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Ética versus moral
APRESENTAÇÃO
Nesta Unidade de Aprendizagem percorreremos as principais discussões acerca da ética e da 
moral. Buscaremos responder se, de fato, há essa distinção, e em que ela importa. 
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Construir um conceito de ética.•
Elaborar um conceito de moral.•
Diferenciar ética e moral.•
DESAFIO
Um importante debate que existe na concepção ética é aquele que discute a existência de valores 
universais, ou seja, se os valores podem ser considerados os mesmos dentro de todas as culturas, 
ou ao contrário, cada cultura possui sua própria percepção dos valores.
Logo, podemos perceber que dentro do debate ético, tendo em vista os direitos humanos, temos 
uma visão relativista, ou seja, aquela na qual os valores são medidos a partir de cada cultura e, 
de outro lado, uma concepção universalista, que significa dizer que existem valores iguais para 
todos. A partir dessas concepções, propõe-se a construção de um texto que as discuta e aponte 
suas possibilidades, e também as possíveis críticas a ambos os modelos.
Para realizar esse desafio, você deverá atender aos seguintes itens:
1 - dizer o que é o relativismo; 
2 - sucintamente contextualizar o que são os direitos humanos; 
3 - propor uma crítica à visão universalista em detrimento da relativista.
 
INFOGRÁFICO
Neste infográfico você poderá visualizar as diferentes concepções de ética e moral, bem como as 
distintas classificações que ambas recebem:
CONTEÚDO DO LIVRO
Neste capítulo, você irá percorrer as principais discussões acerca da ética e da moral. Você irá 
descobrir se, de fato, há essa distinção e em que ela importa.
Aprofunde seus conhecimentos lendo o capítulo Ética versus Moral, do livro Bioética e 
biossegurança aplicada, base teórica para esta Unidade de Aprendizagem.
Boa leitura.
BIOÉTICA E 
BIOSSEGURANÇA 
APLICADA 
Wilian Bonete
 Ética versus moral 
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Construir um conceito de ética.
  Elaborar um conceito de moral.
  Diferenciar ética de moral.
Introdução
Neste texto, você irá percorrer as principais discussões acerca da ética e 
da moral. Você irá descobrir se, de fato, há essa distinção e em que ela 
importa.
 O conceito de ética
Moral e ética são conceitos habitualmente empregados como sinônimos, ambos 
se referindo a um conjunto de normas e condutas obrigatórias. Isso ocorre, 
e de maneira aceitável, porque temos dois vocábulos herdados: um do latim 
(moral) e outro do grego (ética), duas culturas antigas que assim nomeavam 
o campo de refl exão sobre os “costumes” dos seres humanos, sua validade e 
legitimidade (TAILLE, 2007).
Nesse momento, vamos nos deter especificamente ao conceito de ética. 
A partir dos textos de filósofos como Platão e Aristóteles, é possível dizer 
que a ética (ou filosofia moral) inicia-se com Sócrates. Percorrendo as ruas de 
Atenas, na Grécia, Sócrates questionava aos jovens ou velhos o que eram os 
valores nos quais acreditavam e que respeitavam ao agir. Assim, ele perguntava: 
o que é a coragem?; o que é a justiça?; o que é a piedade?; e o que é amizade? 
A elas, os atenienses respondiam dizendo serem virtudes. Sócrates voltava a 
lhes indagar: o que é virtude? Os atenienses retrucavam: é agir conforme o 
bem. E Sócrates questionava, ainda: o que é o bem? (CHAUÍ, 2000).
Sócrates embaraçava os atenienses porque os forçava a questionar a origem 
e a essência das virtudes (valores e obrigações) que julgavam praticar ao seguir 
os costumes de Atenas. Como e por que sabiam que uma conduta era boa ou 
má, virtuosa ou viciosa? O que eram e o que valiam realmente os costumes 
que lhes haviam sido ensinados? 
Dirigindo-se aos atenienses, Sócrates lhes perguntava qual o sentido dos 
costumes estabelecidos, quais as disposições de caráter (características 
pessoais, sentimentos, atitudes, condutas individuais) que levavam alguém 
a respeitar ou a transgredir os valores da cidade, e por quê. Desse modo, con-
forme Chauí (2000), as questões socráticas inauguram à ética porque definem 
o campo no qual os valores e obrigações morais podem ser estabelecidos, ao 
encontrar seu ponto de partida: a consciência do agente moral. É sujeito ético 
moral somente aquele que sabe o que faz; que conhece as causas e os fins de 
sua ação, o significado de suas intenções e de suas atitudes e a essência dos 
valores morais. 
Nessa perspectiva, a ética pode ser vista como o conjunto de ideias que 
orientam a humanidade na busca de uma convivência satisfatória, um conjunto 
de normas e princípios a partir dos quais os seres humanos procuram elaborar 
distinções entre o bem e o mal, o certo e o errado, para que haja uma melhor 
convivência em sociedade (ALLES, 2014).
A ética regulamenta as ações do convívio humano e também configura-
-se como um conjunto de conhecimentos e teorias, expressos em princípios 
e normas, de que serve a vontade humana para bem conduzir as suas ações. 
Essas ações, por sua vez, voltam-se para a sobrevivência e a realização do 
ser humano como ser complexo e dotado de razão, sentimentos e emoções. 
Desse modo, a ética objetiva tornar a vida possível e passa a ser a mediação 
necessária para que a humanidade possa se aproximar da utopia sonhada em 
termos de convivência (ALLES, 2014).
Chauí (2000, p. 342) destaca que, se examinarmos o pensamento filosófico 
dos antigos, é possível observar que a ética se firma em três grandes princípios 
da vida moral:
  Por natureza, os seres humanos aspiram ao bem e à felicidade, que só 
podem ser alcançados pela conduta virtuosa.
  A virtude é uma força interior do caráter, que consiste na consciência 
do bem e na conduta definida pela vontade guiada pela razão, uma vez 
que cabe a esta última o controle sobre instintos e impulsos irracionais 
descontrolados que existem na natureza de todo ser humano.
  A conduta ética é aquela na qual o agente sabe o que está e o que não 
está em seu poder realizar, referindo-se, portanto, ao que é possível 
e desejável para um ser humano. Saber o que está em nosso poder 
Ética versus moral24
significa, principalmente, não se deixar levar pelas circunstâncias, 
nem pelos instintos, nem por uma vontade alheia, mas afirmar nossa 
independência e nossa capacidade de autodeterminação.
Em suma, para os gregos, a ética era concebida como educação do caráter 
do sujeito moral para dominar racionalmente os impulsos, apetites e desejos, 
para orientar a vontade rumo ao bem e à felicidade e para formá-los como 
membros da coletividade sociopolítica. Sua finalidade era a harmonia entre 
o caráter do sujeito virtuoso e os valores coletivos, que também deveriam ser 
virtuosos (CHAUÍ, 2000).
A ética, portanto, consiste numa forma de postura e num modo de ser, à 
natureza humana. Trata-se de uma maneira de lidar com as diversas situações 
da vida e os modos como estabelecemos relações com outras pessoas. 
Podemos, também, conceber a ética como um conjunto de conhecimentos 
extraídos da investigação do comportamento humano na tentativa de explicar 
as regras morais de modo racional e fundamentado. Trata-se de uma reflexão 
sobre a moral. Assim, a ética é parte da filosofia que estuda a moral, refletindo 
e empreendendo questionamentos sobre as regras morais (SILVA, 2016).
A palavra ética e o seu campo prático: a moral
De onde vem a palavra ética? Do grego ethos, que até o século VI a.C. significava 
“morada do humano”. Ethos é o lugar onde habitamos, é a nossa casa. “Nesta casa 
não se faz isso”, “nesta casa não se admite tal coisa”. Ethos também significa “marca” 
ou “caráter”. Ética, portanto, é um conjunto de princípios e valores que usamos para 
responder às três grandes perguntas da vida humana: Quero? Devo? Posso?
O que é moral? A prática dessas respostas.
Portanto, ética consiste nos princípios que utilizamos para responder ao “Quero? 
Devo? Posso?”. Isso, todavia, não significaque não vivamos dilemas. Eles existem e 
serão mais tranquilamente ultrapassados quanto mais sólidos forem os princípios que 
tivermos e a preservação da integridade que desejamos. 
Fonte: Cortella (2015).
25Ética versus moral
 O conceito de moral
A palavra moral é proveniente do termo em latim Morales, que signifi ca 
“relativo aos costumes”, aquilo que se consolidou como sendo verdadeiro, 
do ponto de vista da ação. A moral pode ser concebida como um conjunto de 
regras aplicadas no cotidiano e que são utilizadas como elementos norteadores 
dos julgamentos sobre o que é certo ou errado, moral ou imoral, bem como 
as suas ações. A moral é, ainda, construída mediante os valores previamente 
estabelecidos pela própria sociedade e os comportamentos aceitos e passíveis 
de serem questionados pela ética (SILVA, 2016).
Chauí (2000) nos fornece vários exemplos para pensarmos a questão da 
moral. Vejamos alguns: 
  Muitas vezes tomamos conhecimento de movimentos nacionais e in-
ternacionais de luta contra a fome. Ficamos sabendo que, em outros 
países, e também no Brasil, muitas pessoas morrem de penúria. Sentimos 
piedade. Sentimos indignação diante de tamanha injustiça (especial-
mente quando vemos o desperdício dos que não têm fome e vivem na 
abundância). Sentimos responsabilidade. Movidos pela solidariedade, 
participamos de campanhas contra a fome. Assim, nossos sentimentos 
e nossas ações exprimem nosso senso de moral.
  Um pai de família desempregado, com vários filhos pequenos e a esposa 
doente, recebe uma oferta de emprego, mas que exige que seja desonesto 
e cometa irregularidades que beneficiem seu patrão. Sabe que o trabalho 
permitirá sustentar os filhos e pagar o tratamento da esposa. Ele pode 
aceitar o emprego, mesmo sabendo o que será exigido dele? Ou deve 
recusá-lo e ver os filhos com fome e a esposa morrendo?
  Uma mulher vê um roubo. Vê uma criança maltrapilha e esfomeada 
roubar frutas e pães numa mercearia. Sabe que o dono da mercearia 
está passando por muitas dificuldades e que o roubo fará diferença para 
ele, mas também vê a miséria e a fome da criança. Deve denunciá-la, 
julgando que, com isso, a criança não se tornará um adulto ladrão e o 
proprietário da mercearia não terá prejuízo? Ou deverá ficar em silêncio, 
pois a criança pode correr o risco de receber punição excessiva, ser 
levada para a polícia, ser jogada novamente às ruas e, agora revoltada, 
passar do furto ao homicídio? O que fazer?
Esses relatos de situações apontadas por Chauí (2000), dentre outras mais 
dramáticas ou menos dramáticas, surgem sempre em nossas vidas cotidianas. 
Ética versus moral26
Nossas dúvidas quanto à decisão que deveríamos tomar não manifestam 
apenas nosso senso moral, mas também colocam à prova a nossa consciência 
moral, pois exigem que decidamos o que fazer, que justifiquemos para nós 
mesmos e para os outros as razões de nossas decisões e assumamos todas as 
consequências delas, pois somos responsáveis por nossas opções. 
Assim, o senso e a consciência moral dizem respeito aos valores, senti-
mentos, intenções, decisões e ações referidos ao bem e ao mal e ao desejo de 
felicidade. Dizem respeito às relações que mantemos com os outros e, portanto, 
nascem e existem como parte de nossa vida cotidiana (CHAUÍ, 2000).
Para autores como Piaget e Kholberg, segundo Taille (2007), há um de-
senvolvimento moral cujo vetor leva a uma determinada moral. Para Piaget, 
a moral autônoma é uma moral de igualdade, da reciprocidade e do respeito 
mútuo. Para Kholberg, o vetor do desenvolvimento moral leva ao ideal de jus-
tiça pela equidade, pela perspectiva da reciprocidade universal, ao imperativo 
categórico de Kant, que afirma que devemos sempre tratar a humanidade, na 
nossa própria pessoa e na pessoa de outrem, como um fim em si e não apenas 
como um meio. 
Ao pensarmos sobre o conceito de moral, devemos conceber que, acima 
de tudo, a vida coletiva só se tornou possível porque o ser humano passou a 
estabelecer normas de convívio. Além disso, quando falamos de moral, ela não 
se refere apenas a um conjunto de normas impostas aos seres humanos, mas 
também à livre adesão a elas, motivo pelo qual um ato só pode ser considerado 
moral se passar pela aceitação da norma, ou seja, aquele que é aceito por livre 
vontade, e não por uma imposição mediante ameaças (COSSETIN, 2014).
Para ser moral, um ato deve ser livre, consciente, intencional e responsável. 
Isso gera um compromisso de reciprocidade para com a sociedade. O sujeito, 
assim, deve saber o que e por que faz; não deve ser coagido ou obrigado a fazer 
algo. Além disso, o sujeito deve assumir a autoria do seu ato, reconhecendo-o 
como seu e respondendo pelas consequências de sua ação (COSSETIN, 2014).
A responsabilidade, assim entendida, acaba criando um dever: a obriga-
toriedade, o que implica a interiorização da norma, na autoimposição do seu 
cumprimento. Apesar de parecer contraditório, Cossetin (2014) destaca que o 
cumprimento da norma não é coercitivo, mas é sinônimo de liberdade. Por 
isso, nem mesmo a desobediência – o que determina o caráter moral ou imoral 
do ato – pode ser excluída, pois justamente por ser livre é que o sujeito pode 
transgredir a norma, mesmo aquela por ele escolhida. 
Diante disso, podemos afirmar que a moral é uma construção especifica-
mente humana. Como, porém, o ser humano não é um ser natural e fixamente 
definido – e, além disso, é um ser social, e a sociedade sofre transformações 
27Ética versus moral
–, devemos conceber que a moral é uma construção histórica. É nesse sentido 
que, apesar de os sistemas morais estarem fundamentados em valores como o 
bem e a liberdade, o conceito daquilo que seja o bem e a liberdade varia histo-
ricamente. Isso explica a diversidade de concepções éticas (COSSETIN, 2014).
Moral como objeto de estudo e ética como estudo do objeto
Conforme Cortina (2005), pensadora espanhola, a palavra Moral deve ser usada prefe-
rencialmente para denotar o objeto de estudo, enquanto a palavra Ética – ou Filosofia 
Moral – deveria reservar-se à disciplina filosófica que busca refletir criticamente da moral.
Esse uso encontra apoio na linguagem corrente. De fato, o termo “moral” é muitas 
vezes usado como substantivo, em suas diversas acepções, para designar âmbitos que 
constituem o objeto de estudo da Ética ou da Filosofia Moral: (1) ou um modelo de 
conduta socialmente estabelecido em uma sociedade concreta (“a moral vigente”); 
(2) ou um conjunto de convicções morais pessoais (“tal pessoa possui uma moral 
rígida”); (3) ou tratados sistemáticos sobre as questões morais (“Moral”), sejam doutrinas 
morais concretas (“Moral católica” etc.), sejam teorias éticas (“Moral aristotélica” etc., 
embora o mais corrente seja “ética aristotélica” etc.); (4) ou uma disposição de espírito 
produzida pelo caráter e atitudes de uma pessoa ou grupo (“estar com o moral alto” 
etc.); (5) ou uma dimensão da vida humana pela qual nos vemos obrigados a tomar 
decisões (“a moral”). Como adjetivo, em usos que interessam à Ética, o termo moral é 
preferencialmente usado em contraposição a “imoral”, ou em contraposição a “amoral”.
Já o termo moralidade é muitas vezes usado, seja como (a) sinônimo de “moral”, 
no sentido de uma concepção moral concreta (por exemplo, quando dizemos “isso 
é uma imoralidade” = “isso não é moralmente correto”), seja como (b) sinônimo de “a 
moral”, isto é, uma dimensão da vida humana identificável entre outras e não redutível 
a nenhuma outra, e que se manifesta no fato de que emitimos juízos morais; ou ainda 
(c) ou na contraposição filosófica de cunho hegeliano entre “moralidade” e “eticidade”.
Fonte: Gontijo (2006, p. 132–133).
 Diferenças entre ética e moral?
Conforme defi nido anteriormente, ética refere-se ao campo da fi losofi a que 
investiga os comportamentos dos seres humanos, em diversas situações coti-
dianas, enquanto a moral diz respeito aos valores, aos julgamentos, isto é, o 
campo prático das ações humanas. 
Ética versus moral28Apesar de cada um desses conceitos possuírem suas particularidades, 
existe uma estreita articulação entre ambos, na medida em que a ética tem 
como objeto de estudo a própria moral. Desse modo, tanto a ética implica a 
moral – enquanto “matéria-prima” de suas reflexões e sem a qual não existiria 
– quanto a moral implica a ética para se repensar, desenhando-se, desse modo, 
uma importante relação de circularidade e complementaridade (PEDRO, 2014). 
A Figura 1 ilustra a relação inerente entre ética e moral:
Figura 1. A relação entre ética e moral.
Fonte: Pedro (2014).
Moral
Ética
Perceba que há um movimento intrínseco entre ética e moral. Essa valori-
zação do conhecimento pensada como condição necessária ao modo de agir 
e de viver moral é, simultaneamente, um pressuposto desse mesmo agir e 
pensar. Isso, por outro lado, afasta a ideia de que a moral ou a ética pertencem 
exclusivamente ao domínio da intuição ou da emoção e não do conhecimento 
e da razão. Contudo, Pedro (2014) aponta que um equilíbrio entre ambas é 
imprescindível.
Gontijo (2006) comenta que não se pode tratar ética e moral como an-
tônimos. É contraditório, por exemplo, defender uma ética sem moral ou 
uma moral sem ética. Ocorre que alguns filósofos utilizam distintas nuances 
de significações, e geralmente o fazem para denotar diferentes aspectos da 
vida moral ou da reflexão moral, isto é, diferentes dimensões de um mesmo 
fenômeno. 
29Ética versus moral
É perceptível que uma parte da vida cotidiana em comum exprime-se mais 
adequadamente por ideias de obrigação e do dever, enquanto outra se expressa 
por aspirações. Devo, por exemplo, respeitar os direitos do outro, devo honrar 
os contratos, devo ser justo, fazem o bem, etc. Por outro lado, a generosidade 
não pode ser obrigada: ela expressa um dom gratuito (GONTIJO, 2006).
A partir dessa exposição, quais seriam os conteúdos que compõem a ética 
e a moral? Taille (2007) enfatiza que toda ética contém uma moral, pois cabe 
justamente à moral regrar a vida em sociedade. Segundo o autor, podemos 
assumir que toda perspectiva ética deve ser coerente com certos deveres 
morais. Dito de outro modo, a moral não diz como é ser feliz, nem como ser, 
mas sim quais são os deveres a serem necessariamente obedecidos para que 
a felicidade individual tenha legitimidade social.
Para conhecer um pouco mais sobre a ética e a moral em outros autores clássicos, leia 
o texto: “Considerações acerca da ética e da consciência moral nas obras de Freud, 
Klein, Hartmann e Lacan” (JUNQUEIRA; COELHO JUNIOR, 2005). 
Dessa forma, é preciso escolher quais são os deveres, definir que moral 
condiciona a busca da felicidade. Nesse sentido, Taille (2007) destaca três 
virtudes morais: justiça, generosidade e honra. A premissa que envolve esses 
três conteúdos é o imperativo categórico kantiano de que existe uma dignidade 
inerente a cada ser humano e que ela deve ser estritamente respeitada.
A primeira virtude, então, é a justiça, a mais racional de todas as virtudes, 
segundo Piaget. Um dos elementos que a inspira é o princípio de igualdade. 
Todos os seres humanos, independentemente de sua origem social, cognitiva, 
dentre outros, têm o mesmo valor intrínseco e, logo, não devem usufruir de 
nenhum privilégio. Por exemplo, é injusto negar o direito de voto a analfabetos, 
uma vez que tal negação implica em colocá-los como cidadãos de segunda 
ordem. Outro elemento essencial para se pensar a justiça é a equidade, o que 
implica em tornar iguais os diferentes. Em outras palavras, os seres humanos 
apresentam diferenças entre si, e elas devem ser consideradas no intuito de que, 
no final, a igualdade entre todos os seres humanos seja realizada (TAILLE, 
2007).
A segunda virtude diz respeito à generosidade. Essa virtude consiste no 
fato de se dar ao outro o que lhe falta, sendo que essa falta não corresponde 
Ética versus moral30
a um direito. Nesse ponto, ela se diferencia da justiça e, ao mesmo tempo, a 
complementa. Por exemplo: é justo que um professor não atribua uma nota 
maior a um determinado aluno somente porque seus pais possuem um status 
privilegiado na sociedade. Todavia, é generoso que o professor, depois da aula, 
disponha-se a ajudar aqueles alunos que, porventura, necessitem de ajuda. 
Assim, ter aulas depois do horário formal de aulas não corresponde a um direito 
do aluno, porém ministrá-las é fazer prova de generosidade (TAILLE, 2007).
A terceira virtude elencada por Taille (2007) refere-se à honra. Para o autor, 
a honra decorre do autorrespeito, é o valor moral que a pessoa tem aos próprios 
olhos e a exigência que faz ao outro para que esse valor seja reconhecido e 
respeitado. Nessa direção, temos com o autorrespeito um sentimento que une 
os planos moral e ético. Uma vida feliz, para merecer o qualitativo de ética, 
implica em experimentar o autorrespeito e, logo, agir com honra.
A vida ética é o acordo e a harmonia entre a vontade subjetiva individual 
e a vontade objetiva cultural. Nesse sentido, a ética se realiza plenamente 
quando interiorizamos nossa cultura, de tal maneira que praticamos esponta-
neamente e livremente os seus costumes e valores, sem neles pensarmos, sem 
os discutirmos, sem deles duvidarmos, pois são como nossa própria vontade os 
deseja. O que é, então, o dever? Significa, em outras palavras, o acordo pleno 
entre nossa vontade individual e a totalidade ética e moral (CHAUÍ, 2000).
Desse modo, cada sociedade, em diferentes épocas de sua história, define 
os valores positivos e negativos, os atos permitidos ou proibidos para seus 
membros. Ser ético e livre será, portanto, estar de acordo com as regras morais 
de nossa sociedade, interiorizando-as (CHAUÍ, 2000).
Para um maior aprofundamento sobre o tema da ética e da moral, leia a obra “Ge-
nealogia da Moral” (NIETZSCHE, 2017), escrita originalmente em 1887. Essa obra foi 
considerada polêmica por contestar a ideia de que a razão teria o poder de intervir 
sobre os desejos e as paixões, identificando a liberdade com a plena manifestação 
do desejante e do passional. 
31Ética versus moral
Ética versus moral32
ALLES, L. Ética a partir dos paradigmas. In: RUEDELL, A. (Org.). Filosofia e ética. Ijuí: 
Unijuí, 2014. p. 93-104.
CHAUÍ, M. Convite à filosofia. 10. ed. São Paulo: Ática, 2000.
CORTELLA, M. S. Qual é a tua obra? Inquietações propositivas sobre gestão, liderança e 
ética. 24. ed. Petrópolis: Vozes, 2015.
CORTINA, A. Ética. São Paulo: Loyola, 2005.
COSSETIN, V. Teorias éticas. In: RUEDELL, A. (Org.). Filosofia e ética. Ijuí: Unijuí, 2014. 
p. 104-110.
GONTIJO, E. D. Os termos “ética” e “moral”. Mental, Barbacena, ano 4, n. 7, p. 125-135, 
nov. 2006.
JUNQUEIRA, C.; COELHO NETO, N. E. Considerações acerca da ética e da consciência 
moral nas obras de Freud, Klein, Hartmann e Lacan. Psychê, São Paulo, ano 9, n. 15, 
p. 05-124, jan./jun. 2005. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/pdf/psyche/
v9n15/v9n15a09.pdf>. Acesso em: 21 jul. 2017.
NIETZSCHE, F. Genealogia da moral. Ed. de Bolso. São Paulo: Cia das Letras, 2017.
PEDRO, A. P. Ética, moral, axiologia e valores: confusões e ambiguidades em torno de 
um conceito comum Kriterion, Belo Horizonte, n. 130, p. 483-498, dez. 2014.
SILVA, D. A diferença entre ética e moral. [S.l.]: Estudo Prático, 2016. Disponível em: < 
https://www.estudopratico.com.br/qual-diferenca-entre-etica-e-moral/ > Acesso 
em: 17 jul. 2017.
TAILLE, Y.. Ética e moral: dimensões intelectuais e afetivas. Porto Alegre: Armted, 2007.
33Ética versus moral
Leituras recomendadas
CAREL, H.; GAMEZ, D. Filosofia contemporânea em ação. Porto Alegre: Artmed, 2008.
HESSEN, J. Filosofia dos valores. Coimbra: Almedina, 2001
KANT, E. Fundamentação da metafísica dos costumes. São Paulo: Abril Cultural, 1980. 
MARCONDES, D. Iniciação à filosofia: dos pré-socráticos à Wittgenstein. 6. ed. Rio de 
Janeiro: Jorge Zahar, 2001.
MARCONDES, D. Textos básicos de filosofia: dos pré-socráticos à Wittgenstein. 2. ed. 
Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2000.
RACHELS, J.;RACHELS, S. A coisa certa a fazer: leituras básicas sobre filosofia moral. 6. 
ed. Porto Alegre: AMGH, 2014.
RACHELS, J.; RACHELS, S. Elementos de filosofia moral. Porto Alegre: AMGH, 2013.
DICA DO PROFESSOR
Neste vídeo você poderá apreender algumas distinções básicas entre ética e moral, bem como 
conhecer algumas correntes teóricas a respeito desses conceitos.
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
 
EXERCÍCIOS
1) Leia as alternativas abaixo e assinale a afirmativa correta:
A) Para Freud, a moral é obedecer a um "ser coletivo".
B) Em Freud podemos dizer que o sujeito possui uma moral autônoma.
C) Em Piaget podemos afirmar que o caminho do desenvolvimento moral é o da autonomia.
D) De acordo com Kohlberg, a moral é desenvolvida a partir da emoção.
E) Durkheim e Freud colocam acento na razão, no que diz respeito à moral.
2) Leia as alternativas abaixo e assinale a afirmativa correta:
A) Na contemporaneidade aceita-se que a moral seria como um conjunto de deveres.
B) O relativismo axiológico afirma que os valores são universais.
C) O relativismo antropológico afirma a existência de uma moral igual para todos os homens.
D) As teorias de Freud e de Durkheim são coerentes com o relativismo axiológico.
E) Piaget é um autor que se distancia do argumento iluminista de um progresso gradativo da 
humanidade.
3) Leia as alternativas abaixo e assinale a afirmativa correta:
A) Existem teorias que distinguem a moral da ética pela sua aplicação: moral é privada, ética 
é pública.
B) A única teoria válida, para distinguir ética de moral, é aquela que as separa de acordo com 
a ideia de que a ética seria a teoria que estuda as práticas morais.
C) Ética e moral são diferentes inclusive em sua raiz etimológica.
D) Há mais uma distinção entre moral e ética: esta última significaria a busca por saber como 
devo agir, e aquela outra, buscaria saber qual vida quero viver.
E) A moral em nada se alia à ideia de obrigatoriedade do cumprimento de regras.
4) Leia as alternativas abaixo e assinale a afirmativa correta:
A) A questão da felicidade está aliada à uma dimensão objetiva, relacionada ao que a pessoa 
possui de bens tangíveis.
B) A felicidade depende exclusivamente de estados internos.
C) A felicidade depende também de estados internos.
D) A felicidade pode ser obra de um curto momento da vida.
E) O prazer é a fonte inquestionável para o alcance da felicidade.
5) Qual autor pensou a teoria na qual a moral é algo que desenvolve-se da heteronomia 
para a autonomia?
A) Freud.
B) Lacan.
C) Piaget.
D) Kant.
E) Aristóteles.
NA PRÁTICA
O debate enriquece o conhecimento e ao mesmo tempo sensibiliza as pessoas para as diferenças. 
Não há cultura que esteja por completo resolvida, tampouco haverá cultura que não tenha nada a 
ensinar. O pluralismo e o diálogo, junto das reflexões constantes, são a válvula pela qual o 
diferente é recebido.
SAIBA MAIS
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do 
professor:
Ética, moral, axiologia e valores: confusões e ambiguidades em torno de um conceito 
comum
Este artigo tem por objetivo essencial contribuir para o esclarecimento teórico-filosófico do uso 
de conceitos como ética, moral, axiologia e valores, habitualmente empregues para nos 
referirmos a uma mesma realidade.
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