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Resumo de Ginecologia

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1 Luiza D. V. Torriani ATM 2024/2 
P1 de Ginecologia e 
Obstetrícia 
 
Anticoncepção não hormonal 
 
A eficácia da contracepção (resultado obtido com o uso 
em condições ideais) é expressa por meio do índice de 
Pearl (falha teórica), que corresponde ao número de 
gestações (falha) em 100 mulheres que utilizaram o 
método corretamente durante 1 ano. Já a efetividade 
(falha de uso) do método resulta do uso corrente, tanto 
correto como incorreto. 
A falha existe em todos os métodos, mas é maior nos 
utilizados durante a relação sexual. Os métodos 
naturais apresentam a necessidade de abstinência 
sexual durante muitos dias ao longo do ciclo como 
causa de descontinuidade e falha. A maior variação 
entre a eficácia e a efetividade ocorre com o método 
do ritmo; e a menor, com os métodos contraceptivos 
reversíveis de longa duração (LARCs, do inglês long-
acting reversible contraception) e a esterilização. 
Para a escolha do método contraceptivo, é preciso 
conhecer os diferentes métodos, comparar seus 
resultados, e avaliar a continuidade de uso e os 
principais riscos. Este último parâmetro é importante 
porque a contracepção é geralmente necessária 
durante um período prolongado, sendo a adesão 
condicionada, entre outros fatores, pela maior 
facilidade de uso. 
Métodos de barreira: 
 
• Masculino: preservativo. 
• Femininos: preservativo, diafragma, capuz 
cervical, espermaticidas, esponjas, DIU. 
Métodos comportamentais: 
 
• Coito interrompido, ritmo, temperatura basal 
(Billing), muco cervical, sintotérmico. 
• São baseados na percepção da fertilidade pela 
mulher, impondo conhecimento adequado do 
ciclo menstrual, abstinência sexual periódica 
ou interrupção do coito. 
Coito interrompido ou ejaculação extravaginal: 
 
• Retirada do pênis da vagina quando o homem 
percebe que está na iminência de ejacular. 
• Exige motivação e autocontrole. 
• Comum: Insatisfação sexual de um ou ambos 
parceiros, pois nem sempre ambos chegam ao 
clímax ao mesmo tempo. 
• Disfunção sexual. 
• Não oferece proteção DST/HIV. 
• Pearl: 25 gestações/100 mulheres/ano 
Deve ser um método desencorajado em razão de sua 
baixa eficácia, riscos de disfunções sexuais e nenhuma 
proteção contra DST. 
Relação sem penetração: 
 
• Como o próprio nome já diz, são relações 
baseadas em sexo oral e masturbação, no 
entanto além de poder gerar insatisfação 
sexual de um ou ambos parceiros, não previne 
de doenças sexualmente transmissíveis. 
Ritmo (ogino-knaus ou tabela): 
 
• Encontrar o período fértil, quando as relações 
sexuais devem ser evitadas. 
• Ciclos regulares – observação 6 a 12 dias. 
• Início período fértil: diminuir 18 ciclo mais 
curto. 
• Fim do período fértil: diminuir 11 do ciclo mais 
longo. 
• 14 e 47 gestações/100 mulheres/ano. 
 
Muco cervical (método de Billings): 
 
• Pesquisar presença de muco filante, 
transparente e profuso que coincide com a 
ovulação. 
 
2 Luiza D. V. Torriani ATM 2024/2 
• Interromper as relações sexuais quando notar 
o muco – 4 dias. 
• 5,3 e 32,1 gestações/100 mulheres/ano. 
Temperatura basal: 
 
• Ação da progesterona sobre o centro 
termorregulador do hipotálamo. 
• Registro diário de temperatura. 
• Ovulação: Aumento de 0,3 a 0,8ºC. 
• Abster-se de RS até 3 dias. 
• 0,3 a 6,6 gestações/100 mulheres/ano. 
 
Sintotérmico: 
 
• Combina o método da temperatura com os 
sinais e sintomas que indicam ovulação. 
• Muco/calendário: Início período fértil. 
• Muco/temperatura basal: Fim período fértil. 
• 4,9 a 34,4 gestações/100 mulheres/ano. 
 
OBS: Melhora eficácia do método e diminui o tempo de 
abstinência com o método sintotérmico; esses 
métodos comportamentais podem estar bem 
indicados p casais religiosos, mas ainda são muito 
incertos. 
 
Condom masculino: 
 
• Látex, no entanto, hoje em dia já existe de 
outros materiais para quem possui algum tipo 
de alergia. 
• Fácil acesso. 
• Proteção DST. 
• Não - controle médico. 
• Requer motivação. 
• Manipulação no ato sexual. 
• Roturas/ reação alérgica. 
• Mau uso do método: Pearl 9,6/100 
mulheres/ano. 
Condom feminino: 
 
O preservativo feminino é uma bolsa cilíndrica feita de 
plástico fino, transparente e suave, limitado por dois 
anéis flexíveis, um em cada extremidade. Pode ser 
inserido antes da relação sexual, não se desloca 
durante a ereção peniana e não precisa ser retirado 
imediatamente após a ejaculação. 
• Capacitação da mulher. 
• Proteção DST e HIV. 
• Inserção: até 8 horas antes da RS. Isso se torna 
uma desvantagem. 
• Não é necessário retirar imediatamente após 
RS. 
• Eficácia: 90 a 97%. 
• Pouco estética, pode ser ruidoso e 
desconfortável. Custo. 
Espermicida: 
 
• Disponível em tabletes de espuma, geleia ou 
creme, funciona provocando a morte dos 
espermatozoides ou desacelerando seus 
movimentos. Inativam espermatozoides, 
devido a lesão de sua membrana celular. 
• Nonoxinol-9 (mais utilizado), octoxinol-9, 
menfegol. 
• Associados aos outros métodos. 
• Eficácia: 70 a 97%. Falha entre 2 a 29 
gravidezes por cem mulheres/ ano – espuma 
aerossol e 4 a 36 entre as usuárias de geleias 
ou cremes. 
• Não aconselhado. 
 
OBS: Seu uso com preservativos masculinos foi 
proscrito pela OMS, pois pode aumentar o risco de 
contaminação pelo vírus da imunodeficiência humana 
(HIV). 
 
Diafragma: 
 
O diafragma é um dispositivo de látex ou silicone em 
formato de capuz que cobre o colo uterino. Apresenta-
se em diferentes tamanhos, o qual deve ser indicado 
pelo ginecologista. Tem ação mecânica, impedindo a 
 
3 Luiza D. V. Torriani ATM 2024/2 
ascensão dos espermatozoides no trato genital. A 
eficácia depende da colocação correta antes da relação 
sexual. 
• Associar ao espermicida. 
• Pode ser inserido até 2 horas antes. 
• Retirada: 6 a 8 horas após a RS. 
• Uso correto (eficácia): 90 a 98%. 
• Contraindicações: Virgens, infecções vaginais, 
DIP, alterações anatômicas e distopias 
vaginais. 
 
OBS: O tamanho deve ser reavaliado a cada parto, 
ganho ou perda de peso. 
 
 
Esponjas: 
 
• Custo elevado e dificuldade de aquisição. 
• Contraindicações: mesmas do diafragma. 
• Eficácia: as taxas de gravidez variam de 9 a 27 
por cem mulheres/ano. 
As esponjas modernas são feitas de poliuretano 
associado ao espermaticida Nonoxinol-9. 
Formato ligeiramente côncavo para adaptar-se melhor 
ao colo uterino, devendo ser umedecidas antes da sua 
colocação para ativar o espermaticida. 
• Remoção: 6 a 8 horas após a última relação 
sexual. 
DIU (dispositivo intrauterino): 
 
• Época de inserção é no período menstrual. O 
colo do útero fica mais dilatado, o que facilita 
a colocação e se sabe com certeza que a 
paciente não está gravida. 
• Cuidados de inserção: 
➔ Puerpério: imediatamente após 
dequitação ou após 35 dias pode ser 
colocado. 
➔ Pós aborto: 7 dias pós-curetagem em 
abortos não infectados, isso mudou, já 
pode se colocar logo após o aborto ainda 
no hospital. 
 
OBS: Falar de quando não inserir no puerpério 
imediato; falar da contracepção imediata e do retorno 
imediato à fertilidade após a retirada. 
 
Mecanismo de ação: 
 
Interfere no processo reprodutivo antes do óvulo 
atingir cavidade uterina 
 
Reação inflamatória: Alterações endometriais, 
trompas e colo uterino. 
 
• DIU c/ progesterona: atrofia endometrial, 
viscosidade do muco cervical 
• Se deve falar sobre anticoncepção com a 
mulher até ela entrar na menopausa por volta 
dos 50 anos. 
 
OBS: O risco de colocar com anestesia geral é de não 
sentir o fim do útero e ir adiante, machucando a 
paciente. Se leva em torno de 1 a 2 minutos para inserir 
o DIU. Se não enxergar o fio do DIU significa que esse 
se moveu de lugar e consequentemente pode ter 
ocorrido uma gestação. 
 
• A escolha de qual o melhor DIU a ser colocado 
leva em consideração a idade, paridade e risco 
de DST da paciente. 
• Eficácia, reversibilidade, nãointerferência na 
vida sexual do casal são as principais 
vantagens. 
• Hoje em dia contamos com o DIU de cobre, 
que não possui componente hormonal: Tcu200 
– Tcu380 – Multiload. 2 gestações/100 
mulheres/ano. 
• Além desse, ainda se tem o Mirena e o Kyleena 
que são com componentes hormonais, 
progestasert e levonogestrel respectivamente. 
0,2 gestações/100 mulheres/ano ambos. 
Contraindicações absolutas: 
➔ Gestação confirmada ou suspeitada. 
 
4 Luiza D. V. Torriani ATM 2024/2 
➔ Câncer de colo uterino – pré-câncer ou 
citopatologico. 
➔ Câncer de endométrio e de ovário. 
➔ Coriocarcinoma - é um tipo de câncer que se 
desenvolve durante ou após a gestação, 
denominado de doença trofoblástica 
gestacional maligna (DTG) que se desenvolve a 
partir da proliferação celular anormal de 
trofoblastos após a fertilização. 
➔ Tuberculose pélvica - é uma forma de 
tuberculose extrapulmonar cuja incidência 
vem aumentando no mundo ocidental. Esta 
entidade frequentemente é acompanhada de 
achados clínicos e laboratoriais que podem ser 
inespecíficos e mimetizar outras doenças, 
inclusive neoplasias ginecológicas. 
➔ Dois ou mais episódios de DIP prévios. 
➔ Cervicite aguda - também conhecida por 
endocervicite, é uma inflamação do colo do 
útero provocada por uma variedade de 
organismos. Já a cervicite crônica, é uma 
alteração no colo do útero que não causa 
problemas a mulher e acomete em maior 
proporção mulheres após o parto e que usam 
pílula. 
➔ Infecção pós-parto ou aborto. 
➔ Sangramento vaginal de etiologia 
desconhecida. 
➔ Alterações anatômicas do útero e morfológicas 
– histosalpingografia é o exame feito para 
analisar. 
OBS: Aqui se refere ao DIU de cobre, no entanto o de 
levonogestrel possui as mesmas contraindicações. 
OBS: Não é uma contraindicação colocar DIU em uma 
paciente nulipara (que nunca engravidou), no entanto, 
tem médicos que possuem receio de colocar nessas 
mulheres devido ao fato do útero nunca ter sido 
estimulado a aumentar de tamanho. 
 
Efeitos colaterais: 
➔ Dor pélvica. 
➔ Sangramento anormal. 
➔ Infecção. 
Complicações: 
➔ Gravidez. 
➔ DIP - Doença inflamatória pélvica (Infecção dos 
órgãos reprodutores femininos. Geralmente, 
ocorre quando bactérias sexualmente 
transmissíveis se propagam da vagina para o 
útero, as tubas uterinas ou os ovários. Os 
sintomas mais comuns incluem dor pélvica e 
febre. Pode haver secreção vaginal. O 
tratamento inclui antibióticos. 
➔ Expulsão. 
➔ Perfuração. 
OBS: O número de parceiros ao ano para que uma 
pessoa seja considerada promiscua e que mostre uma 
situação preocupante para o surgimento de HPV e 
outras doenças sexualmente transmissíveis é 3 
segundo os órgãos. No entanto se tem uma grande 
discussão acerta do assunto, pois atualmente tanto 
homens quanto mulheres estão tendo relações com 
muito mais que 3 parceiros ao ano. 
 
Ligadura/laqueadura tubária: 
 
• Método permanente de contracepção, 
operacionalizado através da obstrução do 
lúmen tubário. 
Segundo a Portaria 048/fevereiro 99 Ministério da 
Saúde esse procedimento é permitido em pacientes 
com: capacidade civil plena, 25 anos / 2 filhos vivos, 60 
dias, risco de vida/saúde. 
 
Isso é uma realidade que está mudando, deve ser 
conversado com o casal ou com a mulher e cada caso 
é um caso. O SUS hoje oferece a laqueadura, a paciente 
passa por uma triagem, assina em cartório, e uma 
equipe multidisciplinar atende essa paciente em vários 
estágios do processo. A paciente tem que estar 100% 
ciente do que está ocorrendo. 
 
É vedada: Pós-parto ou pós-aborto (42º d) – exceto 
comprovada necessidade, pois a paciente pode ter 
picos emocionais, entrar em depressão puerperal, 
então o recomendado é esperar. 
 
Hoje não é mais um método tão irreversível assim, 
porque existe cirurgia para reverter o caso, além de 
que atualmente existe a fertilização que pode ser feita 
tanto em homens com vasectomia quanto em 
mulheres com laqueadura. EX: pelé. 
 
OBS: não existe serviço de fertilização pelo SUS e ainda 
é um procedimento muito caro para a população em 
geral. 
 
Deve ficar reservada: a casais que têm a sua prole 
completa, estão absolutamente conscientes de que é 
 
5 Luiza D. V. Torriani ATM 2024/2 
um método irreversível ou têm contraindicações 
clínicas absolutas para nova gestação e para o uso dos 
demais métodos contraceptivos confiáveis 
 
 
• Índice de falha: 0,1 a 0,3. 
➔ As falhas podem ser classificadas em 5 
categorias: paciente grávida no 
momento da esterilização, erro 
cirúrgico (30 a 50% das falhas), falha 
no equipamento (laparoscopia), 
fistulização e reanastomose 
espontânea. 
• Técnicas: videolaparoscopia, mini laparotomia 
e vasectomia. 
Mecanismo de Ação: 
 
A laqueadura tubária obstrui as tubas uterinas não tem 
ação sobre a produção de hormônios femininos. 
 
 
Complicações: 
• Variam de acordo com a técnica, o método e a 
via de acesso empregados. 
Benefícios: 
• Não interfere nas relações sexuais; 
• Não interfere na libido; 
• Não tem efeitos sobre o leite materno. 
• Não apresenta efeitos colaterais a longo prazo 
ou riscos à saúde. 
Riscos: 
• Complicações da cirurgia: infecção e 
sangramento no local da incisão, infecção ou 
sangramento intra-abdominal, lesão de órgãos 
pélvicos ou abdominais 
“Efeitos colaterais”; 
• Gravidez (> risco gravidez ectópica); 
• Fluxo menstrual aumentado /cólicas. 
 
OBS: A china é o país que mais faz procedimentos de 
laqueadura tubaria no mundo, devido a política do 
filho único. 
Vasectomia: 
 
• É a secção e/ou oclusão do canal deferente de 
caráter permanente. 
Efeitos Colaterais: 
• Leve mal-estar durante 2 a 3 dias após o 
procedimento; 
• Dor, edema ou hematoma no escroto. 
Benefícios: 
• Não interfere nas relações sexuais; 
• Não afeta o desempenho sexual do homem; 
• Não apresenta: efeitos colaterais a longo prazo 
ou riscos à saúde. 
Riscos: 
• Infecção e sangramento no local ou dentro da 
incisão formação de coágulos no escroto são 
complicações raras da cirurgia. 
• São muito raros. 
 
OBS: A vasectomia é muito mais segura para os 
pacientes do que a laqueadura, além de ser uma 
cirurgia muito mais barata, no entanto a laqueadura 
ainda é mais feita que a vasectomia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 Luiza D. V. Torriani ATM 2024/2 
Anticoncepção hormonal 
 
Os anticoncepcionais hormonais são esteroides 
utilizados isoladamente ou em associação de 
estrogênios e progestágenos e eles possuem a 
finalidade básica de impedir a concepção. 
O contraceptivo ideal é aquele que faz uma prevenção 
eficaz de gravidez, que possui uma aceitação pela 
usuária, tolerabilidade, faz adequadamente o controle 
do ciclo dessa paciente, além de manter a estabilidade 
do peso, condições favoráveis à pele, segurança e 
menores efeitos adversos. 
Os anticoncepcionais hormonais podem ser divididos 
pela sua via de administração: 
→ Via oral: anticoncepcionais combinados, 
anticoncepcionais só progestogenios e 
anticoncepcionais de emergência. 
→ Via não oral: intramuscular, vaginal (anel e 
comprimido), transdermico (adesivo semanal), 
subdermico (implantes) e intrauterino (DIU). 
Formulação: 
 
Estrogênio (é fixo): ETINILESTRADIOL – EE é o 
componente estrogênico mais utilizado e foi 
gradualmente reduzido: 100, 80, 50, 30, 20, 15μg, 
assim reduzindo os seus riscos. Quanto menor a dose 
hormonal, menores são os eventos adversos, sem 
prejuízo da eficácia. 
Progestogênio (é variável): acetato de ciproterona, 
levonorgestrel, gestodeno, desogestrel, norgestimato, 
drosperinona. 
Mecanismo de Ação: 
 
Os ACOs combinado inibem a secreção de 
gonadotrofinas, impedindo a ovulação. 
Mecanismo de ação do Progestogênio: 
→ Atua em nível central = supressão da ovulação por 
bloqueio hipofisário do LH - bloqueia o pico de LH; 
• Mesmo havendo algum recrutamento 
folicular, a ação sobre o LH garantirá a eficácia 
contraceptiva. 
• Atrofiado endométrio - não receptivo à 
nidação; 
• Espessamento do muco cervical - hostil à 
ascensão do espermatozoide; 
• Alteração do peristaltismo tubário. 
Mecanismo de ação do Estrogênio: 
→ Atua sobre o FSH = impede o desenvolvimento 
folicular e a emergência do folículo dominante; 
• Estabiliza o endométrio - evita o spotting 
(descamação irregular/ sangramento de 
escape); 
• Potencializa a ação do progestogênio por meio 
do aumento dos receptores intracelulares para 
esse hormônio. Por isso, uma mínima dose de 
estrogênio é necessária para manter a eficácia 
da pílula combinada. 
Nas pílulas combinadas, o efeito da progesterona é 
predominante! 
Categorias: 
 
Monofásicas - são as mais comuns, encontradas em 
embalagens de 21 ou 22 comprimidos ativos. A grande 
maioria tem 21 comprimidos. Todos os comprimidos 
ativos têm a mesma composição e dose. Para algumas 
marcas, as embalagens contêm, além das pílulas ativas, 
6 ou 7 de placebo para completar 28 comprimidos. 
Bifásicas - contêm dois tipos de comprimidos ativos, 
com os mesmos hormônios em proporções diferentes. 
Devem ser tomados na ordem indicada na embalagem. 
Trifásicas - contêm três tipos de comprimidos ativos, 
de diferentes cores, com os mesmos hormônios em 
proporções diferentes. Devem ser tomados na ordem 
indicada na embalagem. 
Observação: A principal diferença entre os 
monofásicos e os bifásicos e trifásicos é que os últimos 
podem mudar tanto a quantidade quanto o tipo de 
hormônio nos diferentes momentos do ciclo de 
ingestão das pílulas. 
Critérios de elegibilidade de acordo com as categorias: 
 
CATEGORIAS: 
Categoria 1: O método pode ser empregado, não há 
restrição. 
Categoria 2: As vantagens são maiores que os riscos, 
por isso o método anticoncepcional é empregado. 
 
7 Luiza D. V. Torriani ATM 2024/2 
Categoria 3: O método não deve ser empregado, 
exceto quando o médico julga que a paciente pode 
usar. Deve ser realizado acompanhamento. 
Categoria 4: O método não deve ser empregado. 
CATEGORIAS DE ACORDO COM AS ALTERAÇÕES 
FISIOLÓGICAS: 
Categoria 1: História familiar de trombose venosa 
profunda ou tromboembolismo pulmonar de primeiro 
grau; veias varicosas, história familiar de câncer de 
mama. 
Categoria 2: Tabagista com menos de 35 anos; 
trombose de veia superficial; diabetes do tipo 1 e 2 sem 
doença vascular; enxaqueca sem aura e com menos de 
35 anos no início; hipercolesterolemia. 
Categoria 3: Tabagista com mais de 35 anos e com 
menos de 15 cigarros ao dia; história de HAS quando a 
PA não pode ser aferida; HAS controlada quando se 
pode avaliar a PA; PA não controlada (PAS maior ou 
igual 140-159, PAD maior ou igual 90-99 mmHg); DM 
complicada dependendo do grau; vasculopatia ou DM 
a mais de 20 anos dependendo do grau da doença de 
base; enxaqueca sem aura com menos de 35 para 
continuação; enxaqueca sem aura com mais de 35 anos 
para início; câncer de mama se doença passada. 
Categoria 4: Tabagista com mais de 35 anos com mais 
de 15 cigarros por dia; PA não controlada (PAS maior 
que 160 e PAD maior que 100); trombofilias familiares 
(mutação do fator cinco de Leiden, mutação da 
protrombina); DM complicada dependendo do grau; 
vasculopatia ou DM a mais de 20 anos dependendo do 
grau da doença de base; enxaqueca sem aura com 
mais de 35 anos para continuação; enxaqueca com 
aura em qualquer idade; câncer de mama se doença 
atual. 
Gerações de anticoncepcionais: 
 
Segundo o Rotinas: a classificação dos ACOs em 
gerações, frequentemente adotada, parece variar 
substancialmente, não havendo consenso entre 
diferentes publicações. 
Classificação dos ACOs combinados em gerações: 
Primeira geração: ACO com 50mcg ou mais de EE. 
• 1960; Efeitos adversos intensos. 
Segunda geração: ACO com 35 ou 30 mcg de EE, 
associados a levonorgestrel ou ciproterona. 
• 1970; menores efeitos adversos, porém risco 
aumentado de trombose venosa. 
Terceira geração: ACO com 30mcg ou menos de EE, 
associados a progestágenos de terceira geração, como 
desogestrel, gestodeno ou norgestimato. 
• 1990; Risco maior de tromboembolia; menores 
efeitos colaterais. 
ACOs combinados com drospirenona. (achei em um 
site: O tipo mais recente de pílulas contraceptivas 
contém progesteronas como a drospirenona, o acetato 
de nomegestrol ou o dienogest. As pílulas deste grupo 
incluem a Yasmin (que contém etinilestradiol e 
drospirenona), a Zoely (com hemi-hidrato de estradiol 
e acetato de nomegestrol) e a Qlaira (com valerato de 
estradiol e dienogest).) 
• 2000; efeitos adversos semelhantes, mas 
intensidade menor; 
Segundo rotinas: Essa classificação parece ter razões 
puramente cronológicas (momento do lançamento do 
produto no mercado farmacêutico), referindo-se à 
dose de etinilestradiol (EE) e ao tipo de progestágeno 
ou ao tipo de progestágeno unicamente; também se 
refere à seletividade do progestágeno (derivado de 
estranas ou gonanas) ou, ainda, não apresenta 
definição clara. Pela discordância de informações, é 
preferível conhecer as diferentes combinações e suas 
respectivas dosagens hormonais. 
Não existe justificativa para o emprego de ACOs de 
primeira geração, pois ACOs com menos de 50ug de EE 
apresentam a mesma eficácia contraceptiva, com 
definido menor risco de fenômenos tromboembólicos 
e cardiovasculares. Comparando ACOs com diferentes 
concentrações de EE (35,30, 20 ou 15ug), todos têm 
eficácia e perfil de efeitos adversos similares. A 
principal vantagem da redução hormonal seria uma 
provável redução do risco cardiovascular. O menor 
risco cardiovascular para ACOs com dose de EE 
ultrabaixa (15ug) ainda não foi claramente 
demonstrado e, em contrapartida, definidamente 
exercem menor controle de ciclo (menos ciclos 
normais, mais sangramentos de escape, maior 
ausência de sangramento de retirada). 
Em relação aos ACOs de 3ª geração, deve-se considerar 
o fato de teoricamente apresentarem menor 
androgenicidade (redução de acne, oleosidade da pele 
 
8 Luiza D. V. Torriani ATM 2024/2 
e do cabelo), porém o dobro de risco de fenômenos 
tromboembólicos quando comparados aos de 2ª 
geração. 
A combinação com drospirerona (DRSP) não parece 
diferir dos demais progestágenos em relação ao risco 
de trombose venosa profunda (TVP). Apesar de alguns 
fármacos comercializarem a ideia de serem 
especialmente benéficos nessa condição, é importante 
lembrar que o uso contínuo de qualquer ACO 
combinado resulta em melhora das características 
androgênicas, com exceção da superioridade da 
ciproterona no tratamento da acne inflamatória. 
Segundo artigo compartilhado da professora: Em 1995, 
demonstrou-se que COC contendo progestagênios de 
terceira geração (gestodeno, desogestrel) associavam-
se a um risco duas vezes maior de trombose do que os 
que continham progestagênios de segunda geração 
(levonorgestrel). 
Relação dos anticoncepcionais e riscos tromboembólicos: 
 
Contraceptivos hormonais orais normalmente são 
formados por uma associação de estrogênio (em geral 
é sempre o etinilestradiol - EE) e um progestagênio – 
podendo também ser utilizado uma forma de apenas 
progestagênios isolados (sem o componente 
estrogênio). 
EE (etinilestradiol): induz alterações significativas no 
sistema de coagulação – culmina o aumento da 
geração de trombina. Ocorre também aumento dos 
fatores de coagulação (fibrinogênio, VII, VIII, IX, X, XII e 
XIII) e redução dos inibidores naturais da coagulação 
(proteína S e antitrombina). Possui elevada potência 
biológica comparado ao estradiol (mil vezes mais 
potente), exacerba a produção de angiotensinogênio 
hepático que por sua vez causa elevação da pressão 
arterial pelo sistema renina-angiotensina-aldosterona. 
Os anticoncepcionais, por possuírem a finalidade de 
bloquear a ovulação – inibindo a secreção dos 
hormônios folículo-estimulantes (FSH) e luteinizante 
(LH), que aumenta a espessurado muco cervical, que 
dificulta a passagem dos espermatozoides; além de 
tornar o endométrio não receptivo à implantação e 
alterar a secreção e peristalse das trompas de falópio – 
causa resistência às proteínas C-reativas à que são 
anticoagulantes naturais do organismo. Com isso, o 
sistema circulatório fica desequilibrado e mais propício 
a criar coágulos e, consequentemente, eventos 
relacionados à trombose. 
Os vasos sanguíneos são alvos dos efeitos dos 
hormônios sexuais femininos pois existem receptores 
de estrogênio e progesterona em todas as camadas 
constituintes dos vasos. 
• 1 caso de TA para cada 5-10 casos de TVP 
Trombose arterial (TA): principal determinante para 
ocorrer é quando há lesão do endotélio. pode parar o 
fluxo de importantes vias do cérebro, coração e outros 
órgãos; sendo responsáveis pelo AVE (acidente 
vascular encefálico) e IAM (infarto agudo do 
miocárdio). 
Trombose Venosa Profunda (TVP): principais fatores 
etiopatogênicos para o desencadeamento são: estase 
sanguínea e hipercoagulabilidade. 
• O risco é dependente da dosagem de EE e do 
tipo de progestagenios quando o ACO for 
combinado. 
• Se for composto por progestagenios isolado 
não apresenta alteração significativa no risco 
de TVP. 
Doses de EE maiores do que 0,05mg estão associadas a 
um aumento de 2x o risco de TVP quando comparada 
à baixa dosagem desse hormônio (menos de 0,05mg). 
ACO combinados com progestagenios de 3ª geração 
(gastodeno, desogestrel) estão associados ao 
desenvolvimento da resistência adquirida a proteína C 
reativa e a uma tendência de produzir níveis mais altos 
de fatores de coagulação e níveis mais baixos de 
anticoagulantes naturais quando comparados aos ACO 
da 2ª geração (levonorgestrel). 
Apesar de a ocorrência de TA ser infrequente em 
mulheres jovens, as mudanças comportamentais – 
baixa frequência de alimentos ricos em fibras, aumento 
da proporção de gorduras saturadas e açúcares da 
dieta, associadas a um estilo de vida sedentário – têm 
aumentado os riscos para o seu aparecimento durante 
a vida reprodutiva. Dessa forma, em mulheres com 
fatores de risco para doença cardiovascular (DCV) 
(como fumantes, hipertensas, obesas, portadoras de 
hipercolesterolemia ou diabete melito) os 
contraceptivos hormonais devem ser prescritos com 
cautela. Normalmente, os eventos tromboembólicos 
ocorrem dentro do primeiro ano de uso do 
contraceptivo hormonal, especialmente após o quarto 
mês do início do uso. Os ACO combinados aumentam o 
risco de trombose venosa e arterial mesmo em 
mulheres sadias, mas esse risco é baixo, pois as 
preparações disponíveis no mercado atualmente (EE 
 
9 Luiza D. V. Torriani ATM 2024/2 
menor que 0,05mg) são consideradas de baixo risco 
para TVP e TA em pacientes sem risco. 
• ACO associados: como componente 
progestagênico, o levonorgestrel possui o 
menor risco de TVP. 
• Pacientes de risco para TVP ou história prévia 
de TVP: utilizar os contraceptivos de 
progestagenios isolado – que não estão 
associados ao aumento do risco de eventos 
trombóticos. 
Mulheres com HAS: ACO combinados, por conterem o 
etinilestradiol, sempre alteram a PA, mesmo em baixas 
doses. Em mulheres saudáveis, essa alteração não traz 
repercussões clínicas, porém deve-se evitar o seu uso 
em hipertensas. Assim, em mulheres com HAS, preferir 
os não hormonais ou somente com progestagênio, pois 
o EE potencializa o risco para trombose arterial e altera 
o controle da PA nessas pacientes. 
Pacientes com trombose prévia ou trombofilia 
(herdada ou adquirida): não utilizar contracepção 
hormonal combinada; independente da via 
administrada. Progestagenios isolados (em qualquer 
via de administração) e os métodos não hormonais 
como condom e dispositivo intrauterino com cobre são 
permitidos. 
Pacientes de risco para trombose venosa (obesas, 
presença de síndrome metabólica, tabagistas, idade 
superior a 40 anos e antecedente familiar de 
trombose): preferível fazer o uso de ACO com 
progestagênio isolados – apesar do uso de EE ser 
permitido (com exceção de tabagistas com idade maior 
ou igual a 35 anos) à utilizar EE associado ao 
levonorgestrel (2ª geração). 
Contraindicações absolutas: 
 
• Tromboembolismo, AVE, doença arterial 
coronariana atuais ou prévios, ou condições 
que predispõem a esses problemas (cuidar 
c/varizes). 
• Hepatopatia aguda ou crônica. 
• Câncer de mama ou neoplasia hormônio 
dependente. 
• Sangramento vaginal anormal sem 
diagnóstico. 
• Gestação conhecida ou suspeitada. 
• Fumantes acima dos 35 anos de idade. 
• DM insulina dependente grave. 
• Hipertensão arterial grave. 
Benefícios: 
 
Evita a gravidez porque impede a ovulação, por inibir 
a secreção de gonadotrofinas. 
O componente progestogênico inibe a secreção do LH, 
bloqueando o pico desse hormônio que é necessário 
para ovulação. E o componente estrogênico age sobre 
o FSH, impedindo o desenvolvimento do folículo 
dominante. 
E, além disso, o endométrio é atrófico, não receptivo à 
nidação, o muco cervical é espesso e o transporte do 
óvulo é prejudicado, então tudo isso aumentam a 
eficácia do método anticonceptivo. 
Regula ciclo menstrual 
Geralmente, quem toma anticoncepcional sabe 
exatamente o dia que vai ter o sangramento, chamado 
de “sangramento de privação”, porque é induzido pela 
retirada dos hormônios durante a pausa do 
anticoncepcional, essa pausa dura, em média 7 dias. 
Depois, volta a tomar a pílula e o sangramento cessa. 
Redução de risco de câncer de ovário 
Essa redução de risco de câncer de ovário está 
relacionada diretamente à duração de uso, por 
exemplo, uma redução de 50% no risco em 5 anos, 
iniciando dentro de 10 anos do primeiro uso e 
persistindo; 
Alivia mastodinia, cólicas menstruais intensas e 
tensão pré-menstrual; 
Esse alívio das cólicas é devido à redução da 
quantidade de prostaglandinas pelo uso da pílula, e são 
essas prostaglandinas que causam as contrações 
uterinas, pois comprimem os vasos sanguíneos e, 
consequentemente, causam dor. Em relação à TPM, o 
anticoncepcional oferece uma estabilidade da 
flutuação hormonal feminina, melhorando as reações 
emocionais. 
Melhora acne e hirsutismo 
Os anticoncepcionais orais são eficazes na redução da 
oleosidade da pele e do hirsutismo, porque eles 
suprimem a secreção de LH e, então, diminui a 
secreção de androgênios ovarianos. O componente 
estrogênico estimula a produção hepática de SHBG, 
que diminui a testosterona livre. 
Mesmo quando os potenciais riscos à saúde 
decorrentes do uso do ACO são contemplados, o 
 
10 Luiza D. V. Torriani ATM 2024/2 
resultado final é o benefício para essas mulheres, 
especialmente devido à alta eficácia em evitar a 
gravidez e à redução de risco de câncer de ovário. 
Malefícios dos ACO hormonais: 
 
Náusea, instabilidade emocional, mastalgia, 
enxaquecas, diminuição na libido. Também podem 
ocorrer melasma, aumento da incidência de adenoma 
hepático, depressão/estados depressivos, aumento de 
peso, retenção de líquido. Aumento da incidência de 
fenômenos tromboembólicos, acidente vascular 
cerebral, infarto do miocárdio. 
Anticoncepcionais orais só com progesterona: 
 
O que São as Pílulas Só de Progestógeno? 
São pílulas que contêm doses muito baixas de um 
progestógeno semelhante ao hormônio natural 
progesterona, existente no corpo da mulher. Não 
contêm estrógeno e, por isso, podem ser usadas 
durante toda a amamentação e por mulheres que não 
utilizam métodos com estrógeno. ACOs somente de 
progesterona são comumente prescritos quando as 
mulheres desejam tomar contraceptivos orais, mas o 
estrogênio é contraindicado. 
As pílulas só de progestógeno (PSPs) também são 
conhecidas como “minipílulas” e anticoncepcionais 
orais só de progestógeno. 
Seu funcionamento básico ocorre pelo espessamento 
do muco cervical (fator que bloqueia o esperma que 
busca um óvulo) e pelainterrupção do ciclo menstrual, 
impedindo inclusive a liberação de óvulos pelos ovários 
(ovulação). 
Durante a lactação, quando usados de forma correta e 
consistente, os anticoncepcionais orais de 
progestogênio têm uma taxa de falha de 0,5%, no 
primeiro ano de uso. Em uso habitual, a taxa de falha é 
de 1%. 
O que são progestagênios (as progestinas)? 
As progestinas, também chamadas progestagênios, 
são a forma sintética do hormônio progesterona 
produzida naturalmente pelo organismo. 
Os progestagênios foram concebidos para interagir 
com os receptores de progesterona no organismo com 
o objetivo de causar efeitos semelhantes à 
progesterona. Isso significa que eles fazem coisas 
parecidas com a progesterona natural produzida pelo 
corpo. 
Os progestagênios foram originalmente desenvolvidos 
porque a progesterona natural não é bem absorvida 
quando tomada como pílula por via oral e é 
metabolizada (processada) pelo organismo tão rápido 
que chega a ser pouco eficaz. Agora, a progesterona 
está disponível em uma forma micronizada (partícula 
menor) que é absorvida mais facilmente e dura mais 
tempo no corpo, mas somente os progestagênios – não 
a progesterona micronizada – são usadas em 
anticoncepcionais. 
As conhecidas pílulas do dia seguinte, anticoncepcional 
pós-coito, ou contraceptivo de emergência, são 
preparados de um comprimido que contém apenas o 
progestágeno em uma dosagem alta (1,5 mg) a ser 
administrada até 72 horas após o coito. Sua eficácia 
varia conforme o tempo que passa entre o coito e a sua 
administração. Se administrado em até 72 horas pós-
coito, sua eficácia (Williams e Stancel 1996, p.1062) é 
de 90 a 98%. 
Quem Pode e Quem Não Pode Usar Pílulas Só de 
Progestógeno? 
Praticamente todas as mulheres podem utilizar PSPs de 
forma segura e eficaz, inclusive mulheres que: 
• Estejam amamentando (iniciando a 6 semanas 
depois do parto); 
• Já tiveram filhos ou não; 
• Não sejam casadas; 
• Sejam de qualquer idade, inclusive 
adolescentes e mulheres acima de 40 anos. 
• Acabaram de ter um aborto espontâneo ou 
induzido, ou uma gravidez ectópica; 
• Fumem cigarros, independentemente da idade 
da mulher ou do número de cigarros fumados; 
• Tenham anemia atualmente ou a tiveram no 
passado; 
• Tenham varizes; 
• Estejam infectadas com o HIV, estejam ou não 
em terapia antirretroviral. 
OBS: A pílula de progestogênio não contém estrogênio. 
Muitas das contraindicações para o uso de 
anticoncepcionais orais combinados não se aplicam 
aos anticoncepcionais orais de progestogênio. 
 
 
11 Luiza D. V. Torriani ATM 2024/2 
Geralmente, uma mulher que apresente qualquer um 
dos fatores relacionados abaixo não deveria utilizar 
PSPs. Em circunstâncias especiais, entretanto, quando 
outros métodos, mais apropriados, não estiverem 
disponíveis ou sejam aceitáveis para ela, um 
profissional de saúde qualificado – em condições de 
avaliar cuidadosamente a situação e as condições 
específicas de uma mulher – poderá decidir quanto ao 
uso de PSPs. O profissional de saúde deve levar em 
consideração a gravidade de sua condição e, na maioria 
das situações, se a mulher terá acesso a 
acompanhamento. 
• Amamentando e há menos de 6 semanas após 
o parto; 
• Existência atual de coágulo sanguíneo em veias 
profundas das pernas ou dos pulmões; 
• Teve câncer de mama, tumor, infecção ou 
doença aguda no fígado; 
• Está tomando barbitúricos, carbamazepina, 
oxcarbazepina, fenitoína, primidona, 
topiramato ou rifampicina. Deve-se também 
utilizar um método de apoio porque os 
medicamentos reduzem a eficácia das PSPs. 
Explicações sobre o uso: 
 
Se a mulher atrasou a ingestão da pílula mais do que 
três horas ou esqueceu alguma pílula e já não 
amamenta ou amamenta, mas a menstruação já 
retornou, deve usar também condom ou espermicidas 
ou evitar relações sexuais por dois dias. A mulher deve 
tomar a pílula esquecida assim que possível, e 
continuar tomando uma pílula por dia, normalmente. 
Orientar a mulher sobre os problemas mais comuns 
(exceto para a mulher que não está amamentando). 
Mencionar os efeitos colaterais mais comuns, 
explicando que não são sinais de doenças, comumente 
cessam ou desaparecem após três meses de uso, e que 
muitas mulheres não os apresentam. 
Anticoncepção hormonal injetável: via intramuscular: 
 
Formulações combinadas mensais: 
• Cyclofemina®: 25mg de Acetato de 
Medroxiprogesterona e 5mg de cipioanto de 
Estradiol. 
• Mesigyna®: 50mg de Enantato de 
Norestisterona e 5mg de Valerato de Estradiol. 
• Perlutan, Ciclovular, Unociclo, Daiva®: 150mg 
de Aceofenido de Dihidroxiprogesterona e 
10mg de Enantato de Estradiol. 
Formulações bimestrais (só progestogênio): 
• Acetato de medroxiprogesterona de depósito 
(AMP-D) 100mcg via intramuscular a cada 60 
dias. 
Formulações trimestrais (só progestogênio): 
• Acetato de medroxiprogesterona de depósito 
(AMP-D) 150mcg via intramuscular a cada 90 
dias. Ex..Contracep, Depoprovera. 
Vantagens: eficaz, seguro, fácil de usar não requer 
rotina diária tem ação prolongada, é reversível e 
independente do coito pode ser utilizado durante a 
lactação. 
Anticoncepção hormonal via vaginal: 
 
ANEL VAGINAL: Anel de evastane, transparente, leve, 
flexível, que tem diâmetro externo de 54mm e 
espessura de 4 mm. Liberação de 15 μg EE/dia e 120 μg 
etonogestrel/dia. Proteção contraceptiva semelhante 
à pílula convencional. 
 
12 Luiza D. V. Torriani ATM 2024/2 
 
ANTICONCEPCIONAL VAGINAL - comprimido possuem 
alta eficácia anticoncepcional e melhor tolerabilidade 
(21 comprimidos). Relação sexual somente após uma 
hora colocado A administração por esta via minimiza a 
maioria dos efeitos negativos sobre o metabolismo dos 
lipídeos e das apolipoproteínas e náuseas. 
 
 
Anticoncepção hormonal via transdérmica: 
 
ADESIVO SEMANAL: Adesivo delgado e flexível, que 
libera 20 μg de EE/dia e 150 μg norelgestromina/dia. 
 
 
Anticoncepção hormonal via subdérmica: 
 
IMPLANTES: Implante de etonogestrel – liberação em 
torno de 60μg/dia (Implanon) – validade por 3 anos. 
 
 
 
Anticoncepção hormonal via intrauterina: 
 
DIU – levonorgestrel: 
• Aprovado para 5 anos. 
• O mecanismo de ação é sobre o muco cervical, 
com efeitos endometriais, inibição da 
motilidade espermática, reação a corpo 
estranho e efeito mínimo no eixo hipotálamo-
hipófise-ovário, com mais de 85% das 
mulheres com ciclos ovulatórios. 
• Liberação de 20μg/d de levonorgestrel no 1º 
ano de inserção e 15μg/d do 2º ao 5 º ano. 
• Um cilindro de polidimetilsiloxano de 19mm de 
comprimento, contendo 52mg de 
Levonorgestrel, em forma de T. 
• Deve ser questionado a idade (ciclo de vida: 
adolescência, menacne, climatério), como é o 
ciclo menstrual, se a paciente possui parceiro 
fixo, se possui histórico de doenças (diabete, 
câncer, trombos, HAS, obesidade), se faz uso 
de algum medicamento e como são seus 
hábitos de vida (fumo, sedentarismo). 
• É um método anticoncepcional que pode ser 
usado enquanto tiver possibilidade de 
gestação e a paciente se encaixar nos 
requisitos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 Luiza D. V. Torriani ATM 2024/2 
Ginecologia infanto puberal 
 
A puberdade caracteriza-se por um conjunto de 
modificações biológicas que ocorrem como 
consequência da maturação do sistema nervoso 
central (SNC). Essas modificações resultam no 
aumento da secreção de esteroides sexuais pelas 
gônadas (gonadarca), as quais promovem o 
desenvolvimento das características sexuais 
secundárias e a função reprodutora. 
No feto, as concentrações de gonadotrofinas 
(hormônio folículo-estimulante) e hormônio 
luteinizante [LH) apresentam níveis adultos a partir da 
20ª semana de gestação, pois, nesse período, a 
unidade hipotálamo-hipófise está completamente 
funcionante. Os ovários têm capacidade para a 
esteroidogênese, e seu número de oócitos é máximo.As gonadotrofinas caem à medida que os altos níveis 
de esteroides da unidade feto placentária exercem um 
mecanismo de retro controle negativo. Após o 
nascimento, os estrogênios maternos diminuem no 
recém-nascido, e o mecanismo de retro controle 
negativo é liberado. Então, as gonadotrofinas elevam-
se, e os ovários funcionam em níveis puberais por 
meses. Essa mini puberdade da recém-nascida é 
geralmente subclínica, mas algum grau de 
desenvolvimento mamário pode ocorrer 
eventualmente. A elevação transitória pode persistir 
até os 2 anos de idade. Após os hormônios diminuem a 
níveis pré-puberais e assim persistem até os 8 anos de 
idade, período conhecido como pausa juvenil. 
O início do processo puberal é influenciado por fatores 
genéticos e ambientais, incluindo nutrição infantil e 
obesidade. A leptina é proposta como um dos 
hormônios responsáveis pelo início e pela progressão 
da puberdade. Esse hormônio é produzido pelos 
adipócitos – quanto maior o número de adipócitos, 
maior a produção de leptina. O índice de massa 
corporal (IMC) elevado associou-se a altos níveis 
séricos de leptina e ao desenvolvimento puberal mais 
precoce em meninas. Alguns estudos recentes também 
mostraram a contribuição de fatores genéticos na 
idade da menarca, identificando genes relacionados à 
menarca mais precoce. 
Exame ginecológico: 
 
Finalidade atestar a normalidade genitália externa e 
desenvolvimento caracteres sexuais secundários. 
Reconhecer anatomia, fisiologia, crescimento somático 
puberal normal e maturação sexual. 
Transmitir segurança e comportamento seguro.  
meninas devem ser vistas junto das mães ou 
responsável. Para adolescentes garantir privacidade e 
sigilo. 
Para cada idade em consultas mais frequentes é 
importante focar em determinadas patologias e 
questões que podem estar presentes: 
Infância: 
• Vulvovaginite; 
• Aderência de pequenos lábios; 
• Líquen escleroso; 
• Desenvolvimento sexual precoce; 
• Malformações geniturinárias; 
• Abuso sexual. 
Líquen escleroso 
 
É uma doença crônica de etiologia ainda desconhecida, 
podendo estar relacionada a um processo autoimune. 
Acomete crianças desde os primeiros meses de vida, 
mas aparece, em média, por volta dos 5 anos de idade. 
As queixas em meninas incluem prurido e irritação 
vulvares, disúria e também sintomas gastrintestinais. 
Compromete grandes lábios, área perineal e perianal, 
podendo, em estágios mais avançados, apresentar 
inflamação secundária, erosões, disúria, fissuras e 
inclusive sangramento. A lesão é caracterizada por 
atrofia cutânea e descoloração. O curso natural é 
variável, e frequentemente há a resolução dos 
sintomas até a puberdade; entretanto, 18% das 
crianças afetadas desenvolvem sequelas por longo 
tempo. 27 Em casos graves, as complicações tardias 
incluem fibrose e estenose vaginal, anal e do meato 
uretral, podendo levar à disfunção sexual no futuro. 
 
Nas crianças, o diagnóstico é feito pela inspeção, e uma 
anamnese detalhada pode indicar a necessidade de 
pesquisa de outras condições autoimunes sistêmicas. 
O teste terapêutico, com boa resposta a 
corticosteroides tópicos de alta potência, subsidia o 
diagnóstico. Períodos de remissão e recidiva são 
comuns, e pode ser necessário tratamento 
intermitente com corticosteroides tópicos por anos. O 
risco de malignidade e evolução para carcinoma 
epidermoide em crianças, em contrapartida à doença 
em adultos, é incerto. Ainda assim, sugere-se que seja 
feito acompanhamento a cada 6 ou 12 meses, inclusive 
em pacientes assintomáticas. 
 
 
14 Luiza D. V. Torriani ATM 2024/2 
Adolescência inicial: 
• Fluxo vaginal fisiológico; 
• Alterações menstruais; 
• Dismenorreias; 
• Assimetrias de pequenos lábios e mamas. 
Adolescência média: 
• Irregularidade menstrual; 
• Anticoncepção; 
• Gestação; 
• DST. 
 
OBS: lembrar que as crianças muitas vezes vão 
primeiramente buscar um diagnostico no pediatra, no 
entanto esse muitas vezes encaminha para o 
ginecologista, mas ambos devem saber lidar com tais 
casos e situações. 
 
Em relação à posição adequada do paciente durante o 
exame, os adolescentes devem ficar em litotomia 
(paciente na maca de perneira) e as crianças pode ser 
sentada no colo da mãe, genupeitoral, fletindo pernas 
sobre coxas abduzidas (“pernas de sapo”). 
Fisiologia no exame ginecológico: 
Até 8 semanas: 
• Pequenos lábios mais espessos; 
• Clitóris menor (estrogênio materno ainda está 
presente no corpo do paciente); 
• Pressionado o vestíbulo tem saída de muco: 
presença de cérvice e vagina (4 cm); 
• Hormônios maternos desaparecem em 6-8 
semanas; 
• Mucosa úmida e róseo-esbranquiçada; 
• Aumento mamário no recém-nascido é 
normal; 
• Sangramento (pequeno) por deprivação do 
estrogênio (para em 7-10 dias e é normal 
devido a essa mudança do estrogênio 
presente). 
A partir de 8 semanas até 7 anos: 
• Sem exposição hormonal; 
• Pequenos lábios pouco desenvolvidos – sem 
proteção, pois não há presença de estrogênio; 
• Clitóris pequeno; 
• Vagina visualizada afastando pequenos lábios 
(4-5 cm); 
• Mucosa da vagina fina, vermelha e atrófica 
(não estrogênio); 
• PH alcalino e flora mista não patogênica; 
• Aderência de pequenos lábios (sinequias), 
cuidar (tem que ir estimulando a abertura para 
não desencadear mal cheiro, vulvovaginite, 
entre outros). 
OBS: nessa fase a vagina da criança é muito parecida 
pelas características com a vagina da mulher pós 
menopausa. 
Dos 7 aos 10 anos: 
• Modificações puberais; 
• Vagina de 8 cm; 
• Tipos de hímen – problemas futuros em casos 
de hímen septado e cribiforme. 
 
• Secreção vaginal aumentada – presença de 
estrogênio, não se tem a oposição da 
progesterona. 
Dos 10 aos 13 anos: 
• Vagina de 10-12 cm distensível, úmida e 
pregueada. 
• PH ácido – lactobacilos acidófilos; 
• Corrimento branco, espesso e turvo (não tem 
cheiro nem coceira): presença de estrogênio 
sem oposição – prenúncio da menarca; 
• Conversar e orientar a menina sobre o início da 
menstruação, deixar todas duvidas claras. 
Após os 13 anos: 
• Exame ginecológico igual ao da mulher adulta; 
• Exame completo se já tiver vida sexual; 
• Desenvolvimento das mamas em M2 até a 
menarca, durante 2 anos e 3 meses antes; 
• Estirão puberal (mamas se encontram em M3) 
no último ano antes da menarca. 
• Quando ocorre a menarca as mamas entram 
no estágio de M4. 
 
15 Luiza D. V. Torriani ATM 2024/2 
 
 
 
Anomalias do exame ginecológico: 
 
Mamas: 
Amastia: ausência congênita de glândulas mamárias; 
amazia. 
Hipoplasia: Hipoplasia mamária é uma malformação, 
que afeta cerca de 5% das mulheres. Não é sinônimo 
de mamas pequenas (que geralmente estão associadas 
a pequena quantidade de gordura), mas sim um 
subdesenvolvimento da mama. 
Atelia: ausência de um ou mais mamilos. 
Politelia: Um mamilo supranumerário (também 
conhecido como terceiro mamilo, mamilo triplo, 
mamilo acessório) é um mamilo adicional que ocorre 
nos mamíferos, incluindo os seres humanos. É uma 
condição que afeta 1 em cada 8.000 pessoas. 
Polimastia: é um termo usado para descrever a 
presença de duas ou mais mamas em seres humanos. 
É sinônimo de tecido mamário acessório ou 
supranumerário. O tecido mamário acessório possui a 
mesma capacidade de sofrer alterações benignas e 
malignas que o tecido mamário normal. 
Síndrome de Polland: é uma deformidade rara que 
afeta a região torácica e é caracterizada pelo 
subdesenvolvimento ou ausência do músculo peitoral 
maior de um lado do corpo, e em alguns casos, 
provocando Sindactilia nas mãos. 
Hipertrofia mamaria: pode ser classificada em quatro 
graus de acordo com o tamanho e peso excessivo das 
mamas. 
Hipomastia: caracterizada por mamas que tiveram 
pouco crescimento, ou em alguns casos, nem se 
desenvolveram. 
Gigantomastia: é a mais comum. é o termo utilizado 
para definir as hipertrofias mamárias gigantes, que 
ultrapassamos volumes convencionais. 
Telarca prematura: ocorre sem outros sinais de 
maturação, geralmente ocorre na idade de 2 anos e 
raramente após os 4 anos. A regressão ocorre 
espontaneamente em poucos meses ou persiste até a 
puberdade. 
Vulva: 
• Assimetria de pequenos lábios: existe cirurgia, 
mas não interfere na questão anatômica ou de 
saúde, somente na estética. 
• Sinequias de pequenos lábios. 
Clitóris: 
• Tamanho: aumento por exposição 
androgênica). 
Hímen: 
• Imperfurado: persistência da membrana 
urogenital (resulta em muco/hidrocolpo (água 
na vagina, enche a vagina de água) e 
hematocolpo (sangue na vagina, enche a 
vagina de sangue)). A menstruação fica retida, 
a paciente não vai menstruar, isso acarreta 
muita dor por cerca de 3 a 5 dias. Retém 
secreção, muco, fica com peso na região do 
ventre. A conduta é fazer cirurgia de abertura 
do hímen para que essas secreções e sangue 
desçam. 
 
 
 
16 Luiza D. V. Torriani ATM 2024/2 
Vagina: 
Septo transverso: falha na fusão ou canalização do seio 
urogenital e ductos mullerianos. 
Septo longitudinal: falha na fusão da porção distal dos 
ductos mullerianos – o útero pode ser bicorno com 
uma ou duas cérvices. 
 
Agenesia vaginal: consiste em uma condição congênita 
do trato reprodutivo das mulheres, caracterizando-se 
pela ausência de desenvolvimento do canal vaginal. 
Estima-se que esta desordem acomete 1 em cada 
5.000 mulheres. Síndrome de Rokitansky- a genitália 
externa é normal, útero em vários níveis de 
desenvolvimento, caracteres secundários normais e 
presença ovários. Precisa ser criada uma nova vagina, 
até formar uma neo vagina. (É reto, não tem como ter 
relação sexual). 
 
Útero: 
Resultam da agenesia dos ductos mullerianos ou um 
defeito na fusão ou canalização (ocorre na 
embriogênese): 
• Didelfos; 
• Unicorno; 
• Septo incompleto; 
• Septo completo; 
• Bicorno. 
 
 
 
OBS: o diagnóstico é feito com exames de imagem, a 
histerosalpingografia, pois normalmente a paciente 
não apresenta nenhum tipo de sintomas. Essas 
anomalias uterinas dificultam principalmente em 
mulheres que querem engravidar. As vezes a paciente 
consegue engravidar, mas geralmente leva a aborto ou 
parto prematuro. 
OBS: nenhum tipo uterino desses é possível a 
colocação de DIU. E outro problema relacionado é que 
muitas vezes se tenta a introdução sem saber na 
paciente que não possui ainda relações sexuais que ela 
apresenta um desses tipos uterinos. 
 
Vulvovaginite: 
 
• É a inflamação dos tecidos da vulva e da vagina; 
• 70% das queixas ginecológicas; 
• Etiologia diversa e varia com a idade; 
• Cerca de 25-75% são vaginites inespecíficas; 
• Fluxo vaginal pode ser normal e aumenta com 
os níveis de estrogênio aumentando; 
• Se patológico: odor, ardência, prurido, edema, 
eritema, fissura; 
• Causada por germes da pele circundante ou 
reações alérgicas. 
É uma patologia de distribuição universal, não 
relacionada a fatores étnicos ou climáticos. Apresenta 
padrão de distribuição de faixa etária bimodal, com 
dois picos de incidência, aos 4 e aos 8 anos de idade. 
Na criança, é mais frequente encontrar, inicialmente, 
uma vulvite, sem que haja o comprometimento da 
mucosa vaginal. 
A incidência das vulvovaginites está aumentada na 
presença de infecções bacterianas em outros sítios; 
crianças podem transmitir germes da microbiota 
respiratória para a região vulvar. Existem relatos de 
ocorrência de vulvovaginites após ou durante 
episódios de sinusite, faringite ou tonsilite. 
Em alguns casos, deverá ser lembrada a possibilidade 
de abuso sexual ou até de relações sexuais consentidas 
e desconhecidas dos pais. 
Fatores de risco: 
Anatômicos: vagina-ânus (proximidade, modo de 
limpeza), ausência de pelos, pequenos lábios atróficos, 
grandes lábios planos, obesidade (dificuldade de 
limpeza). 
 
17 Luiza D. V. Torriani ATM 2024/2 
Hormonais: fisiológica (nesse caso não se encaixa nas 
vulvovaginite, mas sim em um corrimento normal, sem 
coceira, odor, ardência). 
Hábitos e costumes: má higienização ou higienização 
de forma inadequada, cosméticos. 
Doenças: diabete mellitus, parasitose, varicela, 
dermatite de contato, DST. 
Medicações: antibióticos, iatrogênica. 
Corpo estranho: brinquedos pequenos, areia, entre 
outros. 
Classificação: 
Especifica: agente etiológico não faz parte da flora 
vaginal. 
• Enterobius vermiculares; 
• Gardnerella vaginalis (também pertence a flora 
normal); 
• Candida Albicans (rara em crianças pré-
púberes – pode ocorrer por fraldas ou baixa 
imunidade); 
• Trichomonas vaginalis (raramente encontrado 
em pré-púberes devido vagina não ter 
estrógeno), é uma DST; 
• Neisseria gonorrhoeae; 
• Chlamydia trachomatis (pode ser por 
contaminação adquirida no canal de parto – 
não ultrapassa 12m); 
• Herpes simples; 
• HPV (pode ser por contaminação adquirida no 
canal de parto). 
Inespecífica: germes saprófitas que normalmente 
fazem parte da flora vaginal, tornando-se agressivos 
frente à falta de integridade da mucosa. 
Mais de 85% dos casos – má higiene perineal: bactérias 
coliformes e anaeróbias. Pode estar associado a 
diarreia (ameba, Entamoeba histolytica, Shigella), 
oxiúros – prurido anal. 
• Escherichia coli – mais frequente; 
• Lactobacilos; 
• Estrepto alfa-hemolítico; 
• Staphylo epidermidis. 
 
OBS: lembrar que em pacientes que não apresentam 
relações sexuais, não se pode introduzir o especulo. 
 
Diagnostico: 
• Coleta de material – orientação, dificuldade na 
coleta – exame a fresco com KOH e SF; 
• Cultura só se manejo inicial insuficiente ou 
suspeita de abuso sexual: cultura para 
gonococo, micoplasma, ureaplasma, IF 
clamídia, VDRL e HIV; 
• Coleta-se com sonda uretral nº 8-14 conectada 
a seringa – aspirar; 
• Suspeitar de corpo estranho se fétido e/ou 
tratamento resistente. Vaginoscopia 
Tratamento: 
Vulvovaginite Especifica: medidas gerais de higiene, 
modificação de hábitos. Corticoide se prurido intenso 
por pouco tempo (exceto cândida) e estrogênio se 
mucosa friável. Banhos assento com Permanganato 
Potássio ou chá camomila. 
Vulvovaginite Inespecífica: antibióticos dependendo 
do germe encontrado. Evitar roupas apertadas que 
dificultem a circulação de ar, utilizar apenas roupa 
íntima de algodão, enxaguar cuidadosamente as 
roupas íntimas para evitar resíduos de sabão em pó e 
não usar amaciantes de roupa, não usar espuma para 
banho ou sabonetes perfumados; reduzir ou abolir 
banhos de banheira com espuma, revisar a higiene 
íntima com a criança (p. ex., higiene “da frente para 
trás”), secar adequadamente a região genital após o 
banho, evitar exposição prolongada à umidade e urinar 
com os joelhos afastados. 
Sangramento vaginal: 
 
• Irritação ou lesão vulvar ou vaginal; 
• Trauma- lesão em sela – 75% das lesões; 
• Abuso sexual; 
• Puberdade precoce; 
• Tumores genitais. 
Nos casos bacterianos, os agentes que mais 
frequentemente produzem secreção sanguinolenta 
são Shigella sp. e Streptococcus pyogenes. 
A prevalência de corpo estranho intravaginal em 
meninas com menos de 13 anos de idade é de 4%, 
sendo fragmentos de papel higiênico o achado mais 
comum. Outros objetos reportados são brinquedos, 
balas, sementes, tampas de caneta entre outros. 
Quando uma menina apresentar leucorreia fétida 
recorrente ou persistente após tratamento adequado, 
 
18 Luiza D. V. Torriani ATM 2024/2 
a hipótese de corpo estranho vaginal deverá ser 
investigada. O diagnóstico de corpo estranho inclui 
anamnese detalhada e exame genital (ectoscopia e 
inspeção vaginal com o auxílio de iluminação 
adequada. 
 
 
Sangramento disfuncional: 
 
As menstruações que se seguem após a menarca são 
geralmente anovulatórias, irregulares e 
ocasionalmente abundantes. A anovulação prolonga-
se até 18 meses após a menarca. Imaturidade do eixo 
HHO. 
O sangramento menstrual na adolescênciafrequentemente decorre da estimulação estrogênica 
sem oposição da progesterona. 
As infecções genitais, incluindo doenças sexualmente 
transmissíveis (DSTs), podem estar associadas ao 
sangramento anormal. As adolescentes usuárias de 
anticoncepcional oral combinado (ACO) com 
sangramento intermenstrual têm infecções por 
clamídia mais frequentemente do que adolescentes 
com padrão de sangramento normal. Nessa faixa 
etária, é importante manter alto índice de suspeita 
para DSTs, especialmente quando ocorrer queixa de 
sangramento intermenstrual. 
Uma vez excluída a possibilidade de gestação, deve-se 
determinar se o sangramento é cíclico ou acíclico. Em 
caso de sangramento cíclico e ovulatório, parece haver 
alteração na síntese e na liberação de prostaglandinas, 
o que justifica o uso de anti-inflamatórios no 
tratamento dessa situação. 
Nos sangramentos acíclicos e anovulatórios, quando 
ocorre estímulo estrogênico sobre o endométrio sem 
oposição da progesterona, pode ocorrer proliferação 
exagerada do endométrio e, consequentemente, fluxo 
menstrual intenso. O tratamento com contraceptivo 
hormonal ou terapia hormonal evita sangramento 
excessivo e consequências como anemia e patologia 
endometrial, riscos aos quais estão submetidas jovens 
anovulatórias crônicas sem tratamento. 
Nem sempre a informação é precisa, questionar sobre 
o que é para a paciente normalidade de fluxo, dias. 
Cuidado para não supervalorizar a informação. Se 
necessário, pede-se que a paciente registre seu ciclo e 
retorne em outra ocasião para a conduta. 
Na anamnese avaliar emagrecimento, psiquismo, 
atividade física, cefaleia, hipo ou anosmia, diplopia, dor 
pélvica, história familiar, medicações em uso, atividade 
sexual. 
No exame físico avaliar galactorréia, 
hiperandrogenismo, estado nutricional, bócio, anemia, 
peso, altura e PA. 
Investigação: 
• Solicitar entre 2-8º dia do ciclo LH, FSH, 
Estrogênio, PRL, TSH, Testosterona e também 
Hemograma, plaquetas, ferro sérico, provas 
coagulação (distúrbio de coagulação 2ª causa 
mais freq. de metrorragia na adolescência). 
• Eco solicitada: microcistos são comuns nessa 
idade e vão diminuindo com o passar do 
tempo- anovulação- diferenciar de SOP 
(aumento estroma, cistos menores que 1 cm, 
aumento ovariano, LH elevado); avaliar 
tumores, abortamento. 
Tratamento: 
• Conduta expectante se for por imaturidade do 
eixo HHO; 
• Se fluxo intenso – MPA 10mg 2ª fase- 14º dia 
– 10d por 3m. 
• ACO se não resposta a MPA. 
• Se ciclos longos, MPA após 45d da DUM. 
• AINEs reduzem fluxo em 30-50% dos casos. 
Os objetivos do manejo do SUA excessivo são realizar 
diagnóstico da causa subjacente e tratá-la, estabilizar 
clinicamente a paciente, corrigir anemia e manter 
ciclos menstruais adequados. 
 
 
 
19 Luiza D. V. Torriani ATM 2024/2 
Planejamento familiar 
 
A Constituição Federal do Brasil estabelece que, o 
planejamento familiar é livre decisão do casal, 
competindo ao Estado propiciar recursos para o 
exercício desse direito, vedada qualquer forma 
coercitiva por parte de instituições oficiais ou privadas. 
A Lei n.º 9.263, sancionada em 12 de janeiro de 1996, 
regulamenta o planejamento familiar no Brasil e em 
seu art. 2º entende o planejamento familiar como o 
conjunto de ações de regulação da fecundidade que 
garanta direito igual de constituição, limitação ou 
aumento da prole pela mulher, pelo homem ou pelo 
casal. 
O planejamento familiar é responsável por promover 
saúde, é um direito do cidadão, uma opção livre e 
consciente, é dever do Estado e promove a redução ou 
aumento da população de uma maneira mais 
equilibrada. 
Já o controle de natalidade é uma política do Estado 
que é feita através da imposição do Governo ao 
cidadão, sua execução é indiscriminada. 
O planejamento familiar se baseia no significado de 
estabelecer o numero de filhos e quando tê-los de 
maneira que que o casal ou a mãe tenham uma 
estrutura familiar adequada. Orientação é um 
elemento essencial para a qualidade de atenção em 
planejamento familiar. 
Orientação significa interação entre o orientador e a 
usuária ou o casal, ajudar as pessoas no processo de 
tomada de decisão. É uma comunicação em duas vias 
que ajuda para tomar decisões voluntárias, ajuda para 
usar o método e auxilia nas respostas às necessidades 
e valores individuais de cada um. Entender e respeitar 
nas pessoas as condições de saúde, metas 
reprodutivas, trabalho, acesso aos serviços, 
sexualidade, valores, religião, crenças e mitos. 
AÇÃO EDUCACIONAL → INFORMAÇÃO 
- Diferentes opções anticoncepcionais. 
- Opinião formada e livre escolha. 
 
Boa orientação: 
 
• Escolha adequada do método; 
• Satisfação com o uso; 
• Uso correto do método; 
• Melhor aceitação dos efeitos colaterais; 
• Continuação do uso do método; 
• Continuidade no serviço de saúde. 
A escolha deve se basear na idade, ciclo menstrual da 
paciente, o que a paciente pensa, deve ser feita uma 
revisão de doenças previas e decidir um método 
contraceptivo, seja hormonal ou não hormonal mais 
adequado. 
As orientações devem ser feitas conforme a 
característica do método optado. 
MECANISMO DE AÇÃO: informações claras e 
completas de fácil entendimento. 
MODO DE USO: instrução práticas e incluir o que fazer 
quando surjam problemas, tais como esquecer, efeitos 
colaterais, horário, interações. 
EFICÁCIA: as taxas de gravidez para um determinado 
método quando em uso típico dão uma ideia geral da 
eficácia na melhor das possibilidades. 
EFEITOS COLATERAIS: todos os efeitos devem ser 
abordados e mostrar que podem ser incômodos, mas 
não necessariamente sinais de gravidade ou sintomas 
de complicações. Importante informar os sinais e 
sintomas de alguma complicação séria que justifique a 
reconsulta. 
EFEITOS NÃO CONTRACEPTIVOS: informar os 
benefícios de uma maneira geral que um 
anticoncepcional oral, por exemplo, pode gerar. 
CRITÉRIOS DE ELEGIBILIDADE MÉDICA: explicar que 
existem condições médicas que podem limitar o uso 
dos diferentes métodos. 
Importante: 
 
A relação interpessoal ser cordial, de confiança, com 
equilíbrio de poderes: poder da/o usuária/o de 
escolher e decidir, poder do orientador de 
contraindicar o uso do método que coloque em risco a 
saúde da pessoa. 
Certificar-se de que a pessoa compreendeu o uso do 
método, esquema de acompanhamento e como lidar 
com efeitos colaterais. 
Avaliar o método em consultas subsequentes e, se 
necessário, trocar ou descontinuar. 
 
Características do orientador – médico/equipe de saúde: 
 
 
20 Luiza D. V. Torriani ATM 2024/2 
• Gostar do que faz; 
• Ver a mulher e/ou homem como seres 
integrais, pensantes, e não um conjunto de 
órgãos; 
• Ter interesse e respeito pelas necessidades e 
valores das pessoas; 
• Ter conhecimento sobre anatomia e fisiologia 
sexual e reprodutiva, sobre todos MAC; 
• Ter habilidade de comunicação interpessoal e 
permitir que as pessoas exponham seus pontos 
de vista; 
• Saber comunicar-se de forma clara, simples 
usando linguagem adequada conforme a 
pessoa; 
• Saber fazer perguntas não indutivas; 
• Estar disponível para responder; 
• Transmitir informações de maneira imparcial, 
sem favorecer nenhum método específico; 
• Manter atitude não autoritária e de respeito ao 
poder de decisão do/da usuária/. 
• Reconhecer limites e referir a/o usurário/a a 
outro serviço quando necessário. 
 
 
Critérios de elegibilidade médica: 
 
Conforme a OMS, (1996) a lista de elegibilidade médica 
divide-se em quatro categorias: 
OMS 1 – o método pode ser usado sem restrições. 
OMS 2 – o método pode ser usado. As vantagens 
geralmente superam riscos possíveis ou comprovados. 
As condições da categoria 2 devem ser consideradas na 
escolha do método 
OMS 3 – o método não deve ser usado, a menos que o 
médico julgue que a mulher pode usar o método com 
segurança. Os riscos possíveis comprovadossuperam 
os benefícios e caso seja escolhido um 
acompanhamento rigoroso se faz necessário. Deve ser 
o método de última escolha. 
OMS 4- o método apresenta risco inaceitável. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
21 Luiza D. V. Torriani ATM 2024/2 
Anticoncepção na adolescência: 
 
A gestação na adolescência é um problema que atinge 
tanto países em desenvolvimento, quanto os ditos de 
primeiro mundo. 
 
Entre os responsáveis pela redução das taxas mundiais 
de gestação na adolescência, estão a orientação e o 
acesso a métodos contraceptivos. Das adolescentes 
brasileiras entre 15 e 19 anos, 14,7% utilizam algum 
método contraceptivo, sendo o ACO o método mais 
utilizado. A maioria das adolescentes procura por 
contracepção cerca de 6 a 12 meses após o início da 
atividade sexual. Infelizmente, dentro dos primeiros 6 
meses, 50% das meninas já engravidaram. 
 
Outro fator a ser considerado diz respeito às 
particularidades da faixa etária. Pacientes jovens, 
principalmente com baixo nível socioeconômico, 
apresentam maior percentual de falha com todos os 
métodos contraceptivos, sendo ainda maior para 
métodos comportamentais 
 
Entre os profissionais que trabalham com 
adolescentes, persistem dúvidas que se relacionam à 
possibilidade de orientação anticoncepcional e 
prescrição de método adequado sem autorização ou 
ciência dos pais ou responsáveis. Deve-se ter em 
mente que a contracepção é um direito da paciente. 
Além disso, é dever do médico manter o sigilo a 
respeito dos seus pacientes, inclusive os menores de 
idade, desde que não se esteja colocando suas vidas 
em risco. 
 
Para abordar tais temas com as adolescentes no local 
de trabalho, existem alguns pontos chaves que devem 
ser levados: confidencialidade, consentimento do que 
está ocorrendo com a adolescente, ver como ela está 
com os fatos do seu desenvolvimento e se concorda 
com o que está sendo feito, presença dos pais não se 
faz necessária para a recomendação de um uso 
anticoncepcional oral e em muitos casos até intra 
uterino, em caso de necessidade da presença dos 
mesmos a atitude de ligar ou falar deve partir da 
adolescente, atitude do profissional deve ser receptiva, 
simpática e levar os desejos da paciente a sério e não 
bloquear ou negativar, mas sim ocorrer. Além disso, 
incentiva a abstinência sexual, como uma maneira de 
evitar a gravidez precoce, mas se a paciente decidir que 
vai ter relação, deve-se protege-la, pois a abstinência 
não será mais um método eficiente e o “quick start” 
que é uma forma rápida de início de métodos 
concepcionais. 
 
O mais importante é que a adolescente saia da consulta 
com uma medida de anticoncepcional seja traçada, 
para que essa não saia de maneira vulnerável. 
 
Alguns parâmetros de relevância devem ser analisados 
enquanto se conversa com a paciente, como: idade da 
menarca (relação direta), idade cronológica do 
parceiro e se esse tem interesse na pratica 
anticoncepcional ou se não faz uso, condições de 
estabilidade se for um casal, se a consulta é prévia ou 
não ao inicio da relação sexual -dialogo, com que 
frequência essa paciente tem relações sexuais, o grau 
de motivação para a pratica de contracepção, se os pais 
possuem conhecimento acerca das atividades sexuais 
e qual a opinião dos mesmo, a maturidade física e 
psicológica, pautas culturais, realização de exame 
clinico e ginecológico e as condições de aquisição dos 
métodos (custos e facilidade de acesso). 
 
Para a escolha do método que vai ser dado, primeiro se 
vê o que a paciente quer, segundo o que ela pode e 
terceiro o que está disponível no sistema de saúde 
usado. 
Estratégia fundamental para reduzir o número de 
gestações não planejadas na adolescência é fazer uso 
de métodos contraceptivos seguros, eficazes e cujo uso 
dependa pouco da usuária. São exemplos os DIUs e os 
implantes subdérmicos, atualmente denominados 
métodos contraceptivos reversíveis de longa duração. 
Os mitos e os preconceitos que durante muito tempo 
dificultaram o acesso dos adolescentes aos LARCs 
estão sendo superados por evidências recentes que 
indicam que eles são métodos de primeira escolha para 
contracepção em adolescentes. 
Ao dialogar sobre a escolha do método contraceptivo 
com a adolescente é fundamental conhecer os 
diferentes métodos, comparar seus resultados, avaliar 
a continuidade de uso e os seus principais riscos. Os 
últimos parâmetros são muito importantes, pois a 
contracepção geralmente é necessária por período 
prolongado, sendo a adesão condicionada, entre 
outros fatores, pela facilidade de uso. 
 
 
 
22 Luiza D. V. Torriani ATM 2024/2 
Questões: 
 
• Vantagens e desvantagens de métodos 
naturais/comportamentais 
(desaconselháveis); 
• Métodos de barreira: condom (melhor 
também para DST), diafragma (uso incorreto, 
dificuldade medir, manipulação genitais: 
desaconselhável); 
• Anticoncepcionais hormonais: orais 
(esquecimento, mitos, escondido dos pais 
Indicado: média dosagem menor falhas por 
esquecimento), injetáveis (mensal - vantagem: 
não esquecimento sem efeitos gástricos. 
Trimestral – alteração de peso e menstrual, 
desconhecimento efeitos a longo prazo: 
desaconselhável), DIU (cuidar com múltiplos 
parceiros: contraindicado em nuliparas: 
desaconselhável). 
 
OBS: orientar as adolescentes do uso da pílula de 
emergência (pílula do dia seguinte) e de que essa não 
pode ser usada como forma de anticoncepção e nem 
com frequência. 
 
Médico e adolescente: uma relação de confiança: 
 
O médico que trabalha com adolescentes tem função 
primordial na orientação sobre sexualidade, prevenção 
de gestações não desejadas e de DSTs. Função exercida 
por ginecologistas, também deve ser papel do 
pediatra, que costuma ter contato de longa data e 
relação de confiança com a jovem e com sua família. O 
pediatra deve fornecer as primeiras orientações sobre 
aspectos fisiológicos, cuidados com prevenção de DSTs 
e de gestação indesejada, mesmo que a atividade 
sexual ainda não tenha iniciado. Também 
compartilham dessa responsabilidade os médicos da 
saúde da família, já que trabalham com a medicina 
preventiva no seu dia a dia e atendem jovens 
diariamente, pelos mais variados motivos. 
Uma importante característica do atendimento a 
adolescentes é o não julgamento da paciente, uma vez 
que essa atitude pode prejudicar a confiança dela em 
relação ao médico, dificultando o vínculo e pondo em 
risco todo o trabalho de orientação. O médico deve ser 
o mais atencioso possível, ouvindo todas as dúvidas e 
as respondendo da maneira mais clara e verdadeira 
possível. O linguajar deve ser simples para que a 
compreensão não seja prejudicada. 
A anticoncepção para adolescentes deve ser uma 
opção e não uma imposição, além de levar em 
consideração as características e as preferências da 
paciente. Para melhorar a eficácia contraceptiva, as 
opções disponíveis precisam ser oferecidas com o 
esclarecimento dos prós e contras de cada uma delas, 
para que a decisão seja tomada junto com a jovem, 
envolvendo-a desde o início na responsabilidade com 
sua saúde e com o planejamento do seu futuro. 
Possíveis efeitos adversos maiores e menores do 
método escolhido devem ser deixados claros para que 
não haja risco de suspensão do método por falta de 
informação. Também devem ser esclarecidas as 
maneiras de lidar com eventos adversos menores, já 
que muitos desaparecem com a continuidade de uso. 
Os mitos e as crenças que podem afetar negativamente 
a contracepção devem ser afastados, sem que se 
estabeleça conflito com as convicções da jovem. 
Deve-se garantir retorno, em curto prazo, idealmente 
em 3 meses do início do uso, para que as dúvidas sejam 
esclarecidas e para acompanhar o processo de 
adaptação e adesão da jovem, inclusive a essa nova 
fase de sua vida, repletade descobertas e desafios. 
Todos esses cuidados compartilhados reforçarão a 
confiança da paciente em relação a seu médico e a 
efetividade do método anticoncepcional escolhido. 
Mais do que isso, reforçarão, nas adolescentes, hábitos 
de cuidado com a saúde, responsabilidades e 
planejamento dos seus objetivos de vida. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
23 Luiza D. V. Torriani ATM 2024/2 
Vulvovaginites: 
 
A vagina é um ecossistema dinâmico e complexo, 
sendo que o seu revestimento é composto por um 
epitélio escamoso sem queratina que, juntamente com 
a secreção, faz a primeira linha de defesa contra 
infecções. A secreção vaginal fisiológica é branca, 
inodora e viscosa, com cerca de 200 tipos diferentes de 
bactérias. 
As vulvovaginites são uma patologia extremamente 
frequentes, 70% das mulheres já tiveram ou vão ter ao 
longo da vida alguma delas. É uma das principais causas 
de mulheres procurarem o atendimento ginecológico. 
A flora normal apresenta predominância de 
lactobacilos com algumas bactérias. Nas pacientes com 
vulvovaginites, os lactobacilos estão praticamente 
ausentes, com aumento dos leucócitos e bactérias. As 
vulvovaginites ocorrem principalmente pelo 
desequilíbrio da flora vaginal, especialmente pela 
variação no número de lactobacilos. 
Possuem uma sintomatologia intensa e a maioria 
possuem um diagnóstico e tratamento fácil de serem 
feitos. 
Essas vulvovaginites tem a possibilidade de ascensão 
ao trato genital superior (doença inflamatória pélvica e 
endometrite), além disso, elas podem favorecer à 
infecção a outros tipos de DST’s, pois alteram o PH 
vaginal, facilitando assim a contaminação por outros 
patógenos. 
Candidíase: 
 
É a vulvovaginite mais frequente de todas, 75% das 
mulheres apresentam pelo menos um episódio de 
candidíase na vida e na maioria são infectadas por 
Cândida Albicans (80%) e uma pequena parte por 
Cândida não Albicans. 
Ocorre uma colonização vaginal que geralmente 
acontece de forma assintomática, e isso se deve 
principalmente ao bioma vaginal, ou seja, um local 
úmido, com PH que propicia a colonização. 
A candidíase está muito relacionada a fatores de risco 
como: gestação, imunossupressão, diabetes melitus, 
uso de antibióticos, fatores locais que podem diminuir 
o PH (própria menstruação, uso de dermocosméticos 
como sabonetes, cremes, pomadas, traumas). No 
entanto muitas vezes a candidíase pode ocorrer sem 
nenhum desses fatores envolvidos. 
O diagnóstico clinico da candidíase é clássico, 
geralmente a queixa é de prurido, ardência vulvar e 
urinaria final, fissuras e lacerações vulvovaginais e 
leucorreia branca grumosa. 
 
O diagnostico pode ser feito também com o auxilio do 
exame a fresco (se pega uma lamina de microscópio, 
coloca uma gota de soro fisiológico, se passa uma 
espátula na vagina coletando um pouco da secreção e 
depois se dilui essa secreção na quantidade de soro, se 
coloca uma lamínula em cima e se observa ao 
microscópio e nisso se observa alguns aspectos, na 
candidíase se observam hifas). Além disso também se 
pode ver através do PH vaginal que no caso de 
candidíase esse se encontra abaixo de 4,5. 
 
O tratamento da candidíase pode ser oral (fluconazol, 
itraconazol, cetoconazol) ou tópicos (miconazol, 
isoconazol e terconazol). O tratamento oral possui a 
vantagem da praticidade, mas em casos de gestação 
pode oferecer desconforto a paciente e nesses casos os 
tópicos se adaptam de melhor forma. No entanto, de 
maneira cientifica, o tratamento tópico e oral possuem 
resultados de cura semelhantes. 
 
OBS: corticoides tópicos podem ser usados para alivio 
de sintomas, mas não serve sozinho como tratamento. 
 
Alertar a paciente a cuidar fatores que podem 
predispor a candidíase a permanecer ali. 
A candidíase pode se apresentar de maneira 
recorrente (mais de 3X ao ano), normalmente está 
 
24 Luiza D. V. Torriani ATM 2024/2 
relacionada com algum fator predisponente, mas não 
é regra e nesses casos o tratamento normalmente se 
dá pelo tratamento da fase aguda e depois fazer 
tratamento supressivo de longa duração mesmo na 
ausência de sintomas. 
Vaginose bacteriana: 
 
40% dos casos de vaginite estão relacionados com a 
vaginose bacteriana e é sempre de importância 
lembrar que essa não é uma DST (doença sexualmente 
transmissível). Além disso, é uma doença poli 
microbiana, ou seja, vários agentes podem provocar 
essa condição. Essas possuem sintomatologia muito 
parecida. 
Etiologia: 
• Gardnerella vaginalis; 
• Bacteroides; 
• Fusobacterium; 
• Peptostreptococus; 
• Mobiluncus. 
Diferentemente da candidíase, a vaginose bacteriana 
não possui fatores de risco marcantes, ela acontece por 
conta do aspecto relacionado ao bioma vaginal, 
alterações do PH, alterações da flora vaginal, são 
fatores que a desencadeiam. 
A vaginose bacteriana além da grande sintomatologia 
presente, esta relacionada com algumas complicações 
como: doença inflamatória pélvica, prematuridade na 
gestação e infecções amnióticas e puerperais. Ou seja, 
quando ocorre na gestação é um caso de preocupação. 
O diagnóstico é feito principalmente pela 
sintomatologia clássica que a doença apresenta, sendo 
essa: leucorreia com odor fétido (putrefação ou “peixe-
podre) e leucorreia acinzentada e bolhosa (na 
realização dos exames). 
 
 
OBS: os sintomas vulvares não são tão intensos, 
normalmente as pacientes não os apresentam. 
 
O diagnóstico pode ser feito também com o auxílio do 
exame a fresco, nesse será possível de enxergar as 
chamadas “Clue Cells”, são as células alvos que se 
rompem e não a bactéria em si. Além desse, tem o 
teste das aminas (também chamado de Whiff test), 
onde se utiliza o hidróxido de potássio (KOH) a 10% 
depositando o mesmo na lamínula usada no exame a 
fresco e então se sente o cheiro de odor fétido. Existe 
ainda pelo valor do PH, onde esse vai se encontrar 
acima de 4,5. 
 
O tratamento da vaginose bacteriana é mais 
especifico, onde a primeira droga de escolha é o 
metronidazol (500mg 2X ao dia por 7 dias), essa 
apresenta uma taxa de 95% de cura. Secundariamente 
se tem: secnidazol (dose única – 85% de cura), 
metronidazol vaginal e clindamicida vaginal (muito 
pouco usados – são cremes e possuem uma cura bem 
menor, logo não são recomendados). 
Tricomoníase: 
 
Essa patologia é causada pelo parasita Trichomonas 
vaginalis e diferentemente da vaginose bacteriana e da 
candidíase ela é sim considerada uma DST (doença 
sexualmente transmissível). Além disso, é uma doença 
altamente contagiosa e na maioria dos casos é 
assintomática, mas não todos. 
Quando a paciente apresenta uma tricomoníase 
sintomática esses sintomas são: 
• Ardor vaginal; 
 
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• Prurido vaginal; 
• Odor desagradável; 
• Leucorreia amarelo-esverdeada; 
• Disúria. 
 
O diagnostico dificilmente é feito pelo aspecto clinico, 
por esse ser muito inespecífico, então se usa o exame 
a fresco, onde se observam organismos ovoides e 
flagelados móveis que são os tricomonas. O teste das 
aminas também é positivo e libera odor. 
 
Outra característica importante é que o tricomonas 
pode impacta na mucosa, ele provoca uma reação 
inflamatória muito mais intensa do que a candidíase e 
a vaginose bacteriana. Então ela provoca um aspecto 
chamado de colo “tigróide” ou em “morango”, que 
nada mais são do que pápulas hiperemiadas. 
 
 
 
Apesar de ser uma DST e provocar esse processo 
inflamatório no colo, ele é extremamente simples de se 
tratar. As medicações utilizadas são: metronidazol (2g 
dose única) e secundariamente tinidazol (2g dose 
única). 
 
OBS: não se usa tratamento tópico para a 
tricomoníase. 
 
Conclusão: 
 
• Uma das principais patologias no meio da 
ginecologia e obstetrícia; 
• Fácil diagnostico; 
• Fácil tratamento; 
• Visualização microscópica do que predomina 
em cada uma das patologias;

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