Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Luiza D. V. Torriani ATM 2024/2 P1 de Ginecologia e Obstetrícia Anticoncepção não hormonal A eficácia da contracepção (resultado obtido com o uso em condições ideais) é expressa por meio do índice de Pearl (falha teórica), que corresponde ao número de gestações (falha) em 100 mulheres que utilizaram o método corretamente durante 1 ano. Já a efetividade (falha de uso) do método resulta do uso corrente, tanto correto como incorreto. A falha existe em todos os métodos, mas é maior nos utilizados durante a relação sexual. Os métodos naturais apresentam a necessidade de abstinência sexual durante muitos dias ao longo do ciclo como causa de descontinuidade e falha. A maior variação entre a eficácia e a efetividade ocorre com o método do ritmo; e a menor, com os métodos contraceptivos reversíveis de longa duração (LARCs, do inglês long- acting reversible contraception) e a esterilização. Para a escolha do método contraceptivo, é preciso conhecer os diferentes métodos, comparar seus resultados, e avaliar a continuidade de uso e os principais riscos. Este último parâmetro é importante porque a contracepção é geralmente necessária durante um período prolongado, sendo a adesão condicionada, entre outros fatores, pela maior facilidade de uso. Métodos de barreira: • Masculino: preservativo. • Femininos: preservativo, diafragma, capuz cervical, espermaticidas, esponjas, DIU. Métodos comportamentais: • Coito interrompido, ritmo, temperatura basal (Billing), muco cervical, sintotérmico. • São baseados na percepção da fertilidade pela mulher, impondo conhecimento adequado do ciclo menstrual, abstinência sexual periódica ou interrupção do coito. Coito interrompido ou ejaculação extravaginal: • Retirada do pênis da vagina quando o homem percebe que está na iminência de ejacular. • Exige motivação e autocontrole. • Comum: Insatisfação sexual de um ou ambos parceiros, pois nem sempre ambos chegam ao clímax ao mesmo tempo. • Disfunção sexual. • Não oferece proteção DST/HIV. • Pearl: 25 gestações/100 mulheres/ano Deve ser um método desencorajado em razão de sua baixa eficácia, riscos de disfunções sexuais e nenhuma proteção contra DST. Relação sem penetração: • Como o próprio nome já diz, são relações baseadas em sexo oral e masturbação, no entanto além de poder gerar insatisfação sexual de um ou ambos parceiros, não previne de doenças sexualmente transmissíveis. Ritmo (ogino-knaus ou tabela): • Encontrar o período fértil, quando as relações sexuais devem ser evitadas. • Ciclos regulares – observação 6 a 12 dias. • Início período fértil: diminuir 18 ciclo mais curto. • Fim do período fértil: diminuir 11 do ciclo mais longo. • 14 e 47 gestações/100 mulheres/ano. Muco cervical (método de Billings): • Pesquisar presença de muco filante, transparente e profuso que coincide com a ovulação. 2 Luiza D. V. Torriani ATM 2024/2 • Interromper as relações sexuais quando notar o muco – 4 dias. • 5,3 e 32,1 gestações/100 mulheres/ano. Temperatura basal: • Ação da progesterona sobre o centro termorregulador do hipotálamo. • Registro diário de temperatura. • Ovulação: Aumento de 0,3 a 0,8ºC. • Abster-se de RS até 3 dias. • 0,3 a 6,6 gestações/100 mulheres/ano. Sintotérmico: • Combina o método da temperatura com os sinais e sintomas que indicam ovulação. • Muco/calendário: Início período fértil. • Muco/temperatura basal: Fim período fértil. • 4,9 a 34,4 gestações/100 mulheres/ano. OBS: Melhora eficácia do método e diminui o tempo de abstinência com o método sintotérmico; esses métodos comportamentais podem estar bem indicados p casais religiosos, mas ainda são muito incertos. Condom masculino: • Látex, no entanto, hoje em dia já existe de outros materiais para quem possui algum tipo de alergia. • Fácil acesso. • Proteção DST. • Não - controle médico. • Requer motivação. • Manipulação no ato sexual. • Roturas/ reação alérgica. • Mau uso do método: Pearl 9,6/100 mulheres/ano. Condom feminino: O preservativo feminino é uma bolsa cilíndrica feita de plástico fino, transparente e suave, limitado por dois anéis flexíveis, um em cada extremidade. Pode ser inserido antes da relação sexual, não se desloca durante a ereção peniana e não precisa ser retirado imediatamente após a ejaculação. • Capacitação da mulher. • Proteção DST e HIV. • Inserção: até 8 horas antes da RS. Isso se torna uma desvantagem. • Não é necessário retirar imediatamente após RS. • Eficácia: 90 a 97%. • Pouco estética, pode ser ruidoso e desconfortável. Custo. Espermicida: • Disponível em tabletes de espuma, geleia ou creme, funciona provocando a morte dos espermatozoides ou desacelerando seus movimentos. Inativam espermatozoides, devido a lesão de sua membrana celular. • Nonoxinol-9 (mais utilizado), octoxinol-9, menfegol. • Associados aos outros métodos. • Eficácia: 70 a 97%. Falha entre 2 a 29 gravidezes por cem mulheres/ ano – espuma aerossol e 4 a 36 entre as usuárias de geleias ou cremes. • Não aconselhado. OBS: Seu uso com preservativos masculinos foi proscrito pela OMS, pois pode aumentar o risco de contaminação pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV). Diafragma: O diafragma é um dispositivo de látex ou silicone em formato de capuz que cobre o colo uterino. Apresenta- se em diferentes tamanhos, o qual deve ser indicado pelo ginecologista. Tem ação mecânica, impedindo a 3 Luiza D. V. Torriani ATM 2024/2 ascensão dos espermatozoides no trato genital. A eficácia depende da colocação correta antes da relação sexual. • Associar ao espermicida. • Pode ser inserido até 2 horas antes. • Retirada: 6 a 8 horas após a RS. • Uso correto (eficácia): 90 a 98%. • Contraindicações: Virgens, infecções vaginais, DIP, alterações anatômicas e distopias vaginais. OBS: O tamanho deve ser reavaliado a cada parto, ganho ou perda de peso. Esponjas: • Custo elevado e dificuldade de aquisição. • Contraindicações: mesmas do diafragma. • Eficácia: as taxas de gravidez variam de 9 a 27 por cem mulheres/ano. As esponjas modernas são feitas de poliuretano associado ao espermaticida Nonoxinol-9. Formato ligeiramente côncavo para adaptar-se melhor ao colo uterino, devendo ser umedecidas antes da sua colocação para ativar o espermaticida. • Remoção: 6 a 8 horas após a última relação sexual. DIU (dispositivo intrauterino): • Época de inserção é no período menstrual. O colo do útero fica mais dilatado, o que facilita a colocação e se sabe com certeza que a paciente não está gravida. • Cuidados de inserção: ➔ Puerpério: imediatamente após dequitação ou após 35 dias pode ser colocado. ➔ Pós aborto: 7 dias pós-curetagem em abortos não infectados, isso mudou, já pode se colocar logo após o aborto ainda no hospital. OBS: Falar de quando não inserir no puerpério imediato; falar da contracepção imediata e do retorno imediato à fertilidade após a retirada. Mecanismo de ação: Interfere no processo reprodutivo antes do óvulo atingir cavidade uterina Reação inflamatória: Alterações endometriais, trompas e colo uterino. • DIU c/ progesterona: atrofia endometrial, viscosidade do muco cervical • Se deve falar sobre anticoncepção com a mulher até ela entrar na menopausa por volta dos 50 anos. OBS: O risco de colocar com anestesia geral é de não sentir o fim do útero e ir adiante, machucando a paciente. Se leva em torno de 1 a 2 minutos para inserir o DIU. Se não enxergar o fio do DIU significa que esse se moveu de lugar e consequentemente pode ter ocorrido uma gestação. • A escolha de qual o melhor DIU a ser colocado leva em consideração a idade, paridade e risco de DST da paciente. • Eficácia, reversibilidade, nãointerferência na vida sexual do casal são as principais vantagens. • Hoje em dia contamos com o DIU de cobre, que não possui componente hormonal: Tcu200 – Tcu380 – Multiload. 2 gestações/100 mulheres/ano. • Além desse, ainda se tem o Mirena e o Kyleena que são com componentes hormonais, progestasert e levonogestrel respectivamente. 0,2 gestações/100 mulheres/ano ambos. Contraindicações absolutas: ➔ Gestação confirmada ou suspeitada. 4 Luiza D. V. Torriani ATM 2024/2 ➔ Câncer de colo uterino – pré-câncer ou citopatologico. ➔ Câncer de endométrio e de ovário. ➔ Coriocarcinoma - é um tipo de câncer que se desenvolve durante ou após a gestação, denominado de doença trofoblástica gestacional maligna (DTG) que se desenvolve a partir da proliferação celular anormal de trofoblastos após a fertilização. ➔ Tuberculose pélvica - é uma forma de tuberculose extrapulmonar cuja incidência vem aumentando no mundo ocidental. Esta entidade frequentemente é acompanhada de achados clínicos e laboratoriais que podem ser inespecíficos e mimetizar outras doenças, inclusive neoplasias ginecológicas. ➔ Dois ou mais episódios de DIP prévios. ➔ Cervicite aguda - também conhecida por endocervicite, é uma inflamação do colo do útero provocada por uma variedade de organismos. Já a cervicite crônica, é uma alteração no colo do útero que não causa problemas a mulher e acomete em maior proporção mulheres após o parto e que usam pílula. ➔ Infecção pós-parto ou aborto. ➔ Sangramento vaginal de etiologia desconhecida. ➔ Alterações anatômicas do útero e morfológicas – histosalpingografia é o exame feito para analisar. OBS: Aqui se refere ao DIU de cobre, no entanto o de levonogestrel possui as mesmas contraindicações. OBS: Não é uma contraindicação colocar DIU em uma paciente nulipara (que nunca engravidou), no entanto, tem médicos que possuem receio de colocar nessas mulheres devido ao fato do útero nunca ter sido estimulado a aumentar de tamanho. Efeitos colaterais: ➔ Dor pélvica. ➔ Sangramento anormal. ➔ Infecção. Complicações: ➔ Gravidez. ➔ DIP - Doença inflamatória pélvica (Infecção dos órgãos reprodutores femininos. Geralmente, ocorre quando bactérias sexualmente transmissíveis se propagam da vagina para o útero, as tubas uterinas ou os ovários. Os sintomas mais comuns incluem dor pélvica e febre. Pode haver secreção vaginal. O tratamento inclui antibióticos. ➔ Expulsão. ➔ Perfuração. OBS: O número de parceiros ao ano para que uma pessoa seja considerada promiscua e que mostre uma situação preocupante para o surgimento de HPV e outras doenças sexualmente transmissíveis é 3 segundo os órgãos. No entanto se tem uma grande discussão acerta do assunto, pois atualmente tanto homens quanto mulheres estão tendo relações com muito mais que 3 parceiros ao ano. Ligadura/laqueadura tubária: • Método permanente de contracepção, operacionalizado através da obstrução do lúmen tubário. Segundo a Portaria 048/fevereiro 99 Ministério da Saúde esse procedimento é permitido em pacientes com: capacidade civil plena, 25 anos / 2 filhos vivos, 60 dias, risco de vida/saúde. Isso é uma realidade que está mudando, deve ser conversado com o casal ou com a mulher e cada caso é um caso. O SUS hoje oferece a laqueadura, a paciente passa por uma triagem, assina em cartório, e uma equipe multidisciplinar atende essa paciente em vários estágios do processo. A paciente tem que estar 100% ciente do que está ocorrendo. É vedada: Pós-parto ou pós-aborto (42º d) – exceto comprovada necessidade, pois a paciente pode ter picos emocionais, entrar em depressão puerperal, então o recomendado é esperar. Hoje não é mais um método tão irreversível assim, porque existe cirurgia para reverter o caso, além de que atualmente existe a fertilização que pode ser feita tanto em homens com vasectomia quanto em mulheres com laqueadura. EX: pelé. OBS: não existe serviço de fertilização pelo SUS e ainda é um procedimento muito caro para a população em geral. Deve ficar reservada: a casais que têm a sua prole completa, estão absolutamente conscientes de que é 5 Luiza D. V. Torriani ATM 2024/2 um método irreversível ou têm contraindicações clínicas absolutas para nova gestação e para o uso dos demais métodos contraceptivos confiáveis • Índice de falha: 0,1 a 0,3. ➔ As falhas podem ser classificadas em 5 categorias: paciente grávida no momento da esterilização, erro cirúrgico (30 a 50% das falhas), falha no equipamento (laparoscopia), fistulização e reanastomose espontânea. • Técnicas: videolaparoscopia, mini laparotomia e vasectomia. Mecanismo de Ação: A laqueadura tubária obstrui as tubas uterinas não tem ação sobre a produção de hormônios femininos. Complicações: • Variam de acordo com a técnica, o método e a via de acesso empregados. Benefícios: • Não interfere nas relações sexuais; • Não interfere na libido; • Não tem efeitos sobre o leite materno. • Não apresenta efeitos colaterais a longo prazo ou riscos à saúde. Riscos: • Complicações da cirurgia: infecção e sangramento no local da incisão, infecção ou sangramento intra-abdominal, lesão de órgãos pélvicos ou abdominais “Efeitos colaterais”; • Gravidez (> risco gravidez ectópica); • Fluxo menstrual aumentado /cólicas. OBS: A china é o país que mais faz procedimentos de laqueadura tubaria no mundo, devido a política do filho único. Vasectomia: • É a secção e/ou oclusão do canal deferente de caráter permanente. Efeitos Colaterais: • Leve mal-estar durante 2 a 3 dias após o procedimento; • Dor, edema ou hematoma no escroto. Benefícios: • Não interfere nas relações sexuais; • Não afeta o desempenho sexual do homem; • Não apresenta: efeitos colaterais a longo prazo ou riscos à saúde. Riscos: • Infecção e sangramento no local ou dentro da incisão formação de coágulos no escroto são complicações raras da cirurgia. • São muito raros. OBS: A vasectomia é muito mais segura para os pacientes do que a laqueadura, além de ser uma cirurgia muito mais barata, no entanto a laqueadura ainda é mais feita que a vasectomia. 6 Luiza D. V. Torriani ATM 2024/2 Anticoncepção hormonal Os anticoncepcionais hormonais são esteroides utilizados isoladamente ou em associação de estrogênios e progestágenos e eles possuem a finalidade básica de impedir a concepção. O contraceptivo ideal é aquele que faz uma prevenção eficaz de gravidez, que possui uma aceitação pela usuária, tolerabilidade, faz adequadamente o controle do ciclo dessa paciente, além de manter a estabilidade do peso, condições favoráveis à pele, segurança e menores efeitos adversos. Os anticoncepcionais hormonais podem ser divididos pela sua via de administração: → Via oral: anticoncepcionais combinados, anticoncepcionais só progestogenios e anticoncepcionais de emergência. → Via não oral: intramuscular, vaginal (anel e comprimido), transdermico (adesivo semanal), subdermico (implantes) e intrauterino (DIU). Formulação: Estrogênio (é fixo): ETINILESTRADIOL – EE é o componente estrogênico mais utilizado e foi gradualmente reduzido: 100, 80, 50, 30, 20, 15μg, assim reduzindo os seus riscos. Quanto menor a dose hormonal, menores são os eventos adversos, sem prejuízo da eficácia. Progestogênio (é variável): acetato de ciproterona, levonorgestrel, gestodeno, desogestrel, norgestimato, drosperinona. Mecanismo de Ação: Os ACOs combinado inibem a secreção de gonadotrofinas, impedindo a ovulação. Mecanismo de ação do Progestogênio: → Atua em nível central = supressão da ovulação por bloqueio hipofisário do LH - bloqueia o pico de LH; • Mesmo havendo algum recrutamento folicular, a ação sobre o LH garantirá a eficácia contraceptiva. • Atrofiado endométrio - não receptivo à nidação; • Espessamento do muco cervical - hostil à ascensão do espermatozoide; • Alteração do peristaltismo tubário. Mecanismo de ação do Estrogênio: → Atua sobre o FSH = impede o desenvolvimento folicular e a emergência do folículo dominante; • Estabiliza o endométrio - evita o spotting (descamação irregular/ sangramento de escape); • Potencializa a ação do progestogênio por meio do aumento dos receptores intracelulares para esse hormônio. Por isso, uma mínima dose de estrogênio é necessária para manter a eficácia da pílula combinada. Nas pílulas combinadas, o efeito da progesterona é predominante! Categorias: Monofásicas - são as mais comuns, encontradas em embalagens de 21 ou 22 comprimidos ativos. A grande maioria tem 21 comprimidos. Todos os comprimidos ativos têm a mesma composição e dose. Para algumas marcas, as embalagens contêm, além das pílulas ativas, 6 ou 7 de placebo para completar 28 comprimidos. Bifásicas - contêm dois tipos de comprimidos ativos, com os mesmos hormônios em proporções diferentes. Devem ser tomados na ordem indicada na embalagem. Trifásicas - contêm três tipos de comprimidos ativos, de diferentes cores, com os mesmos hormônios em proporções diferentes. Devem ser tomados na ordem indicada na embalagem. Observação: A principal diferença entre os monofásicos e os bifásicos e trifásicos é que os últimos podem mudar tanto a quantidade quanto o tipo de hormônio nos diferentes momentos do ciclo de ingestão das pílulas. Critérios de elegibilidade de acordo com as categorias: CATEGORIAS: Categoria 1: O método pode ser empregado, não há restrição. Categoria 2: As vantagens são maiores que os riscos, por isso o método anticoncepcional é empregado. 7 Luiza D. V. Torriani ATM 2024/2 Categoria 3: O método não deve ser empregado, exceto quando o médico julga que a paciente pode usar. Deve ser realizado acompanhamento. Categoria 4: O método não deve ser empregado. CATEGORIAS DE ACORDO COM AS ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS: Categoria 1: História familiar de trombose venosa profunda ou tromboembolismo pulmonar de primeiro grau; veias varicosas, história familiar de câncer de mama. Categoria 2: Tabagista com menos de 35 anos; trombose de veia superficial; diabetes do tipo 1 e 2 sem doença vascular; enxaqueca sem aura e com menos de 35 anos no início; hipercolesterolemia. Categoria 3: Tabagista com mais de 35 anos e com menos de 15 cigarros ao dia; história de HAS quando a PA não pode ser aferida; HAS controlada quando se pode avaliar a PA; PA não controlada (PAS maior ou igual 140-159, PAD maior ou igual 90-99 mmHg); DM complicada dependendo do grau; vasculopatia ou DM a mais de 20 anos dependendo do grau da doença de base; enxaqueca sem aura com menos de 35 para continuação; enxaqueca sem aura com mais de 35 anos para início; câncer de mama se doença passada. Categoria 4: Tabagista com mais de 35 anos com mais de 15 cigarros por dia; PA não controlada (PAS maior que 160 e PAD maior que 100); trombofilias familiares (mutação do fator cinco de Leiden, mutação da protrombina); DM complicada dependendo do grau; vasculopatia ou DM a mais de 20 anos dependendo do grau da doença de base; enxaqueca sem aura com mais de 35 anos para continuação; enxaqueca com aura em qualquer idade; câncer de mama se doença atual. Gerações de anticoncepcionais: Segundo o Rotinas: a classificação dos ACOs em gerações, frequentemente adotada, parece variar substancialmente, não havendo consenso entre diferentes publicações. Classificação dos ACOs combinados em gerações: Primeira geração: ACO com 50mcg ou mais de EE. • 1960; Efeitos adversos intensos. Segunda geração: ACO com 35 ou 30 mcg de EE, associados a levonorgestrel ou ciproterona. • 1970; menores efeitos adversos, porém risco aumentado de trombose venosa. Terceira geração: ACO com 30mcg ou menos de EE, associados a progestágenos de terceira geração, como desogestrel, gestodeno ou norgestimato. • 1990; Risco maior de tromboembolia; menores efeitos colaterais. ACOs combinados com drospirenona. (achei em um site: O tipo mais recente de pílulas contraceptivas contém progesteronas como a drospirenona, o acetato de nomegestrol ou o dienogest. As pílulas deste grupo incluem a Yasmin (que contém etinilestradiol e drospirenona), a Zoely (com hemi-hidrato de estradiol e acetato de nomegestrol) e a Qlaira (com valerato de estradiol e dienogest).) • 2000; efeitos adversos semelhantes, mas intensidade menor; Segundo rotinas: Essa classificação parece ter razões puramente cronológicas (momento do lançamento do produto no mercado farmacêutico), referindo-se à dose de etinilestradiol (EE) e ao tipo de progestágeno ou ao tipo de progestágeno unicamente; também se refere à seletividade do progestágeno (derivado de estranas ou gonanas) ou, ainda, não apresenta definição clara. Pela discordância de informações, é preferível conhecer as diferentes combinações e suas respectivas dosagens hormonais. Não existe justificativa para o emprego de ACOs de primeira geração, pois ACOs com menos de 50ug de EE apresentam a mesma eficácia contraceptiva, com definido menor risco de fenômenos tromboembólicos e cardiovasculares. Comparando ACOs com diferentes concentrações de EE (35,30, 20 ou 15ug), todos têm eficácia e perfil de efeitos adversos similares. A principal vantagem da redução hormonal seria uma provável redução do risco cardiovascular. O menor risco cardiovascular para ACOs com dose de EE ultrabaixa (15ug) ainda não foi claramente demonstrado e, em contrapartida, definidamente exercem menor controle de ciclo (menos ciclos normais, mais sangramentos de escape, maior ausência de sangramento de retirada). Em relação aos ACOs de 3ª geração, deve-se considerar o fato de teoricamente apresentarem menor androgenicidade (redução de acne, oleosidade da pele 8 Luiza D. V. Torriani ATM 2024/2 e do cabelo), porém o dobro de risco de fenômenos tromboembólicos quando comparados aos de 2ª geração. A combinação com drospirerona (DRSP) não parece diferir dos demais progestágenos em relação ao risco de trombose venosa profunda (TVP). Apesar de alguns fármacos comercializarem a ideia de serem especialmente benéficos nessa condição, é importante lembrar que o uso contínuo de qualquer ACO combinado resulta em melhora das características androgênicas, com exceção da superioridade da ciproterona no tratamento da acne inflamatória. Segundo artigo compartilhado da professora: Em 1995, demonstrou-se que COC contendo progestagênios de terceira geração (gestodeno, desogestrel) associavam- se a um risco duas vezes maior de trombose do que os que continham progestagênios de segunda geração (levonorgestrel). Relação dos anticoncepcionais e riscos tromboembólicos: Contraceptivos hormonais orais normalmente são formados por uma associação de estrogênio (em geral é sempre o etinilestradiol - EE) e um progestagênio – podendo também ser utilizado uma forma de apenas progestagênios isolados (sem o componente estrogênio). EE (etinilestradiol): induz alterações significativas no sistema de coagulação – culmina o aumento da geração de trombina. Ocorre também aumento dos fatores de coagulação (fibrinogênio, VII, VIII, IX, X, XII e XIII) e redução dos inibidores naturais da coagulação (proteína S e antitrombina). Possui elevada potência biológica comparado ao estradiol (mil vezes mais potente), exacerba a produção de angiotensinogênio hepático que por sua vez causa elevação da pressão arterial pelo sistema renina-angiotensina-aldosterona. Os anticoncepcionais, por possuírem a finalidade de bloquear a ovulação – inibindo a secreção dos hormônios folículo-estimulantes (FSH) e luteinizante (LH), que aumenta a espessurado muco cervical, que dificulta a passagem dos espermatozoides; além de tornar o endométrio não receptivo à implantação e alterar a secreção e peristalse das trompas de falópio – causa resistência às proteínas C-reativas à que são anticoagulantes naturais do organismo. Com isso, o sistema circulatório fica desequilibrado e mais propício a criar coágulos e, consequentemente, eventos relacionados à trombose. Os vasos sanguíneos são alvos dos efeitos dos hormônios sexuais femininos pois existem receptores de estrogênio e progesterona em todas as camadas constituintes dos vasos. • 1 caso de TA para cada 5-10 casos de TVP Trombose arterial (TA): principal determinante para ocorrer é quando há lesão do endotélio. pode parar o fluxo de importantes vias do cérebro, coração e outros órgãos; sendo responsáveis pelo AVE (acidente vascular encefálico) e IAM (infarto agudo do miocárdio). Trombose Venosa Profunda (TVP): principais fatores etiopatogênicos para o desencadeamento são: estase sanguínea e hipercoagulabilidade. • O risco é dependente da dosagem de EE e do tipo de progestagenios quando o ACO for combinado. • Se for composto por progestagenios isolado não apresenta alteração significativa no risco de TVP. Doses de EE maiores do que 0,05mg estão associadas a um aumento de 2x o risco de TVP quando comparada à baixa dosagem desse hormônio (menos de 0,05mg). ACO combinados com progestagenios de 3ª geração (gastodeno, desogestrel) estão associados ao desenvolvimento da resistência adquirida a proteína C reativa e a uma tendência de produzir níveis mais altos de fatores de coagulação e níveis mais baixos de anticoagulantes naturais quando comparados aos ACO da 2ª geração (levonorgestrel). Apesar de a ocorrência de TA ser infrequente em mulheres jovens, as mudanças comportamentais – baixa frequência de alimentos ricos em fibras, aumento da proporção de gorduras saturadas e açúcares da dieta, associadas a um estilo de vida sedentário – têm aumentado os riscos para o seu aparecimento durante a vida reprodutiva. Dessa forma, em mulheres com fatores de risco para doença cardiovascular (DCV) (como fumantes, hipertensas, obesas, portadoras de hipercolesterolemia ou diabete melito) os contraceptivos hormonais devem ser prescritos com cautela. Normalmente, os eventos tromboembólicos ocorrem dentro do primeiro ano de uso do contraceptivo hormonal, especialmente após o quarto mês do início do uso. Os ACO combinados aumentam o risco de trombose venosa e arterial mesmo em mulheres sadias, mas esse risco é baixo, pois as preparações disponíveis no mercado atualmente (EE 9 Luiza D. V. Torriani ATM 2024/2 menor que 0,05mg) são consideradas de baixo risco para TVP e TA em pacientes sem risco. • ACO associados: como componente progestagênico, o levonorgestrel possui o menor risco de TVP. • Pacientes de risco para TVP ou história prévia de TVP: utilizar os contraceptivos de progestagenios isolado – que não estão associados ao aumento do risco de eventos trombóticos. Mulheres com HAS: ACO combinados, por conterem o etinilestradiol, sempre alteram a PA, mesmo em baixas doses. Em mulheres saudáveis, essa alteração não traz repercussões clínicas, porém deve-se evitar o seu uso em hipertensas. Assim, em mulheres com HAS, preferir os não hormonais ou somente com progestagênio, pois o EE potencializa o risco para trombose arterial e altera o controle da PA nessas pacientes. Pacientes com trombose prévia ou trombofilia (herdada ou adquirida): não utilizar contracepção hormonal combinada; independente da via administrada. Progestagenios isolados (em qualquer via de administração) e os métodos não hormonais como condom e dispositivo intrauterino com cobre são permitidos. Pacientes de risco para trombose venosa (obesas, presença de síndrome metabólica, tabagistas, idade superior a 40 anos e antecedente familiar de trombose): preferível fazer o uso de ACO com progestagênio isolados – apesar do uso de EE ser permitido (com exceção de tabagistas com idade maior ou igual a 35 anos) à utilizar EE associado ao levonorgestrel (2ª geração). Contraindicações absolutas: • Tromboembolismo, AVE, doença arterial coronariana atuais ou prévios, ou condições que predispõem a esses problemas (cuidar c/varizes). • Hepatopatia aguda ou crônica. • Câncer de mama ou neoplasia hormônio dependente. • Sangramento vaginal anormal sem diagnóstico. • Gestação conhecida ou suspeitada. • Fumantes acima dos 35 anos de idade. • DM insulina dependente grave. • Hipertensão arterial grave. Benefícios: Evita a gravidez porque impede a ovulação, por inibir a secreção de gonadotrofinas. O componente progestogênico inibe a secreção do LH, bloqueando o pico desse hormônio que é necessário para ovulação. E o componente estrogênico age sobre o FSH, impedindo o desenvolvimento do folículo dominante. E, além disso, o endométrio é atrófico, não receptivo à nidação, o muco cervical é espesso e o transporte do óvulo é prejudicado, então tudo isso aumentam a eficácia do método anticonceptivo. Regula ciclo menstrual Geralmente, quem toma anticoncepcional sabe exatamente o dia que vai ter o sangramento, chamado de “sangramento de privação”, porque é induzido pela retirada dos hormônios durante a pausa do anticoncepcional, essa pausa dura, em média 7 dias. Depois, volta a tomar a pílula e o sangramento cessa. Redução de risco de câncer de ovário Essa redução de risco de câncer de ovário está relacionada diretamente à duração de uso, por exemplo, uma redução de 50% no risco em 5 anos, iniciando dentro de 10 anos do primeiro uso e persistindo; Alivia mastodinia, cólicas menstruais intensas e tensão pré-menstrual; Esse alívio das cólicas é devido à redução da quantidade de prostaglandinas pelo uso da pílula, e são essas prostaglandinas que causam as contrações uterinas, pois comprimem os vasos sanguíneos e, consequentemente, causam dor. Em relação à TPM, o anticoncepcional oferece uma estabilidade da flutuação hormonal feminina, melhorando as reações emocionais. Melhora acne e hirsutismo Os anticoncepcionais orais são eficazes na redução da oleosidade da pele e do hirsutismo, porque eles suprimem a secreção de LH e, então, diminui a secreção de androgênios ovarianos. O componente estrogênico estimula a produção hepática de SHBG, que diminui a testosterona livre. Mesmo quando os potenciais riscos à saúde decorrentes do uso do ACO são contemplados, o 10 Luiza D. V. Torriani ATM 2024/2 resultado final é o benefício para essas mulheres, especialmente devido à alta eficácia em evitar a gravidez e à redução de risco de câncer de ovário. Malefícios dos ACO hormonais: Náusea, instabilidade emocional, mastalgia, enxaquecas, diminuição na libido. Também podem ocorrer melasma, aumento da incidência de adenoma hepático, depressão/estados depressivos, aumento de peso, retenção de líquido. Aumento da incidência de fenômenos tromboembólicos, acidente vascular cerebral, infarto do miocárdio. Anticoncepcionais orais só com progesterona: O que São as Pílulas Só de Progestógeno? São pílulas que contêm doses muito baixas de um progestógeno semelhante ao hormônio natural progesterona, existente no corpo da mulher. Não contêm estrógeno e, por isso, podem ser usadas durante toda a amamentação e por mulheres que não utilizam métodos com estrógeno. ACOs somente de progesterona são comumente prescritos quando as mulheres desejam tomar contraceptivos orais, mas o estrogênio é contraindicado. As pílulas só de progestógeno (PSPs) também são conhecidas como “minipílulas” e anticoncepcionais orais só de progestógeno. Seu funcionamento básico ocorre pelo espessamento do muco cervical (fator que bloqueia o esperma que busca um óvulo) e pelainterrupção do ciclo menstrual, impedindo inclusive a liberação de óvulos pelos ovários (ovulação). Durante a lactação, quando usados de forma correta e consistente, os anticoncepcionais orais de progestogênio têm uma taxa de falha de 0,5%, no primeiro ano de uso. Em uso habitual, a taxa de falha é de 1%. O que são progestagênios (as progestinas)? As progestinas, também chamadas progestagênios, são a forma sintética do hormônio progesterona produzida naturalmente pelo organismo. Os progestagênios foram concebidos para interagir com os receptores de progesterona no organismo com o objetivo de causar efeitos semelhantes à progesterona. Isso significa que eles fazem coisas parecidas com a progesterona natural produzida pelo corpo. Os progestagênios foram originalmente desenvolvidos porque a progesterona natural não é bem absorvida quando tomada como pílula por via oral e é metabolizada (processada) pelo organismo tão rápido que chega a ser pouco eficaz. Agora, a progesterona está disponível em uma forma micronizada (partícula menor) que é absorvida mais facilmente e dura mais tempo no corpo, mas somente os progestagênios – não a progesterona micronizada – são usadas em anticoncepcionais. As conhecidas pílulas do dia seguinte, anticoncepcional pós-coito, ou contraceptivo de emergência, são preparados de um comprimido que contém apenas o progestágeno em uma dosagem alta (1,5 mg) a ser administrada até 72 horas após o coito. Sua eficácia varia conforme o tempo que passa entre o coito e a sua administração. Se administrado em até 72 horas pós- coito, sua eficácia (Williams e Stancel 1996, p.1062) é de 90 a 98%. Quem Pode e Quem Não Pode Usar Pílulas Só de Progestógeno? Praticamente todas as mulheres podem utilizar PSPs de forma segura e eficaz, inclusive mulheres que: • Estejam amamentando (iniciando a 6 semanas depois do parto); • Já tiveram filhos ou não; • Não sejam casadas; • Sejam de qualquer idade, inclusive adolescentes e mulheres acima de 40 anos. • Acabaram de ter um aborto espontâneo ou induzido, ou uma gravidez ectópica; • Fumem cigarros, independentemente da idade da mulher ou do número de cigarros fumados; • Tenham anemia atualmente ou a tiveram no passado; • Tenham varizes; • Estejam infectadas com o HIV, estejam ou não em terapia antirretroviral. OBS: A pílula de progestogênio não contém estrogênio. Muitas das contraindicações para o uso de anticoncepcionais orais combinados não se aplicam aos anticoncepcionais orais de progestogênio. 11 Luiza D. V. Torriani ATM 2024/2 Geralmente, uma mulher que apresente qualquer um dos fatores relacionados abaixo não deveria utilizar PSPs. Em circunstâncias especiais, entretanto, quando outros métodos, mais apropriados, não estiverem disponíveis ou sejam aceitáveis para ela, um profissional de saúde qualificado – em condições de avaliar cuidadosamente a situação e as condições específicas de uma mulher – poderá decidir quanto ao uso de PSPs. O profissional de saúde deve levar em consideração a gravidade de sua condição e, na maioria das situações, se a mulher terá acesso a acompanhamento. • Amamentando e há menos de 6 semanas após o parto; • Existência atual de coágulo sanguíneo em veias profundas das pernas ou dos pulmões; • Teve câncer de mama, tumor, infecção ou doença aguda no fígado; • Está tomando barbitúricos, carbamazepina, oxcarbazepina, fenitoína, primidona, topiramato ou rifampicina. Deve-se também utilizar um método de apoio porque os medicamentos reduzem a eficácia das PSPs. Explicações sobre o uso: Se a mulher atrasou a ingestão da pílula mais do que três horas ou esqueceu alguma pílula e já não amamenta ou amamenta, mas a menstruação já retornou, deve usar também condom ou espermicidas ou evitar relações sexuais por dois dias. A mulher deve tomar a pílula esquecida assim que possível, e continuar tomando uma pílula por dia, normalmente. Orientar a mulher sobre os problemas mais comuns (exceto para a mulher que não está amamentando). Mencionar os efeitos colaterais mais comuns, explicando que não são sinais de doenças, comumente cessam ou desaparecem após três meses de uso, e que muitas mulheres não os apresentam. Anticoncepção hormonal injetável: via intramuscular: Formulações combinadas mensais: • Cyclofemina®: 25mg de Acetato de Medroxiprogesterona e 5mg de cipioanto de Estradiol. • Mesigyna®: 50mg de Enantato de Norestisterona e 5mg de Valerato de Estradiol. • Perlutan, Ciclovular, Unociclo, Daiva®: 150mg de Aceofenido de Dihidroxiprogesterona e 10mg de Enantato de Estradiol. Formulações bimestrais (só progestogênio): • Acetato de medroxiprogesterona de depósito (AMP-D) 100mcg via intramuscular a cada 60 dias. Formulações trimestrais (só progestogênio): • Acetato de medroxiprogesterona de depósito (AMP-D) 150mcg via intramuscular a cada 90 dias. Ex..Contracep, Depoprovera. Vantagens: eficaz, seguro, fácil de usar não requer rotina diária tem ação prolongada, é reversível e independente do coito pode ser utilizado durante a lactação. Anticoncepção hormonal via vaginal: ANEL VAGINAL: Anel de evastane, transparente, leve, flexível, que tem diâmetro externo de 54mm e espessura de 4 mm. Liberação de 15 μg EE/dia e 120 μg etonogestrel/dia. Proteção contraceptiva semelhante à pílula convencional. 12 Luiza D. V. Torriani ATM 2024/2 ANTICONCEPCIONAL VAGINAL - comprimido possuem alta eficácia anticoncepcional e melhor tolerabilidade (21 comprimidos). Relação sexual somente após uma hora colocado A administração por esta via minimiza a maioria dos efeitos negativos sobre o metabolismo dos lipídeos e das apolipoproteínas e náuseas. Anticoncepção hormonal via transdérmica: ADESIVO SEMANAL: Adesivo delgado e flexível, que libera 20 μg de EE/dia e 150 μg norelgestromina/dia. Anticoncepção hormonal via subdérmica: IMPLANTES: Implante de etonogestrel – liberação em torno de 60μg/dia (Implanon) – validade por 3 anos. Anticoncepção hormonal via intrauterina: DIU – levonorgestrel: • Aprovado para 5 anos. • O mecanismo de ação é sobre o muco cervical, com efeitos endometriais, inibição da motilidade espermática, reação a corpo estranho e efeito mínimo no eixo hipotálamo- hipófise-ovário, com mais de 85% das mulheres com ciclos ovulatórios. • Liberação de 20μg/d de levonorgestrel no 1º ano de inserção e 15μg/d do 2º ao 5 º ano. • Um cilindro de polidimetilsiloxano de 19mm de comprimento, contendo 52mg de Levonorgestrel, em forma de T. • Deve ser questionado a idade (ciclo de vida: adolescência, menacne, climatério), como é o ciclo menstrual, se a paciente possui parceiro fixo, se possui histórico de doenças (diabete, câncer, trombos, HAS, obesidade), se faz uso de algum medicamento e como são seus hábitos de vida (fumo, sedentarismo). • É um método anticoncepcional que pode ser usado enquanto tiver possibilidade de gestação e a paciente se encaixar nos requisitos. 13 Luiza D. V. Torriani ATM 2024/2 Ginecologia infanto puberal A puberdade caracteriza-se por um conjunto de modificações biológicas que ocorrem como consequência da maturação do sistema nervoso central (SNC). Essas modificações resultam no aumento da secreção de esteroides sexuais pelas gônadas (gonadarca), as quais promovem o desenvolvimento das características sexuais secundárias e a função reprodutora. No feto, as concentrações de gonadotrofinas (hormônio folículo-estimulante) e hormônio luteinizante [LH) apresentam níveis adultos a partir da 20ª semana de gestação, pois, nesse período, a unidade hipotálamo-hipófise está completamente funcionante. Os ovários têm capacidade para a esteroidogênese, e seu número de oócitos é máximo.As gonadotrofinas caem à medida que os altos níveis de esteroides da unidade feto placentária exercem um mecanismo de retro controle negativo. Após o nascimento, os estrogênios maternos diminuem no recém-nascido, e o mecanismo de retro controle negativo é liberado. Então, as gonadotrofinas elevam- se, e os ovários funcionam em níveis puberais por meses. Essa mini puberdade da recém-nascida é geralmente subclínica, mas algum grau de desenvolvimento mamário pode ocorrer eventualmente. A elevação transitória pode persistir até os 2 anos de idade. Após os hormônios diminuem a níveis pré-puberais e assim persistem até os 8 anos de idade, período conhecido como pausa juvenil. O início do processo puberal é influenciado por fatores genéticos e ambientais, incluindo nutrição infantil e obesidade. A leptina é proposta como um dos hormônios responsáveis pelo início e pela progressão da puberdade. Esse hormônio é produzido pelos adipócitos – quanto maior o número de adipócitos, maior a produção de leptina. O índice de massa corporal (IMC) elevado associou-se a altos níveis séricos de leptina e ao desenvolvimento puberal mais precoce em meninas. Alguns estudos recentes também mostraram a contribuição de fatores genéticos na idade da menarca, identificando genes relacionados à menarca mais precoce. Exame ginecológico: Finalidade atestar a normalidade genitália externa e desenvolvimento caracteres sexuais secundários. Reconhecer anatomia, fisiologia, crescimento somático puberal normal e maturação sexual. Transmitir segurança e comportamento seguro. meninas devem ser vistas junto das mães ou responsável. Para adolescentes garantir privacidade e sigilo. Para cada idade em consultas mais frequentes é importante focar em determinadas patologias e questões que podem estar presentes: Infância: • Vulvovaginite; • Aderência de pequenos lábios; • Líquen escleroso; • Desenvolvimento sexual precoce; • Malformações geniturinárias; • Abuso sexual. Líquen escleroso É uma doença crônica de etiologia ainda desconhecida, podendo estar relacionada a um processo autoimune. Acomete crianças desde os primeiros meses de vida, mas aparece, em média, por volta dos 5 anos de idade. As queixas em meninas incluem prurido e irritação vulvares, disúria e também sintomas gastrintestinais. Compromete grandes lábios, área perineal e perianal, podendo, em estágios mais avançados, apresentar inflamação secundária, erosões, disúria, fissuras e inclusive sangramento. A lesão é caracterizada por atrofia cutânea e descoloração. O curso natural é variável, e frequentemente há a resolução dos sintomas até a puberdade; entretanto, 18% das crianças afetadas desenvolvem sequelas por longo tempo. 27 Em casos graves, as complicações tardias incluem fibrose e estenose vaginal, anal e do meato uretral, podendo levar à disfunção sexual no futuro. Nas crianças, o diagnóstico é feito pela inspeção, e uma anamnese detalhada pode indicar a necessidade de pesquisa de outras condições autoimunes sistêmicas. O teste terapêutico, com boa resposta a corticosteroides tópicos de alta potência, subsidia o diagnóstico. Períodos de remissão e recidiva são comuns, e pode ser necessário tratamento intermitente com corticosteroides tópicos por anos. O risco de malignidade e evolução para carcinoma epidermoide em crianças, em contrapartida à doença em adultos, é incerto. Ainda assim, sugere-se que seja feito acompanhamento a cada 6 ou 12 meses, inclusive em pacientes assintomáticas. 14 Luiza D. V. Torriani ATM 2024/2 Adolescência inicial: • Fluxo vaginal fisiológico; • Alterações menstruais; • Dismenorreias; • Assimetrias de pequenos lábios e mamas. Adolescência média: • Irregularidade menstrual; • Anticoncepção; • Gestação; • DST. OBS: lembrar que as crianças muitas vezes vão primeiramente buscar um diagnostico no pediatra, no entanto esse muitas vezes encaminha para o ginecologista, mas ambos devem saber lidar com tais casos e situações. Em relação à posição adequada do paciente durante o exame, os adolescentes devem ficar em litotomia (paciente na maca de perneira) e as crianças pode ser sentada no colo da mãe, genupeitoral, fletindo pernas sobre coxas abduzidas (“pernas de sapo”). Fisiologia no exame ginecológico: Até 8 semanas: • Pequenos lábios mais espessos; • Clitóris menor (estrogênio materno ainda está presente no corpo do paciente); • Pressionado o vestíbulo tem saída de muco: presença de cérvice e vagina (4 cm); • Hormônios maternos desaparecem em 6-8 semanas; • Mucosa úmida e róseo-esbranquiçada; • Aumento mamário no recém-nascido é normal; • Sangramento (pequeno) por deprivação do estrogênio (para em 7-10 dias e é normal devido a essa mudança do estrogênio presente). A partir de 8 semanas até 7 anos: • Sem exposição hormonal; • Pequenos lábios pouco desenvolvidos – sem proteção, pois não há presença de estrogênio; • Clitóris pequeno; • Vagina visualizada afastando pequenos lábios (4-5 cm); • Mucosa da vagina fina, vermelha e atrófica (não estrogênio); • PH alcalino e flora mista não patogênica; • Aderência de pequenos lábios (sinequias), cuidar (tem que ir estimulando a abertura para não desencadear mal cheiro, vulvovaginite, entre outros). OBS: nessa fase a vagina da criança é muito parecida pelas características com a vagina da mulher pós menopausa. Dos 7 aos 10 anos: • Modificações puberais; • Vagina de 8 cm; • Tipos de hímen – problemas futuros em casos de hímen septado e cribiforme. • Secreção vaginal aumentada – presença de estrogênio, não se tem a oposição da progesterona. Dos 10 aos 13 anos: • Vagina de 10-12 cm distensível, úmida e pregueada. • PH ácido – lactobacilos acidófilos; • Corrimento branco, espesso e turvo (não tem cheiro nem coceira): presença de estrogênio sem oposição – prenúncio da menarca; • Conversar e orientar a menina sobre o início da menstruação, deixar todas duvidas claras. Após os 13 anos: • Exame ginecológico igual ao da mulher adulta; • Exame completo se já tiver vida sexual; • Desenvolvimento das mamas em M2 até a menarca, durante 2 anos e 3 meses antes; • Estirão puberal (mamas se encontram em M3) no último ano antes da menarca. • Quando ocorre a menarca as mamas entram no estágio de M4. 15 Luiza D. V. Torriani ATM 2024/2 Anomalias do exame ginecológico: Mamas: Amastia: ausência congênita de glândulas mamárias; amazia. Hipoplasia: Hipoplasia mamária é uma malformação, que afeta cerca de 5% das mulheres. Não é sinônimo de mamas pequenas (que geralmente estão associadas a pequena quantidade de gordura), mas sim um subdesenvolvimento da mama. Atelia: ausência de um ou mais mamilos. Politelia: Um mamilo supranumerário (também conhecido como terceiro mamilo, mamilo triplo, mamilo acessório) é um mamilo adicional que ocorre nos mamíferos, incluindo os seres humanos. É uma condição que afeta 1 em cada 8.000 pessoas. Polimastia: é um termo usado para descrever a presença de duas ou mais mamas em seres humanos. É sinônimo de tecido mamário acessório ou supranumerário. O tecido mamário acessório possui a mesma capacidade de sofrer alterações benignas e malignas que o tecido mamário normal. Síndrome de Polland: é uma deformidade rara que afeta a região torácica e é caracterizada pelo subdesenvolvimento ou ausência do músculo peitoral maior de um lado do corpo, e em alguns casos, provocando Sindactilia nas mãos. Hipertrofia mamaria: pode ser classificada em quatro graus de acordo com o tamanho e peso excessivo das mamas. Hipomastia: caracterizada por mamas que tiveram pouco crescimento, ou em alguns casos, nem se desenvolveram. Gigantomastia: é a mais comum. é o termo utilizado para definir as hipertrofias mamárias gigantes, que ultrapassamos volumes convencionais. Telarca prematura: ocorre sem outros sinais de maturação, geralmente ocorre na idade de 2 anos e raramente após os 4 anos. A regressão ocorre espontaneamente em poucos meses ou persiste até a puberdade. Vulva: • Assimetria de pequenos lábios: existe cirurgia, mas não interfere na questão anatômica ou de saúde, somente na estética. • Sinequias de pequenos lábios. Clitóris: • Tamanho: aumento por exposição androgênica). Hímen: • Imperfurado: persistência da membrana urogenital (resulta em muco/hidrocolpo (água na vagina, enche a vagina de água) e hematocolpo (sangue na vagina, enche a vagina de sangue)). A menstruação fica retida, a paciente não vai menstruar, isso acarreta muita dor por cerca de 3 a 5 dias. Retém secreção, muco, fica com peso na região do ventre. A conduta é fazer cirurgia de abertura do hímen para que essas secreções e sangue desçam. 16 Luiza D. V. Torriani ATM 2024/2 Vagina: Septo transverso: falha na fusão ou canalização do seio urogenital e ductos mullerianos. Septo longitudinal: falha na fusão da porção distal dos ductos mullerianos – o útero pode ser bicorno com uma ou duas cérvices. Agenesia vaginal: consiste em uma condição congênita do trato reprodutivo das mulheres, caracterizando-se pela ausência de desenvolvimento do canal vaginal. Estima-se que esta desordem acomete 1 em cada 5.000 mulheres. Síndrome de Rokitansky- a genitália externa é normal, útero em vários níveis de desenvolvimento, caracteres secundários normais e presença ovários. Precisa ser criada uma nova vagina, até formar uma neo vagina. (É reto, não tem como ter relação sexual). Útero: Resultam da agenesia dos ductos mullerianos ou um defeito na fusão ou canalização (ocorre na embriogênese): • Didelfos; • Unicorno; • Septo incompleto; • Septo completo; • Bicorno. OBS: o diagnóstico é feito com exames de imagem, a histerosalpingografia, pois normalmente a paciente não apresenta nenhum tipo de sintomas. Essas anomalias uterinas dificultam principalmente em mulheres que querem engravidar. As vezes a paciente consegue engravidar, mas geralmente leva a aborto ou parto prematuro. OBS: nenhum tipo uterino desses é possível a colocação de DIU. E outro problema relacionado é que muitas vezes se tenta a introdução sem saber na paciente que não possui ainda relações sexuais que ela apresenta um desses tipos uterinos. Vulvovaginite: • É a inflamação dos tecidos da vulva e da vagina; • 70% das queixas ginecológicas; • Etiologia diversa e varia com a idade; • Cerca de 25-75% são vaginites inespecíficas; • Fluxo vaginal pode ser normal e aumenta com os níveis de estrogênio aumentando; • Se patológico: odor, ardência, prurido, edema, eritema, fissura; • Causada por germes da pele circundante ou reações alérgicas. É uma patologia de distribuição universal, não relacionada a fatores étnicos ou climáticos. Apresenta padrão de distribuição de faixa etária bimodal, com dois picos de incidência, aos 4 e aos 8 anos de idade. Na criança, é mais frequente encontrar, inicialmente, uma vulvite, sem que haja o comprometimento da mucosa vaginal. A incidência das vulvovaginites está aumentada na presença de infecções bacterianas em outros sítios; crianças podem transmitir germes da microbiota respiratória para a região vulvar. Existem relatos de ocorrência de vulvovaginites após ou durante episódios de sinusite, faringite ou tonsilite. Em alguns casos, deverá ser lembrada a possibilidade de abuso sexual ou até de relações sexuais consentidas e desconhecidas dos pais. Fatores de risco: Anatômicos: vagina-ânus (proximidade, modo de limpeza), ausência de pelos, pequenos lábios atróficos, grandes lábios planos, obesidade (dificuldade de limpeza). 17 Luiza D. V. Torriani ATM 2024/2 Hormonais: fisiológica (nesse caso não se encaixa nas vulvovaginite, mas sim em um corrimento normal, sem coceira, odor, ardência). Hábitos e costumes: má higienização ou higienização de forma inadequada, cosméticos. Doenças: diabete mellitus, parasitose, varicela, dermatite de contato, DST. Medicações: antibióticos, iatrogênica. Corpo estranho: brinquedos pequenos, areia, entre outros. Classificação: Especifica: agente etiológico não faz parte da flora vaginal. • Enterobius vermiculares; • Gardnerella vaginalis (também pertence a flora normal); • Candida Albicans (rara em crianças pré- púberes – pode ocorrer por fraldas ou baixa imunidade); • Trichomonas vaginalis (raramente encontrado em pré-púberes devido vagina não ter estrógeno), é uma DST; • Neisseria gonorrhoeae; • Chlamydia trachomatis (pode ser por contaminação adquirida no canal de parto – não ultrapassa 12m); • Herpes simples; • HPV (pode ser por contaminação adquirida no canal de parto). Inespecífica: germes saprófitas que normalmente fazem parte da flora vaginal, tornando-se agressivos frente à falta de integridade da mucosa. Mais de 85% dos casos – má higiene perineal: bactérias coliformes e anaeróbias. Pode estar associado a diarreia (ameba, Entamoeba histolytica, Shigella), oxiúros – prurido anal. • Escherichia coli – mais frequente; • Lactobacilos; • Estrepto alfa-hemolítico; • Staphylo epidermidis. OBS: lembrar que em pacientes que não apresentam relações sexuais, não se pode introduzir o especulo. Diagnostico: • Coleta de material – orientação, dificuldade na coleta – exame a fresco com KOH e SF; • Cultura só se manejo inicial insuficiente ou suspeita de abuso sexual: cultura para gonococo, micoplasma, ureaplasma, IF clamídia, VDRL e HIV; • Coleta-se com sonda uretral nº 8-14 conectada a seringa – aspirar; • Suspeitar de corpo estranho se fétido e/ou tratamento resistente. Vaginoscopia Tratamento: Vulvovaginite Especifica: medidas gerais de higiene, modificação de hábitos. Corticoide se prurido intenso por pouco tempo (exceto cândida) e estrogênio se mucosa friável. Banhos assento com Permanganato Potássio ou chá camomila. Vulvovaginite Inespecífica: antibióticos dependendo do germe encontrado. Evitar roupas apertadas que dificultem a circulação de ar, utilizar apenas roupa íntima de algodão, enxaguar cuidadosamente as roupas íntimas para evitar resíduos de sabão em pó e não usar amaciantes de roupa, não usar espuma para banho ou sabonetes perfumados; reduzir ou abolir banhos de banheira com espuma, revisar a higiene íntima com a criança (p. ex., higiene “da frente para trás”), secar adequadamente a região genital após o banho, evitar exposição prolongada à umidade e urinar com os joelhos afastados. Sangramento vaginal: • Irritação ou lesão vulvar ou vaginal; • Trauma- lesão em sela – 75% das lesões; • Abuso sexual; • Puberdade precoce; • Tumores genitais. Nos casos bacterianos, os agentes que mais frequentemente produzem secreção sanguinolenta são Shigella sp. e Streptococcus pyogenes. A prevalência de corpo estranho intravaginal em meninas com menos de 13 anos de idade é de 4%, sendo fragmentos de papel higiênico o achado mais comum. Outros objetos reportados são brinquedos, balas, sementes, tampas de caneta entre outros. Quando uma menina apresentar leucorreia fétida recorrente ou persistente após tratamento adequado, 18 Luiza D. V. Torriani ATM 2024/2 a hipótese de corpo estranho vaginal deverá ser investigada. O diagnóstico de corpo estranho inclui anamnese detalhada e exame genital (ectoscopia e inspeção vaginal com o auxílio de iluminação adequada. Sangramento disfuncional: As menstruações que se seguem após a menarca são geralmente anovulatórias, irregulares e ocasionalmente abundantes. A anovulação prolonga- se até 18 meses após a menarca. Imaturidade do eixo HHO. O sangramento menstrual na adolescênciafrequentemente decorre da estimulação estrogênica sem oposição da progesterona. As infecções genitais, incluindo doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), podem estar associadas ao sangramento anormal. As adolescentes usuárias de anticoncepcional oral combinado (ACO) com sangramento intermenstrual têm infecções por clamídia mais frequentemente do que adolescentes com padrão de sangramento normal. Nessa faixa etária, é importante manter alto índice de suspeita para DSTs, especialmente quando ocorrer queixa de sangramento intermenstrual. Uma vez excluída a possibilidade de gestação, deve-se determinar se o sangramento é cíclico ou acíclico. Em caso de sangramento cíclico e ovulatório, parece haver alteração na síntese e na liberação de prostaglandinas, o que justifica o uso de anti-inflamatórios no tratamento dessa situação. Nos sangramentos acíclicos e anovulatórios, quando ocorre estímulo estrogênico sobre o endométrio sem oposição da progesterona, pode ocorrer proliferação exagerada do endométrio e, consequentemente, fluxo menstrual intenso. O tratamento com contraceptivo hormonal ou terapia hormonal evita sangramento excessivo e consequências como anemia e patologia endometrial, riscos aos quais estão submetidas jovens anovulatórias crônicas sem tratamento. Nem sempre a informação é precisa, questionar sobre o que é para a paciente normalidade de fluxo, dias. Cuidado para não supervalorizar a informação. Se necessário, pede-se que a paciente registre seu ciclo e retorne em outra ocasião para a conduta. Na anamnese avaliar emagrecimento, psiquismo, atividade física, cefaleia, hipo ou anosmia, diplopia, dor pélvica, história familiar, medicações em uso, atividade sexual. No exame físico avaliar galactorréia, hiperandrogenismo, estado nutricional, bócio, anemia, peso, altura e PA. Investigação: • Solicitar entre 2-8º dia do ciclo LH, FSH, Estrogênio, PRL, TSH, Testosterona e também Hemograma, plaquetas, ferro sérico, provas coagulação (distúrbio de coagulação 2ª causa mais freq. de metrorragia na adolescência). • Eco solicitada: microcistos são comuns nessa idade e vão diminuindo com o passar do tempo- anovulação- diferenciar de SOP (aumento estroma, cistos menores que 1 cm, aumento ovariano, LH elevado); avaliar tumores, abortamento. Tratamento: • Conduta expectante se for por imaturidade do eixo HHO; • Se fluxo intenso – MPA 10mg 2ª fase- 14º dia – 10d por 3m. • ACO se não resposta a MPA. • Se ciclos longos, MPA após 45d da DUM. • AINEs reduzem fluxo em 30-50% dos casos. Os objetivos do manejo do SUA excessivo são realizar diagnóstico da causa subjacente e tratá-la, estabilizar clinicamente a paciente, corrigir anemia e manter ciclos menstruais adequados. 19 Luiza D. V. Torriani ATM 2024/2 Planejamento familiar A Constituição Federal do Brasil estabelece que, o planejamento familiar é livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar recursos para o exercício desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte de instituições oficiais ou privadas. A Lei n.º 9.263, sancionada em 12 de janeiro de 1996, regulamenta o planejamento familiar no Brasil e em seu art. 2º entende o planejamento familiar como o conjunto de ações de regulação da fecundidade que garanta direito igual de constituição, limitação ou aumento da prole pela mulher, pelo homem ou pelo casal. O planejamento familiar é responsável por promover saúde, é um direito do cidadão, uma opção livre e consciente, é dever do Estado e promove a redução ou aumento da população de uma maneira mais equilibrada. Já o controle de natalidade é uma política do Estado que é feita através da imposição do Governo ao cidadão, sua execução é indiscriminada. O planejamento familiar se baseia no significado de estabelecer o numero de filhos e quando tê-los de maneira que que o casal ou a mãe tenham uma estrutura familiar adequada. Orientação é um elemento essencial para a qualidade de atenção em planejamento familiar. Orientação significa interação entre o orientador e a usuária ou o casal, ajudar as pessoas no processo de tomada de decisão. É uma comunicação em duas vias que ajuda para tomar decisões voluntárias, ajuda para usar o método e auxilia nas respostas às necessidades e valores individuais de cada um. Entender e respeitar nas pessoas as condições de saúde, metas reprodutivas, trabalho, acesso aos serviços, sexualidade, valores, religião, crenças e mitos. AÇÃO EDUCACIONAL → INFORMAÇÃO - Diferentes opções anticoncepcionais. - Opinião formada e livre escolha. Boa orientação: • Escolha adequada do método; • Satisfação com o uso; • Uso correto do método; • Melhor aceitação dos efeitos colaterais; • Continuação do uso do método; • Continuidade no serviço de saúde. A escolha deve se basear na idade, ciclo menstrual da paciente, o que a paciente pensa, deve ser feita uma revisão de doenças previas e decidir um método contraceptivo, seja hormonal ou não hormonal mais adequado. As orientações devem ser feitas conforme a característica do método optado. MECANISMO DE AÇÃO: informações claras e completas de fácil entendimento. MODO DE USO: instrução práticas e incluir o que fazer quando surjam problemas, tais como esquecer, efeitos colaterais, horário, interações. EFICÁCIA: as taxas de gravidez para um determinado método quando em uso típico dão uma ideia geral da eficácia na melhor das possibilidades. EFEITOS COLATERAIS: todos os efeitos devem ser abordados e mostrar que podem ser incômodos, mas não necessariamente sinais de gravidade ou sintomas de complicações. Importante informar os sinais e sintomas de alguma complicação séria que justifique a reconsulta. EFEITOS NÃO CONTRACEPTIVOS: informar os benefícios de uma maneira geral que um anticoncepcional oral, por exemplo, pode gerar. CRITÉRIOS DE ELEGIBILIDADE MÉDICA: explicar que existem condições médicas que podem limitar o uso dos diferentes métodos. Importante: A relação interpessoal ser cordial, de confiança, com equilíbrio de poderes: poder da/o usuária/o de escolher e decidir, poder do orientador de contraindicar o uso do método que coloque em risco a saúde da pessoa. Certificar-se de que a pessoa compreendeu o uso do método, esquema de acompanhamento e como lidar com efeitos colaterais. Avaliar o método em consultas subsequentes e, se necessário, trocar ou descontinuar. Características do orientador – médico/equipe de saúde: 20 Luiza D. V. Torriani ATM 2024/2 • Gostar do que faz; • Ver a mulher e/ou homem como seres integrais, pensantes, e não um conjunto de órgãos; • Ter interesse e respeito pelas necessidades e valores das pessoas; • Ter conhecimento sobre anatomia e fisiologia sexual e reprodutiva, sobre todos MAC; • Ter habilidade de comunicação interpessoal e permitir que as pessoas exponham seus pontos de vista; • Saber comunicar-se de forma clara, simples usando linguagem adequada conforme a pessoa; • Saber fazer perguntas não indutivas; • Estar disponível para responder; • Transmitir informações de maneira imparcial, sem favorecer nenhum método específico; • Manter atitude não autoritária e de respeito ao poder de decisão do/da usuária/. • Reconhecer limites e referir a/o usurário/a a outro serviço quando necessário. Critérios de elegibilidade médica: Conforme a OMS, (1996) a lista de elegibilidade médica divide-se em quatro categorias: OMS 1 – o método pode ser usado sem restrições. OMS 2 – o método pode ser usado. As vantagens geralmente superam riscos possíveis ou comprovados. As condições da categoria 2 devem ser consideradas na escolha do método OMS 3 – o método não deve ser usado, a menos que o médico julgue que a mulher pode usar o método com segurança. Os riscos possíveis comprovadossuperam os benefícios e caso seja escolhido um acompanhamento rigoroso se faz necessário. Deve ser o método de última escolha. OMS 4- o método apresenta risco inaceitável. 21 Luiza D. V. Torriani ATM 2024/2 Anticoncepção na adolescência: A gestação na adolescência é um problema que atinge tanto países em desenvolvimento, quanto os ditos de primeiro mundo. Entre os responsáveis pela redução das taxas mundiais de gestação na adolescência, estão a orientação e o acesso a métodos contraceptivos. Das adolescentes brasileiras entre 15 e 19 anos, 14,7% utilizam algum método contraceptivo, sendo o ACO o método mais utilizado. A maioria das adolescentes procura por contracepção cerca de 6 a 12 meses após o início da atividade sexual. Infelizmente, dentro dos primeiros 6 meses, 50% das meninas já engravidaram. Outro fator a ser considerado diz respeito às particularidades da faixa etária. Pacientes jovens, principalmente com baixo nível socioeconômico, apresentam maior percentual de falha com todos os métodos contraceptivos, sendo ainda maior para métodos comportamentais Entre os profissionais que trabalham com adolescentes, persistem dúvidas que se relacionam à possibilidade de orientação anticoncepcional e prescrição de método adequado sem autorização ou ciência dos pais ou responsáveis. Deve-se ter em mente que a contracepção é um direito da paciente. Além disso, é dever do médico manter o sigilo a respeito dos seus pacientes, inclusive os menores de idade, desde que não se esteja colocando suas vidas em risco. Para abordar tais temas com as adolescentes no local de trabalho, existem alguns pontos chaves que devem ser levados: confidencialidade, consentimento do que está ocorrendo com a adolescente, ver como ela está com os fatos do seu desenvolvimento e se concorda com o que está sendo feito, presença dos pais não se faz necessária para a recomendação de um uso anticoncepcional oral e em muitos casos até intra uterino, em caso de necessidade da presença dos mesmos a atitude de ligar ou falar deve partir da adolescente, atitude do profissional deve ser receptiva, simpática e levar os desejos da paciente a sério e não bloquear ou negativar, mas sim ocorrer. Além disso, incentiva a abstinência sexual, como uma maneira de evitar a gravidez precoce, mas se a paciente decidir que vai ter relação, deve-se protege-la, pois a abstinência não será mais um método eficiente e o “quick start” que é uma forma rápida de início de métodos concepcionais. O mais importante é que a adolescente saia da consulta com uma medida de anticoncepcional seja traçada, para que essa não saia de maneira vulnerável. Alguns parâmetros de relevância devem ser analisados enquanto se conversa com a paciente, como: idade da menarca (relação direta), idade cronológica do parceiro e se esse tem interesse na pratica anticoncepcional ou se não faz uso, condições de estabilidade se for um casal, se a consulta é prévia ou não ao inicio da relação sexual -dialogo, com que frequência essa paciente tem relações sexuais, o grau de motivação para a pratica de contracepção, se os pais possuem conhecimento acerca das atividades sexuais e qual a opinião dos mesmo, a maturidade física e psicológica, pautas culturais, realização de exame clinico e ginecológico e as condições de aquisição dos métodos (custos e facilidade de acesso). Para a escolha do método que vai ser dado, primeiro se vê o que a paciente quer, segundo o que ela pode e terceiro o que está disponível no sistema de saúde usado. Estratégia fundamental para reduzir o número de gestações não planejadas na adolescência é fazer uso de métodos contraceptivos seguros, eficazes e cujo uso dependa pouco da usuária. São exemplos os DIUs e os implantes subdérmicos, atualmente denominados métodos contraceptivos reversíveis de longa duração. Os mitos e os preconceitos que durante muito tempo dificultaram o acesso dos adolescentes aos LARCs estão sendo superados por evidências recentes que indicam que eles são métodos de primeira escolha para contracepção em adolescentes. Ao dialogar sobre a escolha do método contraceptivo com a adolescente é fundamental conhecer os diferentes métodos, comparar seus resultados, avaliar a continuidade de uso e os seus principais riscos. Os últimos parâmetros são muito importantes, pois a contracepção geralmente é necessária por período prolongado, sendo a adesão condicionada, entre outros fatores, pela facilidade de uso. 22 Luiza D. V. Torriani ATM 2024/2 Questões: • Vantagens e desvantagens de métodos naturais/comportamentais (desaconselháveis); • Métodos de barreira: condom (melhor também para DST), diafragma (uso incorreto, dificuldade medir, manipulação genitais: desaconselhável); • Anticoncepcionais hormonais: orais (esquecimento, mitos, escondido dos pais Indicado: média dosagem menor falhas por esquecimento), injetáveis (mensal - vantagem: não esquecimento sem efeitos gástricos. Trimestral – alteração de peso e menstrual, desconhecimento efeitos a longo prazo: desaconselhável), DIU (cuidar com múltiplos parceiros: contraindicado em nuliparas: desaconselhável). OBS: orientar as adolescentes do uso da pílula de emergência (pílula do dia seguinte) e de que essa não pode ser usada como forma de anticoncepção e nem com frequência. Médico e adolescente: uma relação de confiança: O médico que trabalha com adolescentes tem função primordial na orientação sobre sexualidade, prevenção de gestações não desejadas e de DSTs. Função exercida por ginecologistas, também deve ser papel do pediatra, que costuma ter contato de longa data e relação de confiança com a jovem e com sua família. O pediatra deve fornecer as primeiras orientações sobre aspectos fisiológicos, cuidados com prevenção de DSTs e de gestação indesejada, mesmo que a atividade sexual ainda não tenha iniciado. Também compartilham dessa responsabilidade os médicos da saúde da família, já que trabalham com a medicina preventiva no seu dia a dia e atendem jovens diariamente, pelos mais variados motivos. Uma importante característica do atendimento a adolescentes é o não julgamento da paciente, uma vez que essa atitude pode prejudicar a confiança dela em relação ao médico, dificultando o vínculo e pondo em risco todo o trabalho de orientação. O médico deve ser o mais atencioso possível, ouvindo todas as dúvidas e as respondendo da maneira mais clara e verdadeira possível. O linguajar deve ser simples para que a compreensão não seja prejudicada. A anticoncepção para adolescentes deve ser uma opção e não uma imposição, além de levar em consideração as características e as preferências da paciente. Para melhorar a eficácia contraceptiva, as opções disponíveis precisam ser oferecidas com o esclarecimento dos prós e contras de cada uma delas, para que a decisão seja tomada junto com a jovem, envolvendo-a desde o início na responsabilidade com sua saúde e com o planejamento do seu futuro. Possíveis efeitos adversos maiores e menores do método escolhido devem ser deixados claros para que não haja risco de suspensão do método por falta de informação. Também devem ser esclarecidas as maneiras de lidar com eventos adversos menores, já que muitos desaparecem com a continuidade de uso. Os mitos e as crenças que podem afetar negativamente a contracepção devem ser afastados, sem que se estabeleça conflito com as convicções da jovem. Deve-se garantir retorno, em curto prazo, idealmente em 3 meses do início do uso, para que as dúvidas sejam esclarecidas e para acompanhar o processo de adaptação e adesão da jovem, inclusive a essa nova fase de sua vida, repletade descobertas e desafios. Todos esses cuidados compartilhados reforçarão a confiança da paciente em relação a seu médico e a efetividade do método anticoncepcional escolhido. Mais do que isso, reforçarão, nas adolescentes, hábitos de cuidado com a saúde, responsabilidades e planejamento dos seus objetivos de vida. 23 Luiza D. V. Torriani ATM 2024/2 Vulvovaginites: A vagina é um ecossistema dinâmico e complexo, sendo que o seu revestimento é composto por um epitélio escamoso sem queratina que, juntamente com a secreção, faz a primeira linha de defesa contra infecções. A secreção vaginal fisiológica é branca, inodora e viscosa, com cerca de 200 tipos diferentes de bactérias. As vulvovaginites são uma patologia extremamente frequentes, 70% das mulheres já tiveram ou vão ter ao longo da vida alguma delas. É uma das principais causas de mulheres procurarem o atendimento ginecológico. A flora normal apresenta predominância de lactobacilos com algumas bactérias. Nas pacientes com vulvovaginites, os lactobacilos estão praticamente ausentes, com aumento dos leucócitos e bactérias. As vulvovaginites ocorrem principalmente pelo desequilíbrio da flora vaginal, especialmente pela variação no número de lactobacilos. Possuem uma sintomatologia intensa e a maioria possuem um diagnóstico e tratamento fácil de serem feitos. Essas vulvovaginites tem a possibilidade de ascensão ao trato genital superior (doença inflamatória pélvica e endometrite), além disso, elas podem favorecer à infecção a outros tipos de DST’s, pois alteram o PH vaginal, facilitando assim a contaminação por outros patógenos. Candidíase: É a vulvovaginite mais frequente de todas, 75% das mulheres apresentam pelo menos um episódio de candidíase na vida e na maioria são infectadas por Cândida Albicans (80%) e uma pequena parte por Cândida não Albicans. Ocorre uma colonização vaginal que geralmente acontece de forma assintomática, e isso se deve principalmente ao bioma vaginal, ou seja, um local úmido, com PH que propicia a colonização. A candidíase está muito relacionada a fatores de risco como: gestação, imunossupressão, diabetes melitus, uso de antibióticos, fatores locais que podem diminuir o PH (própria menstruação, uso de dermocosméticos como sabonetes, cremes, pomadas, traumas). No entanto muitas vezes a candidíase pode ocorrer sem nenhum desses fatores envolvidos. O diagnóstico clinico da candidíase é clássico, geralmente a queixa é de prurido, ardência vulvar e urinaria final, fissuras e lacerações vulvovaginais e leucorreia branca grumosa. O diagnostico pode ser feito também com o auxilio do exame a fresco (se pega uma lamina de microscópio, coloca uma gota de soro fisiológico, se passa uma espátula na vagina coletando um pouco da secreção e depois se dilui essa secreção na quantidade de soro, se coloca uma lamínula em cima e se observa ao microscópio e nisso se observa alguns aspectos, na candidíase se observam hifas). Além disso também se pode ver através do PH vaginal que no caso de candidíase esse se encontra abaixo de 4,5. O tratamento da candidíase pode ser oral (fluconazol, itraconazol, cetoconazol) ou tópicos (miconazol, isoconazol e terconazol). O tratamento oral possui a vantagem da praticidade, mas em casos de gestação pode oferecer desconforto a paciente e nesses casos os tópicos se adaptam de melhor forma. No entanto, de maneira cientifica, o tratamento tópico e oral possuem resultados de cura semelhantes. OBS: corticoides tópicos podem ser usados para alivio de sintomas, mas não serve sozinho como tratamento. Alertar a paciente a cuidar fatores que podem predispor a candidíase a permanecer ali. A candidíase pode se apresentar de maneira recorrente (mais de 3X ao ano), normalmente está 24 Luiza D. V. Torriani ATM 2024/2 relacionada com algum fator predisponente, mas não é regra e nesses casos o tratamento normalmente se dá pelo tratamento da fase aguda e depois fazer tratamento supressivo de longa duração mesmo na ausência de sintomas. Vaginose bacteriana: 40% dos casos de vaginite estão relacionados com a vaginose bacteriana e é sempre de importância lembrar que essa não é uma DST (doença sexualmente transmissível). Além disso, é uma doença poli microbiana, ou seja, vários agentes podem provocar essa condição. Essas possuem sintomatologia muito parecida. Etiologia: • Gardnerella vaginalis; • Bacteroides; • Fusobacterium; • Peptostreptococus; • Mobiluncus. Diferentemente da candidíase, a vaginose bacteriana não possui fatores de risco marcantes, ela acontece por conta do aspecto relacionado ao bioma vaginal, alterações do PH, alterações da flora vaginal, são fatores que a desencadeiam. A vaginose bacteriana além da grande sintomatologia presente, esta relacionada com algumas complicações como: doença inflamatória pélvica, prematuridade na gestação e infecções amnióticas e puerperais. Ou seja, quando ocorre na gestação é um caso de preocupação. O diagnóstico é feito principalmente pela sintomatologia clássica que a doença apresenta, sendo essa: leucorreia com odor fétido (putrefação ou “peixe- podre) e leucorreia acinzentada e bolhosa (na realização dos exames). OBS: os sintomas vulvares não são tão intensos, normalmente as pacientes não os apresentam. O diagnóstico pode ser feito também com o auxílio do exame a fresco, nesse será possível de enxergar as chamadas “Clue Cells”, são as células alvos que se rompem e não a bactéria em si. Além desse, tem o teste das aminas (também chamado de Whiff test), onde se utiliza o hidróxido de potássio (KOH) a 10% depositando o mesmo na lamínula usada no exame a fresco e então se sente o cheiro de odor fétido. Existe ainda pelo valor do PH, onde esse vai se encontrar acima de 4,5. O tratamento da vaginose bacteriana é mais especifico, onde a primeira droga de escolha é o metronidazol (500mg 2X ao dia por 7 dias), essa apresenta uma taxa de 95% de cura. Secundariamente se tem: secnidazol (dose única – 85% de cura), metronidazol vaginal e clindamicida vaginal (muito pouco usados – são cremes e possuem uma cura bem menor, logo não são recomendados). Tricomoníase: Essa patologia é causada pelo parasita Trichomonas vaginalis e diferentemente da vaginose bacteriana e da candidíase ela é sim considerada uma DST (doença sexualmente transmissível). Além disso, é uma doença altamente contagiosa e na maioria dos casos é assintomática, mas não todos. Quando a paciente apresenta uma tricomoníase sintomática esses sintomas são: • Ardor vaginal; 25 Luiza D. V. Torriani ATM 2024/2 • Prurido vaginal; • Odor desagradável; • Leucorreia amarelo-esverdeada; • Disúria. O diagnostico dificilmente é feito pelo aspecto clinico, por esse ser muito inespecífico, então se usa o exame a fresco, onde se observam organismos ovoides e flagelados móveis que são os tricomonas. O teste das aminas também é positivo e libera odor. Outra característica importante é que o tricomonas pode impacta na mucosa, ele provoca uma reação inflamatória muito mais intensa do que a candidíase e a vaginose bacteriana. Então ela provoca um aspecto chamado de colo “tigróide” ou em “morango”, que nada mais são do que pápulas hiperemiadas. Apesar de ser uma DST e provocar esse processo inflamatório no colo, ele é extremamente simples de se tratar. As medicações utilizadas são: metronidazol (2g dose única) e secundariamente tinidazol (2g dose única). OBS: não se usa tratamento tópico para a tricomoníase. Conclusão: • Uma das principais patologias no meio da ginecologia e obstetrícia; • Fácil diagnostico; • Fácil tratamento; • Visualização microscópica do que predomina em cada uma das patologias;
Compartilhar