Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
AULA 6 ESTRATÉGIA DE OPERAÇÕES E FATORES COMPETITIVOS Prof. Ruy Peixoto Martins Junior 02 CONVERSA INICIAL A relação entre logística e sustentabilidade é grande. Métodos logísticos mais enxutos e com maior contribuição ao meio ambiente e à sociedade são atualmente uma vantagem para as empresas. No mais, conhecer as aplicações dos softwares logísticos, a literatura e os casos mais importantes de sucesso são práticas que atualizam o aluno e o profissional, desenvolvendo-os para que saibam organizar a empresa para a prosperidade. CONTEXTUALIZANDO O processo logístico de uma empresa deve acompanhanr as mudanças na sociedade; nesse sentido, um conceito que faz parte da realidade da logística hoje é o de sustentabilidade. A prática com atitudes sustentáveis transformou a realidade das organizações, que passaram a cuidar mais das questões socioambientais, por perceberem a importância do descarte correto de produtos e materiais no meio ambiente. Apelo sustentável, práticas ambientalmente responsáveis, softwares com aplicações específicas com resultados e respostas rápidas, conceitos e práticas novas: eis a tônica do mundo pós-moderno em operações. TEMA 1 – A SUSTENTABILIDADE E O MEIO AMBIENTE O principal objetivo da logística é coordenar as atividades de transporte de produtos para atender às necessidades do cliente com um custo mínimo. Porém, se no passado esse custo era baseado apenas no fator econômico, agora as consequências ambientais e sociais das atividades também são levadas em conta. Isso porque existe uma preocupação constante em combinar eficiência com redução de ruídos, menos poluição e um ambiente colaborativo. Dessa forma, justifica-se o surgimento da logística sustentável, que atende tanto à empresa, melhorando e otimizando processos, como os consumidores e o ambiente em que vivem. Quer entender melhor essa relação? Vamos lá! Sabemos que uma empresa, ao agir de forma sustentável, pode construir uma imagem mais sólida e conquistar novos consumidores, além de melhorar o processo de produção e gerar produtos mais ecológicos. E, ao contrário do que muitos pensam, essa realidade não está longe do seu alcance. 03 Você já ouviu falar em logística reversa? Ela pode ser o diferencial da sua empresa e trazer grandes benefícios para a sua imagem. Essa prática é conhecida por fazer a diferença na sociedade e no meio ambiente, por meio do reaproveitamento de materiais, da devolução de produtos e da reciclagem de equipamentos em fim de vida útil. Um exemplo clássico são os aparelhos eletrônicos, os quais são incentivados pelas empresas, por meio de campanhas, a serem descartados. É o que acontece com os aparelhos telefônicos, que seguem de volta para o fabricante e vão para reciclagem. Por isso, afirmamos que a logística reversa atua de maneira abrangente e resulta em efeitos globais, que auxiliam diretamente no desenvolvimento da sustentabilidade no Brasil e no mundo. Ela pode (e deve) ser implantada pelas empresas dos mais variados segmentos e portes para, assim, viabilizar estratégias de devolução e reciclagem de produtos, substituição e reutilização de materiais, reduzindo o consumo de matéria-prima e promovendo a saúde do meio ambiente. E assim as empresas, responsáveis pelos resíduos que produzem, apostam na logística reversa para reduzir os custos do início da cadeia de abastecimento. Com as iniciativas de reaproveitamento, economizam nos processos produtivos, uma vez que os resíduos entram novamente na cadeia produtiva. Além disso, é possível conquistar novos clientes, principalmente ao implantar uma política de devolução que permita ao consumidor trocar, sem custos, algum produto com defeito, o que torna a logística reversa um diferencial competitivo importante para a sua organização. A logística reversa, portanto, traz benefícios para as empresas e tem grande influência na construção de um mundo sustentável. As vantagens para o meio ambiente giram em torno da possibilidade de retorno dos resíduos sólidos para as empresas de origem, evitando assim a poluição e a contaminação de solos, rios, mares e florestas. Da mesma forma, governos, empresas e consumidores passam a ser responsáveis pelos processos de coleta seletiva, separação, descarte e destino dos produtos (principalmente os recicláveis), facilitando a reutilização de materiais e poupando a natureza. Nesse contexto, imagine um lugar em que sejam compartilhados diversos serviços, como água, luz e equipamentos. Isso com certeza reduziria os custos do empreendimento e aumentaria sua eficiência, certo? Pois é assim que funcionam os parques logísticos, que representam uma maneira de as empresas serem sustentáveis, e com benefícios. O ideal é procurar pelos parques que têm 04 certificações de sustentabilidade. Muitos deles são construídos de forma a aproveitar a luz natural, têm sistema de economia de recursos hídricos e oferecem um ambiente de trabalho e também serviços suplementares, que facilitam a vida dos que trabalham ali dentro. Para além disso, destacamos o fato de que o mercado internacional valoriza empresas sustentáveis. É fato que o conceito de sustentabilidade vem crescendo no Brasil, mas no exterior ele já é bem estabelecido; as empresas que querem conquistar mercados externos vão encontrar na sustentabilidade um grande diferencial competitivo. Dependendo da legislação do país, se você não adotar uma política ambiental correta quanto a descartes ou à produção, a entrada do negócio pode até mesmo vir a ser proibida. É por isso que, quando se fala de logística e se pensa em redução de custos e ganho de competitividade, não podemos esquecer a sustentabilidade. Até por outro motivo: a sustentabilidade não gera aumento de gastos. Diferentemente do que muitos pensam, a sustentabilidade não implica aumento nos gastos de uma empresa. A logística trabalha a fim de reduzir custos e é um erro achar que implementar mecanismos de sustentabilidade aumenta os gastos do empreendimento. Muito pelo contrário: é possível economizar mais ainda. Muitas vezes, ações que eram apenas um diferencial para empresas que tinham uma visão mais moderna acabaram virando uma necessidade, pois reduzem custos, evitando gastos com multas ou mesmo o embargo na produção devido a problemas com o meio ambiente. Vale lembrar que, hoje em dia, a legislação é bem severa em relação à poluição causada por empresas. Portanto, perceba que, ao atuar de forma sustentável, é possível promover a conscientização para a educação ambiental, eliminar os impactos no meio ambiente, devido à redução dos descartes residuais de forma indevida e, assim, melhorar a qualidade de vida dos cidadãos. TEMA 2 – ENTREVISTA COM PROFISSIONAL DA ÁREA A revista Eletrolar News entrevistou o engenheiro Leonardo Sanches em 2012. A infraestrutura continua sendo o grande problema da logística brasileira, afirma o engenheiro mecânico e mestre em administração pela Universidade Federal da Bahia, com MBA em logística e distribuição pela Universidade Católica de Salvador. “Temos matriz de transporte extremamente dependente do modal rodoviário, portos ineficientes e malha ferroviária muito acanhada para as 05 dimensões do País, além de problemas fiscais e relativos à segurança”, acrescenta Leonardo, que gerencia a área de logística e gestão da produção do Senai Cimatec – Centro Integrado de Manufatura e Tecnologia da Bahia. Vamos conferir o restante da entrevista (Sanches, 2012):1 – Como a logística contribui para o lucro ou o prejuízo de uma empresa? Resp.: Vivemos em um mercado global altamente competitivo e os fatores qualidade e preço já não são determinantes, pois existe certa semelhança entre os players do ambiente concorrencial. Daí a grande relevância do nível de serviço associado aos produtos, ou seja, entregar certo e no prazo a um custo baixo determina quem continuará no negócio. É premente a necessidade de as empresas investirem fortemente em todo o processo logístico, buscando diferenciação para continuarem competindo no mercado. Cada vez mais o lucro ou prejuízo de alguns segmentos industriais ou comerciais passarão pelo nível de maximização de suas operações logísticas. 2 – O que é imprescindível na elaboração de uma estratégia logística? Resp.: Buscar a consolidação de um planejamento estratégico para “pensar” a organização a longo prazo, levando-se em consideração o viés logístico, deve ser sempre o primeiro passo. A partir daí, é preciso, também, considerar questões geográficas (localização em relação a clientes e fornecedores), disponibilidade de infraestrutura logística, nível de capilaridade e capacidade de investimento em tecnologia da informação. Esse último ponto às vezes é descuidado pelas organizações e pode colocar toda a operação logística em risco, pois não podemos esquecer que a logística se traduz em gestão de “fluxos” físico e de informação. 3 – Terceirizar a logística é melhor do que ter estrutura própria? A terceirização logística é um caminho viável, sim! Concentrar-se no seu core business pode vir a ser uma ação muito inteligente das organizações. Não se pode, porém, tratar isso como uma regra válida para todos. O que serve para uma organização não serve, na mesma medida, para outra. Cabe uma avaliação criteriosa para ver se há aderência ao modelo de gestão adotado pele empresa, pois, em determinados segmentos, a verticalização pode vir a ser o melhor caminho. 4 – Qual é a boa logística para o segmento de eletros? Resp.: A boa logística se baseia em características simples. Entregar certo, no prazo acordado e com o preço justo. Para ser bom e eficaz o processo logístico 06 não necessita de operações “hollywoodianas”. Se os atores que compõem a cadeia de suprimentos de eletros adotarem uma postura colaborativa, certamente a logística acontecerá de maneira fluida e todos sairão ganhando, principalmente o cliente final. 5 – No Brasil, quais as maiores dificuldades enfrentadas pelas empresas? Resp.: Infraestrutura é o grande problema da logística brasileira. Matriz de transporte extremamente dependente do modal rodoviário, portos ineficientes, malha ferroviária muito acanhada para as dimensões do país, além de problemas fiscais e relativos à segurança. Caberiam outros. É preciso, porém, deixar claro também que, com muito trabalho e criatividade, as organizações fazem a sua logística acontecer. 6 – Manter centros de distribuição em vários pontos do País reduz custos? A estruturação de centros de distribuição em locais estratégicos pode vir a ser uma alternativa para reduzir os custos com o transporte. Não se pode esquecer, no entanto, de que existirão custos para montar e manter essa estrutura também. As organizações devem analisar seus processos logísticos de maneira sistêmica e não levar em consideração operações isoladas. A partir desse contexto macro é que devem decidir sobre a instalação de CDs ou a mobilização de grandes operações multimodais. 7 – A falta de segurança no transporte encarece muito a logística? Resp.: Roubo de cargas e insegurança nas operações logísticas faz parte do indesejado custo Brasil. Estudos recentes apontam que o custo logístico brasileiro está na casa de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) e, certamente, a insegurança do transporte de cargas contribui sobremaneira para engrossar esses números. Por consequência, as empresas se utilizam de seguradoras, equipamentos de alta tecnologia como rastreadores e até escoltas para minimizarem seus prejuízos em relação aos roubos de cargas. 8 – No caso do e-commerce, quais os problemas? Resp.: A logística do e-commerce é o grande desafio dessa modalidade de negócio. Receber o produto íntegro e no prazo é o primeiro critério de avaliação dos clientes desse segmento. A logística, portanto, se configura como a primeira imagem da empresa para os clientes. Certamente, fazer entregas perfeitas (produto certo, prazo e qualidade) com a infraestrutura logística disponível não é tarefa das mais fáceis. No entanto, a “evolução chinesa” dos últimos anos no segmento de e-commerce do Brasil prova que as organizações estão conseguindo superar as adversidades estruturais. 07 9 – Há diferenças entre a logística para lojas físicas e virtuais? Resp.: Existindo loja física, sempre existirá a possibilidade de o próprio cliente retirar a sua mercadoria, e, às vezes, o preço do produto é até diferenciado por conta disso. Nesse caso, geralmente, a empresa dispõe de produtos em estoque, e a entrega pode ser imediata. Já nas lojas virtuais o transporte sempre fará parte do processo e será de responsabilidade do vendedor. 10 – Será possível uma única norma para a logística reversa de eletros? Resp.: A única regulamentação referente à logística reversa foi aprovada recentemente. Trata-se do Plano Nacional de Resíduos Sólidos, também conhecido como Programa de Logística Reversa. Essa ação governamental, entre outras coisas, responsabiliza o fabricante pela coleta e destinação de resíduos sólidos gerados pelos seus produtos. Até o momento, a lei se aplica a embalagens de óleo lubrificante, produtos de higiene e limpeza, embalagens em geral; lâmpadas fluorescentes; eletroeletrônicos e descarte de medicamentos. Atualmente, o sistema de logística reversa já funciona com pilhas, pneus e embalagens de agrotóxicos. TEMA 3 – ESTUDO DE CASO Em 30 de março de 2015, a Fundasul publicou um estudo de caso sobre a Ikea. A revista ressalta que a “administração da produção é, acima de tudo, um assunto prático que trata de problemas reais. Assim, vamos estudar um exemplo prático de uma organização que é conhecida pela originalidade de sua produção” (Fundasul, 2015). A IKEA é um varejo de móveis com uma diferença. Com cerca de 100 lojas gigantes operando em cerca de 15 países, tem desenvolvido sua própria maneira especial de vender móveis que parece impressionar aos consumidores de todas as nacionalidades. Tipicamente, os consumidores da IKEA passam entre uma hora e meia a duas horas na loja - bem mais do que nas lojas de móveis rivais. Uma razão importante para isso é a eficácia da forma como organiza suas lojas. Todas são iguais nos aspectos mais importantes, em todo o mundo. O design e a filosofia das operações de suas lojas reproduzem o negócio original iniciado ao sul da Suécia por Ingvar Kampradt nos anos 50. Naquele tempo, Kampradt foi bem sucedido na venda de móveis através de catálogo. Em resposta aos pedidos dos consumidores para que tornasse mais fácil a visualização de alguns de seus móveis, construiu um showroom em Estocolmo, não no centro da cidade onde o terreno era caro, mas em suas redondezas. Em vez de comprar displays caros, ele, simplesmente, organizou os móveis, mais ou menos, na disposição em que se encontrariam nos ambientes domésticos. Também, em vez de transportar os 08 móveis do depósito para o showroom, pedia que os consumidores os retirassem diretamente do armazém. Essa abordagem "anti-serviço", como foi descrita, é a base das lojas IKEA de hoje. Os móveis lKEA representam ''valor pelo dinheiro" com ampla variedade deescolha. Geralmente, são projetados para ser estocados e vendidos "encaixotados", mas de montagem fácil pelos consumidores. Todas as lojas são projetadas em torno do mesmo conceito de serviço: facilidade de localização, estacionamento, movimentação em seu interior e simplicidade para fazer o pedido e retirar os bens adquiridos. Na entrada de cada loja, há grandes quadros de avisos que proclamam a filosofia da lKEA e orientam os consumidores ainda não acostumados com a loja. Catálogos estão também disponíveis nesse ponto, mostrando ilustrações, dimensões e variedade de produtos disponíveis. Talvez, mais importante para os compradores com crianças, há também uma área de lazer, um pequeno cinema, uma sala para cuidados com o bebê e banheiros. Os pais podem deixar seus filhos na área de lazer supervisionada por um limitado período de tempo. Cada criança é vestida com um avental amarelo numerado para facilitar a localização dos pais através de um sistema de alto-falantes, caso ocorra qualquer problema. Os consumidores podem também tomar carrinhos emprestados, caso desejem manter seus filhos próximos enquanto estiverem no interior da loja. Algumas partes do showroom mostram quartos montados, enquanto outras exibem, por exemplo, todas as camas reunidas, permitindo que os consumidores façam comparações. Estes não são abordados por qualquer vendedor para oferecer ajuda ou orientação. A filosofia da lKEA é não "atrapalhar" os consumidores dessa maneira, mas deixá-los à vontade e com tempo de pensar. Se um consumidor desejar orientação, há pontos de informações no showroom onde funcionários, com uniformes vermelhos vivos, podem ajudá-lo e orientá-lo, fornecendo réguas, papel para esquemas e assim por diante. Cada móvel possui uma etiqueta indicando suas dimensões, preço, materiais usados, país de origem e outras cores disponíveis. Há também um código numérico que indica a localização do mesmo no depósito, de onde pode ser retirado. As etiquetas dos itens de grandes dimensões orientam para que os interessados se dirijam ao setor de informações para maiores esclarecimentos. Após visitar o showroom, os consumidores passam para uma área de autosserviço, onde pequenos itens são expostos em prateleiras. Eles podem ser retirados diretamente das prateleiras pelos consumidores e colocados em sacolas amarelas ou carrinhos. Depois, os consumidores passam pelo armazém de autosserviço onde podem retirar os itens visualizados no showroom. Finalmente, pagam nos caixas, construídos com esteiras rolantes que movimentam as compras para os funcionários distribuídos na área de saída. Nessa área, há pontos de informações e serviços e, frequentemente, uma lanchonete com comida sueca típica. Uma grande área de transporte permite que os consumidores busquem seus carros do estacionamento para carregar as compras. Entretanto, este não é o fim dos serviços da lKEA. Qualquer consumidor que tenha comprado além da capacidade de carga de seu carro pode alugar ou comprar um bagageiro. 09 A abordagem inovadora da IKEA para seu negócio não está confinada apenas ao layout físico e ao design de suas lojas; ela também se estende a seu estilo e filosofia gerencial. Todos os funcionários da loja usam aventais vermelhos ou cinzas que identificam os de contato com os consumidores e os administrativos. Eles são muito bem preparados na filosofia IKEA. Por exemplo, nas palavras da empresa: Variedade de produtos - nossa identidade. Devemos oferecer ampla variedade de itens de móveis domésticos com bom design e função a preços baixos para que a maioria das pessoas possa comprá-los. Não devemos comprometer nem funcionalidade nem qualidade técnica. Espírito lKEA - forte e realista. A IKEA verdadeira é encontrada em nosso entusiasmo, constante disposição à renovação, consciência de custo, disposição para assumir responsabilidade e simplicidade em nosso comportamento. O lucro proporciona-nos recursos. Forçar-nos a desenvolver produtos de maneira mais econômica, comprar melhor, reduzir custos; esse é o segredo e a razão de nosso sucesso. Alcançar bons resultados por meios simples. Frequentemente, as soluções caras são sinal de mediocridade. A simplicidade é uma virtude. Regras complicadas paralisam. Planejamento exagerado pode ser fatal. Simplificação é tradição de honra. A maneira diferente. Ao ousar sermos diferentes, encontramos novas maneiras. "Por quê?" permanece uma expressão-chave importante. Assumir responsabilidade - um privilégio. Quanto mais responsáveis as pessoas, menos burocracia. O temor de cometer erros é a origem da burocracia e o inimigo da avaliação. Assim, por que a IKEA está preparada para sobreviver e prosperar? Certamente, ela mantém controle rigoroso de seus custos e, também, conhece seu mercado e como pode atender às necessidades de seus consumidores. Além disso, os produtos que desenha e vende devem ser considerados por seus consumidores como representando notável valor pelo dinheiro. Entretanto, não menos importante, é a maneira que organiza a presta serviços em suas lojas. Essa é a responsabilidade da administração de produção da empresa. Os funcionários da loja, os responsáveis pelas relações com fornecedores, os funcionários que estocam e transportam os bens para as lojas e a equipe que desenha, planeja, controla e, constantemente, melhora a maneira de fazer as coisas, os prédios, os computadores e caixas, os depósitos e o sistema de transporte, todos estão engajados na administração da produção. A IKEA obtém sucesso, não em pequena medida, pela eficácia de sua administração da produção que fornece: Fácil fluxo de consumidores; Ambiente limpo e bem projetado; Bens suficientes para satisfazer a demanda; Funcionários suficientes para atender aos consumidores e repor os estoques; Qualidade apropriada de serviços; Fluxo contínuo de ideias para melhorar o desempenho, já impressionante, de suas operações. 010 Sem isso, a empresa não seria bem-sucedida, não obstante o desenvolvimento de suas atividades de marketing e de finanças. TEMA 4 – OS MELHORES MODELOS EMPRESARIAIS A tecnologia da Informação (TI) é uma grande aliada da gestão de logística. Tanto softwares quanto hardwares são amplamente utilizados na área, com vistas a garantir a qualidade do planejamento estratégico e a otimização da operação de transporte e armazenamento, entre outras funções da atividade. A integração promovida pelas ferramentas tecnológicas oferece ganho de tempo e maior produtividade às empresas, liberando os gestores e colaboradores para se dedicarem à solução de problemas e ao planejamento estratégico, ao invés de se preocuparem com coleta, processamento e armazenamento de informações. Pensando nisso, listamos aqui os principais softwares que são utilizados hoje nas empresas, e que resultam em excelentes resultados na gestão logística. 4.1 Sistemas de Gestão de Transportes – TMS Transportation Management System (TMS) é como são chamados os sistemas de gestão de transportes. Em geral, um bom TMS pode ajudar a fazer planejamento e otimização de rotas, otimização de carga, auditoria de frete e pagamento, gestão de pátios, gestão de transportadoras, entre outras funcionalidades. Um sistema TMS também serve como centro de logística em uma rede colaborativa de carregadores, transportadores e clientes. O valor de negócio de um TMS totalmente implantado deve atingir, dentre outros, os seguintes objetivos: reduzir os custos através do planejamento de rotas e otimização de carga; melhoria da prestação de contas com a visibilidade da cadeia de transporte; maior flexibilidadepara fazer mudanças em planos de entrega; conclusão dos requisitos fundamentais de execução de cadeia de suprimentos; suporte às tomadas de decisão por meio de indicadores de desempenho. 4.2 Sistemas de gestão de armazéns – WMS Um sistema de gerenciamento de armazém, do inglês Warehouse Management System (WMS), é um aplicativo de software que suporta as 011 operações de rotina de um armazém. Ele promove o gerenciamento centralizado de tarefas, tais como níveis de inventário de monitoramento e ações locais. O WMS pode ser uma aplicação só ou parte de um Enterprise Resource Planning (ERP), sistema integrado de gestão empresarial. Entre as funcionalidades do WMS, destacamos: programação e entrada de pedidos; planejamento e alocação de recursos; controle de portaria recebimento e inspeção de cargas definição de endereçamento dos produtos estocagem separação de pedidos (picking) embalagem carregamento expedição emissão de documentos inventário definição e controle de rotas de coleta O valor gerado por uma solução de WMS pode ser resumido nos seguintes benefícios: otimização das atividades operacionais (fluxo de materiais) e administrativas (fluxo de informações), redução de custos, melhorias no nível de serviço e nos indicadores de desempenho e fornecimento de dados para a tomada de decisão. 4.3 Sistema de monitoramento de entregas Ferramentas de monitoramento de entregas auxiliam na excelência do serviço, melhorando a produtividade e a confiabilidade. São aplicações a partir das quais os condutores conseguem visualizar embarques e entregas, além de buscar informações por meio de códigos de barras em documentos fiscais e confirmar a entrega fotografando, produzindo áudio ou fazendo um check-in via GPS no local em que a carga é entregue, ou por meio de materiais que podem ser enviados aos gestores via SMS. Além de tudo isso, a própria transportadora consegue se comunicar, notificando o motorista durante a viagem, melhorando o controle da operação e facilitando a tomada de decisões. 012 4.4 Sistemas de roteirização Também conhecidos como roteirizadores, os sistemas de roteirização são ferramentas que ajudam no planejamento da operação de transporte e distribuição de cargas. Eles fazem cálculos de quilometragem, auxiliando na auditoria para pagamento de fretes às transportadoras terceirizadas, por exemplo. Entre as principais funcionalidades de um bom sistema de roteirização, estão definição exata das rotas, programação de veículos (considerando o volume das entregas e as rotas percorridas) e determinação prévia do tamanho da frota. Com o roteirizador é possível planejar a sequência de locais em que as entregas devem ser feitas, considerando a localização geográfica e as condições de viagem para, assim, planejar o carregamento da carga, prever o consumo de combustível, entre outros benefícios. 4.5 Sistemas de gestão de frotas Toda a rotina de administração de frotas pode ser automatizada por meio de um sistema de gestão. Com ele, é possível controlar perícias técnicas, manutenções, escalas de condutores, consumo de combustível etc. Um bom sistema de gestão de frotas dá mais qualidade e agilidade ao fluxo das informações que giram em torno da operação de veículos, reduz a quantidade de papéis necessários e dá mais poder de decisão aos gestores. Em poucos cliques é possível fazer escalas, retirar relatórios e otimizar a utilização da frota. 4.6 Outras soluções Além destes, há também soluções que tornam a gestão logística mais estratégica. Entre elas, sistemas para: agendamento automático de entregas; agendamento de ocas; gestão de contratos logísticos; otimização de carregamento; rastreamento e monitoramento do ciclo do pedido; transporte colaborativo. 013 TEMA 5 – LIVROS ESSENCIAIS Maciel Queiroz (2016) traz recomendações importantes para o estudioso da área: uma lista de dez livros essenciais de logística e cadeia de suprimentos. Vejamos: 1. Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos/Logística Empresarial Autor: Ronald H. Ballou. Editora: Bookman. Nesta obra clássica, Ballou escreve de forma simples, porém sem perder o rigor acadêmico e gerencial os fundamentos da logística e da cadeia de suprimentos. Destaques para o nível de serviço ao cliente, fundamentos do transporte, estratégias de estoques, previsão de demanda, localização de instalações e organização e controle da cadeia de suprimentos etc. Os estudos de casos desta obra, são fundamentais para pôr à prova a abstração dos conhecimentos. No final do livro o leitor encontrará um cd que é utilizado para resolver alguns exercícios propostos. 2. Logística Empresarial: Transportes, Administração de Materiais e Distribuição Física Autor: Ronald H. Ballou. Editora: Atlas. Outro livro clássico de Ballou. Este é indicado principalmente para as pessoas que estão entrando no mundo da logística. Aborda fundamentos essenciais que compõem a logística e a cadeia de suprimentos. Discutem aspectos de distribuição física, administração de materiais, o sistema de transporte, administração de tráfego, armazenagem e manuseio, controle de estoques, processamento de pedidos, informações de planejamento logístico etc. 3. Gestão Logística da Cadeia de Suprimentos Autores: Donald J. Bowersox; David J. Closs; M. Bixby Cooper e John C. Bowersox Editora: McGraw-Hill / Bookman. Donald Bowersox, outro grande autor de logística e supply chain, juntamente com outros grandes autores, mostram fundamentos e complexidades das cadeias de suprimentos do século XXI. O livro possui muitos destaques, como a integração da logística com a gestão do relacionamento com os clientes, suprimentos/compras, gestão de estoques, transportes, cadeias de suprimentos globais etc. 4. Cadeia de Suprimentos Projeto e Gestão: Conceitos, Estratégias e Estudos de Caso Autores: David Simchi-Levi; Philip Kaminsky e Edith Simchi-Levi. Editora: Bookman. 014 Este livro possui um grande diferencial, que são os estudos de casos. Neles, o leitor é desafiado a pensar em como resolver problemas reais. Inicialmente são apresentados conceitos básicos de cadeias de suprimentos, e que avançam gradativamente em termos de complexidades para modelagem de redes logísticas, contratos de fornecimentos, alianças estratégicas, procurement, gerenciamento do risco etc. No apêndice, temos o jogo da cerveja informatizado, o jogo do compartilhamento do risco e o jogo das cotações, que também estão disponíveis em um cd que acompanha o livro. 5. Logística na Cadeia de Suprimentos: Uma Perspectiva Global Autor: David A. Taylor. Editora: Pearson. Taylor discute por meio de uma linguagem gerencial e com muitos exemplos reais, as diversas complexidades existentes nas cadeias de suprimentos. Um destaque interessante, são as figuras que ele utiliza para ilustrar determinadas situações, que acaba ajudando a compreensão dos leitores. No livro, é abordado desde a modelagem de cadeias de suprimentos, passando por gestão da demanda, suprimentos e gestão do desempenho. 6. Logística Aplicada: Suprimento e Distribuição Física. Autores: Antonio Carlos Alvarenga e Antonio Galvão N. Novaes. Editora: Blucher. Neste livro, Alvarenga e Novaes combinam com muita maestria conceitos essenciais de logística com a modelagem quantitativa. É uma das poucas obras que discutem com muita propriedade os custos na perspectiva logística. Apresentam elementos de estatística para análise, modelagem da redelogística, resolução de problemas logísticos etc. 7. Logística e Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos Autor: Martin Christopher. Editora: Cengage Learning. Christopher, outro autor clássico de logística, apresenta nesta obra, a cadeia de suprimentos numa perspectiva de cadeia de valor. Aborda como a logística cria valor para os clientes, os custos para medir o desempenho, a cadeia responsiva etc. É uma obra com um aspecto mais gerencial. 8. Administração de Operações e da Cadeia de Suprimentos Autores: F. Robert Jacobs e Richard B. Chase. Editora: McGraw-Hill / Bookman. Jacobs e Chase, apresentam fundamentos da administração de operações na cadeia de suprimentos e estratégias sustentáveis. Destaques para os capítulos que abordam a análise de processos, filas de espera, consultoria e reengenharia, simulação, gestão das restrições etc. No apêndice, são encontrados vários problemas com resoluções. 9. Logística e Gerenciamento da Cadeia de Abastecimento Autor: Paulo Roberto Bertaglia. 015 Editora: Saraiva. Nesta obra que já está na terceira edição, Bertaglia aborda a cadeia de suprimentos por meio de uma visão bastante didática e com muitos estudos de caso de alta qualidade. Destaques para o alinhamento da cadeia de suprimentos com as estratégias de negócios, os fundamentos da resposta eficiente ao consumidor (ECR), influência da infraestrutura de transporte na cadeia de suprimentos, utilizando a tecnologia para obter vantagem competitiva etc. 10. Logística Reversa: Meio Ambiente e Competitividade Autor: Paulo Roberto Leite. Editora: Pearson. Este livro, talvez seja o mais clássico (nacional) sobre logística reversa. Paulo Roberto Leite, uma das grandes referências neste assunto, apresenta os pilares da logística reversa, seus objetivos, modelagem e estratégias para otimização. É apresentado de forma simples, todos os conceitos essenciais associados à logística reversa, canais de distribuição reversos, a logística reversa e a competitividade empresarial, estratégias para bens de pós-consumo e pós-vendas etc. FINALIZANDO A logística reversa é uma resposta da logística às novas necessidades de sustentabilidade ambiental e econômicas do mundo pós-moderno em que vivemos. Segundo essa lógica, ser rápido e preciso é fundamental no ambiente competitivo, e assim os softwares logísticos têm crescido, já que produzem material para a tomada de decisão, ainda que não se possa dispensar o bom analista, que usará as informações para gerar vantagem e vencer a concorrência. Por fim, como o mundo é cada vez mais ágil, manter-se atualizado com livros e revistas do ramo é essencial para fazer valer os conhecimentos adquiridos aqui. 016 REFERÊNCIAS CARVALHO, L. S. de. Desafios da Logística. Revista Eletrolar News, 10 jul. 2012. Entrevista. FLEURY, P. F.; WANKE, P; FIGUEIREDO, K. F. Logística empresarial: a perspectiva brasileira. Curitiba: Atlas, 2000. IKEA: estudo de caso. Fundasul – Fundação de Ensino Superior da Região Centro-Sul, 2015. Disponível em: <http://www.fundasul.br/download.php?id=854>. Acesso em: 21 nov. 2017. PIRES, S. R. I. Gestão da Cadeia de Suprimentos (Supply Chain Management): conceitos, estratégias, práticas e casos. 2. ed. Curitiba: Atlas, 2009. QUEIROZ, M. 10 Livros Essenciais de Logística e Supply Chain. Experts da Logística, São Paulo, 8 jul. 2016. Disponível em: <http://www.expertsdalogistica.com.br/10-livros-essenciais-de-logistica-e-supply- chain/>. Acesso em: 21 nov. 2017.
Compartilhar