice; · Erro de odontometria; · Escolha incorrata do cone; · Ausência de avaliação radiográfica; · Obturação não hermética; · Falta de calcação. REPARO TECIDUAL: Substituição de células e tecidos lesados por um tecido neoformado. O reparo é o que se quer após o tratamento endodôntico. A inflamação é importante até certo ponto apenas, pois trás células de defesa impotantes, porém se exacerbada ela pode ser prejudicial. Após a remoção do agente agressor, começa a acontecer um reparo, com novas formações teciduais, e, se eu tenho um material citotóxico no periápice, o reparo pode ser lento. · Polpa Viva: Reparo tecidual facilitado, na presença de coto periodontal vivo. Acontece a proliferação de células, neoformação de tecidos e reinserção de fibras do ligamento periodontal; · Polpa Morta: Até o coto periodontal está necrosado, logo a reparação partirá do 0. →Fatores para o Sucesso do Repato: Ponto de vista histológico · Ausência de células inflamatórias; · Presença de cápsula fibrosa ou selamento biológicco; · Ausência de sintomatologia (reparo = indolor);Ponto de vista clínico · Teste de percursão negativo; · Normalidade dos tecidos periapicais. →Fatores que Interferem no Reparo: Biopulpectomia · Trauma nas instrumentações: Ir além do ápice; · Obturação sem respeito ao limite apical, material irritante e formação de inflamação apical. Necropulpectomia · Permanência de microrganismos (ausência de reparo); · Obturação sem respeito aos limites apicais, material irritante e retardo no processo de reparo. Fatores Sistêmicos · Idade avançada; · Maus hábitos (fumo e vícios); · Doênças crônicas (tuberculose, diabetes, hipertensão, etc); · Deficiências nutricionais; · Depleção de proteínas, gorduras e carboidratos; · Avitaminoses; · Desidratação. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Deve-se avaliar o paciente como um todo, observando suas possíveis comorbidades para um maior sucesso do tratamento endodôntico. Ademais, deve-se chamar o paciente para uma reanálise do processo de reparo em intervalos de 3 meses, 6 meses e um ano, tendo como indicativo e marcador de tempo radiografias tiradas em mesma angulação (posicionador) como documento daquele procedimento.
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