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Farmacologia Veterinária - Antimicrobianos e Antibióticos

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Rebeca Woset ANTIMICROBIANOS 
CONSIDERAÇÕES GERAIS 
Estes agentes podem ser inespecíficos ou 
específicos. Os antimicrobianos 
inespecíficos atuam nos microrganismos em 
geral, quer sejam patogênicos, ou não; 
pertencem a este grupo os antissépticos e os 
desinfetantes. Os antimicrobianos 
específicos atuam em microrganismos 
responsáveis pelas doenças infecciosas que 
acometem os animais; são os quimioterápicos e 
os antibiótico. 
ATIVIDADES BACTERIOSTÁTICA E 
BACTERICIDA DOS ANTIMICROBIANOS 
Quando o antimicrobiano inibe a multiplicação da 
bactéria, mas não a destrói, é chamado de 
bacteriostático; com a suspensão da exposição 
ao antimicrobiano a bactéria volta a crescer. Já o 
antimicrobiano bactericida exerce efeito letal 
sobre a bactéria, sendo esse efeito irreversível. 
As atividades bacteriostática e bactericida do 
antimicrobiano dependem de sua concentração 
no local. Alguns antimicrobianos inibem o 
crescimento bacteriano em determinada 
concentração, a concentração inibitória mínima 
ou CIM e necessitam de uma concentração maior 
para matar o microrganismo, a concentração 
bactericida mínima ou CBM. 
Quanto maior a distância entre esses valores, diz-
se que o antimicrobiano tem atividade 
bacteriostática; por outro lado, quanto mais 
próximos forem esses valores, diz-se que o 
antimicrobiano tem atividade bactericida. 
ATIVIDADES CONCENTRAÇÃO-DEPENDENTE 
E TEMPO-DEPENDENTE DOS 
ANTIMICROBIANOS 
Os concentração-dependentes são aqueles que, 
quanto maior o nível sérico acima da CIM, maior 
a taxa de erradicação das bactérias, a qual, por 
outro lado, cai na medida em que diminui o nível 
do antimicrobiano. A administração desses 
agentes em doses elevadas com intervalos longos 
faz com que alcancem concentrações máximas no 
local da infecção, produzindo efeito bactericida 
máximo. A posologia adequada desses 
antimicrobianos envolve administração de altas 
doses e longos intervalos entre as doses. 
Para os tempo-dependentes (tetraciclina) fator 
de maior importância para determinar a eficácia 
é o período de tempo que a concentração 
plasmática fica acima da CIM de uma dada 
bactéria (T > CIM). O fato de se aumentar a 
concentração do antimicrobiano várias vezes 
acima da CIM não promoverá aumento 
significativo na capacidade de destruir o 
microrganismo. 
CAUSAS DO INSUCESSO DA TERAPIA 
ANTIMICROBIANO 
 Tratamento de infecções não sensíveis, 
como a maioria das viroses 
 Tratamento de febres de origem 
desconhecida, em que o agente causal 
pode não ser infeccioso 
 Erro na escolha do antimicrobiano e/ou na 
sua posologia (dose, intervalo entre 
doses, duração do tratamento) 
 Tratamento iniciado com atraso, quando o 
microrganismo já causou as lesões no 
organismo animal 
 Focos infecciosos encistados, pus, tecidos 
necróticos, corpos estranhos, cálculos 
renais, sequestros ósseos que dificultam a 
atuação do antimicrobiano 
 Processos infecciosos em tecidos não 
atingidos pelo antimicrobiano ou, quando 
o fazem, as concentrações são 
insuficientes 
 Persistência, isto é, o agente infeccioso é 
sensível ao antimicrobiano in vitro, porém 
nos tecidos do animal o microrganismo 
pode encontrar-se em uma fase do seu 
ciclo na qual é refratário ao medicamento. 
Por exemplo, o microrganismo pode 
encontrar-se na fase de esferoplasto ou 
protoplasto, não sofrendo a ação de 
antibióticos que atuam na parede celular 
 Resistência bacteriana, que pode ser 
natural ou adquirida. A resistência natural 
não perturba a terapêutica porque o 
médico-veterinário já sabe que um 
determinado microrganismo é 
naturalmente resistente ao 
antimicrobiano. Por outro lado, a 
 
 
Rebeca Woset ANTIMICROBIANOS 
resistência adquirida é uma propriedade 
nova adquirida por determinada cepa de 
microrganismo, tornando-o resistente ao 
antimicrobiano; esta sim traz grandes 
transtornos na clínica médica. 
A resistência bacteriana adquirida pode ser por 
mutação (ocorre por acaso) ou transferência de 
genes de resistência. 
ANTIBIÓTICOS 
SULFAS 
 Amplo espectro. 
 Podem agir como bactericida ou 
bacteriostático. 
MECANISMO DE AÇÃO 
As sulfonamidas, quando administradas em 
concentrações terapêuticas, são bacteriostáticas 
e, em concentrações altas, são bactericidas, mas 
nessas concentrações podem causar graves 
reações adversas ao hospedeiro. Este 
quimioterápico é um análogo estrutural do ácido 
para-aminobenzoico (PABA), uma substância 
essencial para a síntese de ácido fólico, o qual, 
por sua vez, quando em sua forma reduzida, o 
ácido tetra-hidrofólico, é fundamental para a 
síntese de DNA e RNA bacteriano; portanto, as 
sulfas funcionam como um antimetabólito. 
Como se trata de antagonismo competitivo entre 
as sulfas e o PABA, a alta concentração de um 
deles desloca o outro. Deste modo, deve-se evitar 
o uso concomitante de compostos derivados do 
PABA, como, por exemplo, a procaína, um 
anestésico local. 
ADMINISTRAÇÃO 
As sulfas são administradas principalmente por 
via oral. Entretanto, quando as sulfas são 
veiculadas na água de bebida, devem ser 
preparadas como sais de sódio, pois, de outra 
maneira, são muito pouco solúveis na água. 
CARACTERÍSTICAS FARMACOCINÉTICAS 
As aves são os animais que mais rapidamente 
absorvem este quimioterápico, seguindo-se dos 
cães e gatos; suínos e equinos colocam-se em 
uma posição intermediária, enquanto os 
ruminantes as absorvem lentamente. Outro fator 
também é a privação água e a estase ruminal 
retardam a absorção destes quimioterápicos; já a 
diarreia e o exercício a aumentam. 
 Se liga a albumina. 
Estes quimioterápicos atravessam as barreiras 
hematencefálica e placentária, podendo 
apresentar níveis fetais semelhantes aos dos 
plasmáticos. As sulfonamidas são 
biotransformadas no fígado, principalmente por 
acetilação e oxidação. A eliminação se faz por via 
renal pelo glomérulo. 
EFEITOS TÓXICOS 
 Aguda: Rara, está associada a altas doses 
ou à administração rápida por via venosa. 
Os sintomas são aumento de salivação, 
diarreia, hiperpneia, excitação, fraqueza 
muscular e ataxia. 
 Crônica: cristalúria sulfonamídica, sendo 
este efeito relacionado com a precipitação 
das sulfas e principalmente de seus 
metabólitos acetilados nos túbulos 
contornados renais. 
 Tratamento não deve ultrapassar 1 
semana. 
USO 
 Baixo custo 
 Administração oral para ruminantes pois 
não altera a flora ruminal 
 As sulfonamidas são muito mais eficazes 
quando administradas no início do curso 
da doença 
 A dose inicial das sulfas deve ser maior do 
que as doses de manutenção 
subsequentes. De maneira geral, usa-se o 
dobro da dose empregada na primeira 
administração. 
 Muito utilizado nas infecções do trato 
urinário e digestório. 
 Contraindicado no caso de abcesso pois lá 
já tem o PABA pronto, então a sulfa não 
terá efeito. 
RESISTÊNCIA BACTERIANA 
Ocorre de maneira gradativa e lenta. 
 
 
Rebeca Woset ANTIMICROBIANOS 
 Diminuição da afinidade das sulfas pela di-
hidropteroato sintetase 
 Aumento da capacidade do 
microrganismo de inativar o 
quimioterápico 
 Caminho metabólico alternativo para a 
formação do ácido fólico 
 Aumento da produção de PABA pelas 
bactérias. 
TRIMETOPRIMA E OUTROS INIBIDORES DE 
REDUTASE 
A trimetoprima, uma diaminopirimidina, é um 
análogo estrutural do ácido di-hidrofólico (Figura 
35.3) e atua inibindo a enzima di-hidrofolato 
redutase, responsável pela transformação do 
ácido di-hidrofólico em ácido tetra-hidrofólico. 
A trimetoprima pode ser usada isoladamente; 
entretanto, a associação com as sulfas é muito 
mais vantajosa, já que, quando se associam estes 
quimioterápicos, há efeito sinérgico, pois as 
sulfas e a trimetoprima atuam em etapas 
diferentes na formação do ácido tetra-
hidrofólico. 
Outra vantagem desta associação é a menor 
incidência de resistência bacteriana; além disso, 
ao contrário do uso isolado de qualquer um 
destes quimioterápicos, a associação de sulfa e 
trimetoprima apresenta efeito bactericida. 
QUINOLONAS 
Quinolonas de1ª geração 
São os ácido nalidíxico, seguindo-se a flumequina 
e o ácido oxonílico. Devido à grande eficiência 
contra a maioria das Enterobacteriaceae, este 
grupo tornou-se de escolha no combate a 
infecções urinárias de difícil tratamento; por 
outro lado, nenhuma destas quinolonas de 
primeira geração apresenta qualquer atividade 
contra Pseudomonas aeruginosa, anaeróbicos e 
bactérias gram-positivas. 
Quinolonas de 2ª geração 
Denominadas fluorquinolonas, sendo as 
principais representantes enrofloxacino, 
orbifloxacino, difloxacino e marbofloxacino 
(exclusivamente de uso veterinário), e também 
norfloxacino, ciprofloxacino, ofloxacino, 
lomefloxacino e pefloxacino. 
Apresentam ação contra Enterobacteriaceae, 
ação contra a P. aeruginosa; o ciprofloxacino e o 
ofloxacino apresentam ainda atividade 
contra Chlamydia sp., Mycoplasma sp. 
e Legionella sp. 
Quinolonas de 3ª geração 
São o levofloxacino, o esparfloxacino (os quais, 
devido aos seus efeitos cardio- e fototóxicos, não 
vêm sendo mais empregados), e o moxifloxacino, 
além de atuarem nos microrganismos sensíveis às 
quinolonas de segunda geração, são eficientes no 
combate ao S. pneumoniae. 
Quinolonas de 4ª geração 
Exemplo é o trovafloxacino mas ele é altamente 
tóxico para o fígado dando necrose hepática, 
então o uso é restrito a hospitais. 
ESTRUTURA QUÍMICA 
 A base é o anel 4-quinolona. 
MECANISMO DE AÇÃO 
As quinolonas são antimicrobianos bactericidas e 
sua atividade antimicrobiana se relaciona com a 
inibição das topoisomerases bacterianas do tipo 
II, também conhecida como DNA girase; As 
topoisomerases são enzimas que catalisam a 
direção e a extensão do espiralamento das 
cadeias de DNA. Assim, embora as quinolonas 
apresentem diferentes características de ligação 
com a enzima, todos estes quimioterápicos 
inibem a DNA girase, impedindo o enrolamento 
da hélice de DNA em uma forma superespiralada. 
É necessário haver produção de RNA e síntese 
proteica para que a quinolona desempenhe seu 
efeito bactericida. 
Em felinos causa degeneração da retina. 
ANTIBIÓTICOS QUE INTERFEREM NA 
SÍNTESE DE PAREDE CELULAR 
Os antimicrobianos que inibem a síntese da 
parede celular são bactericidas. 
BETALACTÂMICOS 
 
 
Rebeca Woset ANTIMICROBIANOS 
As penicilinas e cefalosporinas impedem a síntese 
da parede celular, interferindo na última etapa da 
síntese do peptidoglicano. Os antibióticos 
betalactâmicos inibem a atividade da 
transpeptidase e de outras enzimas chamadas de 
proteínas de ligação da penicilina (PLP). Essas 
proteínas de ligação da penicilina catalisam as 
ligações cruzadas das unidades poliméricas de 
glicopeptídios que formam a parede celular. 
Esses antibióticos exercem ação bactericida, 
porém deve ser ressaltado que não são capazes 
de atuar na parede celular já formada; a condição 
essencial para ação bactericida destes 
antibióticos é que os microrganismos estejam se 
multiplicando (fase de crescimento logarítmico), 
quando, então, há necessidade da síntese da 
parede celular. 
Os antibióticos betalactâmicos são 
antimicrobianos tempo-dependente, isto é, o 
fator de maior importância para determinar sua 
eficácia é o período de tempo (T) no qual a 
concentração plasmática fica acima da 
concentração inibitória mínima (CIM) para uma 
dada bactéria (T > CIM). 
Em alguns casos, por exemplo, no tratamento de 
infecções por estafilococos, a concentração do 
antibiótico betalactâmico pode cair abaixo da 
CIM e ainda obter-se a cura devido ao efeito pós-
antibiótico; contudo, esse efeito não é observado 
em infecções causadas por bacilos gram-
negativos. Nesse sentido, considerando que as 
CIMs são mais baixas em bactérias gram-
positivas, podem ser empregados intervalos 
maiores entre as doses para o tratamento de 
infecções causadas por bactérias gram-positivas, 
quando comparados com os intervalos das 
bactérias gram-negativas, uma vez que é mais 
fácil manter a concentração plasmática acima da 
CIM na primeira situação. 
De modo geral, a duração ótima da concentração 
plasmática dos betalactâmicos é aquela que 
permanece acima da CIM durante metade do 
tempo de intervalo entre as doses. 
RESISTÊNCIA 
Algumas betalactamases são específicas para as 
penicilinas (penicilinases), algumas para as 
cefalosporinas (cefalosporinases) e outras são de 
atuar em ambos os grupos de antibióticos. 
Penicilina é via parenteral pois o ácido gástrico 
hidrolisa a cadeia lateral amídica e abre o anel 
betalactâmico, fazendo com que a penicilina G 
perca sua atividade antibacteriana. 
BACITRACINA 
Os microrganismos sensíveis à bacitracina são a 
maioria das bactérias gram-positivas e é pouco 
ativa contra as gram-negativas. A bacitracina 
impede a síntese da parede celular, inibindo a 
desfosforilação de um pirofosfato lipídico 
(carreador de natureza lipídica presente na 
membrana celular da bactéria), e parece lesão 
também a membrana citoplasmática. 
A bacitracina não é absorvida quando 
administrada por via oral. Devido a sua 
nefrotoxicidade quando administrada por via 
parenteral, o uso da bacitracina atualmente se 
limita às aplicações tópicas, sob a forma de 
soluções otológicas e oftálmicas, cremes e 
pomadas, e também preparações intramamárias 
para o tratamento da mastite. Há no comércio 
especialidades farmacêuticas de uso tópico 
contendo associação de bacitracina com 
neomicina ou polimixina B (antibióticos com 
atividade em bactérias gram-negativas), visando 
ampliar o espectro de ação antimicrobiano. 
ANTIBIÓTICOS QUE INTERFEREM NA 
PERMEABILIDADE DA MEMBRANA 
CELULAR 
POLIMIXINAS 
São antibióticos de estrutura polipeptídica 
(decapeptídios cíclicos – Figura 37.4), produzidos 
por Bacillus polymyxa. 
As polimixinas são usadas mais frequentemente 
por via tópica e em preparações intramamárias, 
devido à sua toxicidade sistêmica; o uso sistêmico 
em dose abaixo daquela com atividade 
antimicrobiana é indicado para inativação de 
endotoxinas, principalmente em cavalos. As 
polimixinas também são usadas como aditivos em 
animais de produção. 
MECANISMO DE AÇÃO 
 
 
Rebeca Woset ANTIMICROBIANOS 
As polimixinas são detergentes catiônicos que 
interferem na permeabilidade seletiva da 
membrana celular. Esses antibióticos ligam-se aos 
constituintes lipoproteicos da membrana, 
desorganizando essa estrutura. Com a 
permeabilidade seletiva alterada e, 
provavelmente, alterações também na respiração 
celular, a bactéria morre. Portanto, as polimixinas 
são antibióticos bactericidas. 
Mais efeitos nas gram-negativas pela quantidade 
maios de lipídeos. 
Também neutralizam endotoxinas produzidas por 
gram-negativas. Neste caso, à porção catiônica do 
antibiótico liga-se à porção aniônica do lipídio A 
da endotoxina, inativando-a. 
 É concentração-dependente. 
 Resistência rara. 
 Não são absorvidas por via oral, porém 
são ativadas no lúmen intestinal, podendo 
ser usada em infecções entéricas e como 
aditivos em rações. 
 Excreção pelo rim na forma ativa. 
 administração sistêmica das polimixinas 
pode causar nefrotoxicidade (dano nas 
células epiteliais dos túbulos renais), 
neurotoxicidade (letargia, apatia, ataxia 
transitória) e bloqueio neuromuscular; a 
colistina (E) é menos tóxica do que a 
polimixina B. 
ANTIBIÓTICOS BACTERICIDAS QUE 
INTERFEREM NA SÍNTESE PROTEICA 
A grande maioria dos antibióticos que interferem 
na síntese proteica dos microrganismos 
apresenta efeito bacteriostático; os 
aminoglicosídios são a exceção. 
AMINOGLICOSÍDIOS 
Os aminoglicosídios são antibióticos bactericidas 
para o tratamento por bactérias gram-negativas. 
No entanto, a sua potencial toxicidade e seus 
resíduos em produtos de origem animal limitam 
sua utilização. 
Os aminoglicosídios são antibióticos constituídos 
por um núcleo de hexose unido a aminoaçúcares 
através de ligações glicosídicas. 
Aminoglicosídios são moléculas bastante solúveis 
em água, mas pouco lipossolúveis; são policátions 
básicos altamente ionizáveis em pH fisiológico. 
A estrutura química desses antibióticosestá 
relacionada à atividade antimicrobiana, à 
resistência bacteriana e à capacidade de produzir 
efeitos tóxicos. Em relação, por exemplo, ao 
mecanismo de nefrotoxicidade, foi associado o 
número de grupos aminos livres da molécula com 
esse efeito. Assim, quanto mais ionizável o 
aminoglicosídio, como a neomicina que 
apresenta seis grupos aminos, mais tóxico e 
maior afinidade de ligação aos tecidos do animal, 
quando comparado com aminoglicosídios menos 
ionizáveis, como a estreptomicina que apresenta 
três grupos aminos livres. 
MECANISMO DE AÇÃO 
Interferem na síntese proteica ligando-se à 
subunidade 30 S do ribossomo, e para exercerem 
esse efeito há necessidade de penetrarem na 
célula bacteriana. É por isso que antimicrobianos 
que interferem na síntese da parede celular, 
comp os betalactâmicos, são associados aos 
aminoglicosídios para obter efeito sinérgico, uma 
vez que facilitam a entrada desses últimos no 
interior da bactéria. 
A passagem dos aminoglicosídios para o interior 
da bactéria se dá por meio de um mecanismo 
ativo de transporte (dependente de energia e 
oxigênio), associado com a diferença de potencial 
elétrico existente entre os meios exterior e 
interior da bactéria. Inicialmente, se difundem 
pelos canais de porina. Uma vez no espaço 
periplasmático, um processo de transporte 
dependende de oxigênio carreia os 
aminoglicosídeos para o interior da bactéria, 
atravessa a membrana. 
Uma vez no interior da bactéria, os 
aminoglicosídios se ligam irreversivelmente a um 
ou mais receptores de proteínas da subunidade 
30 S do ribossomo bacteriano, interferindo com 
vários mecanismos no processo de translação do 
RNA mensageiro. Pode, então, haver a 
incorporação de aminoácidos incorretos na 
cadeia polipeptídica que está sendo formada no 
ribossomo, dando origem a proteínas 
defeituosas. Essas proteínas participam de 
 
 
Rebeca Woset ANTIMICROBIANOS 
estruturas essenciais da célula, alteram o 
funcionamento da membrana celular e provocam 
a saída de sódio, potássio, aminoácidos e outros 
constituintes celulares, resultando em morte do 
microrganismo. 
 Não se ligam as células dos animais pois 
os ribossomos tem subunidades 40s e 60s 
e as bactérias de 30s e 50s. 
 Têm atividade bactericida concentração-
dependente e apresentam efeito pós-
antibiótico evidente. 
 O efeito pós-antibiótico é a supressão do 
crescimento bacteriano que se segue após 
a remoção do antimicrobiano. Estes 
conceitos são a base para o uso dos 
aminoglicosídios em dose única diária. A 
posologia adequada desses 
antimicrobianos envolve administração de 
altas doses e longos intervalos entre as 
doses. 
TETRACICLINA 
MECANISMO DE AÇÃO 
As tetraciclinas são antibióticos bacteriostáticos 
que inibem a síntese proteica ligando-se aos 
ribossomos. Estes antibióticos, após penetrarem 
no interior da bactéria por um processo mediado 
por carreador, ligam-se reversivelmente à 
subunidade 30 S do ribossomo do microrganismo, 
impedindo que o RNA-transportador (RNAt) se 
fixe ao ribossomo e, com isto, a síntese proteica é 
inibida. Embora as tetraciclinas tenham maior 
afinidade pela subunidade 30 S do ribossomo 
microbiano, podem ligar-se também à 
subunidade 40 S do ribossomo dos animais. 
ESPECTRO DE AÇÃO 
 Amplo espectro. 
 Atuam em gram-positivas e gram-
negativas incluindo micoplasmas. 
CARACTERÍSTICAS FARMACOCINÉTICAS 
 Podem ser dadas por via oral ou via 
parenteral e a injeção intramuscular 
provoca dor local. 
A presença de alimentos no sistema digestório 
pode prejudicar a absorção das tetraciclinas 
administradas por via oral, com exceção da 
minociclina e da doxiciclina. As tetraciclinas 
formam quelatos insolúveis com o cálcio, o 
magnésio, o zinco, o ferro e o alumínio. A 
presença de leite e derivados, as preparações 
vitamínicas, os antiácidos e os catárticos podem 
reduzir a absorção das tetraciclinas. As 
concentrações plasmáticas máximas são 
alcançadas cerca de 1 a 3 h após a administração 
oral. 
 Ultrapassa a barreira placentária e são 
secretadas no leite. 
Todas as tetraciclinas, exceto a minociclina e a 
doxiciclina, são excretadas na sua forma ativa 
pela urina ou, em menor proporção pela bile. A 
eliminação da doxiciclina não envolve a excreção 
renal, o que permite que seja empregada em 
infecções sistêmicas em cães e gatos com 
insuficiência renal. 
As tetraciclinas são antimicrobianos tempo-
dependentes. 
Em relação às interações medicamentosas, a 
absorção das tetraciclinas é reduzida na presença 
de antiácidos contendo alumínio, cálcio ou 
magnésio, por preparações contendo ferro e sais 
de bismuto. Por outro lado, há sinergismo entre 
tetraciclinas e tilosina contra Pasteurella e a 
associação com polimixinas pode resultar em 
efeitos sinérgicos pelo fato de facilitar a sua 
entrada no interior da célula bacteriana 
TOXICIDADE E EFEITOS ADVERSOS 
As tetraciclinas causam irritação tecidual. Este 
efeito pode provocar manifestações 
gastrintestinais (náuseas, vômito, diarreia), 
quando administradas por via oral e, quando 
administradas por vias intramuscular ou 
subcutânea, dor no local da injeção. Distúrbios da 
microbiota intestinal podem ocorrer mesmo 
quando as tetraciclinas são administradas por 
vias parenterais, uma vez que podem ser 
eliminadas pelas fezes. Devido à capacidade que 
as tetraciclinas têm em ligar-se com o cálcio, 
podem provocar efeitos cardiovasculares 
(arritmias), além da deposição no tecido ósseo e 
dentes. Por causa destes últimos efeitos deve-se 
evitar a administração de tetraciclinas em animais 
jovens ou em fase de crescimento, ou mesmo em 
fêmeas prenhas. 
 
 
Rebeca Woset ANTIMICROBIANOS 
ANTIFÚNGICOS 
Os medicamentos antifúngicos podem ser 
classificados como de uso tópico e/ou sistêmico. 
Os principais agentes químicos usados como 
antifúngicos em Medicina Veterinária são: os 
imidazóis (cetoconazol, miconazol, clortrimazol, 
econazol), os triazóis (itraconazol e fluconazol) e 
a flucitosina. Entre os antibióticos antifúngicos, 
destacam-se a anfotericina B, a nistatina e a 
griseofulvina. 
AGENTES QUÍMICOS 
A classe dos azóis, devido às diferenças na 
estrutura, divide-se em dois grupos: imidazóis, 
que têm um anel com dois azotos, e triazóis, que 
apresentam um anel com três átomos de azoto. 
Os medicamentos que fazem parte dos imidazóis 
são: cetoconazol, clotrimazol, miconazol e 
econazol; enquanto aqueles que fazem parte dos 
triazóis são: fluconazol, itraconazol, terconazol, 
voriconazol, ravuconazol e posaconazol. Dentro 
do grupo dos imidazóis, apenas o cetoconazol 
tem atividade sistêmica; por outro lado, entre os 
triazóis, todos apresentam esta atividade. 
IMIDAZÓIS 
Estão relacionados a atividade antifúngica de 
amplo espectro e são ativos contra algumas 
bactérias gram-positivas. 
A atividade antifúngica dos imidazóis se faz por 
alteração da permeabilidade de membrana. Esta 
alteração ocorre pela inibição da síntese do 
ergosterol, pois os imidazóis se ligam às enzimas 
do citocromo P450 do fungo e inibem a 
desmetilação do lanosterol, um precursor do 
ergosterol. 
CETOCONAZOL 
 Pode ser administrado por via oral para o 
tratamento de infecções superficiais e 
sistêmicas. 
 A absorção é facilitada pelo ph ácido, ou 
seja não se administra com antiácidos e 
antagonistas histaminérgicos. 
 Quando ocorre administração oral, em 
cães, a biodisponibilidade deste 
medicamento é muito variável. Esta 
grande variação pode ter significantes 
implicações clínicas, tanto no que se 
refere aos efeitos tóxicos como à eficácia. 
 Atravessa barreira placentária. 
 Somente 2 a 4% deste antifúngico 
imidazólico são excretados de maneira 
íntegra pelos rins; portanto, a insuficiência 
renal não afeta a concentração 
plasmática. Por outro lado, há aumento 
de meia-vida plasmática em pacientes 
com insuficiência hepática.

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