Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 MEDICINA DE EMERGÊNCIA – PEDIATRIA Laura Borges ABORDAGEM INICIAL DA CRIANÇA GRAVEMENTE ENFERMA Objetivos: o Fazer abordagem organizada da criança enferma o Conhecer ferramentas de impressão inicial no atendimento da criança, diferenciando pacientes que necessitam ou não de intervenção médica o Fazer a avaliação primária do atendimento da criança enferma o Prosseguir com avaliação secundária, exame físico específico e solicitação de exames complementares quando indicado Abordagem sistemática: o Impressão inicial: identificação de situações emergenciais o Avaliação primária: identificação com correção apropriada das situações ameaçadoras a vida o Avaliação secundária: complementação de informações para raciocínio clínico e exame físico específico É aqui que tem a conversa com o acompanhante ou quem trouxe a criança Exames complementares o Avaliações diagnósticas: exames complementares, quando indicado AVALIAR IDENTIFICAÇÃO DE SITUAÇÃO AMECAÇADORA A VIDA INTERVIR REAVALIAÇÃO IMPRESSÃO INICIAL: Primeira observação ao examinar a criança nos primeiros segundos Triângulo de Avaliação Pediátrica: baseado na sigla em inglês ABC Aparência – Esforço respiratório – Circulação o Aparência: interação do paciente com o ambiente. Mnemônica TICOF T – tônus I – interatividade C – consolabilidade – sinal de irritabilidade se a criança não é consolável O – olhos – se está observando as coisas, olhos abertos ou não F – fala/choro o Respiração: Avaliar sinais de esforço respiratório como retrações ou batimento da aleta nasal Observar presença de sons audíveis sem estetoscópio como gemido, estridor, sibilos Observar posição anormal como posição de tripé (criança abaixa o tronco para poder respirar) o Circulação: Cor da pele pode mostrar palidez, moteamento, cianose Pulso Sinais de hemorragia evidente ou na pele Se foi identificada alguma alteração ameaçadora a vida aqui já é preciso resolver AVALIAÇÃO PRIMÁRIA: Abordagem do ABCDE – deve ser realizada em sequência e, sempre que houver situação ameaçadora a vida, esta deve ser resolvida antes de passar para a avaliação seguinte. Toda intervenção realizada deve ser reavaliada quanto a sua eficiência. o A – via aérea o B – respiração o C – circulação o D – disfunção/incapacitação o E – exposição A - VIA AÉREA: o Avaliar patência da via aérea o Como? Movimento do tórax, ausculta de sons e percepção de fluxo de ar no nariz e boca 2 MEDICINA DE EMERGÊNCIA – PEDIATRIA Laura Borges o Sinais que sugerem obstrução: esforço respiratório, sons inspiratórios anormais como roncos e estridores e ausência de sons apesar do esforço respiratório (obstrução total) B – RESPIRAÇÃO: o Frequência e profundidade respiratória: < 10 ou > 60 em qualquer idade é anormal Pode estar alterada por excitação, ansiedade, dor, febre Bebês podem ter pausa, principalmente durante o sono, de 10-15 segundos – contar a frequência durante pelo menos 30 segundos O que pode estar anormal? Taquipneia: geralmente é o primeiro sinal de desconforto em crianças pequenas. Se não há esforço respiratório a causa pode não ser pulmonar: febre, dor, anemia, doença cardíaca, sepse, desidratação Bradipneia: fadiga de músculos respiratórios, lesão em SNC, hipóxia e choque graves, hipotermia, medicamentos, doenças musculares Padrão irregular: geralmente associada a problemas neurológicos. Respiração com gasping seguida de apneia ou frequência respiratória alta seguida de apneia. São situações graves que requerem avaliação urgente. Bradipneia e respiração irregular em doenças agudas são sinais ameaçadores o Presença de esforço respiratório: Batimento de asa de nariz: para maximizar o fluxo de ar Retrações: a localização pode estar relacionada a gravidade Leve a moderada: subcostal, subesternal e intercostal Intensa: supraclavicular, supraesternal e esternal Meneios de cabeça, a criança ergue o queixo e estende o pescoço na inspiração, e respiração paradoxal, o tórax retrai e o abdome se expande na inspiração o Expansão torácica e movimento de ar: A elevação do tórax deve ser simétrica durante a inspiração o Sons nos pulmões e vias aéreas: Murmúrio vesicular nos dois hemitórax Observar sons anormais que podem ser percebidos com ou sem estetoscópio e a modificação de acordo com o estado da criança Sons anormais mais comuns: gorgolejo, alterações na tonalidade da voz ou choro, roncos, estertores crepitantes ou bolhosos, gemidos, estridor o Saturação de oxigênio através da oximetria de pulso: Mede a porcentagem de hemoglobina saturada. Requer pulso sanguíneo. Limitação: não fornece informações sobre a eficácia da ventilação – concentração de dióxido de carbono Não é útil na PCR e pode não ser preciso em situações como choque e hipotermia Pode sofrer interferência com movimentação, tremor, claridade intensa e desalinhamento do sensor com fonte luminosa C – CIRCULAÇÃO: o Tempo de enchimento capilar: Normal: < ou igual a 2 segundos Principais causas de aumento: choque, hipotermia, desidratação o Pulsos centrais e periféricos: Centrais: femorais, braquiais (bebês), carotídeos (crianças mais velhas), axilares Periféricos: radiais, dorsais do pé e tibiais posteriores Redução do débito cardíaco compromete os pulsos periféricos inicialmente o Pressão arterial: Manguito ideal: bexiga deve cobrir 40% da circunferência do braço e 50-70% do comprimento 3 MEDICINA DE EMERGÊNCIA – PEDIATRIA Laura Borges Valores variam com faixa etária e dentro de ampla faixa de valores Hipotensão: pressão < percentil 5 para idade e sexo. Redução de 10mmHg na PAS sugerem a possibilidade de evolução para choque o Ritmo e frequência cardíaca: Pode ser avaliada pela frequência de pulso, ausculta, monitor cardíaco ou oximetria de pulso Existe faixa esperada, porém há ampla variação Arritmias podem ser devidas a lesões no sistema de condução cardíaco ou no tecido cardíaco, além de situações de choque e hipóxia As arritmias podem ser classificadas de forma geral de acordo com a frequência cardíaca (bradi ou taquiarritmias) e com o efeito na perfusão (descompensação) o Coloração e temperatura da pele: Como avaliar a temperatura? Com as costas da mão, deslizando até a extremidade O que esperar? Não deve haver grandes variações entre tronco e extremidades. Quando há deterioração da perfusão, a temperatura das extremidades é afetada primeiro Alterações de cor: palidez, moteamento, cianose Palidez: pode ser observada na pele ou mucosa. Quando presente em mucosa, pode estar relacionada à anemia ou perfusão deficiente Moteamento: descoramento irregular ou desigual da pele. Podem surgir áreas com combinação irregular de tons de pele rosados, cinzentoazulados ou pálidos Cianose: coloração azulada de mucosas e pele. Tem maior importância clínica quando é central (acomete lábios e outras membranas mucosas) D – DISFUNÇÃO/INCAPACITAÇÃO: o Escala de resposta pediátrica AVDI: A – alerta: resposta da criança conforme esperado para a idade, local e situação V – voz: responde apenas a estímulos de voz D – dor: responde apenas a estímulos de dor como compressão do esterno e aperto do trapézio, por exemplo I – inconsciente: não responde a nenhum estímulo o Escala de coma de Glasgow pediátrica: muda na criança menor de 2 anos o Respostas das pupilas à luz: Deve ser avaliado o tamanho das pupilas, igualdade em relação a contralateral e reação à luz (avalia função do tronco encefálico) o Glicemia: Obrigatória avaliação em todo paciente com comprometimento neurológico Hipoglicemia: < 45 em neonatos e < 60 em crianças E – EXPOSIÇÃO: o Remover roupasem uma área de cada vez para observar face, cabeça, tronco (frontal e dorsal), extremidades o Temperatura axilar 4 MEDICINA DE EMERGÊNCIA – PEDIATRIA Laura Borges o Sinais de trauma, hemorragia, petéquias ou púrpuras AVALIAÇÃO SECUNDÁRIA: Histórico específico: SAMPLE o S – sinais e sintomas da enfermidade atual e sua evolução o A – alergias a medicamentos, alimentos ou outros e as reações associadas o M – medicações em uso, inclusive aqueles que não são de prescrição médica e hora da administração o P – passado de doenças, imunização, cirurgias anteriores o L – última refeição o E – eventos que antecederam o quadro atual, exemplo – criança caiu da bicicleta porque desequilibrou ou porque perdeu a consciência e sofreu o acidente? Exame físico específico – estado fisiológico e resposta ao tratamento: o A gravidade ou lesão determinam a extensão do exame físico o Deve ser realizado de forma atenta no local afetado, além de breve avaliação global o Desconforto respiratório – avaliar sinais de obstrução, avaliação de tórax e pulmões, nível de consciência o Suspeita de insuficiência cardíaca – ausculta cardíaca, pesquisa de sons pulmonares, edema periférico, hepatomegalia o Trauma – abdome, dorso Reavaliação contínua Deverá ser realizada quando paciente estiver estabilizado ou enquanto se aguarda a resposta a determinada intervenção – por exemplo enquanto o paciente está recebendo expansão Pode ajudar no esclarecimento diagnóstico e orientar tomada de decisões AVALIAÇÕES DIAGNÓSTICAS: Servem para detectar e identificar a presença e gravidade dos problemas respiratórios e circulatórios O momento de realizar estas avaliações está condicionado ao caso clínico Gasometria arterial/venosa Lactato arterial – aumentado nos casos de choque Radiografia de tórax Eletrocardiograma na avaliação de arritmias cardíacas Ecocardiograma para diagnóstico e avaliação de doenças cardíacas
Compartilhar