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Introdução Os protozoários são seres eucariontes, unicelulares e heterótrofos. A maioria deles é aquático de vida livre, mas alguns são parasitas e vivem dentro do corpo de outros seres vivos, inclusive dos humanos. O corpo dos protozoários, como dito anteriormente, é formado por uma única célula, a qual apresenta rigidez e flexibilidade graças à presença de um citoesqueleto. Vale destacar que algumas espécies possuem um esqueleto externo (exoesqueleto) que é secretado pela própria célula. O termo protozoário deriva das palavras em latim proto "primitivo" e zoon "animal", ou seja, animal primitivo. Isso porque já foram considerados animais por serem heterótrofos Características Gerais Os protozoários pertencem ao Reino Protista, juntamente com as algas. Por serem eucariontes, apresentam núcleo individualizado e sua única célula exerce todas as funções que normalmente há nos multicelulares: respiração, excreção e reprodução. Uma característica típica de suas células é a presença de vacúolos contráteis ou pulsáteis, com função de realizar regulação osmótica. Devido à diferença de concentração entre o citoplasma e o ambiente externo, há entrada constante de água por osmose. Assim, o vacúolo controla a quantidade de água, recolhendo e eliminando o excesso. Formas evolutivas Dependendo da sua atividade fisiológica, algumas espécies possuem fases bem definidas: Trofozoíto: é a forma ativa do protozoário, na qual ele se alimenta e se reproduz. Cisto: é a forma de resistência ou inativa (parede cística). Frequentemente há divisão nuclear interna durante a formação do cisto. Gameta: é a forma sexuada, que aparece em algumas espécies. O gameta masculino é o microgameta, e o feminino é o macrogameta. Organização estrutural Para cada uma das funções exercidas pelas protozoários (nutrição, respiração reprodução, excreção, locomoção) existem estruturas e organelas próprias e especializadas, como exemplos: Cinetoplasto: provavelmente é uma mitocôndria modificada, especializada, sendo muito rica em DNA. Corpúsculo basal: base de inserção de cílios e flagelos. Microtúbulos: responsáveis pelos movimentos celulares de contração e distensão. Axonema: eixo do flagelo. Citóstoma: formação da membrana celular que permite a ingestão de partículas. PROTOZOÁRIOS Flagelos: cílios e pseudópodes: responsáveis pela locomoção e nutrição celular. Reservossomo: supõe-se que seja uma local de excreção e ingestão de macromoléculas, por pinicitose. Filos Os protozoários possuem uma classificação bastante controversa e complexa. Atualmente, alguns pesquisadores classificam esses seres em dezenas de filos diferentes dentro do Reino Protoctista. Como esses sistemas de classificação são inviáveis para estudo por leigos, muitos livros didáticos consideram apenas seis filos principais. São eles: Filo Rhizopoda: locomovem-se por meio de pseudópodes. Exemplo: amebas. Filo Actinopoda: locomovem-se por meio de pseudópodes afilados. Exemplo: radiolários. Filo Foraminifera: apresentam um esqueleto externo perfurado pelo qual saem os pseudópodes. Exemplo: foraminíferos. Filo Apicomplexa: não apresentam estruturas locomotoras e são parasitas. Exemplo: Plasmodium sp. Filo Ciliophora: locomovem-se por meio de cílios. Exemplo: Paramecium sp. Filo Zoomastigophora: locomovem-se por meio de flagelos. Exemplo: Trypanosoma cruzi. Locomoção A principal classificação é baseada no modo de locomoção, dando origem aos variados tipos de protozoários. Eles são divididos em: sarcodíneos, ciliados, flagelados e esporozoários. Sarcodíneos ou Rizópodos: São os protozoários que usam prolongamentos do citoplasma, chamados pseudópodes (falsos pés), para locomoção. Eles fazem parte do filo Rhizopoda. Os representantes mais comuns dos sarcodíneos são as amebas, sendo em sua maioria de vida livre e habitando água doce. Entretanto, existem espécies comensais que vivem dentro do corpo humano sem causar prejuízos. Alguns exemplos de Sarcodíneos: Ameba: São exemplos a Entamoeba coli que habita o intestino grosso e a Entamoeba gengivalis que vive na boca. E também existem as parasitas, como a Entamoeba histolytica que vive no intestino grosso do ser humano e provoca a amebíase. Os pseudópodes das amebas também são usados para a alimentação. Elas se aproximam do alimento, usam os pseudópodes para englobá-lo, depois ele é internalizado e fica envolto por um pedaço da membrana celular, formando uma bolsa chamada fagossomo. No citoplasma, o fagossomo se une ao lisossomo, que contém enzimas digestivas e são formados os vacúolos digestivos, no interior dos quais ocorre a digestão. Em seguida, os restos da digestão são eliminados por clasmocitose. Foraminíferos: Os foraminíferos são protozoários do filo Foraminifera, que também locomovem-se por pseudópodes. Eles possuem uma carapaça externa de carbonato de cálcio, com perfurações pelas quais se projetam finos e delicados pseudópodes. A locomoção dos foraminíferos rastejadores resulta da extensão da rede de reticulópodes, da ancoragem no substrato e retração da rede, processo esse que puxa o corpo da célula para frente. Heliozoários e Radiolários: Os heliozoários e radiolários são protozoários do filo Actinopoda. Eles possuem pseudópodes afilados que se projetam como raios em volta da célula. Todos os radiolários são marinhos. Enquanto os heliozoários são marinhos ou de água doce. Em comum, apresentam um "esqueleto" interno de sílica que torna sua forma bem definida. Ciliados Os protozoários ciliados pertencem ao filo Ciliophora e se locomovem por meio de filamentos curtos e numerosos, os cílios. A maioria desses organismos tem vida livre. Um caso interessante é a Vorticella, um ciliado séssil em formato de sino invertido com uma haste para se fixar a um substrato. Outro exemplo de ciliado é o Paramecium. Os paramécios são dióicos, ou seja, possuem sexos separados e se reproduzem de forma sexuada através da conjugação. Cada paramécio se divide duas vezes originando um total de 8 novos indivíduos. Flagelados ou Mastigóforos Os protozoários flagelados pertencem ao filo Zoomastigophora. Eles se movimentam através de flagelos em forma de chicote. Alguns flagelados são sésseis e usam o flagelo para capturar moléculas de alimento. Eles podem viver sozinhos ou associados formando colônias. Algumas espécies são parasitas, como: Leishmania sp: causa a leishmaniose. Trypanosoma cruzi: que causa a doença de Chagas. Leishmania sp: causadora da Giardíase. Esporozoários Os protozoários esporozoários pertencem ao filo Apicomplexa, eles não possuem estrutura locomotora. São exclusivamente espécies parasitas de seres humanos e de animais vertebrados e invertebrados. A reprodução ocorre através da alternância de gerações sexuada e assexuada e produção de esporos. Isso faz com que muitos esporozoários tenham ciclos de vida mais complexos. Um dos exemplos mais conhecidos desse grupo são os plasmódios causadores da malária. Eles passam por algumas fases dentro do corpo, sendo uma delas chamados de merozoítos, quando se multiplicam dentro dos glóbulos vermelhos, que se rompem liberando parasitos infectando novas células. Nutrição A nutrição dos protozoários é basicamente heterotrófica, e a captura do alimento geralmente ocorre por fagocitose. A digestão intracelular ocorre por meio da formação de um vacúolo digestivo. Assim, os protozoários capturam o alimento por fagocitose, dando origem aos fagossomos, que se fundem aos lisossomos, formando os vacúolos digestivos. É importante salientar que algumas espécies de protozoários são capazes denutrir-se por processos fotossintéticos. Após a digestão, dentro dos vacúolos, os restos são eliminados por clasmocitose. De acordo com o tipo de alimentação, elas podem ser: Holozóica: nutrem-se de matéria orgânica já elaboradaProtozoário tira a substância do hospedeiro, digere e elimina. Ex: Amebas, Plasmodium. Saprozóica: utilizam a matéria orgânica e inorgânica dissolvida em líquidos. Absorvem substâncias digeridas da célula ou do tecido do hospedeiro. Ex: Trypanosoma. Holofítica: protozoários sintetizam seu material nutricional usando raios solares como fonte de energia. Não tem importância veterinária. Ex: fitoflagelados. Reprodução A reprodução dos protozoários geralmente ocorre por divisão (binária ou múltipla), ou seja, um tipo de reprodução assexuada. Algumas espécies são capazes de produzir esporos (cistos), que possuem um envoltório ao seu redor e ficam inativos em períodos ambientais desfavoráveis. Existem ainda espécies que apresentam reprodução sexuada, como é o caso do paramécio que realiza conjugação. Vale destacar que a conjugação, apesar de não aumentar o número de indivíduos, é considerada um processo sexual por promover a troca de material genético. De acordo com o tipo de reprodução podem ocorrer por: -Reprodução Assexuada: divisão binária ou cissiparidade; brotamento ou gemulação; endodiogenia e esquizogonia. -Reprodução Sexuada: gametogonia ou esporogonia. Reprodução Assexuada: Divisão binária: Núcleo se divide igualmente dando origem a duas células idênticas à mãe. Ex.: Trypanosoma e Leishmania Brotação: Brotamento de novas células dentro da célula mãe. Ex.: Babesia Endodiogenia: Dentro da célula mãe ocorre a formação das células filhas (núcleo e citoplasma) e só depois se rompe a membrana citoplasmática da mãe. Ex. Toxoplasma. Esquizogonia: Esquizonte (célula que sofrerá esquizogonia) o núcleo se divide sucessivamente e ocorre formação de milhões de merozoítos, com invasão de novas células. • Mais eficiente que a divisão binária, produzindo mais células-filhas. • Precede uma Gametogonia. Reprodução Sexuada: Gametogonia ou Esporogonia: Ocorre após a esquizogonia, nela há troca de material genético. • Conjugação: fusão entre célula fêmea e macho dando origem à célula filha. O macho (microgameta) geralmente é menor que a fêmea (macrogameta), mas as células filhas são todas iguais (isogametas), chamadas de oocistos que são liberados no meio ambiente. Doenças causadas por protozoários Ao contrário do que a maioria das pessoas pensam, algumas espécies são benéficas ao organismo como os existentes na flora natural de ruminantes auxiliando na digestão da celulose. Porém, a grande maioria e mais conhecida, são os causadores de doenças, sendo alguns de seus principais representantes, hoje, na medicina veterinária: Trypanosoma cruzi: conhecida como doença de chagas, esse protozoário (transmissor: barbeiro) circula no sangue e ataca o coração, bem como órgãos do aparelho digestivo, esôfago e intestino. Pode acometer cães, gatos, galinhas, roedores, tatus, gambás, que depois de infectados, servem de reservatório do parasita. Entamoeba histolytica: conhecida como Amebíase, a doença provoca diarreia ou disenteria intermitente e acomete principalmente cães e gatos; Babesia canis: conhecida como Babesiose canina, a doença provoca uma anemia severa, pois ataca diretamente as hemáceas, causando também hemoglobinúria, mucosas amareladas e fadiga. Esta é transmitida pela picada do carrapato infectado; Babesia caballi: conhecida como Nutaliose, a doença acomete equinos tem os mesmos sinais e sintomas da babesiose canina e também é transmitida pela picada de carrapatos; Giárdia lambria: conhecida como Giardíase, a doença provoca diarreia com coloração esbranquiçada e forte odor, além de dores abdominais. Acomete principalmente animais de pequeno porte jovens e é transmitida pela ingestão de água contaminada; Toxoplasma Gondii: conhecida como Toxoplasmose, a doença tem como seu principal reservatório os gatos, causando- lhes sintomas nos sistemas pulmonar, hepático, nervoso, ocular e pancreático. Pode acometer também cães causando distúrbios neuromusculares, gastrointestinais e respiratórios; Trypanossoma evansi: conhecida como Mal das cadeiras, a doença é quase que excluviva de equinos, porém já foram relatados casos em cães, lobos e raposas e apresenta anemia progressiva, aumento de linfonodos, baço e em alguns casos fígado; Leishmania: conhecida como Leishmaniose, é uma perigosa zoonose que acomete cães, transmitida pela picada de um mosquito infectado. Esta apresenta sintomas específicos com suas duas formas, a Visceral e Calazar; Elimeria: conhecida como Eimeriose ou Diarreia vermelha, a doença acomete o epitélio digestivo de aves e ruminantes; Crytosporidium parvum: conhecida como Criptosporidiose, a doença apresenta diarreia severa em cães, podendo levar à morte e acomete também gatos, geralmente de forma assintomática. Devido à tantas formas de doenças que podem acometer animais de diversas espécies é que se faz crucial o controle com medicamentos antiparasitários, além de uma observação diária do comportamento dos mesmos para diagnósticos e tratamentos mais específicos.
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