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Maria Hermínia 
O texto trata dos movimentos de descentralização e centralização examinando políticas que regulam as relações fiscais entre os governos nacionais e subnacionais e políticas que redefiniram as responsabilidades referentes à provisão de alguns serviços sociais. Do ponto de vista das relações intergovernamentais, a federação brasileira é um arranjo complexo em que convivem tendências centralizadoras e descentralizadoras.
II. FEDERALISMO E DESCENTRALIZAÇÃO
Descentralização – transferência de autoridade/responsabilidade das funções públicas do governo central para: governos locais ou intermediários, organizações governamentais semi-independentes e/ou para setor privado.
Esse termo vem sido utilizado para caracterizar várias formas de mudança no papel do gov. nacional através de: a) transferência de capacidades fiscais e de decisão sobre políticas para autoridades subnacionais; b) transferência para outras esferas de governo de responsabilidades pela implementação e gestão de políticas e programas definidos no nível federal e c) deslocamento de atribuições do governo nacional para os setores privado e não-governamental. 
A segunda modalidade é compatível com alta concentração de decisões no nível federal, ocorre em federações bastante centralizadas. A primeira supõe maior redefinição do raio de de ação do gov. nacional, e a terceira uma redução da atividade de todas as esferas de governo.
Ela cita vários modelos de conceitos da relação entre federalismo e descentralização
1- Riker descreve a formação de sistemas federativos como um processo de centralização, onde atores racionais aliam-se para formar um governo central.
2- Elazar considera federações estruturas não-centralizadas, o que as difere de estruturas estatais descentralizadas. Diferença entre Descentralização e não-centralização: Descentralização- supõe a existência de uma autoridade/governo central que pode descentralizar ou recentralizar de acordo com sua vontade. Não-centralizado- o poder é difuso e não pode ser legitimamente centralizado ou concentrado sem romper a estrutura e a Constituição. Os sistemas federais clássicos são não-centralizados.
3- Ostrom sugere que o policentrismo é a forma de organização adequada para a federação democrática.
A definição de fderação proposta pelos últimos autores é mais adequada para nomear o arranjo federalismo dual, modelo norte-americano, descritivo e prescritivo, os poderes dos governos geral e estadual constituem soberanisas distintas e separadas, que agem com independência em suas esferas.
As federações contemporâneas não cabem mais nesse modelo, são descritas melhor pelos modelos baseados na natureza das relações intergovernamentais: federalismo centralizado- quando estados e governos locais quase viram agentes administrativos de um governo nacional com envolvimento nos assuntos subnacionais, predomínio nos processos de decisão e no controle de recursos financeiros; federalismo cooperativo- formas de ação conjunta entre esferas de governo, onde as unidades subnacionais mantem autonomia decisória e capacidade de autofinanciamento (arranjo complexo q pode ser mais ou menos centralizado ou descentralizado).
Apesar das federações existentes possuírem certo grau de centralização, elas estão munidas de mecanismos que impedem sua transformação em estado unitário, elas possuem um desenho institucional que multiplica pontos de veto e asseguram algum grau de não-centralização.
Na federação brasileira o modelo cooperativo combinou a manutenção de áreas próprias de decisão autônoma das instâncias subnacionais: descentralização no sentido de transferência de autonomia decisória e de recursos para os governos subnacionais e a transferência para outras esferas de governo de responsabilidades pela implementação e gestão de políticas e programas definidos no nível federal.
III. FEDERALISMO FISCAL NO BRASIL DEMOCRÁTICO
A constituição de 88 foi modelada de forma a suprir o anseio por descentralização da época, em conseqüência a essas novas regras o poder de taxação dos estados foi ampliado passou a incluir petróleo, telecomunicações, transportes, produtos minerais. Houve redistribuição dos recursos fiscais em prejuízo do gov. federal por conta do compartilhamento de receita com estados e municípios, as receitas transferidas dos estados para os municípios expadiram. A descentralização também implicou com redistribuição entre regiões, beneficiando estados e municípios mais pobres.
Regime fiscal dual- a constituição ampliou a porção das receitas fiscais da União compartilhadas com os gov. subnacionais, também permitiu a expansão dos recursos do gov. federal por meio de contribuições sociais que seriam usadas para financiar políticas sociais. Nos anos 90 os recursos não partilhados, à disposição da União, aumetram com a criação da Contribuição Provisória sobre Movimentações Financeiras (CPMF), tornada permanente, e assim se estabeleceu esse regime. Compatibilizou a descentralização fiscal com a manutenção do gasto público federal em níveis elevados.
O crescimento das contribuições sociais não é evidência de recentralização, é a expressçao da dificuldade de alterar o padrão da descentralização fiscal. o governo aumentou as contribuições sociais por que tinha dificuldade em reduzir a parcela de receitas tributárias compartilhadas. 
Na segunda metade do década de 90 a capacidade dos governos subnacionais exercerem autonomia fiscal sofreu restrições devido a dois movimentos do governo federal: 1- a forma como se tratou de enfrentar restrições macro-econômicas associadas à estabilização da moeda dps do plano real. 2- sequencia de esforços para garantir recursos aos programas sociais.
Na época da inflação a dívida dos estados com o governo federal só aumentava, a negociação foi uma estratégia bem sucedida de combate à inflação. A crença de que os estados e municípios pegavam carona nos esforços federais de estabilização da moeda alimentou a idéia sobre a imcompatibilidade entre federalismo descentralizado e austeridade fiscal, daí a idéia de restringir a autonomia dos gov. subnacionais.
Depois seguiu-se a Lei de Responsabilidade Fiscal, resposta centralizadora ao desafio de coordenar o comportamento fiscal dos governos no sistema federativo, evitando o caronismo nos níveis subnacionais. O objetivo era garantir disciplina fiscal em todos os níveis de gov., porém atingindo mais significativamente os estados e municípios.
Outra forma de limitação foram as regras com objetivo de garantir regularidade, estabilidade ou uso correto dos recursos destinados a programas sociais. No período de instabilidade econômica houve preocupação com a eficiência dos programas sociais, o q tornou favorável optar pela vinculação de receitas e de transferências intergovernamentais p/ gastos sociais específicos.
IV. AS POLÍTICAS SOCIAIS NA NOVA FEDERAÇÃO
A redefinição de competências e atribuições na esfera social foi parte de um processo de transformação de um modelo de federação centralizada para um federalismo cooperativo. Implicou um processo de descentralização diverso, que significou a transformação de funções exercidas pelo gov. federal e implicou processos de realocação de competências e atribuições.
Para os que apoiavam a descentralização ela significava o fortalecimento dos gov. municipais, que deveriam arcar com a responsabilidade da provisão de serviços sociais. No que se refere a atuação social, a reforma da federação deixou os estados sem atribuições claras.
A constituição apontava para um federalismo cooperativo, caracterizado pela existência de funções compartilhadas entre as diferentes esferas de governo e pelo “fim de padrões de autoridade e responsabilidade claramente delimitados”. Foram estabelecidas competências comuns para a União, estados e municípios em áreas como: saúde, assistência social, educação, cultura, proteção de patrimônio histórico etc. 
Foram atribuídas competências legislativas concorrentes ao governo federal e estaduais em várias áreas: “roteção ao meio ambiente e aos recursos naturais; conservaçãodo patrimônio cultural, artístico e histórico; educação, cultural e esportes; juizado de pequenas causas; saúde e previdência social;”

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