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Água *No estado líquido, encontra-se parcialmente ionizada, o que permite que ela atue como aceptor ou doador de prótons → essas propriedades de ionização influenciam na estrutura, na automontagem e nas propriedades de todos os componentes celulares, como proteínas, ácidos nucléicos e lipídios *Funções → banhar as células → transportar compostos (ex: hormônios, vitaminas) no sangue → movimento de moléculas (íons) para dentro e através dos compartimentos celulares → separação de moléculas carregadas e dissipação de calor → participação em reações químicas → propiciação de ambiente adequado para as reações químicas *Devido ao fato de a gordura ter relativamente pouca água associada a ela, pessoas obesas têm uma porcentagem mais baixa de água corporal do que pessoas magras, mulheres tendem a ter uma porcentagem mais baixa do que homens, e pessoas mais velhas têm uma porcentagem mais baixa do que pessoas mais jovens *Cerca de 40% da água corporal total é intracelular, e 60%, extracelular → a água EXTRACELULAR inclui o líquido no plasma (sangue após as células sanguíneas serem removidas) e a água intersticial (o líquido nos espaços teciduais, que fica entre as células) → água TRANSCELULAR: porção pequena e especializada da água extracelular que inclui secreção gastrintestinal, urina, suor e líquidos que escapam através das paredes capilares devido ao excesso de pressão hidrostática ou inflamação Importância das pontes de hidrogênio *Diferença de eletronegatividades/cargas entre o hidrogênio e oxigênio faz com que a água seja uma molécula polarizada *A molécula de água como dipolo gera as uniões pontes de hidrogênio entre as moléculas de água, o que favorece o ordenamento das moléculas PONTES DE HIDROGÊNIO → para que se estabeleçam as pontes de hidrogênio são necessários: átomo eletronegativo (por exemplo, N e O) H ligado covalentemente a um átomo eletronegativo → não são restritas somente à molécula de água; são fundamentais para estabilizar algumas moléculas → possibilitam que a água seja um excelente solvente O movimento da água nos compartimentos celulares *É distribuída de forma a manter uma HOMEOSTASIA na OSMOLARIDADE entre os compartimentos celulares (intra, extra e interstício) → há equilíbrio entre os compartimentos → a PRESSÃO OSMÓTICA é responsável por manter a mesma quantidade de água em ambos lados da membrana EXEMPLO CLÍNICO: Hiperglicemia → diurese osmótica * ↑ glicose no sangue (alta concentração da molécula) → passa do sangue para os rins (no glomérulo) e para a urina (requerendo alta quantidade de água) → aumentando a osmolaridade do filtrado glomerular *Consequência: ↑ volume de água excretada na urina (poliúria) → DESIDRATAÇÃO INTRACELULAR → perda de água nos outros compartimentos → algumas células, mais sensíveis à desidratação, como as células do sistema nervoso, não resistem durante muito tempo a essa perda de água → esse quadro pode levar o indivíduo ao coma Potencial hidrogeniônico da água *Água se dissocia parcialmente em íons H+ e OH- *Dissociação pode ser quantificada por meio do produto iônico da água (forma matemática de identificar a concentração dos íons numa amostra de água) → Kw pode ser medido experimentalmente medindo-se a [H+] na água pura Água e Sistema Tampão [H+].[OH-]= Kw (produto iônico) = 10-14 M2 (Constante) [H+] = 10 -7M consequentemente [OH-] = 10-7M se [H+] então [OH-] [H+] = 10-13 [OH-] = 10- 1 → Kw – base da escala de pH - meio de designar a [H+] em qualquer solução aquosa entre 1M de H+ e 1M de OH- pH = -log10 [H+] Escala de pH *A escala de pH é logarítmica, logo, um aumento em uma unidade de pH significa uma concentração 10x maior de H+ *Todas as moléculas do organismo necessitam de condições determinadas (como temperatura e pH) para funcionarem corretamente → qualquer alteração no pH tem consequências drásticas – manter o pH constante é fundamental para a sobrevivência ex: alterações nas atividades enzimáticas OBS: • pH sangue e urina: emprego no diagnóstico de muitas doenças (ex: diabetes – acidose sanguínea) Importância e funcionamento dos sistemas tampões Ácidos e Bases *ÁCIDOS: compostos que DOAM hidrogênios *BASES: compostos que RECEBEM hidrogênios *Força de um ácido/base → relacionada com a sua dissociação ↑ quanto mais forte; mais dissociado *SISTEMAS BIOLÓGICOS: predominância de ácidos e bases fracos (não completamente ionizáveis em água) porque desempenham papéis importantes no metabolismo e sua regulação *Um doador e seu respectivo receptor formam um par ácido-base conjugado *Cada ácido tem uma tendência característica para doar prótons em solução aquosa Ácidos e Bases fracas *SISTEMAS TAMPÃO: responsáveis por manter o pH constante independentemente da situação em que o organismo se encontra *A constante de dissociação (Ka) representa a tendência de um ácido conjugado (HA) a se dissociar e a doar íon hidrogênio para a solução → valor alto: ácido forte Ka → valor baixo: ácido fraco Ka HA ⇌ H+ + A- (par ácido-base conjugado) Ka = [H+] [A−] [𝐻𝐴] *Outra forma de identificar a força de um ácido é por meio de seu pKa pKa = - log Ka → valor alto: ácido fraco pKa → valor baixo: ácido forte pKa O que são os sistemas tampões? *Mistura de um ácido fraco e sua base conjugada; tendem a resistir as mudanças de pH mediante a pequenos acréscimos de ácido ou base Equação de Henderson-Hasselbalch: relaciona pH, pKa e concentração do tampão pH = pKa + log10 [A−] [𝐻𝐴] Equilíbrio [H+] = [OH-] Neutralidade pH = 7,0 Ácido acético Acetato CH3COOH H+ + CH3COO- ÁCIDO 50% DISSOCIADO: pKa = pH permite saber em qual pH ocorre 50% da dissociação *Cada tampão tem um pKa *Na figura: ácido acético tem pH = 4,76; podendo atuar como tampão num pH=3,76 a pH=5,76 Manutenção do pH corpóreo: tampões biológicos *Moléculas que podem receber ou doar prótons também podem ser consideradas como um tampão *Exemplos de tampões biológicos → fosfato (maioria das células) → bicarbonato (extracelular) tampão sanguíneo → hemoglobina (eritrócitos) → algumas proteínas (células e plasma) *Função: manter o pH corpóreo praticamente constante Sangue: 7,36-7,44 Intracelular: 7,1 (6,8-7,8) MORTE CELULAR: pH ≤ 6,4 e pH ≥ 8,4 Pulmões e Rins: controle do equilíbrio ácido-básico e distúrbio clínicos Produção de ácidos metabólicos no corpo *Por que são necessárias tantas moléculas atuando como tampões? Porque o corpo humano é um grande produtor de ácidos e bases → respiração celular: formação de CO2 (contato com a água forma o H2CO3 – caráter ácido) → H2CO3 se dissocia em HCO3-, que tem caráter básico *Até que o ácido produzido pelo metabolismo possa ser excretado como CO2 no ar expirado e como íons na urina, ele precisa ser tamponado nos líquidos corporais *Exemplos de tampões no corpo: sistema-tampão bicarbonato-ácido carbônico (atua no líquido extracelular), sistema-tampão da hemoglobina nos eritrócitos, sistema-tampão fosfato em todos os tipos de células e sistema-tampão de proteínas das células e do plasma EXEMPLO CLÍNICO: ingestão de altas quantidades de aspirina *o ácido acetilsalicílico é rapidamente convertido em ácido salicílico no corpo ácido salicílico salicilato- + H+, pKa = ~3,5 *o efeito inicial da Aspirina® é produzir uma alcalose respiratória por uma estimulação da área de controle “metabólico” central da respiração no hipotálamo → aumenta a frequência respiratória e a expiração de CO2 → seguido por uma complexa acidose metabólica causada, em parte, pela dissociação do ácido salicílico *O salicilato tambéminterfere na produção mitocondrial de ATP, o que resulta em aumento da produção de CO2 e acumulação de lactato e outros ácidos orgânicos no sangue → pode diminuir a função renal e, portanto, provocar a acumulação de ácidos fortes de origem metabólica, como ácido sulfúrico e ácido fosfórico Sistema- tampão bicarbonato *O sistema tampão faz a regulação do pH sanguíneo (sangue tem tendência a se acidificar devido à presença de CO2 proveniente da respiração celular) *Na corrente sanguínea, o CO2 reage com água e forma ácido carbônico (reação catalisada pela enzima ANIDRASE CARBÔNICA) uma pessoa com deficiência de zinco pode ter problemas em seu sistema de tamponamento pelo mau funcionamento da anidrase carbônica → ácido carbônico tem tendência em se dissociar parcialmente em bicarbonato e hidrogênio (pKa = 7,4) ácido 50% dissociado num pH fisiológico é um tampão zinco-dependente (sem zinco, ela não funciona; presente na maior parte das células) *CO2 está em estado gasoso nos pulmões e dissolvido no sangue (tendência é estar em equilíbrio) *Possíveis alterações e consequências: → adição de ácido no sangue ácido se conjuga com o HCO3- e forma H2CO3, que se dissocia em CO2 e H2O CO2 é enviado para o pulmão e eliminado EXPIRAÇÃO CO2 → ELEVA O pH → adição de base no sangue H+ se liga à base para neutralizá-la eleva-se o nível de HCO3- e o pH tende a subir (indesejado) H2CO3 se dissocia para liberar H+ e manter a homeostasia, reduzindo a quantidade de ácido e demandando mais formação necessidade de acumular mais CO2 por meio da respiração para formar mais H2CO3 ACÚMULO DE CO2 → DIMINUI O pH *Processo é regulado por quimiorreceptores que monitoram os valores de pH, estimulando o centro respiratório Bicarbonato e Hemoglobina nos Eritrócitos *O CO2 produzido pelo metabolismo celular é convertido em bicarbonato e H+ nos eritrócitos → no interior desses, o H+ é tamponado pela hemoglobina (Hb) e pelo fosfato (HPO42-). → o bicarbonato é transportado para dentro do sangue para tamponar o H+ gerado pela produção de outros ácidos metabólicos, como o corpo cetônico ácido acetoacético → outras proteínas (Pr) também servem como tampões intracelulares Tamponamento intracelular *Sangue em acidose → células permitem a entrada de H+ e sua ligação com proteínas (atuam como aceptor de prótons) ou com PO43-, que unido ao H+ forma o H3PO4 → proteínas e fosfato têm a capacidade de doar e receber elétrons, podendo auxiliar no tamponamento → ACIDEMIA: pH plasmático baixo → como a carga do próton que entra é positiva, para não haver desequilíbrio a célula envia um K+, de mesma carga, para fora → aumento do nível de K+ extracelular provoca HIPERCALEMIA (tamponamento tecidual na acidose pode levar a um aumento na concentração sanguínea de potássio) *Sangue em alcalose: → células liberam prótons (que estavam associados a proteínas ou ao H3PO4) → hidrogênio exportado para fora da célula contribui para diminuir o pH sanguíneo → baixa concentração de hidrogênio no plasma: ALCALENEMIA (pH plasmático baixo) → como a carga do próton que sai é positiva, para não haver desequilíbrio a célula absorve um K+, de mesma carga → redução do nível de K+ extracelular provoca HIPOCALEMIA no sangue Classificação dos distúrbios ácido-básicos *Pulmões são o componente respiratório do sistema tampão de bicarbonato (podem aumentar ou diminuir a frequência respiratória, influenciando na pressão de CO2 *Rins são o componente metabólico do sistema tampão de bicarbonato (responsáveis por lidar com os níveis de HCO3- aumentar a reabsorção quando for necessário → também realizam a eliminação de hidrogênio e de outros ácidos não voláteis → regulação metabólica do pH é um processo mais demorado *Distúrbios no pH podem ter tanto origem metabólica como respiratória → acidose respiratória (pCO2) → acidose metabólica ( HCO3-) → alcalose respiratória ( pCO2) → alcalose metabólica (HCO3-) Avaliação sanguínea para detectar alterações ácido- base *GASOMETRIA: permite avaliar quantitativamente os gases sanguíneos sempre que houver suspeita de desequilíbrios no sistema ácido-base → avaliar o valor do pH Os rins no controle do bicarbonato *Situação normal: bicarbonato é totalmente absorvido no túbulo contorcido proximal (praticamente inexistente na urina) *Células tubulares proximais são impermeáveis ao bicarbonato → hidrogênio proveniente da dissociação do H2CO3 dentro da célula tubular se junta ao HCO3- presente no filtrado, formando H2CO3 → anidrase carbônica catalisa a quebra em CO2 e H2O → CO2 se difunde para a célula tubular e, na presença da anidrase carbônica e de água, forma novamente o ácido carbônico → H2CO3 se dissocia em HCO3- e H+ → HCO3- volta para o sangue, concluindo a reabsorção e o H+ é novamente enviado para o lúmen, a fim de reiniciar o processo no filtrado (NÃO HÁ PERDA DE H+) *As células tubulares distais também são impermeáveis ao bicarbonato → entrada de CO2 que se combina com a H2O por meio da anidrase carbônica para formar H2CO3 → dissociação em HCO3- e H+ → HCO3- é reabsorvido pela corrente sanguínea e o H+ é eliminado através da urina → como o H+ tem caráter ácido, deve ser tamponado antes de ser excretado (pH urinário mínimo = 5) tamponamento pode ocorrer a partir dos grupamentos amina, liberados a partir do metabolismo de aminoácidos (ex: glutamina), formando amônia, ou a partir de HPO42-, formando H3PO4 OBS: • nem sempre o sistema de tamponamento é eficiente, às vezes, por patologias por exemplo, o pH se altera • o organismo tem MECANISMOS DE COMPENSAÇÃO: se a alteração de pH for de origem respiratória, a compensação será metabólica (e vice versa) • alcaloses são mais raras de acontecer • acidoses são comuns em pacientes com problemas respiratórios • a ocorrência de problemas respiratórios pode sobrecarregar os rins no processo de tamponamento, o que pode, a longo prazo, ocasionar problemas renais Distúrbios ácido-básicos mistos *Exemplo: acidose relacionada tanto ao sistema respiratório como ao metabólico → alto nível de CO2 (acidose respiratória) → baixo nível plasmático de HCO3- (acidose metabólica) → pH muito baixo *Exemplo: alcalose relacionada tanto ao sistema respiratório como ao metabólico → baixo nível de CO2 (alcalose respiratória) → alto nível plasmático de HCO3- (alcalose metabólica) → pH muito alto Distúrbios clínicos * Acidose metabólica → diabetes mellitus (cetoacidose) → acidose lática → insuficiência renal (ácidos não voláteis) → diarreia grave (perda de bicarbonato) * Acidose respiratória → doenças obstrutivas crônicas das vias aéreas → asma grave → depressão do centro respiratório (drogas) → fraqueza nos músculos respiratórios * Alcalose metabólica → vômitos (perda de hidrogênio) → após aspiração nasogástrica após cirurgias → administração de bicarbonato durante ressuscitação (após parada cardíaca) * Alcalose respiratória → hiperventilação (ansiedade, febre, durante exercícios físicos, gestação) → doenças pulmonares associadas à hiperventilação EXTRA: HEMOGLOBINA KANSAS E HEMOGLOBINA HELSINKI • A Hb Kansas tem uma mutação de AAC para ACC no códon 102 do gene β-globina, que resulta em uma substituição de asparagina por treonina, ocasionando baixa afinidade da Hb Kansas pelo oxigênio e baixo cooperativismo, cenário que dificulta a ligação do oxigênio ao grupo heme para ser transportado até as células • na Hb Helsinki, diferentemente, há a substituição da lisina beta 82 (EF6) por metionina, ocasionando maior afinidade da HB Helsinki pelo oxigênio e afetando a ação do 2,3 bifosfoglicerato, que deixa de facilitar a liberação de oxigênio nos tecidos • consequênciaspara os pacientes - a hemoglobinopatia da HB Helsinki terá maiores consequências, pois resulta na redução do efeito Bohr, o que induz o processo de hipóxia tecidual; como mecanismo compensatório, há a eritrocitose (produção de hemácias em excesso), que pode aumentar o risco de coágulos sanguíneos, ataques cardíacos e derrames, o que pode levar o paciente a óbito - o quadro ocasionado pela HB Kansas resulta em cianose (coloração azulada da pele e/ou mucosas provocada pela escassez de oxigênio no sangue), contudo, os pacientes são assintomáticos e não requerem nenhum tratamento específico
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