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RESUMO DIREITO EMPRESARIAL I

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1 Bianca Marinelli – Direito Econômico e Empresarial I – 3º termo 
Introdução ao Direito Empresarial 
Nomenclatura: O direito empresarial, por muito tempo, foi chamado de 
direito comercial, direito mercantil ou direito industrial. As figuras do 
comerciante e do comércio foram substituídas pelas figuras do empresário e da 
empresa. Ainda hoje, é comum e predominante adotar “direito comercial”. Sua 
alteração se deu pelo abandono da antiga teoria dos atos do comércio e a 
adoção da nova teoria da empresa. 
Da teoria dos atos do comércio até a teoria da empresa: Existem 
duas teorias que distinguem o direito comercial do direito empresarial, a teoria 
francesa e teoria italiana. 
A teoria francesa possui esse nome porque surge com o Código 
Napoleônico (está descrita no Código Civil e no Código Comercial, de 1804 e 
1808, respectivamente). Tem natureza objetiva, uma vez que descrevia os atos 
do comércio, e por esta razão a conhecemos como teoria dos atos do 
comércio. Em outras palavras, para ser taxado como comercial, o sujeito 
deveria praticar um dos atos do comércio, sob pena de, realizando algum ato 
não descrito, não ser considerado um comerciante. 
Se o ato praticado não fosse descrito objetivamente como um ato de 
comércio, independentemente da complexidade, da natureza negocial, da 
vultuosidade, o ato não seria comercial. 
Trata-se de uma teoria legislativamente engessada, uma vez que 
depende da atividade criativa do legislador para se atualizar. 
No passado essa teoria serviu muito bem, no entanto, com o passar o 
tempo e com o aumento da dinamicidade das relações negociais, ela começou 
a ser abandonada. A própria incapacidade de se atualizar na mesma 
velocidade que os fatos empresariais, fez com que essa teoria fosse aos 
poucos sendo abandonada. 
Em 1942, juntamente com o Código Civil italiano, surge a "moderna" 
teria da empresa. A teoria italiana, diversamente da anterior, não se preocupa 
com o ato a ser praticado, mas sim com quem o praticava, o sujeito. Desse 
modo, muitos a denominam de teoria subjetiva, uma vez que o relevante é o 
conceito do sujeito e não do objeto (ato praticado). 
As figuras do comércio e comerciante são substituídas por novas figuras, 
da empresa e do empresário. Embora a partir da década de 40 notássemos 
certo início de abandono da teoria francesa, a teoria italiana só foi ser 
positivamente adotada em nosso sistema em 2003, com o início da vigência do 
atual Código Civil brasileiro. Sendo assim, hoje, a teoria da empresa é a 
adotada em nosso sistema, e é ela quem dá nome à disciplina: direito 
empresarial. 
Autonomia e fontes do direito empresarial: A autonomia de um ramo 
do Direito é, segundo a doutrina de Escol, alcançada por duas características: 
a presença de princípios próprios e a existência de institutos próprios. 
Isso é claramente identificado no Direito Empresarial, seja porque possui 
uma infinidade de institutos próprios (como o fundo de comércio, o aviamento, 
a propriedade industrial, a empresa e etc.), bem como a presença de diversos 
princípios específicos (como a livre iniciativa e a livre concorrência). 
 
2 Bianca Marinelli – Direito Econômico e Empresarial I – 3º termo 
Possuímos um Código Comercial em vigor desde 1850. Sua terceira 
parte (Das Quebras) foi revogada pela antiga Lei de Falência e Concordata em 
1945. A Parte Primeira, que tratava do Comércio em Geral, foi revogada em 
2003, com o início da vigência do Código Civil de 2002, o qual adotou, 
expressamente, a Teoria da Empresa. Sendo assim, somente a Segunda Parte 
do Código Comercial permanece em vigor, a qual trata do Comércio Marítimo. 
Está em fase de análise o Projeto de Código Comercial no Senado. 
Com relação às fontes do Direito Empresarial existem fontes formais e 
materiais. As fontes formais são aquelas típicas do Direito, ou seja, as fontes 
normativas e as fontes materiais, sendo as vivências práticas que moldam o 
Direito, são exatamente as praticas comerciais/empresariais. 
Empresa e empresário: Teoria geral do Direito 
Empresarial 
Embora no linguajar comum "empresa" tenha o sentido de local, pessoa 
ou conjunto de bens, para o Direito Empresarial, empresa é atividade. Atividade 
é um fazer, um realizar. Empresa é algo que se faz, é algo que se exerce, 
normalmente, indicada por um verbo no infinitivo: fazer, construir, gerar, 
distribuir, produzir, vender, cortar, arrumar, consertar, ligar, fornecer. Exemplo: 
A atividade do padeiro é fazer pães, empresa das Casas Bahia é vender 
produtos no varejo. 
Empresa, portanto, é um conceito abstrato, pois é algo que se realiza. 
Não é possível ir até uma empresa, pois é impossível ir até o “vender pasteis”, 
é impossível vender uma empresa, pois o que se vende é outra coisa. 
A empresa é exercida pelo empresário, ou seja, o empresário exerce a 
atividade (empresa). O nosso Código Civil não traz o conceito de empresa, 
mas ele é retirado por inferência. 
O conceito de empresário é trazido pelo art. 966, caput, do Código 
Civil/2002, que inaugura o Livro II, do Direito de Empresa. Considera-se 
empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada 
para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. 
É possível exercer uma atividade empresarial, sozinho ou em conjunto 
com outras pessoas. De modo solitário, exerce-se atividade empresarial por 
meio da figura que conhecemos como empresário individual, uma subespécie 
de micro empreendedor individual. Também é possível exercer atividade 
empresarial sozinho por meio de pessoa jurídica interposta, que dão origem às 
figuras da empresa individual de responsabilidade limitada e a sociedade 
limitada unipessoal. 
A expressão "profissionalmente" indica uma habitualidade qualificada, 
não bastando à reiteração dos atos, mesmo que diariamente, é necessário que 
essa repetição se dê com a intenção de lucro e a capacidade de tornar aquilo 
uma profissão (categoria de função remuneratória). A efetiva obtenção de lucro 
não é requisito do conceito de empresário, basta à intenção de lucro. 
A atividade econômica organizada diz-se a atividade que reúne os 
seguintes elementos: capital, mão de obra, insumos e tecnologia. 
Além disso, ela é exercida profissionalmente, serve para colocar em 
circulação ou produzir bens e/ou serviços. 
 
3 Bianca Marinelli – Direito Econômico e Empresarial I – 3º termo 
A primeira lição trazida pelo parágrafo único, do art. 966, do CC/2002, é 
a de que não de considera empresário aquele que exerce profissão intelectual. 
Entre estes todos os profissionais liberais, ou seja, aqueles que tiveram de 
fazer um curso de nível superior, seja técnico, tecnólogo, bacharelado e 
licenciatura; todos os prestadores de serviços autônomos que, embora não 
tenham feito algum curso de nível superior, prestam serviços de maneira não 
empresarial; os corretores em geral, sejam os de imóveis, sejam os de 
seguros, investimentos etc., os leiloeiros e tradutores juramentados. 
Exemplos de profissões intelectuais: 
a) De natureza científica: advocacia, engenharia, arquitetura, medicina, 
contabilidade, etc. 
b) De natureza literária: jornalismo, comunicação social, escritor (de 
peças, novelas, livros, colunas, revistas etc), poeta, etc. 
c) De natureza artística: músico, dançarino, intérprete, ator, artista de 
circo, youtuber, etc. 
Mesmo não sendo empresários, tais profissões ainda exigirão 
cumprimento de diversas obrigações, inscrição de órgãos governamentais e 
pagamento de tributos. 
Não é a contratação de empregados, prestadores de serviços ou outro 
tipo de colaborar, que será suficiente para a descaracterização do não 
empresário, classificando-o como empresário. É possível, uma complexa 
atividade intelectual ser realizada com uma infinidade de colaboradores, sem 
que isso, por si só, seja suficiente para ser considerado empresário. 
A intenção de lucro não é algo que desqualifica o não empresário. O 
legislador, no mesmo dispositivo que apresenta o conceito de não empresário, 
traz uma hipóteseem que este não empresário será tratado como empresário: 
se o exercício da profissão intelectual se constituir em elemento de empresa. A 
expressão elemento de empresa tem a conotação de situação de fato, em que 
há o exercício concomitante de uma atividade intelectual e uma atividade 
empresarial. 
Nestes casos, o legislador não quer impedir que o não empresário 
exercesse uma atividade empresarial, na verdade, deseja o legislador, apenas, 
que ele se regularize como empresário, cumprindo todas as obrigações deste 
regime, sob pena de concorrência desleal. 
Assim como os empresários podem exercer uma atividade empresarial 
de modo coletivo - por meio de sociedades empresárias -, do mesmo modo os 
não empresários podem agir coletivamente. Denomina-se de sociedade 
simples (S/S) e exploração coletiva de uma atividade intelectual, a reunião de 
vários não empresários para exercer uma atividade intelectual. Ela, portanto, 
está para a sociedade empresária, assim como o profissional intelectual está 
para o empresário. 
Do mesmo modo que o profissional intelectual (individualmente 
considerado) pode se transmutar em empresário - desde que o exercício da 
profissão constitua elemento de empresa -, assim também as sociedades 
simples podem se transformar em sociedade empresária. As sociedades 
simples são os mesmos institutos antigamente chamados de sociedade civil 
(S/C) e não é uma sociedade empresarial. As regras das sociedades simples 
 
4 Bianca Marinelli – Direito Econômico e Empresarial I – 3º termo 
são extremamente importantes para as sociedades empresárias, pois se 
posicionam como a regra geral do Direito Societário. 
Há um detalhe muito importante que diferencia a sociedade simples de 
advogados das demais sociedades simples (de médicos, de agrônomos, etc.) é 
a impossibilidade de se tornar empresária, por expressa vedação do Estatuto 
da Ordem e do respectivo Código de Ética. 
Conforme disposição legal, o produtor rural empresário não está 
obrigado a se inscrever na junta comercial. Este registro é, em verdade, 
facultativo e, uma vez fazendo-o, o produtor rural passa a ser empresário para 
todos os fins. Recentemente, a lei de recuperação judicial e falência foi 
atualizada, permitindo expressamente que o produtor rural não inscrito (desde 
que comprove por meio de escrituração fiscal) possa exercer o direito de 
pedido de recuperação judicial. 
Segundo o Código Civil, as cooperativas serão sempre sociedade 
simples (art. 982, parágrafo único). Entretanto, como o próprio dispositivo 
mencionado exara, as cooperativas poderão ter objetos empresariais. 
Praticamente toda cooperativa moderna tem esse tipo de objeto, e por esta 
razão, cresceu na doutrina a posição de quem as cooperativas deverias se 
registrar nas Juntas Comerciais. Isso foi ficando forte, a ponto da Lei de 
Registro de Empresas Mercantis prever expressamente essa possibilidade. Por 
mais que não sejam empresárias, as cooperativas possuem inscrição na Junta 
Comercial (órgão no qual se registram as sociedades empresárias). 
Na EIRELI (empresa individual de responsabilidade limitada) um único 
titular exerce a atividade por meio de pessoa jurídica e com responsabilidade 
limitada. A EIRELI recebe muita crítica em sua nomenclatura, uma vez que, 
sabemos, "empresa" é objeto de direito e não sujeito (empresa é algo que se 
exerce pelo empresário, um fazer, sinônimo de atividade). Ela não é uma 
sociedade (mesmo que unipessoal), mas sim classificada como pessoa jurídica 
empresária, como indica o art. 44, CC. 
A pessoa jurídica EIRELI serve como barreira para que credores da 
atividade alcancem o patrimônio pessoal do titular, tem uma própria limitação 
da responsabilidade, algo não existente na figura do empresário individual. Por 
esta razão se diz "responsabilidade limitada", uma vez que é limitada àquilo 
que se destinou à exploração da atividade, estando resguardado o patrimônio 
particular do titular (salvo algumas exceções como a desconsideração da 
personalidade jurídica). O empresário individual, de outra forma, não possui 
essa limitação, sendo fácil até, de que o credor proveniente da atividade 
alcance o seu patrimônio pessoal. 
Importante lembrar que é a pessoa jurídica a empresária e não o seu 
titular. O titular, aliás, é um elemento móvel, que pode ser trocado a qualquer 
momento. Nem mesmo podemos chamar de empresário o titular da EIRELI, ele 
possui somente esta função, a de ser titular. EIRELI não é sociedade 
empresária é, simplesmente, pessoa jurídica empresária. 
Exemplo: "Comprar pão de um indivíduo que é titular de uma pessoa 
jurídica". O indivíduo não é empresário, já que ele não exerce a atividade 
empresarial, ele apenas faz o pão, tarefa que poderia ser feita por qualquer 
funcionário ou máquina. O indivíduo é titular da EIRELI, e a EIRELI é o 
empresário. Esta é independe do indivíduo titular ou sócios titulares. Caso o 
 
5 Bianca Marinelli – Direito Econômico e Empresarial I – 3º termo 
indivíduo fosse empresário individual, o cliente compraria pão dele. Mas, se 
tratando de EIRELI, o cliente compra pão desta, e não do indivíduo titular. Caso 
fosse comprado um pão estragado, quem se responsabilizaria seria a EIRELI. 
O legislador impôs que, para exercício da EIRELI, houvesse um capital 
mínimo integralizado correspondente a 100 salários mínimos. De todos os tipos 
empresariais, somente a EIRELI possui esse tipo de previsão. Art. 990-A CC. 
O capital é o conjunto de recursos economicamente conversíveis que o 
titular da atividade converte para a exploração da atividade empresarial. 
Quando ele vai para EIRELI, deixa de ser do titular e passa a ser da EIRELI. 
Quando alguém transfere um capital próprio para iniciar uma atividade 
empresarial, deve receber algo em troca. As quotas possuem valores que 
alteram dentro do inventário. Ao morrer, o que entra no inventário são as 
quotas. 
Segundo o CC, a pessoa natural só pode ser titular uma única EIRELI, 
mas pode ser titular de outras atividades empresariais. 
Não está dito que só pessoa natural pode ser titular de EIRELI. A pessoa 
natural pode ser titular de uma única EIRELI. No entanto, pessoa jurídica pode 
ser titular de uma EIRELI. Sendo a EIRELI uma pessoa jurídica, a pessoa 
natural faz a pessoa jurídica EIRELI ser titular de outra EIRELI. Importante 
registrar que, hoje (após a revogação da IN 177 do DNRC - atual DREI) é 
permitido que pessoa jurídica seja titular de EIRELI. Sendo assim, admite-se, 
inclusive que uma EIRELI seja titular de outra EIRELI, lembrando que titular e a 
pessoa jurídica EIRELI possuem patrimônios independentes entre si. 
O empresário individual é a única modalidade em nosso sistema de 
pessoa física empresária. Importante se atentar a isso, pois, embora ele seja 
inscrito no CNPJ (que é o Cadastro Nacional das Pessoas Jurídicas) isso só 
acontece para fins tributários, o que não o transforma em pessoa jurídica. O 
mesmo se diga com o fenômeno doutrinariamente conhecido como 
Pejotização, que seria uma burla do sistema jus trabalhista para fins de não 
pagar os diretos celetistas. 
Pejotização vem de PJ, que é pessoa jurídica, no entanto, este 
fenômeno, pelo menos até a criação da SLU, era, em sua maioria, realizado 
por meio de empresário individual. Tanto empresário individual NÃO É pessoa 
jurídica que, para alcançar o patrimônio pessoal do titular NÃO PRECISA de 
desconsideração da pessoa jurídica. 
O MEI (Micro Empreendedor Individual) é uma espécie de empresário 
individual (tem CNPJ, mas é pessoa física empresária). Passa se enquadrar 
como MEI existem algumas condições, as mais conhecidas são as seguintes: 
- Limite de faturamento anual (atualmente de 81 mil reais); 
- Possibilidade de contratar somente um empregado; 
- Necessidade que esse empregado ganhe, no máximo, o salário mínimo 
ou o salário da categoria. 
O MEI desenquadrado vira um empresário individual comum e deixa de 
ter os benefícios tributários. 
As figuras do empresário e dos sócios não se confundem com a figurado administrador, embora possam se sobrepor. O empresário pode, como 
também não pode, ser administrador. É comum, em especial em atividades de 
menor porte, que o empresário seja o administrador da atividade, no entanto, 
ainda aqui, nesta figura, o empresário poderia terceirizar esta administração. 
 
6 Bianca Marinelli – Direito Econômico e Empresarial I – 3º termo 
O ordenamento jurídico está repleto de causas de impedimento. O 
sujeito pode ser até capaz (capacidade civil), entretanto, pode estar incluído em 
uma situação de impedimento. Não existe rol taxativo das hipóteses de 
impedimento, entretanto, em sua maioria, se aplicam as servidores públicos ou 
aos exercentes de função pública. Em geral, os servidores públicos federais e 
estaduais estão impedidos de serem empresários individuais (em especial, pela 
dificuldade da separação patrimonial). 
No entanto, em diversos estatutos encontramos impedimentos dirigidos 
a figura do sócio administrador. Até porque, a administração de uma empresa 
exige dedicação diária ou quase diária. Com relação a figura do sócio puro e 
simples (sem poder de administração), em geral, não há impedimento, a não 
em hipóteses específicas. 
Em resumo, há um grande número de impedimentos para ser 
empresário individual, mas quase não há impedimento para ser sócio sem 
poder de administração. 
A primeira regra que deve ser registrada é que não é permitido que o 
incapaz inicie uma atividade empresarial, somente é permito que ele continue. 
São duas as hipóteses nas quais o incapaz pode continuar uma atividade 
empresarial: 
1. Quando era capaz e se tornou incapaz após o início da atividade; 
2. Quando ele sucede (recebem herda etc.) uma empresa, estando 
incapaz, de alguém que era capaz e veio a falecer. 
A incapacidade descrita no caput do art. 974, do Código Civil, se refere 
somente à figura do empresário individual, cujo incapaz somente poderá 
continuar a atividade, nunca podendo iniciá-la. Entretanto, por interpretação 
reversa, verificamos que não há qualquer impedimento do incapaz ser sócio, 
figura diversa da de empresário individual. Ordenamento jurídico, portanto, 
permite que um incapaz inicie uma atividade como sócio, ao respeitar as regras 
do parágrafo terceiro, do art. 974, CC. 
É irrelevante o estado civil do empresário, podendo ele praticar todos os 
atos empresariais independentes disso. Entretanto, como sabemos, entre os 
bens que podem integrar uma atividade empresarial, estão os bens imóveis, e 
estando casado, o sujeito necessidade de autorização judicial para alienação 
desses (art. 1647, CC, salvo se casado em regime de separação absoluta). 
Registre-se que o ato de destinar um imóvel para uma atividade empresarial é 
um ato de alienação, ou seja, que exige a outorga conjugal. 
Para equalizar tais situações com a regra do art. 978 do CC, sendo 
casado o empresário, haverá necessidade da outorga conjugal quando da 
destinação do patrimônio particular para a atividade. No entanto, estando ali 
transferido, ou seja, sendo um patrimônio da atividade, a outorga passa a ser 
dispensável, uma vez que já foi realizada anteriormente. 
Para o registro do empresário e escrituração, ele deve se inscrever na 
Junta Comercial. Existe uma JC para cada estado da federação. A primeira 
obrigação de todo empresário é se inscrever na Junta Comercial. Toda espécie 
empresarial é obrigada a se inscrever na Junta Comercial, ou seja, os 
empresários individuais, as EIRELIs, as sociedade empresárias e até as 
cooperativas, como já visto. 
 
7 Bianca Marinelli – Direito Econômico e Empresarial I – 3º termo 
Somente o MEI, que é uma espécie de empresário individual, pelas suas 
características e pelo tratamento favorecido da legislação, tem a permissão de 
se registrar diretamente no site da Receita Federal, a qual, por sua vez, quem 
comunicará a Junta Comercial. 
Importante mencionar que a ausência de registro na Junta Comercial 
não descaracteriza a qualidade de empresário, tratando-se de uma 
irregularidade. 
A empresa que instituir estabelecimento secundário (sucursal, filia ou 
agência) em outra unidade da federação diversa da unidade da sede, deverá 
se inscrever na Junta Comercial respectiva, informando a Junta Comercial da 
sede, após essa inscrição. 
O SINREM (Sistema Nacional de Registro de Empresas Mercantis) é 
formado pelo DREI (antigo DNRC - órgão vinculado ao Ministério da Economia) 
e pelas Juntas Comerciais de cada estado. O DREI tem funções normativas e 
consultivas, enquanto as JUntas Comerciais possuem funções executivas ou 
operacionais. 
Funções das Juntas Comerciais: 
a) matrícula de algumas profissões; 
b) autenticação de livros e documentos empresariais; 
c) arquivamento de atos empresariais. 
Escrituração do empresário: Todo empresário (salvo o MEI) precisa 
realizar balanços e escriturar livros. 
A escrituração é o ato de colocar por escrito informações de 
transferência de valores (entradas e saídas) de certa empresa em um sistema 
de regras contábeis. 
Hoje em dia, em sua maioria, a escrituração é realizada de maneira 
digital, por meio de softwares que se alimentam dos eventos contábeis e 
apresentam relatórios, os quais são enviados, periodicamente, pelo Sistema 
Público de Escrituração Digital (SPED). Apenas para registro, há um livro de 
obrigatória escrituração para todos os empresários (salvo MEI), é o livro diário. 
Dependendo do porte da atividade e de suas características, outros tantos 
livros podem se tornar obrigatórios. 
Com relação aos balanços, são pelo menos 02 que devem ser 
realizados anualmente: o patrimonial e o que resultados. O balanço patrimonial 
visa apurar o patrimônio líquido da atividade, levantando o ativo e subtraindo o 
passivo. Por sua vez, o balanço de resultados, visa aferir a existência de lucros 
ou prejuízos. 
O sigilo empresarial é considerado um princípio do Direito Empresarial, 
uma vez que as informações contábeis e fiscais de certa atividade revelam o 
verdadeiro coração do negócio. Ali se encontram informações essenciais ao 
desenvolvimento e muitas estratégias empresariais. Tal princípio é tão valioso 
que o próprio Poder Judiciário não pode violá-lo, a não ser em hipóteses 
específicas. 
O único que pode acessar, ainda assim de maneira específica é o 
próprio Fisco. 
O sigilo empresarial foi valorizado pelo Sistema Processual Civil, tanto 
que o juiz só poderá ordenar a exibição integral dos livros contábeis se houver 
requerimento da parte e em casos específicos; por sua vez, a exibição parcial é 
permitida que seja realizada de ofício (ou a requerimento da parte), conforme 
art. 421, do CPC. 
 
8 Bianca Marinelli – Direito Econômico e Empresarial I – 3º termo 
Por fim, importante mencionar que o Código de Processo Civil dá 
diferente tratamento a eficácia probatória dos livros empresariais quando se 
trata de litígio entre empresários e entre não empresários. 
Quando se tratar de litígio entre empresários, em regra, o livro provará a 
favor; quando se tratar de litígio entra não empresários (ou seja, um empresário 
de um lado e um não empresa de outro, como um trabalhador, o fisco, o 
consumidor etc.), em regra, os livros provam contra, mas o empresário poderá, 
por meio de outro instrumento de prova, provar o contrário. 
O nome empresarial é o verdadeiro nome do empresário, da EIRELI ou 
da sociedade empresária. É o nome que encontramos nas notas e cupons 
fiscais, nos contratos, nos processos, na Carteira de Trabalho etc. O nome 
empresarial é registrado na Junta Comercial e, a partir do registro, ele passa a 
ter proteção. 
Não devemos confundir o nome empresarial com o título do 
estabelecimento. O nome empresarial é aquele registrado na Junta Comercial 
e identifica o empresário, por sua vez, o título do estabelecimento, é aquele 
que consta na fachada do imóvel (ou do sítio virtual) e identifica o ponto. Título 
do estabelecimento é sinônimo de nome fantasia. 
Não devemos confundir, também, o nome empresarial com a marca, que 
é o elemento de identificaçãode um produto ou serviços, cujo registro é de 
âmbito nacional, no site do INPI. 
Basicamente, existem duas espécies de nome empresarial: 
a) Firma ou razão social: Existem dois tipos empresariais comuns em 
que é possível escolher entre firma e denominação: EIRELI e Sociedade 
Limitada (inclusive a unipessoal). São dois elementos possíveis constantes de 
um nome empresarial, o nome de um ou mais sócios ou o nome de uma ou 
mais atividades exercidas. Firma é adequada ao empresário individual, 
enquanto que razão social a vários sócios. 
b) Denominação. 
O elemento fantasia é a expressão, normalmente de cunho 
mercadológico/publicitário, que é colocada no nome empresarial na modalidade 
denominação, sempre isso represente o nome de alguém ou mesmo uma 
atividade. 
Princípios do nome empresarial: 
1. Novidade: Por este princípio não pode haver outro nome empresarial 
igual ou semelhante no mesmo estado da federação. 
2. Veracidade: O princípio da veracidade exprime a verdade, ou seja, os 
elementos constantes do nome empresarial devem refletir a realidade 
do empresário ou da sociedade empresária. 
Em outras palavras, se for para constar o nome de alguém, esse alguém 
de fato deve ser sócio; se for para constar o nome de uma atividade, esta deve 
ser a atividade efetivamente desempenhada.

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