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Apostila Análise de Projetos Ambientais

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ANÁLISE DE PROJETOS AMBIENTAIS 
 
 
 
 
Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma 
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou 
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
RESUMO DA UNIDADE 
 
A presente unidade trata sobre os instrumentos utilizados para o planejamento 
ambiental e projetos a serem viabilizados, tanto pelas pessoas jurídicas de direito 
público, quanto pelas de direito privado. Diante da situação contemporânea 
vivenciada, é indispensável que práticas de sustentabilidade sejam adotadas, 
visando não apenas a preservação do meio ambiente ecologicamente equilibrado, 
mas também, benefícios para fins de manutenção da empresa no Brasil. Um 
exemplo para fins de implementação na prática de projetos ambientais é a tributação 
ecológica, a partir da função extrafiscal dos tributos. Por meio da extrafiscalidade, 
tanto os empresários, como os cidadãos poderão implementar práticas de 
sustentabilidade, como será abordado ao longo dessa unidade. 
 
Palavras-chave: Planejamento ambiental; Reciclagem; Tributação ecológica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma 
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou 
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
SUMÁRIO 
 
APRESENTAÇÃO DO MÓDULO ............................................................................... 4 
CAPÍTULO 1 – PLANEJAMENTO AMBIENTAL NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA . 5 
1.1 Licitações sustentáveis .................................................................................. 6 
1.1.1 Conceito de licitação pública .......................................................................... 9 
1.1.2 Objetos da licitação ........................................................................................ 9 
1.1.3 Finalidade da licitação .................................................................................... 9 
1.1.4 Critérios das licitações sustentáveis............................................................. 12 
1.2 Estatuto das empresas estatais - Lei n.13.303/2016 ................................... 13 
1.3 Gestão socioambiental no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) ................ 15 
1.4 Sustentabilidade no âmbito da Justiça Eleitoral ........................................... 17 
CAPÍTULO 2 – DOCUMENTOS E INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO 
AMBIENTAL ............................................................................................................. 22 
2.1 Estudo prévio de impacto ambiental e seu respectivo relatório ................... 22 
2.2 Audiências Públicas ..................................................................................... 25 
2.3 Concessão florestal ...................................................................................... 25 
2.4 Zoneamento Ecológico Econômico (ZEE) .................................................... 26 
2.5 Outorga: instrumento da Política Nacional de Recursos Hídricos ................ 28 
2.6 Instrumentos no ambiente urbano: princípio da função socioambiental da 
propriedade urbana ................................................................................................... 30 
2.7 Instrumentos da Política Nacional de Resíduos Sólidos .............................. 31 
CAPÍTULO 3 – PLANEJAMENTO AMBIENTAL TRIBUTÁRIO PARA AS 
EMPRESAS: INSTRUMENTO ECONÔMICO AMBIENTAL .................................... 39 
3.1 A extrafiscalidade tributária .......................................................................... 40 
3.2 Os tributos extrafiscais e políticas ambientais .............................................. 43 
3.2.1 O ICMS Ecológico ........................................................................................ 44 
3.2.2 Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) .............................................. 46 
3.2.3 Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) ...................... 48 
3.3 Princípios do Direito Ambiental que embasam a tributação ecológica ......... 49 
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 57 
 
4 
 
 
 
Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma 
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou 
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
APRESENTAÇÃO DO MÓDULO 
 
O referido módulo possui a intenção de demonstrar ao leitor a necessidade da 
implementação de práticas de sustentabilidade no âmbito da Administração Pública, 
assim como no que concerne às pessoas jurídicas de direito privado. 
Para tanto, é indispensável que haja um planejamento ambiental, a partir da 
adoção de instrumentos que viabilizem tais práticas no cotidiano. 
Alguns destes projetos e planejamentos incluem as licitações sustentáveis, no 
âmbito da Administração Pública, a partir do que prevê o art. 3º, da Lei n. 8666/93. 
A partir deste dispositivo, temos que uma das finalidades das licitações 
públicas é a promoção do desenvolvimento nacional sustentável. Logo, a partir das 
contratações realizadas pelo Poder Público por meio de licitações, muitos projetos 
que buscam a implementação de práticas de sustentabilidade poderão ser 
viabilizados. Um exemplo é a geração de empregos por meio da indústria da 
reciclagem, sendo que o órgão licitador poderá dispensar a realização da licitação 
pública quando se trata de associações formadas exclusivamente por catadores de 
baixa renda, cuja remuneração seja oriunda deste serviço. 
Ademais, a indústria da reciclagem, além de possuir um papel fundamental no 
âmbito social, também é indispensável para fins de gerenciamento de resíduos 
sólidos, corroborando para a diminuição do descarte irregular de plástico, o qual é 
considerado como o grande vilão. 
Tem-se que a logística reversa, instrumento da Política Nacional de Resíduos 
Sólidos, consiste em um projeto indispensável para fins de viabilizar o retorno de 
determinados produtos à fonte produtora, propiciando uma maior proteção ao meio 
ambiente. 
Por fim, vale destacar o estudo referente à tributação ecológica, fruto do 
princípio do protetor recebedor, que viabiliza a implementação do tributo como 
instrumento que promove práticas de sustentabilidade, alinhado a um planejamento 
tributário eficaz, no âmbito das pessoas jurídicas de direito privado, corroborando 
para a diminuição da carga tributária elevada. 
 
 
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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
CAPÍTULO 1 – PLANEJAMENTO AMBIENTAL NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
 
Primeiramente, é indispensável conhecer a Agenda Ambiental da 
Administração Pública (A3P) para fins de compreensão do objeto central do estudo 
desse tópico: as licitações sustentáveis. 
A A3P consiste em um programa do Ministério do Meio Ambiente, cujo objetivo 
principal é estimular gestores a adotarem práticas de sustentabilidade, como os 
princípios e a gestão ambiental. 
Como não é um programa cogente, isto é, obrigatório, possui natureza jurídica 
facultativa, caberá ao Ministériodo Meio Ambiente firmar um termo de adesão, 
instrumento de compromisso para a implementação da A3P, com o interessado. 
A referida agenda traz cinco eixos temáticos: 
a) Licitações sustentáveis: consiste em uma obrigação da Administração 
Pública instituir práticas de sustentabilidade nas licitações públicas, nos 
termos do art. 3º, da Lei n. 8666/93. 
b) Sensibilização e capacitação dos servidores públicos: consolidar a 
consciência e a responsabilidade socioambiental dentre os servidores 
públicos; 
c) Qualidade de vida no ambiente do trabalho: cujo intuito é satisfazer as 
necessidades do trabalhador; 
d) Gestão adequada dos resíduos gerados: adoção da política dos 5Rs 
(repensar, reaproveitar, reduzir, reciclar e recusar); 
e) Uso racional dos recursos naturais e bens públicos: utilização consciente 
da água, da energia elétrica, da madeira e outros recursos naturais. 
 
No que concerne à Política dos 5Rs, a qual faz parte do eixo temático “gestão 
adequada dos resíduos gerados”, compreende-se: 
a) Repensar: quanto à real necessidade do consumo de determinado bem e 
os padrões de produção e descarte dos resíduos; 
b) Reaproveitar: utilizar novamente determinado produto que ainda satisfaz 
as necessidades em vez de descartá-lo; 
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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
c) Reduzir: evitar o desperdício, dando preferência aos produtos que utilizem 
menos resíduos sólidos; 
d) Reciclar: destinar de forma adequada os resíduos a processo que 
envolvam tecnologia com a finalidade de transformá-lo em outro bem 
adequado para o uso; 
e) Recusar: consiste na recusa de consumos irresponsáveis, principalmente, 
de resíduos sólidos. 
 
Ao firmar o termo de adesão com o Ministério do Meio Ambiente, o interessado 
deverá implementar a Agenda Ambiental da Administração Pública, observando 
determinados pressupostos: criação e regulamentação de comissão da A3P, 
envolvendo servidores públicos de várias áreas da instituição para o 
acompanhamento de projetos e atividades e para a representatividade institucional; 
identificação dos pontos críticos e procedimentos, avaliando os impactos ambientais 
e de desperdício gerados; definição de projetos e atividades, a partir do diagnóstico, 
priorização dos projetos e atividades de mais urgência e relevância; planejamento 
integrado; realização de treinamentos, disponibilização de recursos físicos e 
financeiros; verificação do desempenho ambiental, identificação de falhas e pontos 
de melhoria; melhoria contínua; levantamento de impactos de riscos ambientais, 
identificação de ações de controle, identificação de indicadores de aprimoramento e; 
classificação ambiental: programas de incentivo, premiação e divulgação das 
melhores práticas ambientais. 
 
1.1 Licitações sustentáveis 
 
Neste ponto, faz-se necessário o estudo do Decreto n. 7.746/2012, alterado em 
2017. 
Destaca-se que o desenvolvimento nacional sustentável é uma das finalidades 
nas licitações públicas. 
Tal ato normativo destina-se à Administração Pública federal, direta e indireta, 
autárquica e fundacional e às empresas estatais dependentes que recebam auxílio 
financeiro do governo. 
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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
O Decreto nº 7.746/2012 tem como objetivo: 
 
Quadro1: Objetivos Decreto nº7.746/2012 
a) Adquirir bens e contratar serviços e obras considerando critérios e práticas de 
sustentabilidade, dentre eles materiais biodegradáveis, materiais atóxicos, 
objetivamente definidos no instrumento convocatório (edital); 
b) Preservar o caráter competitivo do certame. 
Fonte: Elaborado pela autora, 2020. 
 
Importante mencionar que a licitação pública possui três finalidades: ser 
vantajosa para a administração, isonômica entre os concorrentes e buscar o 
desenvolvimento nacional sustentável. Portanto, as práticas e critérios de 
sustentabilidade não podem corroborar para vedação ao caráter competitivo do 
certame. O caráter competitivo deve ser preservado, visto que há isonomia, a qual 
faz parte da finalidade de uma licitação pública. O Tribunal de Contas da União 
compreende neste sentir. 
Destaque para o art. 3º, o qual sofreu alteração com o advento do Decreto nº 
9.178/2017, sendo de leitura obrigatória. 
Em relação ao Poder Judiciário, existem alguns atos normativos os quais 
mencionam a necessidade de verificação da origem do produto. Por exemplo, a 
madeira, deve-se verificar se é advinda de uma árvore cortada de forma legal ou 
ilegal. Caso seja ilegal, oriundo da Floresta Amazônica, a administração pública não 
pode adquirir aquele bem, ainda que o valor seja satisfatório. 
O manejo sustentável tem a ver com a exploração controlada da área de 
reserva legal, o reflorestamento está diretamente relacionado à questão da 
compensação ambiental, estudados em Direito Ambiental. 
No que tange às exigências da Administração Pública em face do contratado, 
vale a pena a leitura atenta dos artigos em destaque: art. 5º, 7º e 8º, do referido 
Decreto. 
O art. 8º também foi revogado e foi realizada uma nova redação. 
A redação antiga previa que a certificação poderia ser “emitida por instituição 
pública oficial ou instituição credenciada, ou por qualquer outro meio definido no 
instrumento convocatório”, enquanto a redação atual prevê que a certificação pode 
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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
ser “emitida ou reconhecida por instituição pública oficial ou instituição credenciada 
ou por outro meio definido no instrumento convocatório”. 
A CISAP (Comissão Interministerial de Sustentabilidade na Administração 
Pública) possui uma natureza consultiva, portanto ela não é deliberativa. A natureza 
é de caráter permanente, não é temporária. 
É vinculada à Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação e tem por 
finalidade propor a implementação de critérios, práticas e ações de logística 
sustentável no âmbito da administração pública federal direta, autárquica e 
fundacional e das empresas estatais dependentes. Os servidores públicos 
integrantes da CISAP prestam um serviço público de caráter relevante e não 
remunerado. 
As proposições da CISAP serão avaliadas com base nas diretrizes gerais de 
logística e compras da administração pública federal. As proposições não vinculam, 
são como recomendações. 
O art. 10, da mesma forma, sofreu alteração do Decreto nº 9.178/2017, sendo 
imprescindível sua leitura, uma vez que traz de forma expressa a composição da 
CISAP. 
Antigamente não se cobrava muito em provas a composição da CISAP, mas 
apenas o último inciso e trocavam a palavra Controladoria-Geral da União por 
Advogado Geral da União - AGU ou por Tribunal de Contas da União – TCU. No 
entanto, tendo em vista as alterações trazidas pelo Decreto de 2017, é importante 
que o aluno saiba quais foram as alterações efetuadas. 
O art. 11 também sofreu alterações significativas com o Decreto nº 9.178/2017, 
por este fator é importante a leitura com atenção. 
Os planos de gestão de logísticasustentável serão elaborados pela 
Administração Pública federal direta, autárquica e fundacional e as empresas 
estatais, devendo contemplar. 
 
Quadro 2: Conteúdo (art. 16, Decreto n. 7.746/2012) 
a) Atualização do inventário de bens e materiais do órgão e identificação de 
similares de menor impacto ambiental para substituição; 
b) práticas de sustentabilidade e de racionalização do uso de materiais e serviços; 
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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
c) responsabilidades, metodologia de implementação e avaliação do plano; 
d) ações de divulgação, conscientização e capacitação. 
Fonte: Elaborado pela autora, 2020. 
 
1.1.1 Conceito de licitação pública 
O art. 22, inciso XXVII, CF/88 prevê competência privativa da União para 
legislar sobre normas gerais de licitação. Houve uma ação declaratória de 
constitucionalidade em relação a Lei n. 8.666/93. Uma parte dela é destinada à 
União e outra a é uma norma geral. A União possui competência para legislar sobre 
normas gerais de licitação, e os demais entes da federação podem editar, 
igualmente, normas acerca do assunto. 
 
1.1.2 Objetos da licitação 
Neste ponto da matéria, faz-se indispensável conhecer o art. 2º, da Lei n. 
8666/93, o qual se encontra sistematizado no quadro: 
 
Quadro 3: Objetos da licitação (art. 2º, Lei n. 8666/93) 
a) Obra para toda construção, reforma, fabricação, recuperação ou ampliação; 
b) Serviço para toda atividade destinada a obter determinada utilidade de 
interesse para a Administração Pública. 
c) Compra para toda aquisição remunerada de bens. 
d) Alienação para transferência do domínio de bens a terceiros. 
Fonte: Elaborado pela autora, 2020. 
 
1.1.3 Finalidade da licitação 
 
ATENÇÃO! 
A finalidade está prevista no art. 3º, da Lei n. 8666/93. Anteriormente, as finalidades 
da licitação eram apenas duas: a vantajosidade para a administração pública e a 
isonomia entre os concorrentes. 
 
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Com o advento da Lei n. 12.349/2010 foi incluída outra finalidade da licitação, a 
qual é a promoção do desenvolvimento nacional sustentável. Portanto, as 
finalidades da licitação são três: 
 
Quadro 4: Finalidades da licitação 
a) “ Vantajosidade”; 
b) Isonomia (pode ser relativizada, por exemplo, empresas de pequeno porte e 
microempresas); 
c) Promoção do desenvolvimento nacional sustentável. 
Fonte: Elaborado pela autora, 2020. 
 
A partir de 2010, houve a inserção da busca pelo desenvolvimento nacional 
sustentável no certame licitatório. A administração pública não deve apenas buscar 
pela proposta mais vantajosa e perquirir a isonomia entre os concorrentes, como 
igualmente deve verificar a origem daqueles insumos componentes dos bens a 
serem adquiridos, verificar se a empresa que firmará o contrato com a administração 
pública emprega mão de obra escrava. 
A promoção do desenvolvimento nacional sustentável significa que nos 
processos de licitação, poderão ser estabelecidas margens de preferência para 
produtor manufaturados, bem como serviços nacionais que atendam às normas 
técnicas brasileiras. 
Neste sentido, a Administração pública, de acordo com previsão objetiva no 
edital da licitação - que faz Lei entre as partes -, pode prever margens de preferência 
entre os concorrentes que adotem práticas de sustentabilidade, não meramente no 
que diz respeito às origens dos insumos, mas igualmente nos casos de produtos 
manufaturados e serviços nacionais que atendam às normas técnicas brasileiras, 
fomentando o mercado interno. É preciso ter em mente que o desenvolvimento 
econômico faz parte do desenvolvimento sustentável. 
A margem de preferência pode ser de até 25% acima do preço dos produtos 
manufaturados e serviços estrangeiros, posto que essa margem de preferência é 
admitida pelo Tribunal de Contas da União. O desenvolvimento nacional sustentável, 
enquanto uma das finalidades das licitações públicas, não admite vedação ao 
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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
caráter competitivo, uma vez que a isonomia também faz parte das finalidades das 
licitações. 
Desse modo, vale a pena a leitura do disposto no art. 3º, §5º da Lei 8.666/93. 
No inciso II do parágrafo 5º do art. 3º da Lei 8.666/93, há inclusão das pessoas 
com deficiência e reabilitados da Previdência Social, o que é compatível com o pilar 
de desenvolvimento social que compõe o desenvolvimento sustentável. O Meio 
Ambiente do Trabalho, a saúde pública, além da questão dos deficientes, fazem 
parte de tudo que a Declaração do Rio de 1992 se preocupou. 
No que diz respeito ao Tribunal de Contas da União, o Acórdão nº 1317/2013 - 
Plenário, julgado no dia 29 de maio de 2015, presente no informativo 153, menciona 
que a introdução do conceito de desenvolvimento nacional sustentável não autoriza 
o estabelecimento de vedação a produtos e serviços estrangeiros, tampouco à 
utilização de margem de preferência para contratação de bens e serviços, sem a 
devida regulamentação por decreto do Poder Executivo Federal. 
Dessa maneira, a existência dessa finalidade no artigo 3º da Lei de Licitações, 
não significa que se encontra vedada a participação de produtos e serviços 
estrangeiros, uma vez que feriria o princípio da isonomia das licitações públicas. 
O Tribunal de Contas da União, possui resolução à respeito da adoção de 
práticas de sustentabilidade, e do mesmo modo em relação à contratações 
sustentáveis. Dessa forma, o que o TCU prevê nesse acórdão é que não se deve 
adotar uma margem de preferência sem expressa previsão em decreto do Poder 
Executivo Federal. O mesmo não veda a adoção de uma margem, mas condiciona o 
fato à existência de uma regulamentação específica. 
O parágrafo primeiro, inciso II do art. 3º, relata a questão do princípio da 
isonomia, fato que demonstra que o desenvolvimento nacional sustentável, deve ser 
compatibilizado com a isonomia que deve existir entre os concorrentes. 
Observa-se, nesse momento, a previsão contida no parágrafo 2º do art. 3º da 
Lei 8.666/93, cuja leitura se faz imprescindível. 
Há dispositivos que fundamentam a prática de sustentabilidade nas licitações 
públicas, dentre os quais pode-se destacar o art. 12 da Lei de Licitações, o mesmo 
informa que devem ser considerados nos projetos básicos e executivos, os impactos 
ambientais. 
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parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou 
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
Há ainda a previsão do art. 225 conjugado com o art. 170, ambos da 
Constituição Federal de 1988, que dispõem o princípio do desenvolvimento 
sustentável, cuja leitura se faz indispensável. 
Há também a Política Nacional do Meio Ambiente, objeto de estudo na 
disciplinade Direito Ambiental. 
 
1.1.4 Critérios das licitações sustentáveis 
Diversas legislações que instituem políticas fundamentam as licitações 
sustentáveis, como a Política Nacional de Resíduos Sólidos e a Política Nacional 
sobre Mudança de Clima (PNMC). Há ainda a Lei nº 12.349/2010, que incluiu como 
finalidade da licitação a promoção do desenvolvimento nacional sustentável, 
disposta alhures. 
Existe também o Decreto nº 7.404/2010, que regulamenta a Lei nº 
12.305/2010, a qual instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), criou 
o Comitê Interministerial da Política Nacional de Resíduos Sólidos, bem como o 
Comitê Orientador para a implantação dos Sistemas de Logística Reversa. 
Ademais, pode-se destacar a instrução normativa nº 10/2012 que estabelece 
regras para elaboração dos Planos de Gestão de Logística Sustentável, de que trata 
o art. 16 do Decreto 7.746/2012. 
Há a Lei nº 11.284/2006, que trata das concessões de florestas, adotando a 
licitação na modalidade concorrência, com o objetivo de firmar um contrato 
administrativo para a exploração sustentável das florestas. O que fora estudado na 
parte de Política Nacional do Meio Ambiente, em Direito Ambiental. A concessão 
florestal é um instrumento que se verifica no artigo 9°. Apenas pessoas jurídicas 
brasileiras podem participar desta licitação. Este fato não infringe o art. 3º da Lei 
8.666/93, uma vez que se trata de uma norma específica de interesse público e de 
segurança pública, sendo vedada a participação de pessoa jurídica estrangeira e de 
pessoa física, admitindo-se consórcio de pessoas jurídicas brasileiras. 
Observa-se, nesse sentido, a redação do art. 19 da Lei 11.284/2016, cuja 
leitura é imprescindível. 
No tangente ao regime diferenciado de contratação, previsto na Lei nº 
12.462/2011, pode-se destacar o artigo 10. 
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Nos termos do artigo 10, há a possibilidade - especialmente em serviços de 
engenharia -, de estabelecer uma remuneração variável mediante desempenho do 
contratado, verificando se o mesmo obedeceu aos critérios de sustentabilidade 
ambiental. 
Ainda no âmbito da Lei n. 12462/2011, apresenta-se o art. 4º, §1º. 
O inciso I do parágrafo primeiro faz uma remissão implícita à Política Nacional 
de Resíduos Sólidos. O inciso II é de extrema importância, posto que em regra, 
obras de engenharia precisam de licença ambiental, e esse dispositivo antevê a 
possibilidade de amenizar os danos ambientais, conforme o princípio da prevenção, 
que preconiza a adoção de medidas mitigadoras de impactos ambientais. 
O inciso III, por sua vez, é um exemplo de economia verde, visto no estudo 
acerca da Rio+20. O inciso IV, discorre sobre a avaliação de impactos de vizinhança 
- assunto de aulas de Direito Ambiental, ao tratar do Estatuto da Cidade, bem como 
fora discorrido sobre plano diretor. Essa avaliação de impactos de vizinhança faz 
parte da própria avaliação de impactos ambientais. 
O inciso V tem importância à medida que se verifica uma degradação do 
Patrimônio Cultural e Histórico, em decorrência de obras de engenharia. Na Grécia e 
em Roma, por exemplo, há uma limitação de construção de aeroportos e obras, em 
razão da proteção ao Patrimônio Histórico. Por fim, o inciso VI trata de 
acessibilidade para o uso por pessoas com deficiência e com mobilidade reduzida. 
Vide o acórdão 6047/2015, TCU, 2ª Câmara, Licitação. Habilitação Técnica. 
Licença Ambiental: 
A exigência de regularidade ambiental como critério de qualificação técnica 
é legal desde que não represente discriminação injustificada entre os 
licitantes, uma vez que objetiva garantir o cumprimento da obrigação 
contratual e é essencial para que o objeto da licitação seja executado sem o 
comprometimento do meio ambiente. 
Segundo o previsto no acórdão do TCU, é compatível a adoção de critérios 
de sustentabilidade desde que não haja obstrução ao caráter competitivo do 
certame. 
 
1.2 Estatuto das empresas estatais - Lei n.13.303/2016 
 
Essa Lei é importante para a nossa disciplina, uma vez que prevê 
expressamente que as empresas estatais, seja empresa pública ou sociedade de 
economia mista, devem adotar práticas de sustentabilidade em seu cotidiano. É 
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parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou 
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
interessante que alguns doutrinadores criticam tal norma, sendo dispensável a 
previsão em uma Lei quanto à adoção de práticas sustentáveis, uma vez que a A3P 
seria aplicável às empresas estatais, já que elas compõem a administração pública 
indireta. 
Todavia, entendemos ser válido prever expressamente a adoção dessas 
práticas de sustentabilidade porque fica mais claro, especialmente para o jurista. 
Dessa forma, temos que empresas públicas, sociedades de economias mistas 
e suas subsidiárias (como é o caso da Transpetro em relação a Petrobrás) devem 
observar práticas de sustentabilidade ambiental e responsabilidade social 
corporativa. Além disso, a engenharia deverá adotar uma contratação variável ao 
desempenho do contratado, presente na lei do regime diferenciado de contratação, 
que é uma maneira de viabilizar a adoção de práticas de sustentabilidade. 
Ainda na parte de engenharia, é importante ter ciência de que o anteprojeto de 
engenharia deve conter parâmetros de adequação ao interesse público, à economia 
na utilização, à facilidade na execução, aos impactos ambientais e à acessibilidade. 
O projeto básico, por sua vez, deve ser elaborado nas indicações dos estudos 
técnicos preliminares, que assegure a viabilidade técnica e o adequado tratamento 
do impacto ambiental do empreendimento. 
Ademais, é dispensável a licitação da contratação de coleta, processamento e 
comercialização de resíduos sólidos urbanos recicláveis e reutilizáveis, efetuados 
por associações ou cooperativas de pessoas físicas de baixa renda, nos termos do 
art. 29, XII. Desse modo, está presente o princípio do protetor recebedor que já 
analisamos. 
As licitações devem, ainda, observar o desenvolvimento nacional sustentável 
através da busca da maior vantagem competitiva, considerando custos e benefícios, 
diretos e indiretos, de natureza econômica, social ou ambiental, assim como a 
manutenção e desfazimento de bens e resíduos. 
Para finalizarmos essa unidade é importante realizar a leitura do art. 32, §1º da 
Lei 13.303/2016. 
Ademais, a mudança de hábitos, a princípio por meio de uma nova legislação, 
é oportuna, visto que, conforme o noticiário, a empresa pública é considerada como 
a maior poluidora. 
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1.3 Gestão socioambiental no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) 
 
Para o estudo aprofundado deste assunto, importante conhecer a Resolução 
201/2015, do CNJ. 
Essa resolução traz a criação das unidades ou núcleos socioambientais no 
Poder Judiciário e suas competências. Está no art. 1º da Resolução 201/2015, cuja 
leitura é indispensável. 
Importante conhecer os conceitos que a Resolução traz,nos termos de seu art. 
3º: 
 
Quadro 5: Conceitos (art. 3º, da resolução 201/2015, do CNJ): 
a) Logística sustentável: processo de coordenação do fluxo de materiais, de 
serviços e de informações, do fornecimento ao desfazimento, que considerando 
o ambientalmente correto, o socialmente justo e o desenvolvimento econômico 
equilibrado. 
b) Critérios de sustentabilidade: métodos utilizados para avaliação e 
comparação de bens, materiais ou serviços em função do seu impacto 
ambiental, social e econômico. 
Esse ponto é interessante principalmente para a parte de licitação pública. O 
Poder Judiciário também vai realizar uma licitação pública para adquirir bens e 
serviços, adotando o conceito de critérios de sustentabilidade. 
c) Práticas de sustentabilidade: ações que tenham como objetivo a construção 
de um novo modelo de cultura institucional visando à inserção de critérios de 
sustentabilidade nas atividades do Poder Judiciário. 
d) Práticas de racionalização: ações que tenham como objetivo a melhoria da 
qualidade do gasto público e o aperfeiçoamento contínuo na gestão dos 
processos de trabalho. 
e) Coleta seletiva: coleta de resíduos sólidos previamente separados conforme 
sua constituição ou composição com destinação ambientalmente adequada. 
f) Coleta seletiva solidária: coleta dos resíduos recicláveis descartados, 
separados na fonte geradora, para destinação às associações e cooperativas de 
catadores de materiais recicláveis; 
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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
Essa coleta seletiva solidária traz catadores de materiais recicláveis cuja renda 
é essencialmente oriunda dessa atividade, por isso que é solidária. 
g) Resíduos recicláveis descartados: materiais passíveis de retorno ao seu ciclo 
produtivo, rejeitados pelos órgãos do Poder Judiciário. 
Fonte: Elaborado pela autora, 2019. 
 
Quanto às atribuições das unidades socioambientais, o art. 6º, da referida 
Resolução do CNJ, menciona a necessidade de que ocorra com qualidade o gasto 
público, assim como que os recursos naturais e bens públicos sejam utilizados de 
forma sustentável. Desta forma, é necessário analisar cada uma das atribuições 
mencionadas: 
a) a redução do impacto negativo das atividades do órgão no meio ambiente 
com a adequada gestão dos resíduos gerados; 
 
Temos aqui o princípio da responsabilidade do direito ambiental e essas falhas, 
que falamos em direito econômico, falhas de mercado no que tange ao direito 
econômico, a pessoa jurídica de direito privado, do público que atua no âmbito 
econômico, elas devem ser internalizadas. Os impactos negativos do Poder 
Judiciário devem ser internalizados. 
b) a promoção das contratações sustentáveis; 
c) a gestão sustentável de documentos; 
d) a sensibilização e capacitação dos funcionários; 
e) a qualidade de vida no ambiente de trabalho. 
 
Nesses dois últimos pontos, destaca-se a questão do desenvolvimento social, 
que é um dos pilares do desenvolvimento sustentável, que já estudamos. Neste 
caso, refere-se ao aproveitamento do servidor público de forma adequada, não o 
expondo a horas cansativas de trabalho, viabilizando cursos para melhor atender à 
população. O servidor público deve ser treinado, bem como respeitar a população 
num modo geral, por conta do princípio da urbanidade no direito administrativo. 
Percebe-se que o meio ambiente de trabalho como um todo faz parte do direito 
ambiental e de práticas de sustentabilidade. 
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parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou 
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
A adequada gestão dos resíduos gerados deverá promover a coleta seletiva, 
com estímulo a sua redução, ao reuso e à reciclagem de materiais, e à inclusão 
socioeconômica dos catadores de resíduos, em consonância com a Política 
Nacional de Resíduos Sólidos e as limitações de cada município. 
Dentro do Poder Judiciário nós temos que a coleta seletiva é obrigatória. 
O uso sustentável de recursos naturais e bens públicos deverá ter como 
objetivos o combate ao desperdício e o consumo consciente de materiais, com 
destaque para a gestão sustentável de documentos como a implementação de 
processo judicial eletrônico e a informatização dos processos e procedimentos 
administrativos. 
Perceba que não é apenas o processo judicial que deve ser eletrônico, mas 
também o processo administrativo. Deve ser estimulada a tendência para o 
processo administrativo eletrônico. Isso é estimulado não apenas para tornar mais 
célere o processo, mas também para evitar o desperdício de papel. Infelizmente 
alguns magistrados são ainda relutantes em relação ao processo judicial eletrônico 
ou ao uso de papel reciclado. 
O processo eletrônico é muito melhor para os advogados e para as partes, por 
ser mais célere e oportunizar mais acesso às informações do que no processo físico. 
Em relação às contratações sustentáveis, temos que elas deverão observar os 
três pilares do desenvolvimento sustentável, em relação aos aspectos ambientais, 
econômicos e sociais, nos termos da Declaração de Joanesburgo de 2010 da ONU. 
Vale destacar que a Resolução do CNJ é totalmente compatível com a parte do 
Direito Internacional do Meio Ambiente. 
 
1.4 Sustentabilidade no âmbito da Justiça Eleitoral 
 
Neste ponto, estudaremos a novel norma sobre o planejamento quanto à 
sustentabilidade no âmbito da Justiça Eleitoral, a Resolução TSE n. 23.474, de 19 
de abril de 2016, o qual trata sobre o Plano de Logística Sustentável (PLS). 
Será visto que o conceito do PLS da Justiça Eleitoral, trazido por esta norma, é 
distinto do conceito de PLS do Poder Judiciário como um todo, que trouxe a 
resolução 201/2015 do Conselho Nacional de Justiça. 
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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
A Resolução 23.474/2016 é destinada meramente aos Órgãos da Justiça 
Eleitoral, que têm o dever de criar unidades ou núcleos Socioambientais, 
estabelecer suas competências e implantar o Plano de Logística Sustentável da 
Justiça Eleitoral, assim como a Resolução 201/2015 do CNJ pressupõe. 
De acordo com a Resolução de 2016, essas unidades ou os núcleos 
socioambientais são subordinados à alta administração dos Tribunais Eleitorais e 
possuem caráter permanente. É importante o aluno saber que não se trata de 
caráter temporário, porque as bancas adoram cobrar o assunto na provas. 
Ademais, essas unidades visam o planejamento, a implementação, o 
monitoramento de metas anuais e a avaliação de indicadores de desempenho, para 
o cumprimento por parte do Órgão da Justiça Eleitoral. 
O art. 5º dispõe que as unidades ou núcleos socioambientais deverão estimular 
a reflexão e a mudança dos padrões de compra, consumo e gestão documental dos 
órgãos da Justiça Eleitoral, bem como do corpo funcional e força de trabalho auxiliar 
de cada instituição. 
Novamente, aparece a expressão "deverão" nos dispositivos das resoluções ou 
portarias, que tratam de noções de sustentabilidade no âmbito dos tribunais. Trata-
se de uma obrigação, não de uma faculdade. Este é outro ponto damatéria que 
merece atenção, uma vez que as questões de concurso, no intuito de confundir o 
aluno, podem utilizar a palavra "poderão" e tornar incorreta uma assertiva que a 
princípio parece correta. 
Ademais, os núcleos socioambientais deverão fomentar ações de 
aperfeiçoamento contínuo da qualidade do gasto público, tal qual pressupõe a 
resolução 201 do CNJ. Devem, ainda, estimular a promoção das contratações 
sustentáveis no âmbito da Justiça Eleitoral, devendo observar a integração dos 
aspectos ambientais, econômicos e sociais do desenvolvimento sustentável. 
Incumbe, da mesma forma, impulsionar a gestão sustentável de documentos, 
em conjunto com a unidade responsável. Sendo certo que, a adequada gestão dos 
resíduos gerados deve promover a coleta seletiva, com estímulo a sua redução, ao 
reuso, à reciclagem de materiais, bem como à inclusão socioeconômica dos 
catadores de resíduos, em consonância com a Política Nacional de Resíduos 
Sólidos e as limitações regionais, não se tratando de limitações de cada município - 
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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
o que pode ser igualmente utilizado pelas bancas a fim de induzir os candidatos a 
erro. 
As unidades socioambientais devem, igualmente, impulsionar a sensibilização 
e a capacitação do corpo funcional, força de trabalho auxiliar e de outras partes 
interessadas. Significa que a sensibilização destas, quando for o caso, deverão 
estimular de forma contínua o consumo consciente e a responsabilidade 
socioambiental no âmbito da Instituição. 
Há também o dever de promover a qualidade de vida no ambiente de trabalho, 
em conjunto com a unidade responsável, através de ações que estimulem o 
desenvolvimento pessoal e profissional dos servidores, bem como a melhoria das 
condições das instalações físicas. 
Deve-se fomentar o uso sustentável de recursos naturais e bens públicos no 
âmbito da Justiça Eleitoral. 
Ademais, há a obrigação de estimular a redução do impacto negativo das 
atividades do Órgão no Meio Ambiente, com a adequada gestão dos resíduos 
gerados. Neste sentido, confere-se o disposto no art. 6º da Resolução 23.474/2016 
do TSE. 
Essa resolução dispõe algumas medidas que encontram paralelo na Resolução 
201 de 2015 do CNJ, razão pela qual não estão sendo realizados maiores 
comentários, uma vez que tais medidas outrora foram abordadas de forma mais 
detalhadas, quando analisada a referida resolução do CNJ. 
 
ATENÇÃO! 
A Justiça Eleitoral não funciona apenas em anos eleitorais, razão pela qual faz 
sentido a previsão do inciso IV do parágrafo 4º do art. 6º da Resolução 23.474/2016 
do TSE. 
 
Há uma diferença do PLS - JE em relação ao Plano de Logística Sustentável 
no âmbito do Poder Judiciário como um todo, trazida pela resolução 201 de 2015 do 
CNJ. 
Nos termos do art. 10 da Resolução 23.474/2016 do TSE, o PLS-JE é 
instrumento vinculado ao planejamento estratégico da Justiça Eleitoral, com 
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objetivos e responsabilidades definidas, ações, metas, prazos de execução, 
mecanismos de monitoramento e avaliação de resultados. O fato permite 
estabelecer e acompanhar práticas de sustentabilidade, racionalização e qualidade, 
que objetivem melhor eficiência do gasto público e da gestão dos processos de 
trabalho, considerando a visão sistêmica da Justiça Eleitoral. 
O Plano de Logística Sustentável será aprovado pela alta Administração do 
Órgão e poderá ser subdividido, diferentemente do PLS do CNJ, a critério de cada 
Órgão, em razão da complexidade de sua estrutura. Deverá, ainda, ser formalizado 
em processo administrativo. 
Este é um conceito importante, que fora cobrado pela banca CESPE na prova 
do TRE de Pernambuco, em 2017. 
O Plano deve ser elaborado e publicado no sítio dos respectivos Tribunais 
Eleitorais, no prazo de 90 dias, contados a partir da publicação da Resolução 
23.474/2016, o que significa que esse prazo já expirou, uma vez que a mesma é de 
19 de abril de 2016. 
No que diz respeito ao relatório de desempenho, viu-se que os resultados 
obtidos a partir da implantação das ações definidas no PLS-JE, deverão ser 
publicados ao final de cada ano no sítio dos respectivos Tribunais Eleitorais, 
apresentando as metas alcançadas e os resultados medidos pelos indicadores. 
O conteúdo mínimo a ser apresentado, inclui a consolidação dos resultados 
alcançados, a evolução do desempenho dos indicadores estratégicos da Justiça 
Eleitoral, com foco socioambiental e econômico, de acordo com o previsto no Anexo 
I da Resolução, bem como a identificação das ações a serem desenvolvidas ou 
modificadas para o ano subsequente. 
Ademais, nos termos do art. 14 da resolução, o PLS-JE deve conter, no 
mínimo: 
 
Quadro 6: Conteúdo mínimo do PLS-JE, conforme o art. 14 
a) Relatório consolidado do inventário de bens e materiais do Tribunal Eleitoral, 
com a identificação dos itens nos quais foram inseridos critérios de 
sustentabilidade por ocasião de sua aquisição; 
b) práticas de sustentabilidade, racionalização e consumo consciente de materiais 
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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
e serviços; 
c) responsabilidades, metodologia de implementação, avaliação do plano e 
monitoramento dos dados; 
d) ações de divulgação, sensibilização e capacitação. 
Fonte: Elaborado pela autora, 2019. 
 
Por fim, há uma Comissão Gestora do PLS da Justiça Eleitoral, sendo certo 
que os Tribunais Eleitorais deverão instituí-las. 
A Comissão Gestora será composta por cinco servidores, designados pela alta 
Administração do Tribunal, sendo um da Unidade ou do Núcleo Socioambiental, um 
da Unidade de Planejamento Estratégico e um da área de Compras ou Aquisições 
do Tribunal Eleitoral, tal qual previsto na Resolução 201 de 2015 do CNJ. 
Esta tem como obrigações elaborar, monitorar, avaliar e revisar o PLS-JE do 
Tribunal Eleitoral, havendo prazo de trinta dias para ser implementado, contados a 
partir da constituição das unidades ou núcleos socioambientais. 
 
 
 
 
 
 
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CAPÍTULO 2 – DOCUMENTOS E INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO 
AMBIENTAL 
 
2.1 Estudo prévio de impacto ambiental e seu respectivo relatório 
 
Primeiramente, temos o conceito de impacto ambiental, previsto na Resolução 
CONAMA 01/86, em seu art. 1º, cuja leitura é indispensável. 
A partir do conceito apresentado pelo referido artigo, temos que está previsto 
no artigo 225, IV, CF/88 que para assegurar o direito ao meio ambiente 
ecologicamente equilibrado o Poder Público deverá “exigir, na forma da lei, para 
instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativadegradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará 
publicidade.” 
No âmbito da legislação infraconstitucional, o artigo 9º, III, da Lei n. 6.938/81, 
contemplou a avaliação de impactos ambientais como um importante instrumento de 
defesa do meio ambiente, mais precisamente através da elaboração do estudo e 
formação de um documento técnico de impactos ambientais (EIA) e seu relatório 
(RIMA). É muito comum a confusão dos estudiosos quanto aos conceitos, os quais 
são distintos e importantes quanto à publicidade, pois na verdade, é o relatório de 
conclusão do EIA para acessibilidade pública, o RIMA, a ser publicado para 
conhecimento da população. Paulo de Bessa Antunes (ANTUNES, 2016, p. 690) 
compreende que “(...) os estudos prévios de impacto ambiental são modalidades de 
avaliação de impactos constitucionais.” 
O art. 1º, III, Resolução CONAMA n. 237/97, traz o conceito legal, muito 
cobrado nas provas, cuja leitura é importante. 
Paulo de Bessa Antunes (ANTUNES, 2016, p. 713) também dispõe quanto à 
publicidade do EIAs e RIMA, tanto por conta de mandamento constitucional, como já 
visto anteriormente, assim como prevê o art. 11, da Resolução do Conselho 
Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) n. 1/86, cuja leitura é indispensável. 
Vale destacar o entendimento jurisprudencial no sentir de que não é viável a 
exigência do EIA para empreendimentos instalados antes da exigência regulamentar 
(STJ, REsp 200501147867, j. 04.08.2008). 
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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
Vale destacar que as conclusões proferidas no EIA não obrigam a 
Administração Pública, pois, o documento simplesmente analisa os impactos que 
podem ser previstos, logo, nada impede que outros impactos sejam previstos pelo 
ente público posteriormente, uma vez que as análises no documento são iniciais, 
logo, o EIA não é vinculante para a Administração, não sendo capaz de impor uma 
obrigação ao Poder Público de conceder a licença ambiental ou não, conforme nos 
ensina Antunes (ANTUNES, 2016). 
Embora seja destinado ao Poder Público, o proponente do projeto quem 
contratará uma equipe técnica multidisciplinar para elaboração, composta por 
biólogos, engenheiros, geólogos, físicos e outros profissionais altamente 
capacitados, cujo objetivo é a realização de um estudo aprofundado, completo e 
detalhado, não sendo, tal equipe, considerada independente do proponente, mas 
também não é dependente, entretanto, embora seja contratada às expensas 
daquele, a equipe deverá ser imparcial. 
 Conforme mencionado no art. 11, da Resolução CONAMA 237/97, a equipe se 
tornará responsável solidária por eventuais omissões ou erros contidos no 
documento de estudos de impactos ambientais e seu respectivo relatório, inclusive, 
eles estarão sujeitos a responsabilidade criminal do tipo previsto na Lei de Crimes 
Ambientais, além de multa aplicável no caso de informação enganosa presente no 
documento (art. 82, Decreto n. 6.514/2008). 
Em relação à lista de empreendimentos que geram a degradação ambiental e 
necessitam do EIA/RIMA, o art. 2º, Resolução 01/86 não é exauriente. Perceba que 
se trata de um rol exemplificativo, isto é, podendo outras atividades, conforme 
previsto em demais atos normativos, necessitarem do estudo de impacto ambiental 
e seu relatório. 
Acaso o órgão ambiental competente para o licenciamento dispense a 
elaboração do EIA/RIMA, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) entendeu no REsp 
1330841/2013 que, por ser uma decisão vinculada, devendo o Poder Público 
exercer seu poder de polícia ambiental, poderá ser reapreciada pelo Poder 
Judiciário, respaldado no Princípio da Inafastabilidade da Jurisdição. 
O relatório de ausência de impacto ambiental (RAIAS) consiste em uma 
espécie de estudo de impacto ambiental (EIA) que conterá as informações relatadas 
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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
por técnicos habilitados quanto à desnecessidade da realização de um EIA/RIMA, já 
que a presunção é relativa (juris tantum) quanto às atividades serem causadoras de 
impacto ambiental, cabendo ao proponente do projeto, no início do procedimento de 
licenciamento ambiental, apresentar o RAIAS, o qual deverá ter o conteúdo mínimo 
do EIA. No Estado de São Paulo, o Relatório Ambiental Preliminar, por força da 
Resolução da Secretaria do Meio Ambiente (SMA) n. 42/94 faz as vezes do RAIAS, 
sendo que, nos termos do art. 3º da referida resolução da SMA, cabe ao proponente 
instruir o pleito de licença ambiental com a solicitação ou dispensa da elaboração do 
EIA/RIMA. 
Outro ponto de extrema importância é a responsabilidade civil do Poder Público 
acaso tenha deferido a licença ambiental e os danos causados pelo empreendedor. 
Quanto à composição, o conteúdo mínimo necessário que deve constar no EIA 
é: 
 
Quadro 7: Conteúdo do EIA 
a. Diagnóstico da área de influência do projeto; 
b. Impactos positivos e impactos negativos; 
c. Medidas mitigadoras dos impactos ambientais; 
d. Medidas de monitoramento; 
e. Viabilidade ou não do empreendimento. 
Fonte: Elaborado pela autora, 2020. 
 
Também, deverá atender às seguintes diretrizes (art. 5º, Resolução CONAMA 
n. 001/86), podendo outras seres adicionadas pelo Instituto Brasileiro do Meio 
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), pelo órgão ambiental 
estadual e pelo municipal, além de atender à legislação, em especial os princípios e 
objetivos expressos na Lei de Política Nacional do Meio Ambiente: 
 
Quadro 8: Diretrizes do art. 5º, Resolução CONAMA n. 001/86: 
a) Contemplar todas as alternativas tecnológicas e de localização de projeto, 
confrontando-as com a hipótese de não execução do projeto; 
b) Identificar e avaliar sistematicamente os impactos ambientais gerados nas 
fases de implantação e operação da atividade; 
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c) Definir os limites da área geográfica a ser direta ou indiretamente afetada 
pelos impactos, denominada área de influência do projeto, considerando, em 
todos os casos, a bacia hidrográfica na qual se localiza; 
d) Considerar os planos e programas governamentais, propostos e em 
implantação na área de influência do projeto, e sua compatibilidade. 
Fonte: Elaborado pela autora, 2020. 
 
2.2 Audiências Públicas 
 
A Resolução CONAMA n. 09/87 prevê a possibilidade da realização de 
audiência pública no processo de licenciamento ambiental, em seu artigo 1º, temos 
que a Audiência Pública tem por finalidade expor aos interessados o conteúdo do 
produto em análise e do seu referido RIMA, dirimindo dúvidas e recolhendo dos 
presentes as críticas e sugestões a respeito. Logo, a finalidade principal é garantir 
que a comunidade afetada pelo empreendimento seja ouvida, com base no princípio 
da participação comunitária. 
Será obrigatória, em caso de requerimento, previsto no art. 2º , sendo condição 
de validade da licença ambiental requerida. 
Em que pese o rol de legitimados para a convocação da audiênciapública na 
esfera federal, nada impede que uma lei estadual disponha sobre este assunto, 
alargando o rol. 
No caso de haver solicitação de audiência pública e na hipótese do Órgão 
Estadual não realizá-la, a licença concedida não terá validade. Assim como, “em 
função da localização geográfica dos solicitantes, e da complexidade do tema, 
poderá haver mais de uma audiência pública sobre o mesmo projeto de respectivo 
relatório de impacto ambiental (RIMA) (§ 5º )”. 
 
2.3 Concessão florestal 
 
A concessão florestal é prevista na Lei n.11.284/06, cuja natureza jurídica é de 
uma espécie de concessão administrativa especial de caráter temporário, prevista 
na competência de cada ente federal. É indispensável a realização de licitação na 
modalidade concorrência, consoante previsto na Lei n.8.666/93, cabendo, somente, 
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a participação de pessoa jurídica brasileira. Há a necessidade de um plano aprovado 
pelo órgão licitador do respectivo ente, visando à exploração sustentável, apoiando-
se no Princípio do Desenvolvimento Sustentável. Ao fim do processo de licitação 
pública, é transferido o direito às empresas brasileiras vencedoras para a exploração 
sustentável por parte do ente da federação licitante, conceituada como uma 
“delegação onerosa”, por Celso Antônio Pacheco Fiorillo (FIORILLO, 2015, p. 156), 
“destinado a incrementar o uso dos bens ambientais através da atividade dos 
empreendedores com absoluto respeito às comunidades locais e seus interesses 
econômicos (arts. 4º, II e 6º, da Lei n. 11.284/2006)”, devendo obedecer o preceito 
constitucional do art. 225, §1º, IV, da CF/88, o qual prevê necessariamente a 
elaboração de Estudo de Impacto Ambiental, em decorrência de ser uma atividade 
potencialmente causadora de significativa degradação ambiental. 
Ademais, os recursos financeiros obtidos por meio do pagamento de preços 
(art. 36, I e II, da Lei n. 11.284/2006) da concessão florestal serão destinados aos 
Estados, aos Municípios e ao Fundo Nacional de Desenvolvimento Florestal. 
Foi criado um Fundo Nacional de Desenvolvimento Florestal (FNDF), 
administrado pelo órgão gestor federal, destinado a fomentar o desenvolvimento de 
atividades sustentáveis de base florestal no Brasil e a promover a inovação 
tecnológica do setor. 
Por fim, o art. 44 da referida lei traz as causas de extinção da concessão 
florestal, sendo a leitura obrigatória. 
 
2.4 Zoneamento Ecológico Econômico (ZEE) 
 
Um instrumento importante, previsto na Política Nacional do Meio Ambiente, é 
o zoneamento ambiental. Dentre as espécies de zoneamento, destaca-se o 
Zoneamento Ecológico Econômico (ZEE), disposto no Decreto 4297/02, cujos 
critérios vinculantes objetivam o desenvolvimento sustentável e a proteção 
ambiental. 
 
 
 
 
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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
Quadro 9: Zoneamento Ecológico Econômico 
Zoneamento Ecológico Econômico 
Instrumento de organização do território a ser obrigatoriamente seguido na 
implementação de planos, obras e atividades públicas e privadas; 
Estabelece medidas e padrões de proteção ambiental destinados a assegurar a 
qualidade ambiental dos recursos hídricos e do solo, além da conservação da 
biodiversidade; 
Garante o desenvolvimento sustentável e a melhoria das condições de vida da 
população; 
Deverá observar os princípios da função socioambiental da propriedade, da 
prevenção, da precaução, da responsabilidade, do usuário pagador, da participação 
e do acesso equitativo; 
Art. 13, §2º, NCFlo – Os Estados que não tiverem o ZEE, terão cinco anos para 
elaborar, a partir da data da sua publicação (28.05.2012); 
Decreto 4297/02: 
Art. 2º O ZEE, instrumento de organização do território a ser obrigatoriamente 
seguido na implantação de planos, obras e atividades públicas e privadas, 
estabelece medidas e padrões de proteção ambiental destinados a assegurar a 
qualidade ambiental, dos recursos hídricos e do solo e a conservação da 
biodiversidade, garantindo o desenvolvimento sustentável e a melhoria das 
condições de vida da população. 
Art. 3º O ZEE tem por objetivo geral organizar, de forma vinculada, as decisões dos 
agentes públicos e privados quanto a planos, programas, projetos e atividades que, 
direta ou indiretamente, utilizem recursos naturais, assegurando a plena 
manutenção do capital e dos serviços ambientais dos ecossistemas. 
Parágrafo único. O ZEE, na distribuição espacial das atividades econômicas, levará 
em conta a importância ecológica, as limitações e as fragilidades dos ecossistemas, 
estabelecendo vedações, restrições e alternativas de exploração do território e 
determinando, quando for o caso, inclusive a relocalização de atividades 
incompatíveis com suas diretrizes gerais. 
Fonte: Elaborado pela autora, 2020. 
 
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2.5 Outorga: instrumento da Política Nacional de Recursos Hídricos 
 
Para alcançar o almejado pelo legislador, o Plano Nacional de Recursos 
Hídricos é norteado por instrumentos importantes previstos no artigo 5º da Lei. 
Primeiramente, o dispositivo prevê a instituição de Planos de Recursos 
Hídricos, os quais conterão regras de usos das águas em âmbitos nacional, 
estadual, distrital e municipal, além do regime jurídico da bacia, as prioridades para 
a outorga, planejamento, metas para racionalização, diagnósticos presentes e 
futuros. Serão elaborados por bacia hidrográfica, por Estado e para o País. Em 
âmbito nacional, é competência do Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH) 
aprovar, acompanhar e executar o Plano Nacional, cabendo na esfera estadual, aos 
Comitês de Bacia as mesmas atribuições quanto o Plano Estadual. 
Deverão conter, no mínimo, o diagnóstico na situação atual dos recursos 
hídricos; a análise de alternativas de crescimento demográfico, de evolução das 
atividades produtivas e de modificação dos padrões de ocupação do solo; o balanço 
entre disponibilidades e demandas futuras dos recursos hídricos, em quantidade e 
qualidade, com identificação de conflitos potenciais; as metas de racionalização de 
uso; as medidas a serem tomadas, programas a serem desenvolvidos e projetos a 
serem implantados, para o atendimento das metas previstas; a prioridade para 
outorga de direitos de uso de recursos hídricos; as diretrizes e os critérios para a 
cobrança pelo uso dos recursos hídricos e; as propostas para a criação de áreas 
sujeitas a restrição de uso, com vistas à proteção dos recursos hídricos. 
No inciso II, “o enquadramento dos corpos de água em classes, segundo os 
usos preponderantes da água”, tema a ser melhor tratado pela Resolução CONAMA 
n. 357/05, a qual dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes 
ambientais para seu enquadramento, considerando que a água integra as 
preocupações do desenvolvimento sustentável, baseado nos princípios da função 
ecológica da propriedade, da prevenção, da precaução, do poluidor-pagador,do 
usuário pagador e da integração, bem como no reconhecimento de valor intrínseco à 
natureza. Também, encontra-se regulamentado na Resolução do Conselho Nacional 
de Recursos Hídricos (CNRH) n. 12/00. Vale mencionar que nas águas federais, o 
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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
enquadramento de corpos de água cabe à União, consoante prevê a Resolução do 
CNRH, restando aos entes estaduais classificá-los em suas águas. 
Muito importante é quanto à outorga dos direitos de uso de recursos hídricos, 
assegurando o controle quantitativo e qualitativo dos usos de água e o efetivo 
exercício dos direitos de acesso à água. Outra norma que dispõe sobre o assunto é 
a Resolução CONAMA 16/2001, a qual aborda sobre a autorização administrativa. 
Como menciona a Resolução CONAMA pertinente, toda outorga possui prazo 
determinado, sendo de até 35 anos, prorrogáveis neste lapso temporal. Também, 
toda outorga é onerosa, não havendo, desta feita, outorga gratuita, inclusive 
concedida para a emissão de esgotos, captação de águas e perfuração de poços. 
Já quanto ao previsto na Lei n. 9.433/97, o artigo 13 dispõe que “toda outorga 
estará condicionada às prioridades de uso estabelecidas nos Planos de Recursos 
Hídricos e deverá respeitar a classe em que o corpo de água estiver enquadrado e a 
manutenção de condições adequadas ao transporte aquaviário, quando for o caso.” 
Em alguns casos, a Lei dispensa a concessão da outorga (art.12), quanto às 
utilizações insignificantes, que estarão previstas no Plano da Bacia Hidrográfica e; 
aos pequenos núcleos populacionais no âmbito rural. 
Perceba que a simples concessão da outorga não significa que o outorgado 
possuirá direito adquirido, podendo ser suspensa ou cancelada no caso de 
descumprimento das condicionantes; em caso de calamidade pública; quando 
ocorrer a caducidade, no caso do outorgado deixar de utilizá-la por mais de três 
anos consecutivos; quando ocorrer a necessidade de prevenir ou reprimir 
calamidade ambiental, além do uso prioritário, inexistindo outra fonte e para a 
manutenção da navegabilidade do corpo d’água. 
Por último, há a possibilidade da Agência Nacional de Águas (ANA) conceder 
outorga preventiva, com a finalidade de declarar disponibilidade de água para os fins 
pretendidos, dentre os quais não se enquadra o uso de recursos hídricos, mas se 
destina a reservar a vazão passível de outorga, possibilitando, aos investidores, o 
planejamento de empreendimentos que necessitem desses recursos. 
Outros instrumentos que o artigo 5º, da Lei n.9.433/97 prevê são a 
compensação a municípios, o sistema de informações de recursos hídricos e a 
cobrança pelo uso dos recursos hídricos. 
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Destaque vale para o instrumento que repercute na cobrança pelo uso dos 
recursos hídricos, visto que o fato de a água ser considerada bem inalienável, como 
mencionou o Superior Tribunal de Justiça (STJ) no julgado citado alhures, bem 
público de uso comum dotado de economicidade, nada impede que a Administração 
Pública de cada ente, por meio do órgão responsável pela outorga, cobre um valor 
pela sua utilização, fato fundamentado no Princípio do Usuário-pagador, disposto no 
artigo 19 da Lei. 
Os valores arrecadados serão destinados prioritariamente na bacia hidrográfica 
em que foram gerados e serão utilizados no financiamento de estudos, programas, 
projetos e obras incluídos nos Planos de Recursos Hídricos, bem como no 
pagamento de despesas de implantação e custeio administrativo dos órgãos e 
entidades integrantes do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. 
 
2.6 Instrumentos no ambiente urbano: princípio da função socioambiental da 
propriedade urbana 
 
Decorre do princípio da função socioambiental da propriedade urbana, 
expresso no art. 182, da CF/88, cuja leitura é de extrema importância. 
Tal dispositivo constitucional está compatível com o art. 5º, da Lei n. 
10.257/2001, a qual institui o Estatuto da Cidade. 
Importante saber que para fins de conceito do Estatuto da Cidade, imóvel 
subutilizado é aquele cujo aproveitamento é inferior ao mínimo definido no plano 
diretor ou em legislação dela decorrente. 
No mais, em caso de descumprimento das condições e dos prazos previstos no 
artigo 5º, o município procederá à aplicação do imposto sobre a propriedade predial 
e territorial urbana (IPTU) progressivo no tempo, mediante a majoração da alíquota 
pelo prazo de cinco anos consecutivos. Trata-se de uma característica extrafiscal do 
tributo, isto é, sua função não é arrecadatória, mas sim, de implementar uma política 
pública. 
O Estatuto da Cidade também prevê a possibilidade do instrumento de 
desapropriação da propriedade. Destacam-se as modalidades de desapropriação, 
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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
previstas no Estatuto da Cidade e em outras normas correlatas, as quais são 
esquematizadas no quadro abaixo: 
 
Quadro 10: Desapropriação para urbanização 
Desapropriação para urbanização 
Desapropriação como sistema de atuação de planos urbanísticos; (Decreto – Lei n. 
3365/41, art.5º: utilidade pública; Lei 4.132/62: interesse público) 
Desapropriação urbanística subsidiária, para os casos em que os particulares não 
atuem de acordo com as previsões do plano ou quando assim o requeiram 
trabalhos de urbanificação em terrenos destinados a futuros núcleos urbanos; 
Desapropriação-sanção, prevista para punir o descumprimento de obrigação ou 
ônus urbanístico imposto ao proprietário de terrenos urbanos. (art. 184, CF/88) 
Fonte: Elaborado pela autora, 2020. 
 
A desapropriação-sanção, prevista no art. 8º, do Estatuto da Cidade, é a mais 
importante para fins de prova de concurso público, sendo sua leitura de extrema 
importância. 
Por fim, o Estatuto da Cidade traz o Plano Diretor como obrigatório em algumas 
circunstâncias além das previstas na Constituição Federal de 1988. Define ser uma 
lei municipal, instrumento básico da política de desenvolvimento e expansão urbana, 
cuja competência é do Chefe do Poder Executivo, devendo englobar o território do 
município, podendo incluir as áreas rurais existentes dentro do perímetro, desde que 
sejam de expansão urbana ou de serviços públicos. 
Ademais, no processo de elaboração do plano diretor e na fiscalização de sua 
implementação, os Poderes Legislativo e Executivo municipais garantirão a 
promoção de audiências públicas e debates com a participação da população e de 
associações representativas dos vários segmentos da comunidade, consoante o 
princípio democrático. 
 
2.7 Instrumentos da Política Nacional de Resíduos Sólidos 
 
Neste ponto, estudaremos a Política Nacional de Resíduos Sólidos, instituída 
pela Lei n. 12.305/2010, assunto muito importante. 
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parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada,seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou 
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
Primeiramente, no art. 6º da referida Lei, constam os princípios do poluidor 
pagador, aquele que polui o meio ambiente deve ser condenado a ressarcir ao seu 
status quo ante da poluição, e do protetor-recebedor, àquele que protege o meio 
ambiente ecologicamente equilibrado deve ser agraciado por meio de benefícios 
fiscais, creditícios e tributários. Além de outros princípios de extrema importância 
que norteiam tal Política Nacional. 
No princípio do protetor-recebedor há um debate interessante a respeito das 
cooperativas de reciclagem, que possuem algumas isenções de tributos federais por 
conta da implementação do desenvolvimento sustentável. Inclusive, há a questão da 
dispensa da licitação pública na Lei n. 8666/93, em seu art. 24, XXVII, configurando 
num benefício para que a contratação de pessoas de baixa renda seja uma 
realidade. 
A lei 12.305/2010 é importante porque todos os diplomas que regulam 
questões do judiciário e da administração pública quanto à implementação de 
noções de sustentabilidade a observam e fazem menção a esta, logo, é 
indispensável que se conheça a legislação em comento, principalmente quanto aos 
pontos essenciais. 
Vale destacar que esta lei não se aplica aos rejeitos radioativos, os quais são 
regulados por legislação própria. 
A legislação que institui a política nacional de resíduos sólidos prevê a 
proibição dos lixões. No entanto, há uma regra de transição que foi postergada até 
2021. Antes do projeto de lei que postergou, havia um prazo de até 4 (quatro) anos 
para extinguir os lixões. Esse lapso temporal de 4 (quatro) anos era muito curto, de 
modo que houve uma prorrogação (projeto de Lei n.425/2014), por um prazo 
máximo de até 2021, para que os lixões sejam extintos e destinar os rejeitos para 
aterros sanitários. 
Há uma diferença entre rejeito e resíduos, que será melhor estudado adiante, 
quanto à disposição e destinação ambiental adequada. 
Em relação à responsabilidade do ente público e do ente privado, tem-se 
algumas distinções. Primeiramente, é dever do poder público e da coletividade, 
preservar o meio ambiente, conforme caput do art. 225, CF/88, cuja leitura é 
imprescindível. 
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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
Quando se fala em desenvolvimento sustentável e sua capacidade norteadora 
sobre a Política Nacional dos Resíduos Sólidos, além da preservação do meio 
ambiente, quando há uma destinação adequada de resíduos e disposição de rejeitos 
e de verificar a viabilidade da reciclagem, deve-se averiguar se o resíduo é dotado 
de valor econômico, uma vez que haverá, também, o desenvolvimento social. A 
inclusão de catadores nas cooperativas e viabilizar a expansão para abarcar os 
resíduos sólidos, corrobora para uma maior empregabilidade, já que a indústria da 
reciclagem vem crescendo de forma exorbitante no Brasil. O incentivo à reciclagem, 
separação de resíduos, quando o poder público cria incentivos fiscais e tributários 
para as cooperativas, estará fomentando a criação de novos empregos, novos 
postos de trabalho, corroborando para a inclusão social. 
No que tange à logística reversa, instrumento da Política Nacional de Resíduos 
Sólidos, esta está fundamentada no princípio do poluidor pagador ou da 
responsabilidade ou do predador. 
Outra interessante disposição diz respeito à implementação de planos de 
resíduos sólidos. Na órbita nacional há o plano de resíduos sólidos, que é criado 
pela União, já os Estados, Municípios e DF podem e devem criar planos, além da 
possibilidade de planos microrregionais serem instituídos também. 
Quando um município, no caso concreto, o de Rio Claro/SP, por exemplo, edita 
uma norma obrigando o comércio local a adotar sacolas biodegradáveis, o STF 
compreende que essa norma municipal está condizente com a política nacional de 
resíduos sólidos e com o plano nacional de resíduos sólidos, que os Estados 
também observam. Vide o entendimento completo no julgamento doAgRg no RE 
729726/SP, rel. Min. Dias Toffoli, 2ª T, j. 06/10/2017. 
De acordo com a lei, há uma ordem de disposição de resíduos a ser 
obedecida. Vide, conforme o quadro 11: 
 
Quadro 11: Ordem de disposição de resíduos 
1º Não geração; 
2º Redução; 
3º Reutilização; 
4º Reciclagem; 
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5º Tratamento; 
6º Disposição final adequada dos rejeitos. 
Fonte: Elaborado pela autora, 2020. 
 
A não geração de resíduos consiste em verificar a necessidade de utilizar um 
objeto como, por exemplo, um copo plástico. Não seria mais ecológico utilizar uma 
caneca de vidro? 
Observa-se que, ao utilizar um copo plástico que será destinado à reciclagem, 
será fomentada a inclusão social dos catadores de resíduos sólidos para reciclagem, 
de maneira que não é algo que será desperdiçado. Há que se considerar a 
possibilidade de utilizar elementos de vidro, garrafas pets retornáveis e afins. Isso, 
portanto, consiste na não geração de resíduos sólidos. Se houver mesmo a 
necessidade de utilizar o copo de plástico, pode-se pensar na redução para uma 
quantidade que satisfaça as necessidades, implementando um consumo consciente. 
Após a redução, há a reutilização, que é o exemplo de garrafas pet que podem 
ser reutilizadas como vasos, bem como a redução do tamanho dos resíduos sólidos 
para facilitar o processo de reciclagem. Após a reutilização do resíduo por várias 
vezes, será feita a destinação do resíduo para a reciclagem. Na reciclagem haverá 
processos físico, biológico, químico, transformando o produto em insumo, 
viabilizando que este seja transformado em outro. 
Por fim, quando não houver mais a possibilidade de destinar a reciclagem, uma 
vez que se esgotaram as possibilidades, haverá o tratamento e, portanto, a 
disposição final adequada dos rejeitos. O resíduo se transforma em rejeito e a 
disposição será para aterros sanitários. 
No que se refere à administração pública como prestadora do serviço dos 
serviços públicos de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos, a 
responsabilidade será pela organização e prestação direta ou indireta desses 
serviços. 
A responsabilidade é compartilhada pela vida do resíduo sólido entre o ente 
público e o ente privado. 
Quando a administração pública atuar de forma direta, fornecendo o serviço 
público, terá responsabilidade direta. Se houver uma autarquia no município de São 
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Paulo que opera de forma direta na limpeza urbana, haverá a responsabilidade da 
administração pública indireta e da administração direta, de forma subsidiária. 
Considerando hipótese de contrato de permissão ou concessão para uma 
pessoa jurídica de direito privado, a administração pública atuará de forma indireta. 
Nesse caso, haverá uma responsabilidade subsidiária

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