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INTRODUÇÃO À LINGUÍSTICA Prof. Dr. Sávio André Cavalcante Doutor em Linguística – PPGL/UFC INSTITUTO UFC VIRTUAL L I C E N C I A T U R A E M L E T R A S - PORTUGUÊS DISCIPLINA: Introdução à Linguística COORDENADOR: Prof. Dr. Yvanowik D. Valério P R O F E S S O R : D r . S á v i o A n d r é Cavalcante AVISOS Frequência: Total: 64h/a (faltas: 25% = 16h/a) Chats, fóruns e portfólios (48h/a) e aulas presenciais (16h/a) Notas: Portfólios e fóruns (40%) 0 - 10 Prova presencial (60%): 0 – 10 Conceitos: A: aprovado por média (nota acima de 7,0) B: aprovado por média final (nota entre 4,0 e 6,9) R: reprovado por nota, mas aprovado por frequência F: reprovado por falta AULA 1 LINGUÍSTICA: A CIÊNCIA DA LINGUAGEM PREPARANDO O CAMINHO PARA A CONCEITUAçãO O que se estuda no Curso de Letras? PREPARANDO O CAMINHO PARA A CONCEITUAçãO O curso de Letras preocupa-se em investigar o funcionamento da LÍNGUA - estudos científicos que: dão conta do funcionamento da Língua; descrevem como uma Língua é organizada. Assim sendo, o estudo da língua vai além de questões da Gramática Normativa. VAMOS OBSERVAR O FUNCIONAMENTO DA LÍNGUA. PREPARANDO O CAMINHO PARA A CONCEITUAçãO Mas, quando surgiu esse interesse em observar a Língua? Desde épocas remotas, o ser humano apresentou um fascínio pela língua que falava. No século IV a.C., os hindus já esboçavam uma descrição de uma das línguas que usavam: o sânscrito. PREPARANDO O CAMINHO PARA A CONCEITUAçãO SÂNSCRITO: A LINGUAGEM DOS DEUSES Nesta e em várias outras culturas antigas, à língua era atribuído PODER ESPIRITUAL, MÍSTICO, RELIGIOSO, DIVINO. PREPARANDO O CAMINHO PARA A CONCEITUAçãO A relação do divino com a palavra é tanta que o próprio Deus cristão é identificado com a palavra: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o V e r b o e r a Deus.” João 1:1. PREPARANDO O CAMINHO PARA A CONCEITUAçãO Na cultura egípcia, o uso da língua era considerado um ato de culto aos deus Thot. Assim, a língua era uma dádiva divina. PREPARANDO O CAMINHO PARA A CONCEITUAçãO Em cada civilização, a língua foi objeto de estudo por vários motivos: religioso; econômico. Essa é uma história que vem de longe... MAS, E NÓS? POR QUAL MOTIVO NOSSA CIVILIZAÇÃO SE PREOCUPOU EM INVESTIGAR A LÍNGUA? OS ESTUDOS DA LINGUAGEM: A ANTIGUIDADE CLáSSICA GRÉCIA Nossa trajetória inicia com os filósofos gregos, pois todos eles discutiram de alguma forma tópicos de língua, não propriamente a língua. Assim podemos citar alguns nomes, como: Heráclito – afirmante de que a palavra (logos) era a expressão do pensamento, Parmênides (e a Escola Eleática), Demócrito, Epicuro etc. Porém os mais importantes são Platão (429-347 A.C.) e Aristóteles (384-322 A.C.). Ambos preocuparam-se em pensar qual a relação entre a linguagem e a realidade... Será que a linguagem tem relação direta com a realidade? Será que a realidade influencia na linguagem ou é a linguagem que influencia na realidade? OS ESTUDOS DA LINGUAGEM: A ANTIGUIDADE CLáSSICA Em Platão: O Crátilo. Nesse diálogo, é questionado se as palavras são resultado de uma convenção ou ligadas intrinsecamente às coisas que elas significam. Dele participam Sócrates, Cráti lo e Hermógenes. Crátilo sustenta a tese de que a língua espelha exatamente o mundo e são expressões inteiramente adequadas das coisas (naturalismo); Hermógenes defende a posição contrária, a de que a língua é arbitrária, argumenta que o ato da nomeação de objetos é convencional (convencionalismo); Sócrates representa a instância intermediária, ressaltando tanto os pontos fortes quanto as fraquezas dos argumentos dos dois, levando-os, por fim, a uma solução conciliatória. OS ESTUDOS DA LINGUAGEM: A ANTIGUIDADE CLáSSICA Em Aristóteles: A Poética Para ele, a linguagem servia como meio de expressão das ideias. Um contribuição fortíssima dos estudos aristotélicos: A DIVISÃO DAS PARTES DO DISCURSO: letra, sílaba, conectivo, articulação, nome, verbo, flexão, frase. “As coisas na voz são símbolos das afecções da alma e as coisas escritas [são símbolos das coisas na voz]” OS ESTUDOS DA LINGUAGEM: A ANTIGUIDADE CLáSSICA Na Grécia antiga, falavam-se vários dialetos da língua grega, porém, por questões históricas, sempre havia um predominante. Assim, dado que as futuras gerações não conseguiam ler as obras escritas nessas línguas, pois já eram falares antigos, e a Grécia recebeu muitos outros povos, com as invasões do macedônio Alexandre, surgiu a chamada Filologia, que tinha como objetivo: recuperar os textos clássicos de nacionalidade grega, purificá-los de qualquer impureza dos outros dialetos e editá-los com notas, pontuação, acentuação, tudo isso para facilitar a leitura e o acesso aos textos. E assim, surge a GRAMÁTICA: OBJETIVO: descrever a língua literária, tida como modelo de língua correto. OS ESTUDOS DA LINGUAGEM: A ANTIGUIDADE CLáSSICA ROMA: Se a descrição Linguística efetuada na Grécia foi guiada pela Filosofia, Lógica. Em Roma foi distinto, teve como principal característica o estudo normativo da língua latina, dado que se deu no surgimento de uma sociedade urbana frente a uma rural. Logo, foi a língua urbana a que foi descrita nas gramáticas latinas – obra de grande valor nessa sociedade e matriz de descrição Linguística perpetuada até nossos dias. A LINGUíSTICA PRé-SAUSSURIANA: O SéCULO XIX Tabela das oclusivas labiais e dentais nas línguas indo-europeias Fonte: WEEDWOOD, 2002, p 116. A LINGUíSTICA PRé-SAUSSURIANA: O SéCULO XIX O movimento dos neogramáticos surge em oposição à concepção naturalista da língua. Os autores que se destacam nesse movimento são Hemann Osthof (1847-1909) e Karl Bromam (1849 – 1919). Para eles, o objetivo principal do pesquisador não era a busca da língua original indo-europeia. Essa seria uma hipótese muito geral sobre as línguas, devendo- se, portanto, estudar as línguas vivas atuais e apreender a natureza da mudança linguística. E, assim, abre-se o caminho para a Ciência que estudará a Linguagem/Língua... A LINGUíSTICA PRé-SAUSSURIANA: O SéCULO XIX Foram fundamentais para a Linguística, as seguintes premissas, postuladas ainda no séc. XIX: 1. A linguagem humana são totalidades organizadas: “A língua é formada por partes que compõem um conjunto. Cada uma dessas partes está interligada entre si” 2. A ideia de língua com instituição social: “A língua é parte de uma comunidade de falantes” 3. A língua como um sistema autônomo: “A língua funciona independentemente de influências externas” 4. A língua como um sistema de signos independentes: “Os elementos que compõem a língua se relacionam entre si na mente dos falantes” 5. A língua muda com o tempo: “As línguas não são estáticas. As mudanças ocorrem ao longo do tempo” 6. A língua pode ser estudada em si e por si mesma: “Os fatos linguísticos são descritos e analisados apenas por dados linguísticos da própria língua” PRINCIPAIS CONCEITOS: LINGUAGEM, LíNGUA, NORMA, FALA E DISCURSO O que é comunicação? L i n g u a g e m : T o d o sistema de signos que s e r v e d e m e i o d e c omun i c a ção e n t r e indivíduos. Língua: “O conjunto das palavras e expressões usadas por um povo, po r uma nação , e o conjunto de regras da sua gramática; idioma” (AURÉLIO, Online) PRINCIPAIS CONCEITOS: LINGUAGEM, LíNGUA, NORMA, FALA E DISCURSO Fala: Ato individual, emissão de sons d is t in t i vos ( fonemas) combinados que formam as palavras de uma determinada língua. PRINCIPAIS CONCEITOS: LINGUAGEM, LíNGUA, NORMA, FALA E DISCURSO Linguagem Língua Fala PRINCIPAIS CONCEITOS: LINGUAGEM, LíNGUA, NORMA, FALA E DISCURSO Norma: diferentemente da fala, que é individual, deliberação de cada falante em cada enunciação concreta, a norma implica numa opção do grupo a que pertence o falante e, pode, assim, divergir, das demais normas seguidas por outrosgrupos da mesma comunidade linguística. (LOPES, 1976: 80) Discurso: manifestação real ou social da língua, pressuposição de um sujeito (manifesta seu ponto de vista por meio das expressões linguísticas); é um evento de comunicação no qual há uma sistematização de ideias e valores. PRINCIPAIS CONCEITOS: LINGUíSTICA E GRAMáTICA MAS, AFINAL, O QUE É LINGUÍSTICA? “A linguística é o estudo científico da linguagem” (Lyons, 1979). “... ocupando-se da linguagem humana e das línguas naturais, para cumprir seu objetivo básico, que é determinar a natureza da linguagem e estrutura e funcionamento das línguas” (Borba, 1991). “A ciência que se constitui em torno dos fatos da língua...” (Saussure, 2005). PRINCIPAIS CONCEITOS: LINGUíSTICA E GRAMáTICA PRINCIPAIS CONCEITOS: LINGUíSTICA E GRAMáTICA E, PELO AMOR DE DEUS, O QUE É GRAMÁTICA? PRINCIPAIS CONCEITOS: LINGUíSTICA E GRAMáTICA Pode-se entender, segundo Travaglia (2006), o termo Gramática, segundo três pontos de vista: 1. Gramática normativa é o conjunto sistemático de regras estabelecidas pelos especialistas, com base no uso da língua consagrado pelos escritores clássicos para reger o falar e o escrever bem. Nessa concepção, a variedade dita padrão é tida como ideal e única a ser seguida por todos os falantes da língua, tudo que não se insere nesta variante é considerado agramatical. PRINCIPAIS CONCEITOS: LINGUíSTICA E GRAMáTICA Gramática descritiva é definida como “um conjunto de regras que o cientista encontra nos dados que analisa, à luz de determinada teoria e método”. TRAVAGLIA (2006, p. 27) diz que “essas regras seriam utilizadas pelos falantes na construção real dos enunciados”. As gramáticas estruturalistas que dão ênfase à descrição da língua oral e as gramáticas que trabalham com enunciados ideais, como a gerativo- transformacional, são representantes dessa concepção. PRINCIPAIS CONCEITOS: LINGUíSTICA E GRAMáTICA Gramática internalizada ou implícita é aquela que considera a língua como um conjunto de variedades utilizadas por uma sociedade, na qual o usuário estabelece um acordo tácito. Falar correto significa aquilo que a comunidade linguística espera e erro em linguagem equivale a desvios dessa norma. Nessa concepção de gramática, não há erro linguístico, mas inadequação da variedade linguística usada em uma determinada situação de comunicação. Essa gramática, segundo TRAVAGLIA (op. cit.), é o próprio objeto da descrição e não existe em livros, razão pela qual é chamada de gramática internalizada. PRINCIPAIS CONCEITOS: LINGUíSTICA E GRAMáTICA Gramática Normativa Gramática Descritiva Gramática Internalizada ou competência linguística internalizada do falante Gramática Implícita Gramática explícita ou teórica Gramática reflexiva Gramática contrastiva ou transferencial Gramática geral Gramática Universal Gramática histórica Gramática comparada, etc Questão 01 - Pesquise o conceito de três tipos de gramática. Faça uma vasta pesquisa, mas sua conceituação não deve ultrapassar o máximo de três linhas para cada conceito. Questão 02 – Procure informações sobre a língua sânscrita e dê o porquê de sua importância para os estudos linguísticos. O FORMALISMO O F o r m a l i s m o e s t u d a a l í n g u a c o m o o b j e t o descontextual izado, preocupando-se com suas características internas – seus constituintes e as relações ent re e les – mas não com as re lações ent re os constituintes e seus significados, ou entre a língua e seu meio; chegam, desse modo, à concepção de língua como: Um conjunto de frases; Um sistema de sons; Um sistema de signos (NEVES, 2001, p. 41) A palavra Formalismo parte da concepção de l íngua como FORMA e não como substância. Para exemplificar essa conceituação, Saussure faz analogia a um jogo de xadrez. As peças do jogo são definidas por suas funções dentro das regras do jogo e não por suas propriedades físicas, uma vez que essas características são acidentais, podendo sofrer variações. Um fonema, por exemplo, deve ser definido, a partir de suas relações com outros elementos do mesmo sistema e por suas funções – essa pode ser considera como uma noção básica de forma – e nunca por suas propriedades físicas, como o modo de formação, a estrutura acústica etc. – essas noções podem ser consideradas como uma noção básica de substância. (LOPES, 1976, p. 79). A LINGUíSTICA FORMAL O FORMALISMO FO R M A L IS M O Estruturalismo Gerativismo O ESTRUTURALISMO As escolas consideradas como estruturalistas apresentam em comum concepções e métodos que implicam o reconhecimento de que a l íngua é uma estrutura ou sistema e que é tarefa do linguista d e s c r e v e r e a n a l i s a r a o r g a n i z a ç ã o e o funcionamento de seus elementos constituintes. O termo estrutura compreende as relações entre os elementos linguísticos ocorridas no interior da língua. Ass im sendo, cada l íngua deve ser descr i ta independentemente de outros sistemas linguísticos (conceito de AUTONOMIA). Conceito de LÍNGUA: Sistema de signos convencionados em uma comunidade linguística. A CONTRIBUIçãO DE FERDINAND DE SAUSSURE As ideias saussureanas serão aqui abordadas através do estudo de suas dicotomias: 1. Língua x Fala; 2. Significante x Significado; 3. Paradigma x Sintagma; 4. Sincronia x Diacronia. Língua Social Abstrata Homogênea Sistemática Fala Individual Concreta Heterogênea Assistemática A CONTRIBUIçãO DE FERDINAND DE SAUSSURE: 1. LÍNGUA (LANGUE) X FALA (PAROLE) Língua e Fala são dois objetos diretamente ligados: “a língua é necessária para que a fala seja inteligível e produza todos os efeitos; mas esta é necessária para que a língua se estabeleça” (SAUSSURE, 2006, p. 27). A CONTRIBUIçãO DE FERDINAND DE SAUSSURE: 2. SIGNO LINGUíSTICO: SIGNIFICANTE + SIGNIFICADO Saussure entende o Signo Linguístico como resultante da associação de um CONCEITO e uma IMAGEM ACÚSTICA, ambos de natureza psíquica, e não a união entre uma coisa e uma palavra, ambas de natureza material. Físico A B SIGNO IMAGEM ACÚSTICA CONCEITO A CONTRIBUIçãO DE FERDINAND DE SAUSSURE: 2. SIGNO LINGUíSTICO: SIGNIFICANTE + SIGNIFICADO A r e l a ç ã o e n t r e o s i g n i f i c a d o e o signif icante do signo linguístico é um acordo livre entre os homens. Cada comunidade de falantes utiliza distintos significantes para um mesmo significado. ARBITRARIEDADE DO SIGNO: LINEARIDADE DO SIGNO: Os signos são articulados e se organizam uns após os outros. A bicicleta é nova. bicicleta bi ci cle ta b i c i c l e t a A CONTRIBUIçãO DE FERDINAND DE SAUSSURE: 3. SINTAGMA X PARADIGMA Para Saussure, “as relações e as diferenças entre termos linguísticos se desenvolvem em duas esferas distintas, cada uma das quais é geradora de certa ordem de valores: a oposição entre essas duas ordens faz compreender melhor a natureza de cada uma” (SAUSSURE, 2006, p. 142). Essas relações podem se dar no âmbito da combinação ou da seleção. A CONTRIBUIçãO DE FERDINAND DE SAUSSURE: 3. SINTAGMA X PARADIGMA Por conta do caráter linear dos signos, estes são enunciados um após o outro, formando, assim um alinhamento que os distribui em relações de combinação entre, no mínimo dois elementos. Tais r e l a ç õ e s s ã o d e n o m i n a d a s sintagmáticas. Há também relações baseadas na seleção dos elementos que são combinados. A essas relações entre os elementos do sistema linguístico, Saussure denominou relações associativas (op. cit., p. 143). E mais tarde, o termo que se consagrou para referir a essas relações foi paradigmáticas. A CONTRIBUIçãO DE FERDINAND DE SAUSSURE: 4. SINCRONIA X DIACRONIA Para Saussure, os fatos científicos podem ser estudados como se estivessem situados num eixo de simultaneidades ou num eixo de sucessividades. Sincronia N u m e i x o d e s i m u l t a n e i d a d e s , o l inguista se in teressa pelas relações entre fatos coexistentes num sistema linguístico. Diacronia Num eixo de sucessividades, o objeto de estudo são as relações que um fenômeno qualquer, localizado ao longo de uma l inha evolutiva (de tempo) m a n t é m p a r a c o m o s fenômenos que o precedem ou que o seguem na l i nha da continuidade histórica. (Lopes, 2008, p.74) A CONTRIBUIçãO DE FERDINAND DE SAUSSURE: 4. SINCRONIA X DIACRONIA Exemplo: O verbo “comer” analisado pelo ponto de vista diacrônico. Diacronicamente, o verbo “comer” vem do latim edere, cujo radical é ed-. Como no presente do indicativo, suas formas se confundiam com o verbo esse, no latim vulgar da península ibérica, o verbo edere passou a se realizar acompanhado do prefixo cum-, que designa companhia. Assim, cum edere passou a cumedere e, a partir dessa realização, o “comer” em língua portuguesa. Do ponto de vista diacrônico, o com- de comer não é um radical, mas um prefixo. A CONTRIBUIçãO DE FERDINAND DE SAUSSURE: 4. SINCRONIA X DIACRONIA Exemplo: O verbo “comer” analisado pelo ponto de vista sincrônico. Sincronicamente, o verbo “comer” é entendido como possuindo um radical (com-), uma vogal temática (e-) e uma desinência de infinitivo (r-). Como chegamos a essa compreensão? Considerando esse com- um elemento linguístico que se define em relação aos demais elementos linguísticos que formam a língua portuguesa num dado estado de língua. Assim, com- define-se como radical, já que “comer” se define em relação aos demais contextos morfológicos em que ele funciona como um radical, como em “comilança”, “comilão”, “comida”, e em relação aos demais verbos da mesma língua, como em “beber”, “gritar”, “cair”. O GERATIVISMO Em 1957, Noam Chomsky publicou o livro, Syntactic Structures, que se tornou d i v i s o r d e á g u a s n a Linguística do século XX. Nesse l i v ro , Chomsky desenvolveu o conceito de Gramática Gerativa, a d o t a n d o u m p o s i c i o n a m e n t o q u e rompia radicalmente com o s c o n c e i t o s e s t r u t u r a l i s t a e behaviorista praticados n a L i n g u í s t i c a d a s décadas anteriores. A primeira grande questão a ser levantada nos estudos gerativistas é a definição de faculdade da linguagem, isto é, nesse programa linguístico, a capacidade de falar uma língua é inata nos seres humanos. Partindo dessa concepção, Chomsky traçou uma dist inção básica: a re lação entre competência e desempenho. O GERATIVISMO COMPETÊNCIA: o conhecimento inato que as pessoas têm d a s r e g r a s q u e compõem uma língua. DESEMPENHO: É o uso efetivo dessa língua em situações reais. Assim, cabe à linguística o estudo da competência, ou seja, o linguista deve descrever as regras de que é composta essa capacidade. Para isso, devemos compreender o conceito de gramática in te rna l i zada ado tado pe l o mode l o ge ra t i v i s t a . Es t e conceito NÃO compreende gramática como um livro cheio de regras que nos ensina o que é certo e o que é errado na língua (conceito de gramática prescritiva). OBSERVE: (1) a. ‘Cê’ viu a Maria saindo? b. Quem que ‘cê’ viu saindo? c. A Maria disse que ‘cê’ foi viajar. (2) a. * A Maria vai ver ‘cê’. b. * A Maria comprou o livro pra ‘cê’. c. * A Maria e ‘cê’ vão comprar o livro. O GERATIVISMO Ao ler essas frases, percebemos que as sentenças em (1) são próprias do português brasileiro. Contudo, não podemos dizer o mesmo das sentenças em (2). Essa capacidade de dizer o que pertence a nossa língua, mesmo sem ninguém nos ter ensinado, concerne ao conjunto de regras que compõe a nossa gramática internalizada. A partir dessa gramática, podemos dizer que as frases em (1) são gramaticais, pois são formadas segundo a gramática do português brasileiro, enquanto que as frases em (2) são agramaticais. O GERATIVISMO O GERATIVISMO Outra peculiaridade do modelo chomskiano diz respeito à noção de Princípios e Parâmetros. Essa hipótese postula haver uma Gramática Universal – um conjunto de propriedades gramaticais comuns e compartilhadas por todas as línguas naturais, bem como as diferenças entre elas, que são previsíveis segundo o leque de opções disponíveis na própria GU. O FUNCIONALISMO EM LINGUÍSTICA 1. A língua não é um sistema autônomo, abstrato e estável. 2. O sistema linguístico é maleável, adaptativo e, por isso, sensível às pressões do uso. 3. Não é só a expressão linguística em si mesma que interessa numa análise linguística funcionalista. 4. A capacidade social, que determina o uso da linguagem em conformidade com o interlocutor, a situação e os objetivos comunicativos interessam a um modelo de gramática, ainda que ele seja funcionalista. O FUNCIONALISMO EM LINGUÍSTICA 5. Os domínios da sintaxe, semântica e pragmática não são independentes; portanto, não podem ser estudados isoladamente; 6. No Funcionalismo, os diferentes componentes da organização linguística têm a pragmática como o componente que comanda os estudos sobre os aspectos sintáticos e semânticos; 7. O Funcionalismo não se limita ao estudo da frase; 8 . A l íngua cumpre , na v ida dos ind iv íduos , importantes funções; 9. A principal função da língua não é a expressão de pensamentos, mas a de possibilitar a comunicação entre os indivíduos. LINGUÍSTICA DE TEXTO “Ramo da Linguística que toma o texto como objeto de estudo” (KOCH, 2015, p. 11). Temas relevantes para a Linguística Textual: Coesão, coerência e critérios de textualidade; Referenciação; Intertextualidade; Gêneros textuais. PSICOLINGUÍSTICA “A Psicolinguística é um ramo da Linguística que se interessa em analisar o processamento da linguagem oral e escrita e os fatores que afetam a decodificação, isto é, as estruturas psicológicas que nos capacitam a entender expressões, palavras, orações e textos” (ALENCAR, 2010, p. 66). ANÁLISE DO DISCURSO “O Reconhecimento de que a língua é constituída por estruturas formais e por aspectos subjetivos e sociais provocou um deslocamento dos estudos l i n g u í s t i c o s , q u e p a s s a m a b u s c a r u m a compreensão de linguagem situada numa instância que não é mais a língua ideologicamente neutra concebida por Saussure, mas no nível do discurso. Considerar o discurso na análise possibi l i ta operacionalizar a ligação entre o linguístico e o extralinguístico, num ponto de articulação entre os processos ideológicos e os fenômenos linguísticos. Com efeito do discurso é justamente esse ponto de articulação” (ALENCAR, 2010, p. 73). Temas relevantes: Enunciado; Ideologia; Dialogismo; Interdiscursividade; Gêneros textuais. SOCIOLINGUÍSTICA “A sociolinguística surge na década de 1960 a partir da proposta Weinreich; William Labov; Herzog (1968), com o objetivo de desenvolver uma teoria que pudesse descrever a língua e seus determinantes sociais e linguísticos, bem como produzir uma teoria da mudança que acomodasse o uso variável da língua” (ALENCAR, 2010, p. 85). Obrigado!
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