Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
tutoria 06 BBPM CASO CLÍNICO: Homem, 38 anos, motorista de caminhão da Empresa de Celulose Eldorado Brasil foi admitido na emergência do Hospital Nossa Senhora Auxiliadora (HNSA) de Três Lagoas com quadro de dor abdominal e intensa dor nas costas, com aparecimento de “feridas” na pele, há 2 dias. O paciente relatou que diante de pequenos esforços apresenta crise de dor na coluna vertebral, principalmente nos segmentos torácico e lombar. Também apresentava dor nos espaços intercostais, estendendo até a região do abdome. O médico plantonista avaliou o paciente, sendo palpável um espasmo muscular da região lombar, onde suspeitou de quadro de lombalgia, seguindo com terapia medicamentosa anti-inflamatória e analgésica, por via oral. No dia seguinte, o paciente retornou com piora do quadro clínico, sendo encaminhado ao médico da emergência e houve suspeita de pancreatite, mas acabou sendo liberado, sem a confirmação do diagnóstico. No terceiro dia, o paciente retornou ao HNSA e um médico da Clínica Médica foi chamado a emergência, sendo realizado exame físico minucioso. Foi observado área de erupção vesicobolhosa na região posterior e anterolateral do tronco esquerdo (dorso e abdome), a qual se estendia até o umbigo (Figura 1), sendo finalmente diagnosticado com herpes-zóster. Para a confirmação do diagnóstico clínico foi solicitado o diagnóstico rápido pela pesquisa direta de antibiótico por fluorescência (DFA). Devido ao quadro de imunossupressão, o paciente foi internado para uso de analgésicos mais potentes e terapia antiviral, ambas por via parenteral. Figura 1: Imagem da região anterolateral do paciente, a qual apresenta lesões vesiculadas agrupadas em faixa, que se estendem até o umbigo ESPASMO MUSCULAR - consiste em uma contração involuntária sustentada das fibras musculares em resposta à lesão ou à inflamação. - podem sinalizar lesões ou danos a uma estrutura vertebral subjacente, como as vértebras, discos e ligamentos que conectam as vértebras. - a dor e a rigidez sinalizam que algo está errado e limitam o movimento dos tecidos e estruturas afetados, impedindo a ocorrência de novas lesões. COLUNA VERTEBRAL - formada pelo empilhamento dos ossos vertebrais - composta por 32 ossos: 7 vértebras cervicais, 12 vértebras torácicas, 5 vértebras lombares, 5 vértebras sacrais fundidas sem disco vertebral e 4 vértebras coccígeas - protege a medula espinhal, apresenta funções de suporte, mobilidade, fixação e movimento. - possui discos intervertebrais compostos por um anel fibroso (rico em fibrocartilagem) e um núcleo puposo (de aspecto gelatinoso e responsável pela absorção de choques mecânicos) LORDOSE CERVICAL LORDOSE LOMBAR CIFOSE TORÁCICA CIFOSE SACRAL DOR NOS ESPAÇOS INTERCOSTAIS - espaços intercostais são os espaços existentes entre duas costelas, como existem 12 costelas de cada lado do tórax, existem 11 espaços intercostais. • NEURALGIA INTERCOSTAL - possível causa da sensação de dor nos espaços intercostais. - é uma dor que se estende ao longo dos nervos intercostais, os quais podem ser danificados ou inflamados por diversas causas: um traumatismo, uma infecção, herpes zóster ou algum esforço muscular que provoque uma disfunção dorsal que irá manter um "pinçamento" do nervo intercostal - os nervos intercostais são ramos ventrais dos nervos torácicos localizados entre o segmentos T1 e T11 - os nervos intercostais surgem do sistema nervoso somático, o que lhes permite controlar a contração dos músculos (relacionar com os espasmos sentidos pelo paciente, que são contrações involuntárias), bem como fornecer informações sensoriais específicas sobre a pele e pleura parietais. PRESCRIÇÃO DE ANTI-INFLAMATÓRIO - todos os anti-inflamatórios apresentam três efeitos básicos: antipirético (abaixa a febre), analgésico (combate a dor) e anti-inflamatório (reduz a inflamação) - os anti-inflamatórios são medicamentos sintomáticos, ou seja, capazes de aliviar os sintomas, mas sem tratar diretamente a patologia que os estão provocando • AÇÃO DOS ANTI-INFLAMATÓRIOS - os quadros inflamatórios são resultado de um aumento na produção de uma substância chamada prostaglandina (pertence à família dos eicosanóides, derivados de ácidos graxos oxigenados e insaturados que possuem 20 átomos de C). - prostaglandinas são sinais químicos celulares lipídicos. - a prostaglandina é gerada através da ação de uma enzima chamada ciclooxigenase (COX). - Os anti-inflamatórios agem inibindo a ação dessa enzima COX. Sem COX, há menor produção de prostaglandinas e menos estímulo para ocorrer inflamações. • OBS: ÁCIDOS GRAXOS - são ácidos monocarboxílicos de cadeia normal que apresentam o grupo carboxila (–COOH) ligado a uma longa cadeia alquílica, saturada ou insaturada SUSPEITA DE PANCREATITE • O QUE É PANCREATITE? - inflamação grave do pâncreas que acontece quando as enzimas digestivas (ex: amilase e lipase) produzidas pelo próprio órgão são liberadas em seu interior, promovendo a sua destruição progressiva e levando ao aparecimento de sinais e sintomas como dor abdominal forte, enjoos e vômitos, febre e hipotensão. - a suspeita de pancreatite pode ter sido causada pela forte dor abdominal proveniente dessa. • DIAGNÓSTICO DE PANCREATITE - a confirmação do diagnóstico pode ser feita pela realização de uma tomografia computadorizada ou ressonância magnética abdominal. - nesse caso, o diagnóstico não foi confirmado. HERPES ZÓSTER • O QUE É HERPES ZÓSTER? - doença provocada pela infecção pelo vírus Varicella-Zoster (HHV-3), o mesmo que causa a catapora (varicela). - por mais que sejam causadas pelo mesmo vírus, a herpes zoster e a catapora apresentam sintomas, epidemiologia e complicações distintas. • COMO SURGE O HERPES ZÓSTER? - quando o indivíduo é exposto ao vírus pela primeira vez, geralmente na infância, desenvolve-se a catapora (caracterizada por febre e erupções avermelhadas pelo corpo). - após uma ou duas semanas de sintomas, o sistema imunológico consegue criar anticorpos, de modo a controlar a replicação do vírus e promover seu desaparecimento. - durante a fase inicial da varicela, o vírus invade as terminações nervosas da pele e migra até algumas cadeias de gânglios (corpos de neurônios localizados fora do SNC) localizadas próximo à medula espinhal e ao cérebro, conseguindo, assim, permanecer “escondido” do sistema imunológico por períodos que podem durar décadas. - O paciente, portanto, cura-se da catapora, mas permanece infectado pelo vírus Varicella-Zoster pelo resto da vida. - toda vez que o vírus tenta sair dos gânglios nervosos, o sistema imunológico, que agora possui anticorpos específicos contra o vírus Varicella- Zoster, consegue impedi-lo. Assim, o paciente não apresenta sintomas e nem é capaz de transmitir o vírus para outras pessoas. - o vírus depende de um enfraquecimento imunológico para voltar a se multiplicar. - a reativação do Varicella-Zoster não provoca um novo quadro de catapora, mas sim uma doença diferente, chamada herpes zoster. - quando o vírus reativa-se, ele faz o caminho inverso, viajando do nervo de volta à pele. - quando o paciente apresenta o quadro de herpes zoster, ele torna-se capaz de transmitir o vírus. • SINTOMAS DE HERPES ZÓSTER - na pele, o vírus provoca lesões: múltiplas vesículas avermelhadas (bolhas) -erupção vesicobolhosa apontada no problema-, que restringem-se a uma pequena zona do corpo. Essa zona é justamente aquela inervada pelos nervos em que o vírus estava alojado. IMPORTANTE! - A forma como as lesões do herpes zoster se agrupam, geralmente em “faixa” e nunca ultrapassando a linha média do corpo, é a característica mais importante para o diagnóstico da infecção• COMPORTAMENTO DA LESÃO - Ao longo da medula saem vários plexos de nervos periféricos para todo o corpo, que são responsáveis pela inervação de regiões específicas. Cada região do corpo que recebe um ramo dos nervos oriundos da medula é chamada de dermátomo. - dermátomo: é uma área da pele, em que todos os nervos sensoriais vêm de uma única raiz nervosa - exemplos: 1) se o vírus Varicella-Zoster estiver escondido em gânglios próximos à raiz do nervo à esquerda da vértebra T10, por exemplo, quando houver reativação, ele viajará até a região do umbigo e causará erupções em uma faixa do abdômen que fica à esquerda do umbigo. 2) uma lesão de herpes zoster acometendo a região inervada por T1 e T2. Repare que a lesão é “em faixa” e termina exatamente na metade do corpo, já que apenas um par do nervo costuma transportar o vírus. - o dermátomo acometido pelo herpes zoster costuma apresentar sensação de queimação ou formigamento durante um ou dois dias antes das lesões surgirem. - também são comuns sintomas gerais de virose, tais como febre e mal-estar. - ao contrário da catapora, que aparece apenas uma vez na vida, o herpes zoster pode recidivar sempre que houver uma queda da imunidade do paciente.
Compartilhar