Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ORGANELAS CELULARES Fernando Tavares Brasil Teixeira Célula eucariótica é subdividida em compartimentos funcionalmente distintos envoltos por membranas. Cada compartimento, ou organela, contém seu próprio conjunto característico de enzimas e outras moléculas especializadas, e sistemas de distribuição complexos transportam produtos específicos de um compartimento a outro. As proteínas conferem características estruturais e propriedades funcionais a cada compartimento. Elas catalisam as reações que lá ocorrem e transportam seletivamente pequenas moléculas para dentro ou para fora do compartimento Nas organelas envoltas por membrana, as proteínas também servem como marcadores de superfície organela- específicos que direcionam novas remessas de proteínas e lipídeos para as organelas apropriadas. Variam em abundância e podem ter propriedades adicionais que diferem de um tipo celular para outro. Sistemas de membranas intracelulares formam compartimentos fechados que são separados do citosol, criando assim espaços aquosos funcionalmente especializados dentro da célula. Como a bicamada lipídica das membranas celulares é impermeável a muitas moléculas hidrofílicas, a membrana de uma organela deve conter proteínas de transporte de membrana para a importação e a exportação de metabólitos específicos. Cada membrana de organela deve ser dotada também de um mecanismo para a importação e incorporação de proteínas específicas que a tornam única. DIVISÃO CELULAR E ORGANELAS Quando uma célula se reproduz por divisão, ela precisa duplicar suas organelas, realizando essa tarefa com um aumento das organelas existentes por incorporação de novas moléculas e dividindo e distribuindo-as às duas células-filhas. Cada célula-filha herda de sua mãe um conjunto completo de membranas celulares especializadas. Essa herança é essencial, uma vez que a célula não produz tais membranas do zero. As proteínas de membrana que definem o RE e realizam muitas das suas funções são produto do RE. Um novo RE não pode ser feito sem um RE já existente ou, pelo menos, sem uma membrana que contenha especificamente as proteínas translocadoras requeridas para importar proteínas selecionadas do citosol ao RE. O mesmo aplica-se às mitocôndrias. Portanto, parece que as informações necessárias à construção de organelas não residem exclusivamente no DNA que especifica as proteínas das organelas. Algumas organelas podem formar-se de outras organelas e não precisam ser herdadas no processo de divisão celular, como vesículas intermediárias. O citoplasma circundante consiste no citosol e nas organelas citoplasmáticas nele imersas. O citosol é o principal sítio de síntese e degradação de proteínas. Ele também desempenha a maior parte do metabolismo intermediário da célula – isto é, as muitas reações pelas quais algumas pequenas moléculas são degradadas e outras são sintetizadas para fornecer as unidades fundamentais das macromoléculas Os ribossomos são organelas que não estão envoltas por membrana; eles sintetizam proteínas de membrana integrais e solúveis, muitas das quais são secretadas para o exterior da célula ou para outras organelas. Na maioria das células, por exemplo, o aparelho de Golgi está localizado próximo ao núcleo, enquanto a rede de túbulos do RE estende-se do núcleo por todo o citosol. Essas distribuições características dependem das interações das organelas com o citoesqueleto (microtúblos). NÚCLEO O envelope nuclear encerra o DNA e define o compartimento nuclear O núcleo contém o genoma e é o sítio principal de síntese de DNA e RNA. Consiste em duas membranas concêntricas, penetradas pelos complexos do poro nuclear A membrana nuclear interna contém proteínas que atuam como sítios de ligação para cromossomos e para a lâmina nuclear Lâmina nuclear é uma malha proteica que fornece suporte estrutural para o envelope nuclear; a lâmina também atua como um sítio de ancoragem para cromossomos e citoesqueleto citoplasmático (via complexos proteicos que cruzam o envelope nuclear) A membrana interna é circundada pela membrana nuclear externa, a qual é contínua com a membrana do RE. Apresenta, assim como o RE, ribossomos envolvidos na síntese de proteínas. Espaço perinuclear: o espaço entre as membranas nucleares interna e externa, contínuo com o lúmen do RE Tráfego bidirecional ocorre continuamente entre o citosol e o núcleo. As muitas proteínas com função nuclear – histonas, DNA-polimerases e RNA- polimerases – são seletivamente importadas do citosol, onde são sintetizadas, para o compartimento nuclear. Ao mesmo tempo, quase todos os RNAs são sintetizados no compartimento nuclear e então exportados para o citosol. Assim como o processo de importação, o processo de exportação é seletivo COMPLEXO DO PORO NUCLEAR (NPC) Complexos do poro nuclear (NPCs, de nuclear pore complexes) perfuram o envelope nuclear. Cada NPC é composto de um conjunto de cerca de 30 diferentes proteínas, ou nucleoporinas. Cada nucleoporina está presente em cópias múltiplas Cada NPC pode transportar até mil macromoléculas por segundo e em ambas as direções ao mesmo tempo. Cada NPC contém canais aquosos, através dos quais pequenas moléculas solúveis em água podem difundir-se passivamente. Pequenas moléculas difundem-se tão rapidamente que o envelope nuclear pode ser considerado livremente permeável a elas. Grandes proteínas, entretanto, difundem-se de maneira muito mais lenta, e quanto maior a proteína, mais lentamente ela passa através dos NPCs. O tamanho-limite para difusão livre é resultado da estrutura do NPC. O canal de nucleoporinas com extensas regiões não estruturadas forma um emaranhado desordenado que restringe a difusão de grandes macromoléculas enquanto permite a passagem de pequenas moléculas. Uma vez que muitas proteínas celulares são demasiadamente grandes para passar por difusão através dos NPCs, o compartimento nuclear e o citosol podem manter diferentes composições de proteínas. NUCLÉOLO Local da célula destinado à formação da subunidade ribossômica. Consiste em uma rede de RNAs e proteínas concentradas em torno dos genes de RNA ribossômico que estão sendo ativamente transcritos. Não está delimitado por uma membrana Tais estruturas originam ambientes bioquímicos distintos, pela imobilização de determinados tipos de macromoléculas. Isso permite que determinadas moléculas entrem nesses espaços para serem processadas com grande eficiência. Não pode concentrar nem excluir pequenas moléculas específicas. É formado apenas quando há necessidade e criam uma alta concentração local de diversas enzimas e moléculas de RNA necessárias. Os genes de rRNA estão distribuídos em dez grupos, localizados próximo à extremidade de uma das duas cópias de cinco pares cromossômicos diferentes, contribuindo com alças de DNA (contendo os genes rRNA) para o nucléolo. Desaparece na fase M do ciclo celular. Seu tamanho reflete o número de ribossomos que a célula está produzindo. Outros RNAs, como o RNAt, também é produzido nos nucléolos, bem como a enzima telomerase – são produzidos RNAs não codificadores. MITOCÔNDRIA Delimitadas por dupla membrana. Especializadas na síntese de ATP, utilizando energia oriunda do transporte de elétrons e da fosforilação oxidativa Têm seu próprio DNA e RNA, bem como um sistema completo de transcrição e tradução, incluindo ribossomos, o que as permite sintetizar algumas de suas próprias proteínas. São móveis, que mudam de formato e posição de forma constante. Em outras células, elas permanecem fixas em um local da célula para direcionar ATP de modo direto a um sítio de consumo atipicamente alto de ATP. Célula muscular cardíaca: localizadas próximas aos aparelhos contráteis. Espermatozoide: firmemente presas ao redor do flagelo motor O número presente em diferentes tipos celulares varia e muda com a necessidade de energia da célula. Célulamuscular esquelética: o número pode aumentar de 5 a 10 vezes, em virtude do crescimento e da divisão mitocondrial que ocorre se o músculo é repetidamente estimulado a contrair-se. Embora contenha seu próprio DNA, ribossomos e outros componentes para síntese de proteínas, a maioria das suas proteínas é codificada no núcleo celular e importada do citosol. Subcompartimentos: a matriz mitocondrial e o espaço intermembrana, que é contínuo ao espaço das cristas. Eles são formados pelas duas membranas mitocondriais concêntricas: a membrana interna, que envolve o espaço da matriz e forma extensas invaginações, as cristas, e a membrana externa, que está em contato com o citosol. Membrana externa: 1. Contém muitas moléculas de uma proteína de transporte porina. 2. É permeável a todas as moléculas de pequenas, incluindo pequenas proteínas. Isso torna o espaço intermembranas quimicamente equivalente ao citosol em relação às pequenas moléculas que contêm. Membrana interna: 1. É impermeável à passagem de íons e à maioria das pequenas moléculas. A matriz mitocondrial, portanto, contém apenas moléculas que podem ser seletivamente transportadas à matriz através da membrana interna, e o seu conteúdo é altamente especializado. 2. Sítio de transporte de elétrons e bombeamento de prótons e contém a ATP-sintase (fosforilação oxidativa) Equivalência entre a quantidade de cristas e a demanda de ATP: número de cristas é 3x maior em uma mitocôndria de célula muscular cardíaca do que em uma mitocôndria de uma célula hepática. Novas mitocôndrias são produzidas pelo crescimento de organelas preexistentes, seguidos de fissão PEROXISSOMO Envolvidos por uma única membrana Não possuem DNA ou ribossomos. Por não serem dotados de genoma, todas as suas proteínas são codificadas no núcleo. Obtêm muitas das suas proteínas por importação seletiva do citosol Contêm enzimas oxidativas, como catalase e urato oxidase, em concentrações muito elevadas Assim como as mitocôndrias, os peroxissomos são os principais sítios de utilização de oxigênio. Hipótese: os peroxissomos são um vestígio de uma organela ancestral que realizava todo o metabolismo de oxigênio nos ancestrais primitivos das células eucarióticas. Eles podem ter servido para reduzir a concentração de oxigênio intracelular, enquanto também usavam sua reatividade química para fazer reações oxidativas úteis. O desenvolvimento posterior das mitocôndrias tornou os peroxissomos bastante obsoletos, porque muitas das mesmas reações – as quais foram inicialmente conduzidas nos peroxissomos sem produção de energia – foram agora acopladas com a formação de ATP, por meio da fosforilação oxidativa. Assim denominados porque costumam conter 1 ou + enzimas que empregam oxigênio molecular para remover átomos de hidrogênio de substratos orgânicos específicos em uma reação oxidativa que produz peróxido de hidrogênio (H2O2) A catalase utiliza o H2O2 gerado por outras enzimas na organela para oxidar uma variedade de outros substratos pela reação “peroxidativa”: H2O2 + R´H2 → R´ + 2H2O Esse tipo de reação oxidativa é particularmente importante nas células do fígado e do rim, nas quais os peroxissomos destoxificam várias moléculas tóxicas que entram na corrente sanguínea. Cerca de 25% do etanol que bebemos é oxidado a acetaldeído dessa forma. Quando um excesso de H2O2 acumula-se na célula, a catalase o converte em H2O por meio da reação: 2H2O2 → 2H2O + O2 A principal função das reações oxidativas realizadas nos peroxissomos é a quebra de moléculas de ácido graxo, processo denominado b-oxidação. Encurta as cadeias alquil dos ácidos graxos, convertendo-os, assim, em acetil-CoA (acetil- coenzima A). Os peroxissomos exportam então acetil-CoA ao citosol para utilizá-la em reações biossintéticas. Uma função biossintética essencial dos peroxissomos animais é catalisar as primeiras reações na formação de plasmalogênios, que são a classe mais abundante de fosfolipídeos na mielina. A deficiência de plasmalogênios causa anomalias profundas na mielinização dos axônios das células nervosas, sendo essa uma das razões por que muitos distúrbios peroxissômicos levam a doenças neurológicas RETÍCULO ENDOPLASMÁTICO (RE) A membrana do RE em geral constitui mais do que a metade da membrana total de uma célula animal Está organizado num labirinto de túbulos ramificados e de vesículas achatadas que se estendem através do citosol Os túbulos e sacos são interconectados o RE e as membranas nucleares formam uma folha contínua envolvendo um espaço interno único, chamado de lúmen do RE ou espaço cisternal do RE. o RE tem um papel central na biossíntese de lipídeos e proteínas, servindo também como um local de armazenamento intracelular de Ca2+, que é usado em muitas respostas de sinalização celular As células musculares possuem um abundante RE liso modificado, denominado retículo sarcoplasmático. A liberação e a recaptação de Ca2+ pelo retículo sarcoplasmático disparam a contração e o relaxamento das miofibrilas, durante cada ciclo de contração muscular A membrana do RE é o sítio de produção de todas as proteínas transmembrana e lipídeos para a maioria das organelas celulares. Quase todas as proteínas que serão secretadas para o exterior celular – acompanhadas daquelas destinadas ao lúmen do RE, ao aparelho de Golgi ou aos lisossomos – são enviadas inicialmente ao lúmen do RE. O RE liso é abundante e proeminente em células que se especializam no metabolismo de lipídeos, como células que sintetizam hormônios esteroides a partir do colesterol. Quando a síntese proteica é vigorosa, o sistema pode tornar-se sobrecarregado. Quando a produção proteica da célula excede a capacidade de transporte e enovelamento do seu RE, as proteínas malenoveladas começam a acumular-se. Essas proteínas aberrantes servem como um sinal para orientar a célula a produzir mais RE. Isso ocorre pela ativação de um grupo especial de receptores que residem na membrana do RE, que, por sua vez, ativam um vasto programa de transcrição chamado de resposta de proteína desenovelada (UPR, de unfolded protein response). O programa estimula a célula a produzir mais RE, incluindo toda a maquinaria molecular necessária para reabilitar o enovelamento e o processamento apropriados da proteína Se um equilíbrio apropriado não puder ser restabelecido – e proteínas malenoveladas continuarem a acumular-se –, o programa UPR pode direcionar a célula a se autodestruir por apoptose. Tal situação pode surgir em diabete iniciado em adultos, onde os tecidos do corpo gradualmente se tornam resistentes aos efeitos da insulina. À medida que as células secretoras de insulina no pâncreas são convocadas a produzir mais e mais insulina, seu RE poderá alcançar a capacidade máxima, ponto no qual a expansão adicional se torna fisiologicamente impossível. O programa UPR pode então acionar a morte celular. Áreas de RE liso a partir das quais vesículas carregando proteínas recém-sintetizadas e lipídeos se desprendem para transporte até o aparelho de Golgi são chamadas de RE transicional. Esses ribossomos ligados à membrana cobrem a superfície do RE, criando regiões chamadas retículo endoplasmático rugoso, ou RE rugoso; uma especialização do retículo. O RE liso expandido acomoda as enzimas que fazem o colesterol e o modificam a fim de formar os hormônios O hepatócito também possui uma quantidade significativa de RE liso. Ele é o principal sítio de produção de partículas de lipoproteína, que carregam lipídeos a outras partes do corpo via corrente sanguínea. As enzimas que sintetizam os componentes lipídicos das lipoproteínas estão localizadas na membrana do RE liso, a qual também contém enzimas que catalisam uma série de reações para destoxificar substâncias lipossolúveis e vários compostos danosos produzidos pelo metabolismo. As reações de destoxificação são realizadas pela família de enzimas citocromo P450,que catalisam reações nas quais substâncias insolúveis em água ou metabólitos que poderiam ser acumulados em níveis tóxicos nas membranas celulares são transformados em solúveis em água o suficiente para deixarem a célula e serem excretados na urina. A adição covalente de oligossacarídeos às proteínas é uma das principais funções biossintéticas do RE. Cerca de metade das proteínas solúveis e ligadas à membrana que são processadas no RE – incluindo aquelas destinadas ao transporte– são glicoproteínas que sofrem modificações nesse caminho. Durante a forma mais comum de glicosilação da proteína no RE, um oligossacarídeo precursor pré-formado é transferido em bloco para proteínas. Esse oligossacarídeo é transferido ao grupo NH2 (N-terminal) da cadeia lateral de um aminoácido asparagina na proteína, sendo, por isso, considerado ligado ao N ou ligado à asparagina A transferência é catalisada por uma enzima ligada à membrana, uma oligossacaril transferase, que tem seu sítio ativo exposto no lado do lúmen da membrana do RE Uma molécula lipídica especial denominada dolicol abriga o oligossacarídeo precursor na membrana do RE. O oligossacarídeo precursor é transferido para a asparagina-alvo em um único passo enzimático imediatamente depois de o aminoácido ter alcançado o lúmen durante a translocação da proteína. O oligossacarídeo precursor é ligado ao lipídeo dolicol por uma ligação pirofosfato de alta energia, que providencia a energia de ativação para conduzir a reação de glicosilação A membrana do RE é o local de síntese de quase todas as principais classes de lipídeos da célula, incluindo fosfolipídeos e colesterol necessários à produção de novas membranas celulares. A síntese de fosfolipídeos ocorre exclusivamente no folheto citosólico da membrana do RE, por causa de seus sítios ativos. As células plasmáticas, que secretam moléculas de anticorpos na corrente sanguínea, contêm uma quantidade enorme amplificada de RE rugoso, que é encontrado em enormes e achatadas camadas COMPLEXO DE GOLGI Consiste numa coleção de sacos achatados, sacos definidos por membranas (cisternas), que estão empilhados como pratos, com cada pilha contendo de 3-20 cisternas Cada pilha possui duas faces distintas: uma face de entrada (ou cis) e uma face de saída (ou trans). A face cis é adjacente ao RE, e a face trans aponta em direção à membrana plasmática. Muitos dos grupos oligossacarídicos que são adicionados às proteínas no RE sofrem modificações posteriores no aparelho de Golgi. Cadeias complexas de oligossacarídeos são criadas por processos bastante ordenados onde açúcares são adicionados e removidos por uma série de enzimas que atuam em uma sequência rigidamente determinada à medida que as proteínas passam através da pilha de Golgi Existe correlação entre a posição de uma enzima na cadeia de eventos de processamento e a sua localização na pilha de Golgi: enzimas que atuam no início são encontradas em cisternas próximas à face cis, e as enzimas que atuam mais tarde são encontradas nas cisternas próximas à face trans. LISOSSOMO Sacos membranosos de enzimas hidrolíticas que conduzem a digestão intracelular controlada de materiais extracelulares e organelas esgotadas. Também degradam proteínas, ácidos nucleicos, oligossacarídeos e fosfolipídeos. Todas essas enzimas são otimamente ativas nas condições ácidas (pH ~5) mantidas dentro dos lisossomos. A membrana do lisossomo normalmente mantém essas enzimas destrutivas fora do citosol (cujo pH é em torno de 7,2), mas a dependência de um pH ácido dessas enzimas protege o conteúdo do citosol contra danos, ainda que algum vazamento ocorra. Possui uma membrana única circundante. A membrana lisossômica contém transportadores que permitem que os produtos finais da digestão de macromoléculas, como aminoácidos, açúcares e nucleotídeos, sejam transportados ao citosol A membrana também contém uma bomba de H+ dirigida por ATP, a qual, como na membrana endossômica, bombeia H+ para dentro dos lisossomos, mantendo, dessa forma, seu conteúdo em um pH ácido A maioria das proteínas da membrana lisossômica é bastante glicosilada de forma singular; os açúcares, que cobrem muito da superfície das proteínas revestindo o lúmen, protegem as proteínas da digestão pelas proteases lisossômicas. Enzimas digestórias especializadas e proteínas de membrana do lisossomo são sintetizadas no RE e transportadas pelo aparelho de Golgi. Enquanto no RE e na rede cis de Golgi, as enzimas são etiquetadas com um grupo de açúcares fosforilado específico (manose 6-fosfato), de forma que, quando elas chegam na rede trans de Golgi, são reconhecidas por um receptor apropriado, o receptor da manose 6-fosfato. Essa etiquetagem permite que as enzimas sejam distribuídas e empacotadas em vesículas de transporte, as quais se destacam e entregam seu conteúdo aos lisossomos por endossomos tardios. MOVIMENTO DAS PROTEÍNAS ENTRE OS COMPARTIMENTOS A síntese de todas as proteínas começa em ribossomos no citosol, exceto as poucas proteínas que são sintetizadas nos ribossomos das mitocôndrias Seu destino subsequente depende da sua sequência de aminoácidos, a qual pode conter sinais de endereçamento que direcionam seu envio a locais fora do citosol ou a superfícies de organelas. Podem orientar o transporte de proteínas do RE a outros destinos na célula. Algumas proteínas não possuem um sinal de endereçamento e, consequentemente, permanecem no citosol como residentes permanentes. Os sinais de endereçamento na proteína transportada são reconhecidos pelos receptores de endereçamento complementares. SEQUÊNCIAS-SINAL E RECEPTORES DE ENDEREÇAMENTO Sequências-sinal são frequentemente encontradas na porção N-terminal da cadeia polipeptídica. Peptidases-sinal especializadas removem a sequência-sinal da proteína finalizada quando o processo de endereçamento está completo. Sequências-sinal também podem ser extensões internas de aminoácidos, permanecendo como parte da proteína. Tais sinais são usados em transportes controlados por comportas para dentro do núcleo. Formam um arranjo específico tridimensional de átomos na superfície das proteínas. As proteínas destinadas para transferência ao RE em geral possuem uma sequência-sinal na sua região N-terminal Muitas dessas proteínas passarão do RE para o aparelho de Golgi, mas algumas com uma sequência-sinal específica são reconhecidas como residentes no RE e retornam a ele. As sequências-sinal são tanto necessárias como suficientes para o endereçamento de proteínas. Embora suas sequências de aminoácidos possam variar muito, as sequências-sinal das proteínas que têm o mesmo destino são funcionalmente intercambiáveis; Propriedades físicas, como a hidrofobicidade, em geral parecem ser mais importantes no processo de reconhecimento de sinal do que a exata sequência de aminoácidos. São reconhecidas pelos receptores de endereçamento complementares, que guiam proteínas ao seu destino apropriado, onde os receptores descarregam suas cargas. Os receptores funcionam cataliticamente (atuam como catalisadores): depois de completar uma rodada de entrega, eles retornam ao seu ponto de origem para serem reutilizados. TRANSPORTE CONTROLADO POR COMPORTAS Transporte controlado por comportas: proteínas e moléculas de RNA se movimentam entre o citosol e o núcleo através de complexos do poro nuclear no envelope nuclear. Os complexos do poro nuclear funcionam como canais seletivos que auxiliam o transporte ativo de macromoléculas específicas e conjuntos macromoleculares entre os dois espaços equivalentes topologicamente, embora também permitam a difusão livre de pequenas moléculas; O tráfego bidirecional ocorre continuamente entre o citosol e o núcleo. As muitas proteínas com função nuclear são seletivamente importadas do citosol, onde são sintetizadas, para o compartimento nuclear. Ao mesmo tempo, quase todos os RNAs são sintetizadosno compartimento nuclear e então exportados para o citosol. Sinais de localização nuclear: 1. (NLSs, de nuclear localization signals) são responsáveis pela seletividade desse processo nuclear de importação. 2. Os sinais de localização nuclear podem estar situados praticamente em qualquer lugar na sequência de aminoácidos e, supostamente, formam alças ou regiões na superfície da proteína. 3. A localização exata do sinal dentro da sequência de aminoácidos de uma proteína nuclear não é importante. contanto que uma das subunidades da proteína de um complexo multicomponente exponha um sinal de localização nuclear, o complexo inteiro será importado para o núcleo. O transporte macromolecular pelos NPCs é diferente do transporte de proteínas pelas membranas das outras organelas, pois ocorre por um grande e expansível poro aquoso, em vez de usar uma proteína transportadora abrangendo uma ou mais bicamadas lipídicas. As partículas ligam-se às fibrilas como tentáculos que se estendem desde as nucleoporinas de suporte na borda do NPC para o citosol e, então, prosseguem através do centro do NPC. Para iniciar a importação nuclear, a maioria dos sinais de localização nuclear deve ser reconhecida pelos receptores de importação nuclear, algumas vezes chamados de importinas (importins) Os receptores de importação são proteínas citosólicas solúveis que se ligam tanto no sinal de localização nuclear da proteína-carga quanto nos domínios não estruturados do canal de nucleoporinas alinhados no centro do poro Uma vez no núcleo, os receptores de importação dissociam-se da sua carga e retornam ao citosol. Essa dissociação ocorre apenas no lado nuclear do NPC, conferindo desse modo direcionalidade ao processo de importação. Os sistemas de transporte de importação e de exportação funcionam de modo similar, mas em direções opostas: baseiam-se nos sinais de exportação nuclear nas macromoléculas a serem exportadas, assim como nos receptores de exportação nuclear complementares, ou exportinas Assim como outras GTPases, a Ran é um interruptor molecular que pode existir em dois estados conformacionais, dependendo de o GDP ou o GTP estar ligado A conversão entre os dois estados é desencadeada por duas proteínas reguladoras Ran-específicas: 1. GAP (GTPase-activating protein): proteína ativadora de GTPase citosólica, que aciona a hidrólise de GTP, convertendo Ran-GTP em Ran-GDP. Visto que ela se encontra no citosol, existe nele mais Ran-GDP. 2. GEF (guanine echange fator): um fator de troca de guanina nuclear, que promove a troca de GDP para GTP, convertendo Ran-GDP em Ran-GTP. Visto que se encontra no núcleo, existe nele mais Ran-GTP. Receptores de importação entram então no canal. Se atingirem o lado nuclear do complexo do poro, Ran-GTP liga-se a eles, e se chegarem carregados com moléculas-carga, a ligação de Ran-GTP faz os receptores de importação liberarem sua carga. Como Ran-GDP no citosol não se liga a receptores de importação (ou exportação), o descarregamento ocorre apenas no lado nuclear do NPC. Dessa maneira, a localização nuclear de Ran-GTP cria a direcionalidade do processo de importação. Depois de descarregar sua carga no núcleo, o receptor de importação vazio com Ran-GTP ligado é transportado de volta ao citosol através do complexo do poro. Lá, Ran-GAP estimula Ran-GTP a hidrolisar seu GTP ligado, convertendo-o, assim, a Ran-GDP, o qual dissocia-se do receptor. O receptor está pronto, então, para outro ciclo de importação nuclear TRANSLOCAÇÃO DE PROTEÍNAS Translocação de proteínas: translocadores de proteínas transmembrana transportam diretamente proteínas específicas através da membrana do citosol para um espaço que é topologicamente diferente. A molécula de proteína transportada em geral precisa desdobrar-se para passar pelo translocador. O transporte inicial das proteínas selecionadas do citosol para o lúmen do RE ou para a mitocôndria, por exemplo, ocorre dessa forma. Proteínas integrais da membrana costumam usar os mesmos translocadores que deslocam apenas parcialmente essas proteínas através da membrana, tornando-se então incorporadas à bicamada lipídica. MITOCÔNDRIAS Proteínas mitocondriais são primeiro totalmente sintetizadas como proteínas precursoras mitocondriais no citosol e então translocadas para a mitocôndria por um mecanismo pós-traducional Sequências-sinal dirigem as proteínas precursoras mitocondriais para o seu subcompartimento mitocondrial apropriado. Complexos proteicos com várias subunidades atuam como translocadores de proteínas fazendo a mediação do movimento de proteínas através das membranas mitocondriais. O complexo TOM transfere proteínas através da membrana externa, e dois complexos TIM (TIM23 e TIM22) transferem proteínas através da membrana interna. Esses complexos contêm alguns componentes que atuam como receptores para proteínas precursoras mitocondriais, e outros componentes que formam os canais de translocação. Complexo TOM: Inicialmente ele transporta a sequência- sinal dessas proteínas para o espaço intermembrana e ajuda a inserir proteínas transmembrana na membrana externa. Complexo SAM: auxilia no dobramento apropriado na membrana externa. Complexo TIM23: transporta algumas dessas proteínas para o espaço da matriz e auxilia na inserção de proteínas transmembrana na membrana interna. Complexo TIM22: medeia a inserção de uma subclasse de proteínas da membrana interna Complexo OXA: medeia a inserção de proteínas da membrana interna que são sintetizadas no interior das mitocôndrias As proteínas precursoras mitocondriais não se enovelam em sua estrutura nativa logo depois de serem sintetizadas; em vez disso, elas permanecem desenoveladas por meio de interações com proteínas chaperonas. Proteínas chaperonas: proteínas de interação que auxiliam na prevenção de agregação do enovelamento espontâneo das proteínas precursoras, antes da sua interação com o complexo TOM na membrana mitocondrial externa. A ligação e a liberação de polipeptídeos recém-sintetizados das proteínas chaperonas necessita da hidrólise do ATP. Passo inicial: os receptores de importação do complexo TOM ligam-se a sequências-sinal de proteínas precursoras mitocondriais. As proteínas de interação são, então, removidas e a cadeia polipeptídica desenovelada é encaminhada – primeiro a sequência-sinal – para o canal de translocação. O complexo TOM primeiramente transporta o sinal de localização mitocondrial através da membrana externa para o espaço intermembrana, onde se liga ao complexo TIM, abrindo o canal no complexo. A cadeia polipeptídica é então translocada para o espaço da matriz ou inserida na membrana interna. O transporte direcional requer energia. A importação de proteínas para a mitocôndria é sustentada pela hidrólise de ATP em dois sítios diferentes, um fora da mitocôndria e um no espaço da matriz. Uma vez que a sequência-sinal tenha passado pelo complexo TOM e se ligado a um dos complexos TIM, a continuidade do transporte pelos canais de translocação TIM necessita de um potencial de membrana, o qual é um componente de eletricidade do gradiente eletroquímico de H+ através da membrana interna O bombeamento de H+ da matriz para o espaço intermembrana, dirigido pelo processo de transporte de elétrons na membrana interna, mantém o gradiente eletroquímico A energia do gradiente eletroquímico de H+ através da membrana interna, portanto, não apenas fornece a maior parte da síntese de ATP da célula, mas também dirige a translocação das sequências-sinal carregadas positivamente por meio dos complexos TIM por eletroforese. Hsp70 mitocondrial: parte de um agregado proteico de múltiplas subunidades que se encontra ligado ao complexo TIM23 pelo lado da matriz e age como um motor para puxar proteínas precursoras para o espaço da matriz. Têm uma alta afinidade pelas cadeias polipeptídicas desenoveladas e ligam-se firmemente a umacadeia de proteína importada assim que ela emerge do translocador TIM no espaço da matriz. A hsp70 sofre então uma modificação conformacional e libera a cadeia proteica em uma etapa ATP-dependente, exercendo uma força do tipo arrancando/puxando na proteína a ser importada PEROXISSOMOS Uma sequência específica de três aminoácidos (Ser-Lys-Leu) localizados na região C-terminal de muitas proteínas dos peroxissomos atua como um sinal de importação Um complexo de pelo menos seis diferentes peroxinas, proteínas que participam no processo de importação movidas por hidrólise de ATP, forma uma proteína translocadora na membrana do peroxissomo. Mesmo proteínas oligoméricas não precisam ser desdobradas para que sejam importadas. Acredita-se que o poro formado pelo transportador seja dinâmico em suas dimensões, adaptando seu tamanho às moléculas-carga a serem transportadas, permitindo a passagem de cada molécula-carga compactamente dobrada. Um receptor de importação solúvel, a peroxina Pex5, reconhece o sinal de importação C-terminal peroxissômico, acompanhando sua carga até o interior dos peroxissomos e, após a liberação da carga, retorna ao citosol. Síndrome de Zellweger: doença humana hereditária na qual um defeito na importação de proteínas para os peroxissomos leva a uma deficiência peroxissômica grave. Esses indivíduos, cujas células contêm peroxissomos “vazios”, apresentam graves anomalias no cérebro, no fígado e nos rins, e morrem logo após o nascimento. Uma mutação no gene que codifica a peroxina Pex5 causa uma forma dessa doença. Uma doença peroxissômica hereditária moderada é causada por um defeito no Pex7, receptor defectivo para o sinal N-terminal de importação. RETÍCULO ENDOPLASMÁTICO As células de mamíferos começam a importação de proteínas para o RE antes da síntese completa da cadeia polipeptídica – isto é, a importação é um processo cotraducional. Ao contrário, a importação de proteínas nas mitocôndrias, nos cloroplastos, no núcleo e nos peroxissomos é um processo pós-traducional. No transporte cotraducional, o ribossomo que está sintetizando a proteína está diretamente aderido à membrana do RE, permitindo que uma ponta da proteína seja translocada para o RE enquanto o restante da cadeia polipeptídica está sendo sintetizado. Proteínas solúveis em água são totalmente translocadas através da membrana do RE e liberadas no lúmen do RE. São destinadas tanto à secreção quanto à residência no lúmen do RE ou de outra organela. A sequência-sinal do RE é guiada à membrana do RE por, pelo menos, dois componentes: uma partícula de reconhecimento de sinal (SRP, signal-recognition particle), que circula entre a membrana do RE e o citosol e liga-se à sequência-sinal, e um receptor SRP na membrana do RE SRP: um grande complexo que consiste em seis diferentes cadeias polipeptídicas ligadas a uma única pequena molécula de RNA. A SRP é uma estrutura do tipo haste, que envolve a subunidade ribossômica maior com uma ponta ligando a sequência- sinal do RE à medida que emerge do ribossomo como parte da cadeia polipeptídica recém-produzida; a outra ponta bloqueia o sítio de ligação do fator de elongamento na interface entre as subunidades grande e pequena do ribossomo Esse evento provoca uma pausa na síntese proteica tão logo o peptídeo-sinal tenha emergido do ribossomo. A pausa transitória provavelmente dá tempo suficiente ao ribossomo para ligar-se à membrana do RE antes de completar a síntese da cadeia polipeptídica, garantindo, desse modo, que a proteína não seja liberada no citosol. Também assegura que grandes porções de proteína, que poderiam enovelar-se em uma estrutura compacta, não sejam originadas antes de chegarem ao translocador na membrana ao contrário da importação pós-traducional, proteínas chaperonas não são necessárias para capturar proteínas não enoveladas. Quando uma sequência-sinal se liga, a SRP expõe um sítio de ligação para o receptor SRP, que é um complexo proteico transmembrana na membrana do RE rugoso. A ligação de SRP ao seu receptor traz o complexo ribossomo-SRP a um translocador proteico não ocupado na mesma membrana A SRP e o receptor SRP são então liberados, e o translocador transfere a cadeia polipeptídica crescente através da membrana Complexo Sec61: 1. Complexo de 3 subunidades de proteína transportadoras capazes de formar um canal preenchido por água na membrana, pelo qual a cadeia polipeptídica cruza. 2. O canal é bloqueado por uma a-hélice pequena que parece manter o translocador fechado quando está inerte e se move para o lado quando está ocupado passando uma cadeia polipeptídica. 3. É um canal dinâmico que se abre apenas brevemente quando uma cadeia polipeptídica atravessa a membrana 4. usam um pequeno domínio localizado no lado do lúmen da membrana do RE para depositar uma proteína chaperona do tipo hsp70 (denominada BiP, de binding protein) na cadeia polipeptídica, à medida que esta emerge do poro para o lúmen do RE. Em um translocador inerte, é importante manter o canal fechado, desse modo permanecendo a membrana impermeável a íons, como Ca2+, que, por outro lado, poderiam escapar do RE. A sequência-sinal RE da cadeia polipeptídica crescente dispara a abertura do poro na proteína translocadora Sec61: depois que a sequência-sinal é liberada da SRP e a cadeia crescente tenha alcançado um tamanho suficiente, a sequência-sinal liga-se a um sítio específico dentro do poro, abrindo dessa maneira o poro. Uma sequência-sinal do RE é, portanto, reconhecida duas vezes: primeiro por uma SRP no citosol e então por um sítio de ligação no poro da proteína translocadora Enquanto ligada no poro de translocação, a sequência-sinal está em contato não apenas com o complexo Sec61, que forma as paredes do poro, mas também ao longo da linha de junção lateral com o centro hidrofóbico da bicamada lipídica. Quando a cadeia polipeptídica nascente tiver crescido o suficiente, a peptidase-sinal do RE cliva a sequência-sinal e a libera do poro na membrana Para liberar a sequência-sinal na membrana, o translocador abre lateralmente ao longo da junção O translocador pode então tomar duas direções: abrir-se para formar um poro através da membrana a fim de deixar porções hidrofílicas de proteínas na bicamada lipídica, e abrir-se lateralmente dentro da membrana para deixar porções hidrofóbicas de proteínas na bicamada lipídica. A integração de proteínas de membrana exige que algumas partes da cadeia polipeptídica sejam transportadas através da bicamada lipídica, enquanto outras não No caso mais simples, uma sequência-sinal N-terminal inicia a translocação, como para uma proteína solúvel, mas um segmento hidrofóbico adicional na cadeia polipeptídica interrompe o processo de transferência antes que a cadeia inteira seja transportada. Esse sinal de parada da transferência ancora a proteína na membrana depois que a sequência-sinal do RE (o sinal de início da transferência) tenha sido clivada e liberada do translocador. Nos outros dois casos, a sequência-sinal é interna, em vez de ser na extremidade N-terminal da proteína. A SRP liga-se a uma sequência-sinal interna mediante reconhecimento hidrofóbico de características da a-hélice e leva o ribossomo que está sintetizando a proteína para a membrana do RE, e a sequência-sinal do RE serve então como um sinal de início da transferência que inicia a translocação da proteína. Após a liberação do translocador, a sequência interna de início da transferência permanece na bicamada lipídica como uma a-hélice que atravessa a membrana uma única vez. Nas proteínas transmembrana de passagem múltipla, a cadeia polipeptídica passa para frente e para trás repetidamente ao longo da bicamada lipídica como uma a-hélice hidrofóbica Acredita-se que uma sequência-sinal interna sirva como um sinal de início de transferência nessas proteínas para iniciar a translocação,que continua até o translocador encontrar uma sequência de parada da transferência Em proteínas transmembrana de duas passagens, por exemplo, o polipeptídeo pode, em seguida, ser liberado na bicamada. Já em proteínas de passagem múltipla mais complexas, nas quais muitas a-hélices hidrofóbicas atravessam a bicamada, uma segunda sequência de início da transferência reinicia a translocação mais adiante na cadeia polipeptídica, até a próxima sequência de parada do transporte induzir a liberação do polipeptídeo, e assim por diante, para posteriores sequências de início e de parada da transferência. TRANSPORTE VESICULAR - A entrada no RE é somente a primeira etapa de uma rota para outro destino. Tal destino, pelo menos inicialmente, é o aparelho de Golgi - O transporte do sistema de endomembranas, é conduzido pelo contínuo brotamento e pela fusão de vesículas de transporte - Via secretória principal: inicia-se com síntese de proteínas sobre a membrana do RE > entrada no RE > aparelho de Golgi > superfície celular através dos endossomos até os lisossomos - Via endocítica principal: responsável pela ingestão e degradação de moléculas extracelulares. Membrana plasmática > endossomos > lisossomos. - Cada vesícula de transporte que brota de um compartimento deve levar consigo somente as proteínas apropriadas para o seu destino e fusionar-se com a membrana-alvo apropriada. - Em geral, as vesículas que brotam das membranas possuem uma capa proteica distinta na sua superfície citosólica e são, consequentemente, chamadas de vesículas revestidas - Depois de brotar de sua organela de origem, a vesícula perde o seu revestimento, permitindo que a membrana da vesícula interaja diretamente com a membrana na qual ela irá fusionar-se. - A capa serve para duas funções: dar forma à membrana em um brotamento e ajudar a captar moléculas para o transporte a ser realizado. - Vesículas revestidas de clatrina brotam do aparelho de Golgi, na via secretória, e da membrana plasmática, na via endocítica. - As moléculas de clatrina se montam em uma rede em forma de cesta na superfície citosólica da membrana, e é esse processo de montagem que começa a dar o formato da membrana em uma vesícula - Inicia-se como uma diminuta fossa revestida de clatrina - Uma pequena proteína de ligação à GTP, denominada dinamina, associa-se como um anel ao redor do pescoço de cada fossa revestida invaginada profundamente na membrana. - A dinamina causa a constrição do anel, de forma a destacar a vesícula da membrana. - Adaptinas seguram a capa de clatrina à membrana da vesícula e ajudam a selecionar as moléculas a serem carregadas no transporte. - As moléculas para transporte na célula carregam sinais de transporte específicos, que são reconhecidos por receptores de carga localizados na membrana do compartimento. - As adaptinas ajudam a capturar moléculas carga específicas pelo aprisionamento dos receptores de carga que se ligam a elas. - A vesícula é ativamente transportada por proteínas motoras que se movem ao longo das fibras do citoesqueleto - Uma vez que a vesícula de transporte tenha atingido seu alvo, ela tem de reconhecer e se ancorar na organela. - Cada tipo de vesículas de transporte na célula expõe na sua superfície marcas moleculares que identificam a vesícula de acordo com a sua origem e conteúdo. - Esses marcadores devem ser reconhecidos por receptores complementares localizados na membrana-alvo - Esse processo de identificação depende de uma família de proteínas denominada proteínas Rab - As proteínas Rab na superfície da vesícula são reconhecidas pelas proteínas de aprisionamento na superfície citosólica da membrana-alvo - Esse sistema codificador de Rab e proteínas de aprisionamento ajuda a assegurar que as vesículas de transporte se fusionem apenas com a membrana correta. - SNAREs: família de proteínas transmembranas que concedem reconhecimento adicional - Uma vez que a proteína de aprisionamento tenha capturado a vesícula segurando firmemente sua proteína Rab, as SNAREs sobre a vesícula (chamadas de v-SNAREs) interagem com SNAREs complementares sobre a membrana-alvo (chamadas de t-SNARES), ancorando a vesícula no seu local - A fusão não só permite a entrega do conteúdo da vesícula no interior da organela-alvo, mas também adiciona a membrana da vesícula à membrana da organela. - As próprias proteínas SNARE têm um papel central no processo de fusão: após o pareamento, v-SNAREs e t-SNAREs se enredam umas nas outras, agindo como uma manivela que puxa as duas membranas para bem próximo uma da outra VIAS SECRETORAS A maioria das proteínas que entram no RE é quimicamente modificada nesse compartimento. Pontes dissulfídicas são formadas pela oxidação de pares de cadeias laterais de cisteínas uma reação catalisada por uma enzima que reside no lúmen do RE, ajudando a estabilizar a estrutura daquelas moléculas Também faz a glicosilação. Os oligossacarídeos nas proteínas podem as proteger da degradação, retê-la no RE até que seja apropriadamente processada (enovelada) ou ajudar a dirigi-la para a organela apropriada, servindo como um sinal de transporte para o empacotamento da proteína em vesículas adequadas de transporte Esse processamento oligossacarídico inicia no RE e continua no aparelho de Golgi. Proteínas solúveis e de membrana que entram e são destinadas a outros locais são empacotadas em vesículas de transporte que brotam do RE e se fusionam com a face cis do aparelho de Golgi. Essa saída é bastante seletiva. As proteínas processadas incorretamente são retidas ativamente no RE pela ligação a proteínas chaperonas. A interação com as chaperonas retém as proteínas no RE até que ocorra o processamento apropriado; caso contrário, as proteínas são degradadas em última instância Moléculas de anticorpos são constituídas por quatro cadeias polipeptídicas que se montam na molécula de anticorpo completa no RE. Os anticorpos parcialmente montados são retidos no RE até que todas as quatro cadeias polipeptídicas tenham sido adicionadas; qualquer molécula de anticorpo que falhe em montar-se adequadamente é degradada em última instância. Algumas vezes, entretanto, esse mecanismo de controle de qualidade pode ser prejudicial ao organismo. Por exemplo, a mutação predominante que causa a doença genética fibrose cística, que provoca grave degeneração do pulmão, produz uma proteína de transporte da membrana plasmática que é levemente malformada; apesar de a proteína mutante poder funcionar de forma perfeitamente normal como um canal de cloro se alcançasse a membrana plasmática, ela é retida no RE, com drásticas consequências. A doença devastadora resulta não só porque a mutação inativa uma importante proteína, mas também porque a proteína ativa é descartada pelas células antes que lhe seja dada a oportunidade de funciona. As proteínas viajam pelas cisternas em sequência por meio de vesículas de transporte que brotam de uma cisterna e se fusionam com a próxima. As proteínas saem da rede trans de Golgi em vesículas de transporte destinadas para a superfície celular ou para outro compartimento Vias constitutivas de exocitose: 1. Corrente fixa de vesículas que brota da rede trans de Golgi e que se fusiona com a membrana plasmática. 2. Opera continuamente e supre a membrana plasmática de proteínas e lipídeos recém-formados. 3. É a via pela qual a membrana plasmática cresce quando as células aumentam antes de se dividirem. 4. Uma vez que a entrada nessa via não seletiva não requer uma sequência-sinal particular (como aquelas que direcionam as proteínas aos lisossomos ou de volta ao RE), ela é algumas vezes referida como a via-padrão. Via regulada de exocitose: 1. Opera apenas em células especializadas em secreção. 2. Células secretórias especializadas produzem quantidades de um produto em particular, como hormônios, muco ou enzimas digestórias,os quais são estocados em vesículas secretórias até a liberação. 3. Essas vesículas brotam da rede trans de Golgi e se acumulam perto da membrana plasmática. Lá elas aguardam o sinal extracelular que irá estimulá-las a se fusionar com a membrana plasmática e liberar seu conteúdo ao exterior celular - Proteínas que se movimentam por essa via têm propriedades de superfície especiais que as conduzem a agregar-se umas com as outras sob as condições iônicas (pH ácido e alta concentração de Ca2+), prevalecendo na rede trans de Golgi. - As proteínas secretadas pela via constitutiva, ao contrário, não se agregam e são, portanto, carregadas automaticamente à membrana plasmática pelas vesículas de transporte da via constitutiva. - A agregação seletiva permite que as proteínas de secreção sejam empacotadas em vesículas secretórias em concentrações muito mais altas do que a concentração de proteínas não agregadas no lúmen do Golgi VIAS ENDOCÍTICAS - O material a ser ingerido é progressivamente encerrado por uma pequena porção da membrana plasmática, que, primeiro, brota para dentro e então se destaca para formar uma vesícula endocítica intracelular - O material ingerido é, enfim, entregue aos lisossomos, onde é digerido. - Dois tipos principais de endocitose: 1. A pinocitose (“o beber da célula”) envolve a ingestão de líquido e de moléculas por pequenas vesículas 2. A fagocitose (“o comer da célula”) envolve a ingestão de partículas grandes, tais como microrganismos e fragmentos celulares, por meio de grandes vesículas chamadas de fagossomos Células fagocitárias (como macrófagos) e alguns eucariotos unicelulares (como protozoários) ingerem grandes partículas, como bactérias, capturando-as em fagossomos; os fagossomos então se fusionam com lisossomos, onde as partículas nutrientes são digeridas. Para serem capturadas por um macrófago ou outro leucócito, as partículas devem primeiro ligar-se à superfície da célula fagocitária e ativar um de uma variedade de receptores de superfície. Alguns desses receptores reconhecem anticorpos – as proteínas que nos protegem contra infecções por se ligarem à superfície dos microrganismos A ligação de uma bactéria coberta por anticorpos a esses receptores induz a célula fagocitária a estender projeções da membrana plasmática, chamadas de pseudópodes, que engolfam a bactéria e se fusionam nas pontas para formar um fagossomo. Algumas bactérias patogênicas desenvolveram artifícios para subverter o sistema: por exemplo, Mycobacterium tuberculosis, o agente responsável pela tuberculose, pode inibir a fusão de membrana que une o fagossomo com o lisossomo. Em lugar de ser destruído, o organismo engolfado sobrevive e se multiplica dentro do macrófago. As células eucarióticas continuamente ingerem pequenos pedaços de sua membrana plasmática, juntamente com pequenas quantidades de líquido extracelular, na forma de pequenas vesículas pinocíticas que são posteriormente retornadas à superfície celular. Um macrófago, por exemplo, engole 25% do seu próprio volume de líquidos a cada hora. Isso significa que ele remove 3% de sua membrana plasmática a cada minuto, ou 100% em cerca de meia hora. Uma vez que a área de superfície total e o volume de uma célula permanecem inalterados durante esse processo, a mesma quantidade de membrana é adicionada à superfície celular por fusão de vesículas (exocitose) e removida por endocitose. A pinocitose é principalmente conduzida por fossas e vesículas cobertas por clatrina. Líquido extracelular fica preso na fossa revestida à medida que essa se invagina para formar uma vesícula coberta; desse modo, as substâncias dissolvidas no líquido extracelular são internalizadas e entregues aos endossomos. Essa entrada de líquido é geralmente balanceada pela perda de líquido durante a exocitose. As vesículas endocíticas simplesmente prendem quaisquer moléculas que por acaso estão presentes no líquido extracelular e as carregam para dentro da célula, tornando-a um processo indiscriminado. A pinocitose por vesículas revestidas de clatrina também fornece uma via eficiente para captar macromoléculas específicas do líquido extracelular. As macromoléculas se ligam a receptores complementares na superfície celular e entram na célula como complexos de receptor-macromolécula em vesículas revestidas de clatrina. Esse processo, chamado de endocitose mediada por receptor, fornece um mecanismo de concentração seletiva que aumenta a eficiência de internalização de determinadas macromoléculas comparado com o processo comum de pinocitose, de forma que até mesmo componentes menos abundantes do líquido extracelular, como, por exemplo, o colesterol, podem ser absorvidos em quantidades sem arrebatar um grande volume correspondente de líquido extracelular. O colesterol é extremamente insolúvel e é transportado na corrente sanguínea ligado à proteína na forma de partículas chamadas de lipoproteínas de baixa densidade (LDL). O LDL se liga a receptores localizados na superfície celular, e os complexos de receptor-LDL são ingeridos por endocitose mediada por receptor e entregue a endossomos. O interior dos endossomos é mais ácido do que o citosol circundante ou o líquido extracelular; e nesse ambiente ácido, o LDL se dissocia do seu receptor: os receptores são devolvidos em vesículas de transporte à membrana plasmática para serem reutilizados, e o LDL é entregue aos lisossomos. Nos lisossomos, o LDL é quebrado por enzimas hidrolíticas. O colesterol é liberado e escapa para dentro do citosol, onde está disponível para nova síntese de membranas. Os receptores de LDL na superfície celular são continuamente internalizados e reciclados, quer eles sejam ocupados por LDL ou não Essa via para captura de colesterol é rompida em indivíduos que herdaram um gene codificante da proteína receptora de colesterol defeituoso. Em alguns casos, os receptores não estão presentes; em outros, eles estão, mas não são funcionais. Em ambos os casos, como as células são deficientes em captar LDL, o colesterol se acumula no sangue e predispõe os indivíduos a desenvolverem aterosclerose. A não ser que tomem fármacos (estatinas) para reduzir o colesterol do sangue, provavelmente morrerão jovens de ataque cardíaco resultante de entupimento, por colesterol, das artérias que abastecem o coração. A endocitose mediada por receptor é também usada para captar muitos outros metabólitos essenciais, como a vitamina B12 e o ferro, que as células não podem adquirir pelo processo de transporte pela membrana. A vitamina B12 e o ferro são necessários, por exemplo, para a síntese de hemoglobina, que é a principal proteína em eritrócitos; esses metabólitos entram eritrócitos imaturos como um complexo com proteína. Muitos receptores da superfície celular que se ligam a moléculas sinalizadoras extracelulares são também ingeridos por essa via: alguns são reciclados à membrana plasmática para serem reutilizados, e outros são degradados em lisossomos. Desastrosamente, a endocitose mediada por receptor pode também ser explorada por vírus: o vírus influenza e o vírus do HIV, que causa a AIDS, entram na célula dessa maneira. o compartimento endossômico se revela um complexo conjunto de tubos de membrana e de grandes vesículas conectados. Endossomas iniciais amadurecem gradualmente em endossomos tardios à medida que se fusionam uns com os outros ou com endossomos tardios preexistentes O interior do compartimento endossômico é mantido ácido (pH 5-6) por uma bomba de H+ (prótons) dirigida por ATP na membrana endossômica que bombeia H+ do citosol para dentro do lúmen endossômico O compartimento endossômico age como a principal estação de distribuição na via endocítica de entrada, da mesma forma que a rede trans de Golgi serve essa função na via secretória de saída O ambiente ácido do endossomo desempenha uma parte crucial no processo de distribuição, levandomuitos receptores a liberar sua carga ligada. Os rumos tomados pelos receptores, uma vez que tenham entrado em um endossomo, diferem de acordo com o tipo de receptor: 3. a maioria é devolvida ao mesmo domínio da membrana plasmática de onde vieram, como é o caso do receptor do LDL discutido anteriormente; 4. alguns se movem ao lisossomo, onde são degradados, e 5. alguns prosseguem para um domínio diferente da membrana plasmática, transferindo suas moléculas carga ligadas de um espaço extracelular para outro, um processo chamado de transcitose Endossomos tardios contêm algumas enzimas lisossomais; assim, a digestão de proteínas carga e outras macromoléculas inicia no endossomo e continua à medida que o endossomo gradualmente sofre maturação em lisossomo. As células possuem uma via adicional para suprir materiais ao lisossomo; essa via, chamada de autofagia, é usada para a degradação de partes obsoletas da própria célula. O processo inicia com o cerco da organela por uma membrana dupla, criando um autofagossomo, o qual então, se fusiona com lisossomos.
Compartilhar