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Doação de órgãos no Brasil - Redação corrigida MODELO ENEM

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DOAÇÃO DE ÓRGÃOS NO BRASIL 
A primeira doação de órgãos bem-sucedida ocorreu nos Estados Unidos, em 1954, quando um rim foi transplantado entre dois gêmeos idênticos, caracterizando um grande progresso científico. No Brasil contemporâneo, apesar do avanço nas técnicas, o índice de doações ainda é insuficiente. Nesse sentido, nota-se que tal conjuntura é decorrente de uma questão cultural e da negligência governamental.
Em primeiro plano, faz-se imprescindível salientar que a falta de informação reduz o número de doações de órgãos. Sob a ótica do psiquiatra austríaco Sigmund Freud, tabus são ideias que se enraízam no meio social, como, por exemplo, a dificuldade de falar abertamente sobre a morte, fator que impede a construção de conhecimento acerca de assuntos importantes, como o funcionamento do processo de doação. Nessa perspectiva, é evidente que o consentimento da família – obrigatório para que o procedimento seja efetivado – é impedido pela ausência de democratização da informação quanto, por exemplo, ao significado da morte encefálica, o que suscita dúvidas a respeito do diagnóstico. Além disso, o tabu restringe o diálogo, resultando na escassa discussão sobre essa pauta é pouco frequente entre as pessoas, as quais não comunicam o desejo de ser doador aos familiares.
Ademais, a inobservância estatal agrava o problema. Embora o Brasil seja expoente na doação de órgãos, no cenário da saúde pública poucas são as instituições especializadas na realização de transplantes, as quais, em geral, se restringem aos grandes centros urbanos do país. Nessa lógica, a infraestrutura para doação de órgãos com eficiência e agilidade é precária, carecendo de equipamentos, profissionais especializados bem distribuídos pelo território e aeronaves para o rápido transporte dos órgãos vitais, circunstância que evidencia a negligência do governo, cuja conduta contraria o ideal aristotélico de que política deve ser voltada para o bem comum. Tal falha na capacitação das unidades inviabiliza a doação uma vez que, mesmo quando há consentimento da família, o curto tempo de estabilidade do órgão removido não é respeitado.
Em razão desses aspectos, são fundamentais mudanças para efetivar a frequência de doação de órgãos no Brasil. Primeiramente, é função da mídia democratizar a informação, por intermédio de programas, veiculados na televisão e nas mídias sociais, que informem acerca da morte encefálica e do funcionamento e importância da doação, com o fito de estimular diálogo entre as famílias, para promover o aumento dos índices. Outrossim, cabe ao Ministério da Saúde capacitar o sistema, através da canalização de investimentos para criação de unidades especializadas, instrução dos profissionais e disponibilidade de equipamentos voltados para remoção e transporte dos órgãos. Sendo assim, será possível romper o tabu e fazer com que mais brasileiros sejam beneficiados pelo progresso científico, representado pela doação de órgãos.

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