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A História da Vacina

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Texto baseado em : Oliveira, Lílian M.G. Bahia. Imunologia. v. 1 / Lílian M. G. Bahia Oliveira; Milton M. Kanashiro. 
Rio de Janeiro: Fundação CECIERJ, 2010. 232p. 
 
A História da Vacina 
 
Provavelmente, o relato mais antigo sobre o fenômeno da IMUNIDADE pode ser atribuído a Tucídides, ao descrever 
em 430 a.C. o episódio no qual uma praga assolou Atenas. Tucídides observou que somente as pessoas que haviam 
se recuperado da praga podiam cuidar de outras doentes, pois não contraíam a mesma doença pela segunda vez. 
Mas foi somente muitos anos depois, no século XV, que apareceram as primeiras reais descrições de indução de 
imunidade na tentativa de salvar vidas humana de infecções, especialmente em relação a varíola. Relatos do século 
XV descrevem procedimentos em que crostas dissecadas de pústulas de varíola humana (apenas de casos de 
sobreviventes à doença) eram inaladas ou sopradas nas narinas das crianças com o auxílio de um tubo de prata. Há 
indícios também de que havia a prática de se fazer pequenas incisões na pele de pessoas saudáveis, para inocular, 
com uma fina haste, material líquido proveniente das pústulas de doentes de varíola. 
Esses procedimentos conferiam imunidade contra a varíola humana e eram chamados VARIOLIZAÇÃO. Havia, no 
entanto, muita polêmica e crítica em relação à variolização por parte do clero e mesmo de alguns médicos daquela 
época. Porém, a prática se perpetuou por uma razão óbvia: a taxa natural de mortalidade das pessoas que contraíam 
varíola era de 15 a 20% (ou seja, de cada 100 pessoas que pegavam a doença, cerca de 15 a 20 morriam). A 
variolização proporcionava a diminuição da taxa natural de mortalidade para cerca de 2 a 3%. 
Várias décadas depois, em 1796, um médico inglês introduziu um grande avanço nos procedimentos da variolização. 
Edward Jenner fazia atendimentos médicos em área rural da Inglaterra e observou que que pessoas da área rural 
que contraíam a varíola bovina, uma forma branda da moléstia que provocava feridas nas vacas, se tornavam imunes 
à varíola humana. Este fato o deixou muito intrigado e o levou a formular a seguinte hipótese: se o fluido das feridas 
da varíola bovina fosse inoculado em indivíduos saudáveis, eles se tornariam imunes à varíola humana? Assim Jenner 
inoculou o fluido da varíola bovina em um garoto e, posteriormente, infectou-o, com a varíola humana! Felizmente, 
ele estava certo, e o garoto se manteve saudável. 
Com o passar dos séculos essa “rudimentar” imunização evoluiu. Durante a década de 1870, Pasteur, Robert Koch 
e outros cientistas trabalhavam em prol da divulgação da teoria dos germes. Após um experimento com aves, 
Pasteur percebeu que o fenômeno observado era semelhante à variolização descrita por Jenner, seu experimento 
demonstrou que o tempo poderia enfraquecer a virulência das bactérias e que a cultura de bactérias atenuadas 
poderia ser administrada a outros indivíduos para protegê-los da doença. Pasteur chamou essas bactérias atenuadas 
de VACINA (do latim vacca, que significa, isso mesmo: vaca), em homenagem a Edward Jenner, que utilizou o vírus 
da varíola bovina para induzir proteção contra a varíola humana. 
 
Texto baseado em : Oliveira, Lílian M.G. Bahia. Imunologia. v. 1 / Lílian M. G. Bahia Oliveira; Milton M. Kanashiro. 
Rio de Janeiro: Fundação CECIERJ, 2010. 232p. 
 
Assim Pasteur estabeleceu o princípio da atenuação para o desenvolvimento de vacinas. Essa descoberta foi 
determinante para o nascimento da Imunologia como ciência. Assim Pasteur descreve que um determinado agente 
infeccioso quando contamina pela primeira vez em um hospedeiro (naturalmente ou intencionalmente inoculado), 
consome “nutrientes específicos” daquele organismo para se desenvolver. Mas no segundo contato do agente 
infeccioso com o hospedeiro, o crescimento reduz, pois os “nutrientes específicos” para o seu crescimento já teriam 
sido consumidos na primeira infecção. 
Mas a proposta por Pasteur não foi suficiente para elucidar as descobertas seguintes, como, por exemplo, a 
demonstração feita por Theobald Smith de que organismos mortos podiam induzir à imunidade, e a demonstração 
de Emil von Behring e Shibasaburo Kitasato de que apenas o meio de cultivo (sem os microrganismos) dos agentes 
causadores de difteria e tétano podia também induzir imunidade. 
Mas foi somente em cerca de 1890 que Emil von Behring e Shibasaburo Kitasato, atentos aos resultados descritos 
anteriormente, demonstraram que a VACINAÇÃO (OU IMUNIZAÇÃO) com a toxina diftérica e com o Toxóide 
tetânico produzia “alguma substância” no sangue que neutralizava ou destruía as toxinas, prevenindo, portanto, as 
doenças causadas por essas toxinas. Esses pesquisadores demonstraram ainda que, se o soro de um animal 
vacinado fosse transfundido a um outro animal não-vacinado, o animal receptor do soro também se tornaria 
protegido contra a ação da toxina tetânica. 
Soros de animais vacinados com aquelas toxinas passaram a ser utilizados para tratar doentes com difteria ou tétano, 
obtendo-se sucesso quando administrados aos pacientes durante os estágios iniciais das doenças. A expectativa de 
se poder tratar moléstias com soros de animais imunizados provocou um grande crescimento da pesquisa nessa 
área. A substância que neutralizava as toxinas, e que estava presente no soro dos animais vacinados, foi denominada 
“antitoxina”. Logo em seguida, o termo ANTICORPO foi utilizado para denominar genericamente essa nova classe 
de substâncias do soro. O material responsável pela geração dos anticorpos foi denominado ANTÍGENO (como já 
vimos). 
Agora, se você tem mais de trinta anos, olhe para seu braço esquerdo. Se tem menos, procure seus pais, tios ou 
alguém que tenha essa idade ou mais e examine o braço dessa pessoa. Provavelmente, você encontrará uma cicatriz. 
Ela é resultante da lesão deixada pela vacinação contra o vírus da varíola. Essa vacina, elaborada com base na 
descoberta de Jenner, resultou na erradicação da varíola humana em todos os países, em 1980. 
Após, a Organização Mundial de Saúde (OMS) convocou todos os laboratórios no mundo para destruir os estoques 
do vírus da varíola, a fim de evitar que ele pudesse ser reintroduzido no ambiente de forma acidental ou mesmo 
criminosa. Dois laboratórios têm a guarda oficial do estoque deste vírus: o Centro de Controle de Doenças (CDC) de 
Atlanta, EUA, e o Instituto Vector, na Rússia. 
 
Texto baseado em : Playfair, J. H. L. Imunologia básica : guia ilustrado de conceitos fundamentais 9. ed. 
Barueri, SP : Manole, 2013. 
 
 
Tipos de Vacinas 
 
• Vacinas de microrganismos vivos e atenuados: Contêm microrganismos inteiros e vivos, com capacidade 
de se replicar (multiplicar), esses microrganismos preservam a capacidade de replicação, mas não têm a 
capacidade de causar doenças. Necessariamente, os microrganismos estão atenuados, o processo de 
atenuação pode ser obtido de diversas maneiras, como por exemplo, através do crescimento do agente 
patogênico em condições não ideais (/adversas) para ele. 
o Atenuação: 
 
Os vírus (sarampo, caxumba, febre amarela, poliomielite [Sabin], rubéola) produzem uma doença subclí-
nica e usualmente conferem uma excelente proteção. É preciso ter cuidado, todavia, em casos de 
pacientes imunodeficientes. As vacinas contra o sarampo, a caxumba e a rubéola geralmente são adminis-
tradas juntas (MMR ou tríplice viral). 
 
• Vacinas de microrganismos ou de seus produtos inativados: Vacinas utilizadas quando a atenuação é in-
viável. Contêm os agentes infecciosos inteiros em sua formulação, mas esses são previamente tratados com 
agentes físicos (por ex. radiação UV, calor, etc.) ou químicos (por ex. formol, beta-propiolactona, 
betaetileno imina, etc.); assim, os microrganismos perdem a capacidade de replicação (/multiplicação), 
porém ainda são capazes de induzir respostas imunes (conservam a imunogenicidade). Incluem os vírus 
mortos com formalina, como o vírus da raiva e o influenza.A vacina contra a poliomielite (Salk) substituiu 
a vacina viva (Sabin), mais econômica e menos efetiva, na maioria dos países. 
 
• Toxoides. São toxinas bacterianas (p. ex., difteria, tétano) inativadas com formalina, mas que permanecem 
antigênicas. Essas vacinas relativamente simples constituem uma das vacinas mais efetivas e confiáveis 
disponíveis no momento. 
 
• Vacinas de Subunidades: Incluem as primeiras vacinas de “segunda geração”, cujos antígenos purificados 
são produzidos por meio da tecnologia do DNA recombinante. Os primeiros exemplos de vacinas de 
subunidades utilizavam antígenos de superfície dos vírus das hepatites A e B, e conferiam um alto nível de 
proteção (>90%). Uma vacina com antígeno de superfície recombinante contra o papilomavírus humano 
(HPV) sexualmente transmissível foi introduzida em 2007 e previne tanto a infecção viral como o 
subsequente desenvolvimento de câncer de colo do útero, que é causado por este mesmo vírus. 
 
• Vacinas de DNA: Uma ideia nova e excitante consiste em inserir genes de um micróbio em outro micróbio 
menos virulento (p. ex., vacínia, Salmonella atenuada ou até mesmo “vírus” baseados no HIV que foram 
alterados para prevenir a replicação viral). Esses organismos “recombinantes” estimulam uma forte 
 
Texto baseado em : Playfair, J. H. L. Imunologia básica : guia ilustrado de conceitos fundamentais 9. ed. 
Barueri, SP : Manole, 2013. 
 
 
imunidade contra os antígenos inseridos. Se o genoma do vetor for suficientemente amplo (p. ex., BCG), é 
possível inserir múltiplos antígenos em um único vetor, eliminando a necessidade de administrar doses 
repetidas. Recentemente, descobriu-se que basta inocular o DNA codificador de um antígeno proteico no 
músculo ou na pele do paciente para provocar uma reposta imune – um resultado totalmente inesperado. 
Para tanto, podem ser utilizadas pequenas partículas de ouro para revestir o DNA que, então, é disparado 
sob pressão na pele, dispensando o uso de agulhas. As vacinas que empregam este sistema de aplicação 
“mediado por partículas” atualmente estão sendo experimentadas em uma variedade de doenças 
infecciosas e também no câncer.

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