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Introdução Helmintos, do grego “helmins” que significa vermes, portanto também são chamados de vermes, são metazoários (animais pluricelulares) de vida livre, ou parasitas de plantas e animais – incluindo o homem. Os helmintos são um grupo parafilético, ou seja, apesar de serem reunidos sobre uma classificação taxonômica em comum, eles não descendem do mesmo ancestral. Os dois grandes grupos de helmintos são os dos vermes de corpo cilíndrico (Nematelmintos) e os vermes de corpos achatados (Platelmintos). Helmintos podem ser de tamanhos microscópicos ou alcançar grandes comprimentos, como as Taenia saginata, que podem atingir até 25 metros. Helmintos são seres considerados endoparasitas. Animais parasitas não conseguem sobreviver sem o hospedeiro, os helmintos, por exemplo, apresentam sistema digestório e respiratórios reduzidos e pouco funcionais, o que significa que eles não conseguem digerir o próprio alimento, é preciso obter os nutrientes já semi digeridos por alguém para que o seu metabolismo se mantenha ativo. Se foram separados dos hospedeiros, os helmintos morrem. Além disso, possuem alta capacidade reprodutiva, proliferando-se rapidamente no organismo do hospedeiro. Interesse veterinário O crescente número de animais de companhia, principalmente nos grandes centros, tem estreitado o contato entre esses e o homem, aumentando a exposição humana a agentes de zoonoses. As helmintoses constituem um grave problema na clínica de cães e gatos pela sua alta prevalência e por serem, algumas delas, consideradas zoonoses. Os principais helmintos de interesse médico veterinário podem ser divididos em dois Filos – o Filo Nemathelmintes, que compreende os nematódeos, e o Filo Platyhelminthes, formado pelos cestódeos e trematódeos. Os helmintos podem, na sua fase adulta, estar localizados em diferentes órgãos de acordo com a sua biologia ou podem migrar por diversos órgãos durante seu ciclo evolutivo. Sua distribuição, apesar de cosmopolita (urbana), concentra-se mais em ambientes pobres, com menor higiene. Estes ambientes constituem os maiores riscos das infecções humanas por esses agentes. Para além disso, animais de produção também são frequentes alvos destes vermes. O risco na baixa de produção e consequentemente de perdas econômicas decorrente das chances de óbito e/ou prejuízo funcional (baixa no peso, na reprodução, no rendimento, etc.), além dos gastos com medicações, preocupam os produtores, que buscam por medidas preventivas. Por fim, segue abaixo exemplos de helmintos de interesse veterinário: Nematoides (Vermes redondos) Ex: Haemonchus (anemia hemorrágica em ovinos e caprinos). Ex: Trichuris (problemas intestinais em cães e outros canídeos silvestres). Platelmintos (Vermes chatos) Cestóides: "fita" Ex: Taenia (infecção intestinal em diversas espécies). Ex: Moniezia (infecção instestinal em ruminantes). Ex: Echinococcus (infecção intestinal em cães). Trematóides: "folha" Ex: Fasciola (infecção hepática e nos canais biliares de ruminantes, suínos e equinos). Ex: Schistosoma (infecção urinária e intestinal em ruminantes). Nematelmintos Vermes de corpo cilíndrico ou filiforme; simetria bilateral; dupla camada de membranas; sistema digestivo completo (boca, vestíbulo oral, lábios, esôfago, faringe, intestino e ânus ou abertura anal); apresentam dimorfismo sexual (embora existam fêmeas partenogenéticas); geralmente os machos são menores do que as fêmeas. Neles não há presença de sistema circulatório ou sistema vascular. O sistema excretor é simples, e a excreção é feita através do aparelho excretor desprovida de células flama. O sistema nervoso varia em complexidade dependendo da espécie, normalmente sendo composto por um cérebro formado por gânglios nervosos interligados por A: Extremidade anterior do verme adulto; B: Nematóide adulto em placa de petri; C: Habronemose gástrica em equino. Mnm m fibras nervosas com uma única camada de células que se distribui, provocando flexões dorsoventrais. Os nematelmintos possuem uma ampla cavidade cheia de líquido entre o tubo digestivo e a parede corporal. Serve como “esqueleto hidrostático”, que mantém a forma do animal e proporciona alguma sustentação. O líquido que ocupa a cavidade corporal permite a distribuição de várias substâncias, como nutrientes, resíduos e gases. Os nematelmintos apresentam um fenômeno chamado de hipobiose ou desenvolvimento larval inibido. Pode-se definir este fenômeno como a interrupção temporária no desenvolvimento de um nematóide num exato momento do seu desenvolvimento parasitário. A hipobiose tem grande importância epidemiológica para os nematóides gastrintestinais, pois assegura a sobrevivência dos mesmos em períodos de adversidade e a subsequente maturação das larvas inibidas aumenta a contaminação do meio ambiente (como o aumento na contaminação das pastagens), resultando em doença clínica nas espécies hospedeiras. Platelmintos Filo composto por vermes com as seguintes característica: corpo achatados dorso- ventralmente; hermafroditas; simetria bilateral; não possuem esqueleto; tubo digestivo incompleto, de modo que a digestão é feita de forma intra e extracelular; não possuem cavidade corpórea, mas sim parênquima. São divididos em: Classe Trematoda e Classe Cestoda. Em primeiro lugar, os vermes platelmintos são divididos em: turbelários, trematódeos e cestódeos. Contudo, essa divisão é baseada em seu modo de vida, livre ou parasita. -Turbelários: são vermes de vida livre, como a planaria (dugesia tigrina), -Trematódeos: são ectoparasitas. Isto é, vivem externamente ao hospedeiro. -Cestódeos: são os vermes endoparasitas, vivendo internamente ao hospedeiro. O termo platelminto significa verme achatado, sendo essa uma referência ao corpo delgado desses animais, que se apresentam achatados dorsoventralmente. Seu corpo é formado por três folhetos germinativos (ectoderme, mesoderme e endoderme), portanto, são considerados triblásticos. São animais acelomados (não possuem celoma) e apresentam simetria bilateral. Os platelmintos são animais que possuem um corpo relativamente simples, com muitos sistemas ausentes e outros muito pouco especializados. As trocas gasosas desses animais, por exemplo, ocorrem por difusão pela superfície do corpo. No que diz respeito à excreção, observa-se um sistema simples constituído por protonefrídios, os A imagem acima representa: larva em hipobiose na lâmina própria do intestino. quais são uma rede de túbulos com estruturas ciliadas conhecidas por células-flama. Alguns platelmintos apresentam sistema digestório, que é ausente em outras espécies. O sistema digestório dos platelmintos é incompleto, sendo a boca a única abertura para o trato digestivo. Não apresentam sistema circulatório, tampouco sistema esquelético. O sistema nervoso é geralmente constituído por um par de gânglios anteriores que estão associados a cordões longitudinais. No que diz respeito à reprodução, é possível observá-la de forma assexuada e também sexuada. Muitas espécies são hermafroditas, mas também há espécies de sexos separados. Algumas espécies apresentam desenvolvimento direto, sem uma fase larval, outras, no entanto, apresentam desenvolvimento indireto, incluindo-se um ou mais estados de larva. -Reprodução sexuada: -Reprodução assexuada: Classe Cestoda Os vermes da classe Cestoda são conhecidos como vermes cestóides. São endoparasitos desprovidos de epiderme, cavidade geral e sistema digestório, apresentando o corpo segmentado. Os vermes mais estudados da classe Cestoda pertencem ao gênero Taenia, possuindo duas espécies: A Taenia saginata, verme que infecta bovinoscausando a teníase, e também a Taenia solium, que infecta suínos, podendo causar teníase e cisticercose. A tênia é um parasita conhecido popularmente como solitária, devido ao fato deste parasita ser competitivo pelo seu habitat, ser monóico (não possuindo sexos separados), e por possuir estruturas para autofecundação. Classe Trematoda Já os vermes da classe Trematoda são conhecidos como trematódeos, e diferentemente dos vermes cestóides, não apresentam segmentação no corpo e apresentam sistema digestório incompleto (ausência de ânus). Um dos representantes da classe trematoda é o verme Schistosoma mansoni, causador da Esquistossomose, doença popularmente conhecida como barriga d’água. A esquistossomose pode ser contraída principalmente em lagos contaminados, e o verme necessita de um hospedeiro intermediário (caramujos, caracóis ou lesmas) para atingir seu hospedeiro definitivo, o homem. Helmintos no TGI de ruminantes e equinos - Em ruminantes: - Em equinos: Forma de transmissão A transmissão de verminoses ocorre principalmente devido à falta de saneamento básico, de cuidados higiênicos e na preparação de alimentos. O ciclo de vida dos vermes incluem três fases: ovo, larva e fase adulta. Na maioria das vezes, o animal é infectado na fase de ovo. Por se tratar de uma doença parasitária, o animal serve de hospedeiro para que o verme possa completar seu ciclo de vida. Entre as principais formas de transmissão estão: - Contato direto ou indireto com fezes de humanos ou animais já contaminadas; - Consumo de água ou alimentos contaminados com ovos dos vermes; - Contaminação através de pequenos machucados ou ferimentos na pele. Ações patogênicas dos helmintos A ação dos helmintos sobre os hospedadores se manifesta de quatro modos: ação traumática, ação mecânica, ação espoliadora e ação tóxica. Estes diversos modos de agir podem manifestar-se separada ou simultaneamente. E sem dúvida a ação traumática a de maior importância e a mais frequente, ao contrário da ação espoliadora que é nula ou quase nula na maioria das espécies. Ação Traumática É aquela representada por uma solução descontinuidade, ou seja, por qualquer rompimento no tecido do hospedeiro. É provocada principalmente, por formas larvárias de helmintos, embora vermes adultos e protozoários também sejam capazes de fazê-lo. O traumatismo pode acontecer das seguintes formas: -Pelo contato do corpo do parasito com o corpo do hospedeiro; -Pelas peças bucais; -Pelas peças bucais puncitivas e sugadoras dos artrópodes; -Pelos movimentos dos parasitos chocando-se nas paredes do intestino do hospedeiro. Ação Mecânica É aquela representada pela compressão ou obstrução de uma via do hospedeiro e pode ser compressiva ou obstrutiva. -Ação mecânica compressiva: ocorre quando o parasita aumenta o seu diâmetro e comprime um órgão do hospedeiro. Ex:cisticercose; -Ação mecânica obstrutiva: que se dá quando o parasita ocupa um espaço, obstruindo a luz de uma via do hospedeiro. Ex :Wuchereria bancrofti (elefantíase). Ação Espoliativa Também chamada de “espoliadora”, é aquela em que o parasita retira do hospedeiro líquidos e substâncias nutritivas. Dividi-se em: -Ação Espoliativa Direta: aquela em que o parasita retirado hospedeiro nutrientes já absorvi dos (sangue, células, líquidos intersticiais); -Ação Espoliativa Indireta: aquela em que o parasita retira substâncias nutritivas antes de o hospedeiro absorver (conteúdos intestinais, alimentos, etc.). Ação Tóxica Ocorre por intermediário de substâncias que têm ação tóxica de natureza alérgica. Pode ser componentes do corpo do parasito, por secreções ou por excrementos do parasito. A ação tóxica pode ser local ou geral. Sintomatologia É necessário entender, que cada tipo específico de verme, vai manifestar seus prováveis sinais, além de depender diretamente de qual hospedeiro se trata, de como e onde ocorreu a infecção e qual a resposta do animal parasitado, de acordo com o estado de seu sistema imunológico. Entretanto, alguns sintomas são mais frequentes, podendo existir na maioria das infecções por helmintos. Obs: alguns autores, por vezes, também citam a ação antigênica, no qual, o parasito estimula o sistema imunológico do hospedeiro, fazendo com que es te produza anticorpos, pois todo parasita é um corpo estranho e, por consequência, é considerado um antígeno e tem a capacidade de estimular o sistema imunológico do hospedeiro a desencadear uma resposta imune. Dessa maneira, além do histórico, alguns sinais mais comum, podem indicar que o animal está com parasitas no organismo. Entre eles: • Diminuição do apetite; • Sangue nas fezes; • Presença de vermes nas fezes; • Mudança na textura das fezes; • Perda anormal de peso; • Pelagem fraca e opaca; • Fraqueza; • Abdômen distendido; • Vômito; • Hábito de esfregar o bumbum no chão (nos cães). Como visto, alguns sintomas são comuns a diversas outras doenças. Já outros, como a presença de vermes nas fezes, são bastante específicos. Nesse sentido, é importante destacar que quando o animal elimina vermes pelas fezes, é porque a infestação está em estágio avançado e é de suma importância, intervir com um tratamento. Perda econômica Os helmintos gastrointestinais constituem-se em agentes etiológicos de significativa importância para a diminuição da produtividade na pecuária bovina. Entre os fatores que interferem no desenvolvimento da bovinocultura, as helmintoses gastrintestinais e pulmonares ocupam grande destaque por ocasionar perdas econômicas relacionadas à baixa produtividade do rebanho, retardamento do desenvolvimento dos animais, aumento na taxa de mortalidade de bovinos jovens e gastos excessivos com manejo e medicamentos. O efeito deste parasitismo na produção animal pode ser reduzido mediante alterações no manejo das pastagens e dos animais com a aplicação de anti-helmínticos. Para que tais procedimentos possam ser realizados, é necessário conhecer a biologia dos parasitos da região a ser estudada. Uma etapa da fase do ciclo destes parasitas ocorre no meio ambiente e vários fatores estão diretamente envolvidos no desenvolvimento e na sobrevivência das larvas nas pastagens e na manutenção das infecções nos animais, como: fatores climáticos, genéticos e características das pastagens. Portanto, é de suma importância investir em medidas de prevenção para evitar tais danos causados por essas infecções parasitarias. Zoonoses A ocorrência de parasitoses por helmintos no homem é muito comum; estima-se que cerca de 20% da população humana esteja parasitada por algum helminto. No Brasil, a frequência de infecção por enteroparasitas varia de acordo com a região estudada e conforme a população. Na literatura, existem diversos trabalhos de estudos epidemiológicos na população do município em diversos estados brasileiros. Nesta aula, estudaremos as principais que afetam a saúde humana, entre as quais podemos citar: • Esquistossomose; • Ascaridíase; • Teníase/Cisticercose; • Ancilostomíase; • Enterobíase. Esquistossomose A esquistossomose é uma doença transmissível, parasitária, causada por vermes trematódeos do gênero Schistosoma. O parasita necessita, além do homem, da participação de caramujos de água doce para completar o seu ciclo vital. Esses caramujos são do gênero Biomphalaria. O contato dos seres humanos com águas infectadas é a maneira pela qual é adquirida a doença. Teníase A teníase é uma doença causada pela tênia, representada por parasitas intestinais. Em razão desse modo de vida, esses indivíduos não possuem sistema digestivo, uma vez que absorvem nutrientes digeridospelo hospedeiro. No ciclo da teníase, o animal humano é o hospedeiro definitivo e os e bovinos são considerados hospedeiros intermediários. No hospedeiro definitivo, o animal adulto permanece fixado às paredes intestinais e se autofecunda. Cada proglótide fecundada, sendo eliminada pelas fezes, deposita ovos no ambiente. Estes podem contaminar a água e alimentos, gerando grande possibilidade de serem ingeridos por um dos hospedeiros. Ao se alimentar de carne crua ou mal passada de um animal contaminado, o homem completa o ciclo da doença. Ascaridíase A ascaridíase é o resultado da infestação do helminto Ascaris lumbricoides (lombriga) no organismo, mais frequentemente encontrado no intestino. Aproximadamente 25% da população mundial está infestada por esses parasitas. Surpreendentemente, um único hospedeiro pode apresentar até 600 desses indivíduos. A contaminação ocorre pela ingestão de seus ovos, geralmente encontrados no solo, água, alimentos e mãos que tiveram um contato anterior com fezes humanas contaminadas. Ancilostomíase A ancilostomíase, doença causada pelos Ancilostomídeos. Essas verminoses, também conhecidas como "amarelão", têm grande prevalência em regiões quentes e úmidas de solo arenoso. O único hospedeiro para esses parasitas é a espécie humana. As formas de transmissão dessa verminose acontecem por penetração ativa das larvas filarioides infestantes na pele ou mucosas, principalmente nas regiões dos pés, pernas, nádegas e mãos, como também pela ingestão das larvas junto com os alimentos. Enterobíase Enterobíase ou Oxiurose é o nome da infecção por oxiúros, vermes que parasitam o intestino dos mamíferos, principalmente primatas, incluindo o homem. E a única parasitose que ainda hoje é comum nos países desenvolvidos. Seus ovos necessitam de apenas seis horas para se tornar infectantes. Ao serem ingeridos, os ovos sofrem a ação do suco gástrico e duodenal, libertando as que se dirigem ao ceco, onde se fixam e evoluem até o estágio adulto; nesse local, macho e fêmea acasalam. De noite, a fêmea sai do reto, passando pelo esfíncter e deposita os ovos na mucosa anal e pele perianal, do lado externo do corpo, voltando depois para o interior. Esse processo é extremamente irritante porque, a mucosa anal e a pele são muito sensíveis e, então, os movimentos da fêmea são percebidos pelo hospedeiro como prurido. Nessa região, as fêmeas põem os ovos, que são muito leves e podem ficar em roupas, no solo, ou serem eliminados nas fezes. Tricuríase Uma doença infecciosa parasitológica, provocada pelo Trichuris. Na grande maioria dos casos, o parasitismo é silencioso. Mas os pacientes que, em vista de suas condições fisicas ou das condições gerais de vida, contraem elevado número de vermes passam a sofrer de perturbações intestinais, cuja gravidade chega até a provocar a morte. O Trichuris tem como hábitat o intestino grosso humano. Os ovos larvados, L1, permanecem infectantes no solo por um ano. Esses ovos larvados podem ser disseminados por moscas, poeira etc, e a infecção dos humanos se dá por ingestão desses ovos larvados (L1) junto com alimentos, mãos sujas etc. A grande maioria dos portadores é assintomática, e não se sabe qual a quantidade parasitária que pode causar efeitos ou manifestações clínicas. Diagnóstico Não existe um único exame capaz de identificar qualquer tipo de verminose e que aponte como curar o animal com verme. Daí a importância de apresentar ao veterinário um histórico completo do animal, para ajudá-lo a chegar mais rápido a um diagnóstico. Para os parasitas intestinais, o diagnóstico ele pode ser feito por meio de exame coproparasitológico de fezes. Como não é sempre que o organismo libera cistos ou vermes pelas fezes, o exame deve ser feito de forma seriada, coletando-se três amostras em um intervalo de 3 a 5 dias, evitando um falso negativo. Já para outros tipos de verminose podem ser solicitados exames sorológicos, que identificam, por exemplo, a dirofilariose (verme do coração). Diagnosticado o problema, o tratamento varia de acordo com o tipo de verminose. Tratamento De acordo com o diagnóstico comprovado de existência desses parasitas, pode ser indicado para o tratamento apenas administração de um antiparasitário, chamados vermífugos, dos quais alguns agem contra diversos tipos de vermes, em dose e frequência recomendadas pelo veterinário. Em casos de animais de produção, de um modo geral, os tratamentos efetuados são ineficientes. Os criadores, além de desconhecerem as melhores épocas para vermifugar os animais, utilizam, às vezes, produtos de baixa eficiência. Aliado a estes problemas existe ainda os altos custos dos anti- helmínticos disponíveis no mercado. Por essa questão, fica evidente a importância de um médico veterinário para recomendações eficaz do tratamento em rebanhos. Terapêutica De modo geral, nos dias atuais, a maioria dos vermífugos disponíveis para animais é bastante segura, de amplo espectro, e alguns agem contra vermes, pulgas, carrapatos, sarnas e piolhos. O uso preventivo de vermi ́fugos não só protege os animais como reduz a contaminaça ̃o ambiental e os riscos de infecções para os humanos. - Bases terapêuticas utilizadas no tratamento e controle das infecções helmínticas: Cães e Gatos: Pró- Benzimidazóis: Ação: interfere no metabolismo enérgico do parasita levando à paralisia, inanição e possui efeito ovicida. • Febantel: 25 mg/kg PO – Dose única Benzimidazóis: Ação: exerce bloqueio da polimerização da tubulina, inibição do transporte de glicose e inibição da fumarato-redutase. Leva à parasilia e morte por inanição do parasita. Possui efeito ovicida. • Fenbendazol:50 mg/kg PO – Dose única para nematódeos. Em gatos dar acima de duas semanas de idade • Mebendazol: 22 mg/kg PO – SID durante três dias Avermectinas: Ação: interferência na coordenação neuromuscular do parasita levando à potencialização do GABA. Produz paralisia flácida do parasita. • Ivermectina: 0,2 – 0,4 mg/kg PO/SC – Dose única • Selamectina: 6 mg/kg TÓPICO – Dose única Aplicar em animais acima de seis semanas de idade. Milbemicinas: Ação: interferência na coordenação neuromuscular do parasita levando à potencialização do GABA. Produz paralisia flácida do parasita. • Milbemicina Oxima: Cães: 0,5 mg/kg PO – Dose única Gatos: 2 mg/kg PO – Dose única Em animais acima de quatro semanas de idade. • Moxidectin: 0,2 mg/kg SC – Dose única Substitutos fenólicos: Ação: interferem no metabolismo energético como desacopladores da fosforilação oxidativa. Leva à morte por inanição. (apenas em cães). • Nitroscanato: 50 mg/kg – Dose única Pirimidinas: Ação: interferem na coordenação neuromuscular do parasita como agonista energético. Provoca no parasita paralisia espástica. • Pamoato de Pirantel: 5 mg/kg PO – Dose única Em animais acima de duas semanas de idade. Piperazina: Ação: interferência na coordenação neuromuscular do parasita levando à potencialização do GABA. Produz paralisia flácida do parasita. • Piperazina: 60 mg/kg PO – Dose única. Em animais acima de seis semanas de idade Pirazinoisoquinolonas: Ação: agem sobre o potencial de membrana cãs células musculares do parasita, promovendo a entrada do íon Ca++ para dentro da célula, o que resulta na vacuolização e desintegração do seu tegumento. • Praziquantel: 5 mg/kg PO – Dose única. Animais de produção: Existem diferentes grupos de antiparasitários, sendo as Lactonas Macrocíclicas os mais utilizados. Eles apresentam um período de ação mais prolongado do que outras moléculas como o Albendazol e o Levamisol, que sãooutros dois vermífugos amplamente utilizados nas fazendas. As Lactonas são divididas em dois grupos, o grupo das Avermectinas e o grupo das Milbemicinas. Dentro das Avermectinas, temos: • Ivermectina; • Doramectina; • Abamectina; • Eprinomectina. Dentro das Milbemicinas temos: • Moxidectina. Todos os vermífugos são indicados para o controle de parasitas gastrointestinais que acarretam em prejuízos econômicos impedindo que o animal expresse todo seu potencial de produção, seja de leite ou de carne. Grande parte da energia de um animal com parasitas é destinada para que o sistema imune combata os vermes, reposição de sangue perdido, cicatrização de mucosa, dentre outros. Prevenção Para evitar a contaminação desses parasitas nos animais, é necessário medidas preventivas. Seguir corretamente os protocolos de vermifugação, respeitando os intervalos e recomendações de médicos veterinários é suma importância para um boa eficácia no combate a estes parasitas. -Medidas de prevenção e controle das infecções helmínticas. • Tratamento dos animais infectados. O tratamento em geral é repetido num intervalo de 21 a 30 dias conforme o ciclo biológico de cada parasita e o grau de infecção de cada animal. • Medidas de higiene físico que minimizem as possibilidades de transmissão. • Isolamento de áreas e ambientes contaminados. • Higiene dos canis, baias e solo para evitar manutenção de ovos e larvas em ciclo de transmissão direta e prevenir infecção de hospedeiros intermediários e paratênicos. • Controle populacional de hospedeiros intermediários e paratênicos. • Controle de animais vadios – posse responsável e controle populacional. • Manutenção dos animais domiciliados, com alimentação baseada em rações comerciais. • Evitar a predação de hospedeiros intermediários ou paratênicos infectados. • Recolhimento imediato das fezes no ambiente doméstico e nas ruas. Recomenda-se às pessoas que utilizem sacos plásticos descartáveis ao passearem com seus animais nas ruas para colheita imediata das fezes. • Privilegiar a ação da luz solar sobre as excreções (fezes e urina) dos cães e gatos- adestramento ou área de defecação e micção padronizadas dentro do canil ou da casa. Para animais de produção: • Em propriedades em que se adota a estação de monta, vermifugar as cabras duas a três semanas antes da estação de monta; • Vermifugar as cabras um mês antes de 10 a 15 dias após a parição, visto que as cabras lactantes promovem uma maior disseminação de ovos de helmintos nas pastagens; • Vermifugar o rebanho em mês após sua saída para o pasto; • Vermifugar o rebanho ao desmame (3-4 meses de idade); • Recomenda-se para caprinos, anti-helmínticos de aplicação oral cujo princípio ativo seja a base de Fenbendazole, Parbendazole, Tetramisole, Thiabendazole, Oxfendazole, Levamisole, Ivermectin, Albendazole e Netobimin. • Deve-se observar rigorosamente as instruções especialmente quanto à dosificação. -Além da vermifugação recomenda-se as seguintes medidas profiláticas: • Limpeza e desinfecção das instalações (formol comercial a 5%, soda cáustica a 2% e fenol a 5%); • Manter as fezes acumuladas em locais distantes dos animais e, se possível, usar esterqueiras; • Evitar superlotação nas pastagens; Fazer rotação da pastagem; • Separar os animais por faixa etária; • Vermifugar o rebanho ao trocar de área; • Animais adquiridos em outros locais só devem ser incorporados ao rebanho da fazenda após serem vermifugados; • Após a vermifugação, os animais devem permanecer nas instalações até no mínimo oito horas para que a primeira carga de ovos, que não será alcançada pelo anti-helmíntico, seja eliminada nas instalações. Resistência aos Anti-helmínticos Diante das técnicas preventivas supracitadas, torna-se fundamental atentar-se às medidas recomendadas, de modo que, se mal administrado, pode gerar nos helmintos, resistência aos meios preventivos, assim como aos vermífugos. Assim, o desenvolvimento de resistência aos anti- helmínticos por esses vermes, é um dos fatores que tem limitado o sucesso dos programas de controle de verminose nos animais. Para retardar o aparecimento de resistência anti- helmíntica, recomendam-se as seguintes medidas: • Evitar sub dose (calibrar corretamente a pistola dosificadora); • Proceder a rotação anual de anti-helmínticos, tendo cuidado para mudar o princípio ativo e não somente o nome comercial; • Evitar vermifugações desnecessárias; • Usar manejo integrado pasto x animal (em animais de produção); • Verificar a eficácia dos produtos utilizados, através do exame de fezes (OPG) no dia da vermifugação e sete dias após. Desse modo, evitando o surgimento de resistência helmíntica, estaremos contribuindo com a eficácia na prevenção destes endoparasitas nos animais, possibilitando-os, uma melhor qualidade de vida.
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