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See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.net/publication/338558018 INOVAÇÃO COM VELOCIDADE: UMA VANTAGEM COMPETITIVA PARA A SUSTENTABILIDADE DA ORGANIZAÇÃO Article · September 2004 CITATIONS 0 READS 168 1 author: Some of the authors of this publication are also working on these related projects: Postgraduate environment and new business creation View project Mauricio Henrique Benedetti Universidade Presbiteriana Mackenzie 27 PUBLICATIONS 54 CITATIONS SEE PROFILE All content following this page was uploaded by Mauricio Henrique Benedetti on 13 January 2020. The user has requested enhancement of the downloaded file. https://www.researchgate.net/publication/338558018_INOVACAO_COM_VELOCIDADE_UMA_VANTAGEM_COMPETITIVA_PARA_A_SUSTENTABILIDADE_DA_ORGANIZACAO?enrichId=rgreq-ee1280494a7b77cceb51344b03f94a3a-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMzODU1ODAxODtBUzo4NDY5NTIzNzk5OTAwMjFAMTU3ODk0MDU5MTk0OQ%3D%3D&el=1_x_2&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/publication/338558018_INOVACAO_COM_VELOCIDADE_UMA_VANTAGEM_COMPETITIVA_PARA_A_SUSTENTABILIDADE_DA_ORGANIZACAO?enrichId=rgreq-ee1280494a7b77cceb51344b03f94a3a-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMzODU1ODAxODtBUzo4NDY5NTIzNzk5OTAwMjFAMTU3ODk0MDU5MTk0OQ%3D%3D&el=1_x_3&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/project/Postgraduate-environment-and-new-business-creation?enrichId=rgreq-ee1280494a7b77cceb51344b03f94a3a-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMzODU1ODAxODtBUzo4NDY5NTIzNzk5OTAwMjFAMTU3ODk0MDU5MTk0OQ%3D%3D&el=1_x_9&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/?enrichId=rgreq-ee1280494a7b77cceb51344b03f94a3a-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMzODU1ODAxODtBUzo4NDY5NTIzNzk5OTAwMjFAMTU3ODk0MDU5MTk0OQ%3D%3D&el=1_x_1&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Mauricio-Benedetti?enrichId=rgreq-ee1280494a7b77cceb51344b03f94a3a-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMzODU1ODAxODtBUzo4NDY5NTIzNzk5OTAwMjFAMTU3ODk0MDU5MTk0OQ%3D%3D&el=1_x_4&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Mauricio-Benedetti?enrichId=rgreq-ee1280494a7b77cceb51344b03f94a3a-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMzODU1ODAxODtBUzo4NDY5NTIzNzk5OTAwMjFAMTU3ODk0MDU5MTk0OQ%3D%3D&el=1_x_5&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/institution/Universidade_Presbiteriana_Mackenzie?enrichId=rgreq-ee1280494a7b77cceb51344b03f94a3a-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMzODU1ODAxODtBUzo4NDY5NTIzNzk5OTAwMjFAMTU3ODk0MDU5MTk0OQ%3D%3D&el=1_x_6&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Mauricio-Benedetti?enrichId=rgreq-ee1280494a7b77cceb51344b03f94a3a-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMzODU1ODAxODtBUzo4NDY5NTIzNzk5OTAwMjFAMTU3ODk0MDU5MTk0OQ%3D%3D&el=1_x_7&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Mauricio-Benedetti?enrichId=rgreq-ee1280494a7b77cceb51344b03f94a3a-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMzODU1ODAxODtBUzo4NDY5NTIzNzk5OTAwMjFAMTU3ODk0MDU5MTk0OQ%3D%3D&el=1_x_10&_esc=publicationCoverPdf 1 INOVAÇÃO COM VELOCIDADE: UMA VANTAGEM COMPETITIVA PARA A SUSTENTABILIDADE DA ORGANIZAÇÃO Autor: Mauricio Henrique Benedetti RESUMO A alta velocidade com que ocorrem as mudanças e o contínuo movimento da concorrência são desafios que deixaram de ser novidade já há algum tempo e que dificultam a organização conquistar uma vantagem competitiva. Se difícil é obter uma vantagem competitiva atualmente, mais árduo ainda é sustentá-la. É necessário antecipar-se à concorrência e manter- se à frente com produtos que sejam essenciais e difíceis de serem copiados. Buscou-se por meio deste ensaio verificar a importância do desenvolvimento de inovações nos processos produtivos para gerar e sustentar uma vantagem competitiva para uma organização. A revisão da literatura mostrou que a construção de uma vantagem competitiva parte da percepção das reais necessidades dos clientes, ou seja, aquilo que lhes representa valor em um produto ou serviço. A partir desta identificação, a organização inicia um processo que envolve todos os indivíduos distribuídos pelos diversos departamentos, que compartilham seus conhecimentos e desenvolvem competências essenciais. Intrínseco a este processo está a necessidade de ter velocidade para transformar as competências em inovações continuamente e entregar algo de valor ao cliente que não é oferecido pela concorrência. Uma vantagem que poderá ser sustentada à medida em que a organização consiga se proteger da ação da concorrência e combine seus recursos tangíveis e intangíveis, integrados por uma estratégia voltada à obtenção de resultados inovadores. Palavras chaves: Vantagem competitiva; inovação; velocidade. INTRODUÇÃO As organizações estão cada vez mais cercadas de desafios impostos pela concorrência e exigência dos consumidores. Procura-se saber o que oferecer ao cliente para que ele tenha a percepção de que está investindo seu dinheiro em algo de valor (Bateman & Snell, 1998; Henderson, 1985). Observa-se as ações dos concorrentes através de seus movimentos que são constantes e não se prendem apenas a uma fonte de vantagem competitiva (Stalk, 1998). A possibilidade de exploração de fontes diversas, não necessariamente em um momento único, mostra que a vantagem competitiva que uma empresa possui não é uma situação estática, mas sim dinâmica. A inércia, apoiada sobre uma vantagem conquistada, permite a ação da concorrência que pode se movimentar para conquistar uma posição que até então não possuía (Porter, 1990). Se difícil é obter uma vantagem competitiva atualmente, mais árduo ainda é sustentá- la. É necessário antecipar-se à concorrência e manter-se à frente com produtos que sejam essenciais e difíceis de serem copiados (Hamel & Prahalad, 1990). Recursos tangíveis e intangíveis precisam ser integrados e alinhados com a estratégia (Wright et al, 2000; Kaplan & Norton, 2001). O movimento progressivo e lento não é suficiente para a empresa sustentar uma vantagem competitiva (Porter,1989). São movimentos rápidos e ousados, em busca de uma inovação mais efetiva que a simples melhoria contínua, que levam a uma vantagem competitiva decisiva (Hamel, 2001). Os concorrentes aceleraram suas ações e a preocupação com o tempo tornou-se vital para a manutenção da liderança (Stalk, 1998). Diante de 2 situações de freqüentes mudanças, a empresa tem que reagir com velocidade e eficiência (Guns, 1998). Atualmente, toma espaço um novo tipo de estrutura organizacional em que há uma interconexão entre os indivíduos por um sistema de rede (Naisbitt, 1998). A organização funciona como uma rede de pequenas unidades de negócios e os departamentos são fornecedores e clientes internos, alinhados com as necessidades do cliente externo (Kelly, 1998). Sendo assim, satisfazer o cliente externo implica em satisfazer os clientes internos em primeiro lugar. Tendo em vista o complexo panorama atual, este ensaio procura verificar a importância de se inovar constantemente e com velocidade para, a partir da satisfação dos clientes internos, oferecer algo de valor aos clientes finais. Como objetivos específicos têm- se: a) identificar como a organização alcança e sustenta uma vantagem competitiva; b) verificar a importância da velocidade em inovações como fonte de vantagem competitiva; c) caracterizar a contribuição do processo desenvolvimento de competências para a inovação. Para tal, realizou-se uma revisão da literatura pertinente ao tema e que permitisse ao final uma reflexão e o desenvolvimento de um quadro sintético que representasse o processo que envolve as ações da organização em busca de uma vantagem competitiva que seja sustentável. REVISÃO DOS PRESSUPOSTOS TEÓRICOS 1 Vantagem Competitiva Na atual economia globalizada onde efeitos de volatilidade repercutem por todo o mundo e em grande velocidade, a busca pela vantagem competitiva torna-se um desafio dinâmico e fundamental para o sucesso das empresas. Os caminhos queas empresas podem utilizar para alcançar e sustentar suas vantagens são diversos e bastante debatidos por muitos autores. Isto pode levar os gerentes a optar por caminhos enganosos e encontrarem falsas vantagens e em conseqüência posicionarem-se em desvantagem a seus concorrentes e não conseguirem a preferência dos clientes. Uma empresa possui uma vantagem competitiva ao oferecer mais aos clientes potenciais por seu dinheiro e ainda assim obter uma maior margem de lucro entre custo de produção e o preço de venda (HENDERSON, 1985). Os clientes darão preferência a comprar produtos desta empresa ao perceberem que seu dinheiro foi investido em algo que lhes é particularmente atraente. Ainda sob uma visão do cliente, a vantagem competitiva de uma empresa está em saber quais são as coisas que têm valor para os consumidores e fazê-las melhor que os concorrentes (BATEMAN & SNELL, 1998). Sob este enfoque, a empresa se concentra não apenas no seu cliente, mas também em como a concorrência atua junto a ele. Se o cliente perceber que o concorrente lhe oferece maior valor pelo seu dinheiro, a empresa não terá uma vantagem competitiva. Os melhores concorrentes, aqueles que estão à frente e são mais bem-sucedidos, ao conquistarem uma vantagem competitiva, não elegem a fonte de vantagem utilizada como única e permanente. Estes concorrentes estão sempre em movimento e em busca de novas vantagens que se originem de fontes diversas (STALK, 1998). Seja qual for o setor em que a empresa atua, a obtenção de uma vantagem competitiva significa entender que uma fonte não é imutável. Esta visão dinâmica é bastante útil ao se falar em ações de inovação, abordada por Porter (1990). O autor defende que uma empresa que inova suas tecnologias e seus processos detém uma vantagem competitiva. 3 A empresa está em condições de atingir a vantagem competitiva se possuir um recurso diferenciado ou capacidade que o concorrente ainda não possui (MATA et al., 1995). Esta é uma visão pela qual a empresa deve se concentrar na captação e no acúmulo de recursos antes que a concorrência o faça. Embora ainda muitos se baseiem em obter a vantagem competitiva por meio de seus recursos tangíveis, os recursos intangíveis, como conhecimento, capacidades e relacionamentos criados pelos empregados, podem representar o diferencial para que uma empresa tenha um desempenho superior ao que teria por meio de investimentos em ativos físicos ou através do acesso ao capital (KAPLAN & NORTON, 2001). Percebe-se através das idéias destes autores, sobre como conseguir a vantagem competitiva, que é útil para a empresa concentrar-se em seus recursos, tendo-se em vista a meta a ser atingida pela empresa e a concorrência. Mata e seus colegas concentram-se na diferenciação dos recursos em relação a concorrência ou também em uma capacidade diferenciada e Kaplan & Norton enfatizam a importância dos recursos intangíveis em relação aos recursos tangíveis. 1.1 Vantagem Competitiva Sustentável O dinamismo da competição neste início de século, leva as empresas a preocuparem-se não apenas em alcançar uma vantagem competitiva, mas também em como sustentá-la. Manter uma vantagem por um longo período torna-se fundamental para a empresa permanecer à frente de seus concorrentes. A vantagem competitiva sustentável garante a uma empresa a condição de posicionar- se acima da média da indústria, obtendo altas taxas de retornos, mesmo em indústrias de rentabilidade média e estrutura desfavorável (PORTER, 1989). Para Hamel & Prahalad (1990), a vantagem competitiva sustentável é o desenvolvimento de produtos essenciais que não podem ser antecipados pela concorrência, e que foram desenvolvidos com custos mais baixos e maior velocidade do que a concorrência. Para estes autores, ter uma vantagem competitiva sustentável é permanecer à frente da concorrência, desenvolvendo produtos de valor aos clientes e obtendo retornos financeiros superiores. Sustentar uma vantagem competitiva, segundo Mata et al. (1995), exige da empresa possuir um recurso ou capacidade exclusiva e de difícil acesso ao concorrente. Na visão de Ghemawat (1986), a sustentabilidade pode estar ancorada na economia do setor, de maneira que a empresa tenha porte no mercado-alvo, acesso superior a recursos ou clientes e exista restrições às opções dos concorrentes. Ocorre então uma análise da acessibilidade dos concorrentes aos recursos que fazem a diferença entre a empresa e a concorrência e as restrições que possam ser impostas à concorrência para evitar a imitação e a perda da vantagem. Para que uma empresa possua uma vantagem competitiva sustentável, é necessário que se tenha uma visão abrangente em que a estratégia se situe no âmago dos sistemas gerenciais, abandonando o foco limitado em apenas perspectivas únicas como finanças, qualidade, clientes, capacidades, processos, pessoas ou sistemas (KAPLAN & NORTON, 2001). Segundo Wright et al. (2000), uma empresa é capaz de sustentar uma vantagem competitiva quando consegue proteger suas estratégias valiosas, a fim de evitar que seus concorrentes possam imitá-las inteiramente, garantindo altos retornos financeiros por um período duradouro. Mais uma vez há uma preocupação em evitar que a concorrência consiga anular a vantagem de uma empresa através da imitação, com maior cuidado dado à estratégia, que deve ser valiosa e ser o centro das atenções da gerência por meio de uma visão integrada por toda a empresa. Porter (1998) diz que uma vantagem conquistada através da inovação do produto, provavelmente poderá ser imitada pela concorrência e que para que ela seja sustentável é necessário atualizá-la, ou seja, sofisticar seus produtos. Nos tempos atuais, a vantagem 4 competitiva está em reinventar os conceitos empresariais recorrendo à ações de inovação que abandonam os conceitos de melhora contínua e linear, adicionando um novo valor para os clientes, impossibilitando a reação dos concorrentes e gerando uma nova riqueza (HAMEL, 2001). 1.2 Fontes de Vantagem Competitiva Encontrar a melhor maneira para se conseguir uma vantagem competitiva fará com que a empresa economize tempo e investimento e, conseqüentemente, usufruir mais rapidamente dos resultados obtidos através desta vantagem. Isto leva à identificação das fontes de vantagem competitiva que a empresa deverá explorar. 1.2.1 Estratégia como fonte de vantagem Duas abordagens clássicas de estratégias são amplamente debatidas na academia: a teoria baseada em recursos (WERNEFELT, 1984; BARNEY, 1995) e a teoria baseada nas atividades dos negócios (PORTER, 1989). Uma outra linha de pensamento sugere que ambas abordagens devem estar integradas na formulação estratégica, tendo em vista a dinâmica dos ambientes, tanto interno como externo, que contextualizam os negócios das organizações (RODRIGUEZ, et al., 2002). Uma maneira de se neutralizar a ação da concorrência e garantir a sustentabilidade da vantagem competitiva é, segundo Ghemawat (1986) limitar as opções do concorrente em imitar a estratégia. O autor acrescenta ainda que utilizar as fontes identificadas para se obter uma vantagem competitiva sustentável, incluindo o porte no mercado-alvo e o acesso preferencial a recursos ou clientes, é o caminho para a empresa manter um desempenho superior por um longo período. Estes três fatores integrados na formulação estratégica ampliam a sustentabilidade. Na visão de Porter (1989), a obtenção da vantagem competitiva sustentável ocorre a partir da escolha de uma estratégia genérica, buscando a liderança em custo, diferenciação ou enfoque. Segundo o mesmo autor, a definição da estratégia genérica é a base para a continuidade e sustentabilidade dos negócios, onde deve-se optar por uma única direção, sendo o meio termo um caminho perigoso e de difícil sucesso. Para Kaplan & Norton (2001), as fontes para se conquistar umavantagem competitiva sustentável são os recursos tangíveis e os recursos intangíveis da empresa, onde a estratégia esteja no âmago dos sistemas gerenciais. A vantagem competitiva sustentada resulta da combinação dos recursos humanos, dos recursos organizacionais e dos recursos físicos que uma empresa possui (WRIGHT et al., 2000). Ao realizar o planejamento estratégico a empresa deve avaliar e gerenciar todos os seus recursos necessários para obter uma vantagem competitiva sustentável. 1.2.2 Competências como fontes de vantagem Segundo Bateman & Snell (1998), para se obter uma vantagem competitiva, é necessário adotar ações administrativas que visem satisfazer as pessoas envolvidas com a empresa, tanto internamente quanto externamente, por meio de competitividade em custos, produtos de alta qualidade, velocidade e inovação. Estes autores dizem ainda que “... a competência essencial em alguma área importante para o sucesso mercadológico” é a base para que se desenvolva a vantagem competitiva (1998:p.129). A vantagem competitiva será alcançada se a empresa souber gerenciar suas atividades e identificar qual delas é a sua competência essencial. 5 As competências essenciais, desenvolvidas com rapidez e baixos custos, podem ser as fontes de vantagem competitiva sustentável. Para manter a competitividade a longo prazo, a empresa deve ser capaz de formar competências essenciais, que gerem produtos essenciais antes que a concorrência seja capaz de fazê-lo. É necessário maior velocidade e menores custos comparando-se com a concorrência (HAMEL & PRAHALAD, 1990). Eles dizem ainda que “as reais fontes de vantagens devem ser encontradas na capacidade da gerência em consolidar tecnologias em âmbito corporativo e nas habilidades de produção em competências que possibilitem negócios individuais para se adaptarem rapidamente às oportunidades”. 1.2.3 Inovação como fonte de vantagem Uma inovação pode levar uma empresa a obter uma vantagem competitiva quando a concorrência demora a reagir, e a sua atualização torna a vantagem sustentável (PORTER, 1990). Inovações revolucionárias oriundas da capacidade de reconceber os modelos empresariais existentes levarão uma empresa a obter uma vantagem competitiva decisiva (HAMEL, 2001). Tanto Hamel quanto Porter apontam que a inovação é uma fonte de vantagem competitiva que a concorrência pode copiar. Porém, Porter enfoca a melhoria constante da inovação para garantir sua sustentabilidade, enquanto Hamel defende uma inovação que foge ao convencional da melhoria contínua. A inovação será melhor discutida mais adiante neste artigo. 1.2.4 Velocidade como fonte de vantagem A velocidade de aprendizagem é enfatizada por Guns (1998), onde ele diz que para se alcançar e sustentar uma vantagem competitiva a organização deve aprender com maior velocidade que a concorrência. A empresa tem que estar preparada para agir rapidamente e com eficiência às mudanças que possam ocorrer, garantido sua permanência à frente dos concorrentes. O tempo é considerado uma fonte de vantagem competitiva em épocas de competição intensa. “As formas como as empresas líderes de mercado gerenciam o tempo – na produção, no desenvolvimento e no lançamento de novos produtos, em vendas e em distribuição – representam as mais poderosas novas fontes de vantagem competitiva” (STALK, 1998). Seja no desenvolvimento de competências essenciais (BATEMAN & SNELL, 1998; HAMEL & PRAHALAD, 1990), ou uma inovação (PORTER, 1990; HAMEL, 2001), no aprendizado (GUNS, 1998) ou nos processos (STALK, 1998) observa-se que uma característica bastante forte para se obter uma vantagem competitiva é a velocidade. As fontes de vantagem competitiva encontram-se nos recursos que a empresa possui, sejam tangíveis ou intangíveis, (KAPLAN & NORTON, 2001; WRIGHT et al., 2000), que estejam protegidos contra a imitação dos concorrentes (GHEMAWAT, 1986; MATA et al., 1995), integrados entre si e alinhados com a estratégia da organização (PORTER, 1989; KAPLAN & NORTON, 2001; WRIGHT et al., 2000). 2 Inovação Durante a década de 1980 e ainda no início dos anos 1990, as organizações estavam envolvidas com os programas voltados à qualidade. Através da melhoria contínua dos processos podia-se chegar aos padrões de qualidade desejados e que diferenciariam os concorrentes. Nesta época, a visão sobre inovação baseava-se em parâmetros menos concentrados na velocidade do que é hoje (WHEELWRIGHT & HAYES,1985). 6 Em 1985, Wheelwright & Hayes creditavam a vantagem competitiva de uma empresa aos processos de fabricação. Organizações que quisessem ser competitivas deveriam investir continuamente em melhorias de processos, visando desta maneira, agregar valor aos produtos existentes e também aos produtos futuros. Grandes modificações não estavam descartadas, mas a ênfase era a melhoria contínua e gradual das tecnologias de processos. A abordagem de Wheelwright & Hayes deu lugar a uma nova visão sobre inovação. Mesmo se concentrando na tarefa e no aperfeiçoamento do processo, Drucker (1987) acrescenta que a partir de um conhecimento existente, uma inovação pode redesenhar um antigo processo, por meio de novos conhecimentos adquiridos. O autor considera a necessidade de processo como uma fonte de inovação, representando assim, oportunidades, as quais devem ser investigadas sistematicamente. A oportunidade baseada em uma necessidade autêntica conduz o lançamento de uma inovação ao sucesso (PERRY, 1993). As necessidades se renovam e obrigam a empresa a um movimento contínuo para que não seja ultrapassada pela concorrência. A liderança não está enraizada em um sucesso único. Permanece na frente dos demais a empresa em que os indivíduos têm capacidade de inovar sempre (PERRY, 1993). Ao inovar, uma empresa está em condições de sustentar o seu crescimento e a sua lucratividade (GAMBIN, 1998). Para que se conceba uma inovação, deve ocorrer um rápido compartilhamento de conhecimento dentro da organização, isto é, uma colaboração, para que as idéias sejam transformadas em algo a ser implantado comercialmente (GAMBIN, 1998). Em 1990, Porter dizia que uma vantagem competitiva conquistada através da inovação somente seria sustentável se houvesse posteriormente melhorias que impossibilitassem a ação da concorrência. Em um curto ou médio prazo, os concorrentes conseguiriam anular uma inovação através de uma outra inovação. Para o autor, a inovação tem um tempo de vida e após este tempo a empresa é ultrapassada por concorrentes agressivos. Em 1998, Porter aponta que as necessidades dos clientes evoluem e exigem mudança rápida e a empresa precisa inovar para oferecer algo diferenciado aos clientes que resulta de “uma nova maneira de se combinar as coisas”. Uma medida mais radical é defendida por Hamel (2001), que aponta a inovação revolucionária como único caminho para se gerar riqueza. Para o autor o mundo hoje não é linear e, portanto, não se pode prender-se a sistemas lineares como a melhoria contínua, por exemplo. As oportunidades são captadas pelos insights dos membros da equipe, que permitirão que haja inovações descontínuas. Hamel (2001) acrescenta ainda que apenas inovações não lineares serão capazes de atender as necessidades dos clientes e vencer a concorrência. Percebe-se pelas afirmações dos autores pesquisados que no mundo competitivo atual não é possível atender as necessidades dos clientes e vencer a concorrência apenas com uma simples evolução ou melhorias contínuas (PERRY, 1993; PORTER, 1998; HAMEL, 2001). As empresas devem se concentrar na continuidade de mudanças rápidas através da inovação (DRUCKER, 1987; PORTER, 1998), a fim de sustentar o crescimento a garantir o ganho financeiro (GAMBIN, 1998; HAMEL, 2001). 3 Cliente Interno A busca pela inovação utilizando os conhecimentos existentes (DRUCKER, 1987) requer pessoas que tenhamcapacidade de inovar sempre (PERRY, 1993). A oportunidade de se inovar está relacionada às necessidades de quem irá usufruir da inovação (PERRY, 1993), sejam estes clientes externos ou internos. Para que o cliente externo perceba a vantagem competitiva da empresa, todos dentro da organização devem ter este cliente como objetivo final (FURLONG, 1994). Empresas em 7 que os departamentos agem isoladamente, como um território político e competindo entre eles, desviam sua visão do cliente externo. Segundo Petite (apud FURLONG, 1994, p.25) “toda organização é simplesmente uma comunidade de clientes em que uns dependem dos outros”. Há então, a necessidade de atender as necessidades dos clientes internos para se chegar satisfatoriamente ao cliente externo. A competição interna, onde os objetivos departamentais não se alinhem ao objetivo da organização, pode levar a disputas internas, onde os mais fracos serão derrotados e o resultado tende a ser produtos com baixa qualidade (KANTER apud FURLONG, 1994). Quando a cadeia de clientes internos não funciona bem, o resultado entregue ao cliente final não terá a eficiência desejada. A identificação dos clientes e fornecedores internos é o primeiro passo para que a cadeia seja eficiente. Segue-se então a identificação de suas necessidades e a satisfação destas necessidades. Para que haja a compreensão da importância e comprometimento dos funcionários com o cliente externo, estes precisam sentir-se como clientes bem atendidos (FURLONG, 1994). Algumas organizações estão optando por trabalhar atualmente com uma estrutura em que os indivíduos estão interconectados como em uma rede (NAISBITT, 1998). A organização funciona como uma rede de pequenas unidades de negócios e os departamentos são fornecedores e clientes internos, alinhados com as necessidades do cliente externo (KELLY, 1998). Para se atingir a satisfação do cliente externo há a necessidade de primeiro satisfazer os clientes internos da organização. Departamentos que se destinam a produção de bens que estão fora da estratégia da organização tendem a ser terceirizados, considerados custos indiretos ou despesas também indiretas (MONTGOMERY, 1998). Avaliar o que deve ou não ser terceirizado inclui uma análise comparativa da competitividade entre a própria empresa e outras que podem fornecer os mesmos produtos ou serviços. Uma terceirização descontrolada pode levar a empresa a tornar-se dependente de seus fornecedores. Para evitar esta dependência, mantém-se atividades consideradas vantajosas ao negócio e que agregam valor diferencial ao cliente final (MONTGOMERY, 1998). Observa-se pelo que os autores pesquisados apresentam, que o foco no cliente externo não deixa de lado as necessidades dos clientes internos da organização (FURLONG, 1994; KELLY, 1998). Uma vez que os clientes internos têm suas necessidades atendidas e seus fornecedores internos entregam produtos ou serviços melhores que opções externas, a empresa pode manter uma vantagem competitiva que será percebida pelo cliente final (MONTGOMERY, 1998; FURLONG, 1994). 4 Competências e Capacidades Quando se fala em competências e capacidades, a distinção entre os dois termos pode gerar interpretações dúbias quanto a sua convergência de significado ou a distinção dos conceitos. Isto foi tema de discussão entre profissionais e teóricos em debate reproduzido na Harvard Business Review, em que se comenta “estar diante da transição entre paradigmas, mas que provavelmente não há muita diferença entre as definições” (FLEURY & FLEURY, 2000, p.18). No “Novo Dicionário da Língua Portuguesa”, Aurélio Buarque de Holanda Ferreira expõe competência como sendo uma capacidade, mais precisamente: “capacidade para resolver qualquer assunto, aptidão, idoneidade” (apud FLEURY & FLEURY, 2000, p.18). Já Ulrich et al. (2000, p.76), utiliza o termo competência implícito no conceito de capacidade: “O termo capacidade dos empregados representa o conjunto de conhecimentos, habilidades, competências e motivações de cada empregado no exercício das suas atribuições”. 8 Conforme constatado por Fleury e Fleury (2000, p.19), os profissionais de Recursos Humanos compartilham um conceito de Parry (1996): “competência é o conjunto de conhecimentos, habilidades, atitudes que afetam a maior parte do trabalho de uma pessoa, e que se relacionam com o desempenho no trabalho; a competência pode ser mensurada, quando comparada com padrões estabelecidos e desenvolvida por meio do treinamento”. Este conceito liga a competência às tarefas referentes ao cargo exercido pelo empregado. Zarifian (1994 apud FLEURY & FLEURY, 2000, P.19) não se prende apenas à qualificação do indivíduo ao conceituar competência: “refere-se à capacidade de a pessoa assumir iniciativas, ir além das atividades prescritas, ser capaz de compreender e dominar novas situações no trabalho, ser responsável e ser reconhecido por isso”. Zarifian acrescenta ainda que a competência do indivíduo inclui a prontidão a responder à situação não prevista e a interação com outras pessoas da organização ou não, através da comunicação e prestação de serviço. Seu conceito é ampliado ao introduzir duas outras dimensões ligadas às mutações no mundo do trabalho, que são a localidade de atuação da organização e a visão estratégica do indivíduo. Fleury & Fleury (2000, p.20), citam ainda o conceito de competência dado por Le Boterf (1994), pelo qual “competência é um saber agir responsável e que é reconhecido pelos outros. Implica saber como mobilizar, integrar e transferir os conhecimentos, recursos e habilidades, num contexto profissional determinado”. A competência deve ser sempre contextualizada. “As competências devem agregar valor econômico para a organização e valor social para o indivíduo”. Sintetizando os conceitos de competência, Fleury & Fleury (2000, p.21) apresentam seu conceito de competência: “Um saber agir responsável e reconhecido, que implica mobilizar, integrar, transferir conhecimentos, recursos, habilidades, que agreguem valor econômico à organização e valor social ao indivíduo”. No âmbito da organização, Ulrich et al. (2000) dizem que uma organização deve possuir capacidades que atendam a seis critérios: proporcionem integração por toda a organização; agreguem valor aos clientes; mantenham a continuidade; sejam exclusivas e de difícil imitação pelos concorrentes; envolvam os empregados; e representem uma identidade para a organização. “As capacidades são a chave da transição entre a formulação da missão, da visão ou dos valores, e a adoção da ação”. Os autores categorizam as capacidades de uma organização em capacidades críticas comuns, como sendo as mais importantes e encontradas com maior freqüência. Essas capacidades críticas são a base para a consecução das metas estratégicas da organização. Uma capacidade torna-se fundamental para uma empresa quando ela é formada por um grupo de recursos para a realização de alguma tarefa ou atividade. Enquanto os recursos são a fonte das capacidades de uma empresa, capacidades são a principal fonte de sua vantagem competitiva (GRANT, 1991). A complexidade de uma capacidade pode surgir de uma única atividade ou da integração de várias atividades. Quanto mais complexa a capacidade desenvolvida, maior será a sustentabilidade de uma vantagem competitiva. Para o autor as capacidades tendem a ser mais duradouras que os recursos em que elas estão baseadas através da habilidade da empresa em manter estas capacidades, mesmo se tratando de recursos individuais que podem ser remanejados ou excluídos. 4.1 Competências Essenciais Alguns autores identificam a base para o sucesso de uma organização em atingir suas metas como sendo as competências essenciais da organização. Zarifian (apud FLEURY & FLEURY, 2000) considera uma competência essencial como a interação entre competências. 9 Estascompetências se referem aos processos de trabalho, conhecimentos específicos sobre o trabalho, organização do trabalho, prestação de serviços e atitudes. Para Fleury & Fleury (2000), chega-se às competências essenciais da organização ao se relacionar as competências desenvolvidas pelos indivíduos, dentro de suas áreas de atuação, com as estratégias do negócio. Uma competência essencial é a raiz de sustentação, alimentação e estabilidade de uma vantagem competitiva (HAMEL & PRAHALAD, 1990). Uma competência essencial potencializa o acesso de uma empresa a uma grande variedade de mercados e contribui para os benefícios que os clientes percebem ao adquirir um produto. Se a competência essencial for “uma complexa harmonização das tecnologias individuais e habilidades de produção”, dificilmente o concorrente conseguirá imitá-la. Estes autores definem competências essenciais como sendo “o aprendizado coletivo na organização, especialmente como coordenar as diversas habilidades de produção e integrar as múltiplas correntes tecnológicas”. “Uma competência essencial é algo que a empresa faz especialmente bem em relação a seus concorrentes... Normalmente, uma competência essencial refere-se mais a um conjunto de habilidades ou experiências em alguma atividade, do que a ativos físicos ou financeiros” (BATEMAN & SNELL, 1998, p.129). Uma competência essencial é uma ou mais atividades da cadeia de valores que uma empresa é capaz de realizar melhor que seu concorrente, criando condições de aumentar o valor entregue aos clientes e acionistas. Envolve a busca por redução de custos e investimento interno. Analisando-se as exposições dos autores pesquisados não se vê claramente uma distinção entre capacidade e competência. Nota-se porém, que há uma tendência em se referir o termo capacidade à organização e o termo competência ao indivíduo. Ao se utilizar o termo competência essencial, o indivíduo deixa de ser o foco, passando à organização. Esta abordagem tem sua relevância se for considerado o conceito de competência relacionado à entrega de algo que é resultado de uma capacidade. Considerando-se que uma competência essencial é algo que distingue uma organização da concorrência e a sua aplicação gera produtos essenciais que serão percebidos pelos clientes, os produtos essenciais, ou outros produtos dos quais os primeiros fazem parte, seriam o resultado entregue pela organização graças a sua competência essencial. Assim sendo, pode-se dizer que as capacidades permeiam toda a organização, as quais podem ser convertidas em competências do indivíduo ou competências essenciais da organização. Esta conversão está baseada em possuir e combinar os recursos necessários para a existência de tais capacidades e que elas se tornem fundamentais para a organização. 5 Processos de aprendizagem Para que o conhecimento organizacional se desenvolva há a necessidade da criação e ampliação do conhecimento individual (NONAKA & TAKEUCHI, 1997). O conhecimento organizacional é resultado não apenas da ampliação dos conhecimentos dos indivíduos, mas também da interação entre eles. Fleury & Fleury (2000) categorizam os processos de aquisição de conhecimentos e desenvolvimento de competências em proativos ou reativos. Estão incluídos nos processos proativos a experimentação e a inovação em busca de novos procedimentos, criando novos conhecimentos, mesmo em situações em que não haja um problema a ser solucionado. Nos processos reativos o novo conhecimento é desenvolvido a partir de uma questão existente, ou observando o que outros já fazem (FLEURY & FLEURY, 2000). As pessoas que trabalham em uma organização possuem sua competência individual e juntas constroem as competências organizacionais. Individualmente ou em grupo, o desenvolvimento a aprimoramento das competências passa pelos processos de aprendizagem individual e em grupo. 10 Para Kim (1996), a aprendizagem individual obedece um ciclo pelo qual uma pessoa adquire uma nova habilidade que será associada às suas experiências anteriores para, após uma reflexão e conclusão, agir. O autor considera a memória do indivíduo um depósito estático de conhecimentos, porém o processo de aprendizagem é algo dinâmico e a produção de novos conhecimentos passa pelos modelos mentais do indivíduo. O conceito de modelo mental foi desenvolvido por Senge (1990) onde “modelos mentais são pressupostos profundamente ‘enraizados’, generalizações ou imagens que temos que influenciam o modo como percebemos o mundo e agimos.” É segundo o modelo mental que o indivíduo interpreta algo novo e armazena a informação, envolvendo suas percepções e experiências passadas. A aprendizagem organizacional obedece um ciclo fechado passando pela aprendizagem individual, os modelos mentais individuais, a memória da organização, a ação da organização reagindo com o ambiente e voltando à aprendizagem individual (KIM, 1996). A eficiência do trabalho em equipe depende de uma sinergia entre os indivíduos que a compõem. Esta sinergia é fundamental também para se desenvolver a aprendizagem em grupo por um processo de alinhamento e desenvolvimento da capacidade em criar objetivos comuns, ao compartilhar talentos individuais que posteriormente serão convertidos talentos da própria equipe (SENGE, 1990). Pessoas que agem conjuntamente estabelecendo uma relação de interdependência entre elas, são consideradas unidades chaves dentro das organizações. Senge (1990) aponta a necessidade de treinamento sistemático, de ações inovadoras e coordenadas, assim como o diálogo e a discussão para que a organização desenvolva a disciplina do aprendizado. Pelo diálogo as pessoas expõem suas idéias e pela discussão encontra-se a solução para um problema que se quer resolver. Pelo aprendizado a organização pode melhorar o seu desempenho (GUNS, 1998). Melhorando o seu desempenho a organização pode conquistar uma vantagem competitiva e fazendo isso com maior velocidade que a concorrência é capaz de sustentá-la. A velocidade de aprendizagem também é enfatizada por Stata (1997), atribuindo o papel de acelerador da aprendizagem na organização ao questionamento objetivo dos problemas, o que possibilita selecionar o que é realmente relevante e não perder tempo com questões de menor importância. Analisando-se os autores pesquisados, verifica-se a importância da aquisição e compartilhamento do conhecimento pelos indivíduos no ambiente organizacional (NONAKA & TAKEUCHI, 1997; FLEURY & FLEURY, 2000), transformando competências individuais em competências organizacionais (FLEURY & FLEURY, 2000). A interação entre as pessoas sustenta o processo de aprendizagem organizacional (FLEURY & FLEURY, 2000; KIM, 1996; SENGE, 1990) que deve ser sistemático e treinado (SENGE, 1990). Quanto maior for a velocidade do processo de aprendizagem da organização, mais eficaz ele será (GUNS, 1998; STATA, 1997) e, sendo mais rápido que a concorrência, sustentará sua vantagem competitiva (GUNS, 1998). 6 Síntese da Análise A seguir apresenta-se graficamente (Figura 1) uma síntese interpretativa do que se levantou na literatura. Observou-se que a construção de uma vantagem competitiva sustentável parte da percepção das reais necessidades dos clientes, ou seja, aquilo que lhes representa valor em um produto ou serviço. A partir desta identificação, a organização inicia um processo que envolve todos os indivíduos distribuídos pelos diversos departamentos, que compartilham seus conhecimentos e desenvolvem competências essenciais. Intrínseco a este processo está a necessidade de ter velocidade para transformar as competências em inovações continuamente e entregar algo de valor ao cliente que não é oferecido pela concorrência. 11 Figura 1: O processo de conquista de uma vantagem competitivaCONCLUSÕES E SUGESTÕES Buscou-se por meio deste ensaio verificar a importância do desenvolvimento de inova- ções nos processos produtivos para gerar e sustentar uma vantagem competitiva para uma organização. A revisão da literatura apontou que a organização que deseja uma vantagem competitiva necessita identificar o que representa valor aos seus clientes e fazê-lo melhor que seus concorrentes, conseguindo destacar-se na fabricação e entrega de seus produtos. Uma vantagem que poderá ser sustentada à medida em que a organização consiga se proteger da ação da concorrência e ofereça algo de valor para seus clientes, algo que é resultado da combinação de seus recursos tangíveis e intangíveis, integrados por uma estratégia voltada à obtenção de resultados inovadores. Destacaram-se alguns pontos a serem considerados na sustentabilidade de uma vantagem competitiva como a exclusividade, a atenção às ações da concorrência e a identificação das reais necessidades dos clientes. É buscar algo inovador com baixo custo que possa gerar retorno financeiro, de difícil imitação e ter velocidade para agir antes da concorrência. Conhecimento organizacional Competências Produz e entrega Produtos ou Serviços Valor Cliente Inovação Velocidade Competência essencial Conhecimento individual 12 Nota-se que para a organização obter e sustentar uma vantagem competitiva é fundamental identificar e explorar as fontes desta vantagem. A literatura revelou que uma fonte vital para a conquista de uma vantagem competitiva é a velocidade em relação aos concorrentes, com que uma organização desenvolve sua competência essencial, através do aprendizado e inovação, combinando seus recursos e sustentando sua estratégia. Associada à velocidade de ação, observou-se a necessidade da capacidade em inovar, que sejam produtos ou processos, e não permitir que a concorrência seja capaz de imitá-la. São inovações rápidas e contínuas e que dependem da ampliação e interação do conhecimento dos indivíduos em algo maior que passa a ser organizacional. As inovações são resultado dos insights dos membros da equipe que conhecem e desejam satisfazer as necessidades dos clientes, começando pelos próprios clientes internos. Para isso são necessários departamentos que atuem de maneira integrada e deixem de lado a disputa pelo poder dentro da organização. Entregar produtos de valor ao cliente final e com a eficiência desejada exige que a cadeia de clientes internos funcione bem, ou seja, a inovação não deve estar presente apenas no produto final, mas em todo o processo. Para que a inovação se espalhe por entre os departamentos é importante o desenvolvi- mento de capacidades e competências. A capacidade é a interação entre os recursos disponíveis e as habilidades, conhecimentos e aptidões que os membros da organização possuem e permeiam toda a organização e que, se utilizados em conjunto, podem gerar um resultado perceptível pelo cliente. Uma competência é um saber agir responsável que é aprendido, desenvolvido e transferido pelos membros da organização, pondo em prática uma ou mais capacidades, gerando um resultado perceptível e desejado pelo cliente e que é entregue a ele. A identificação da competência essencial da organização possibilita a obtenção de um produto ou serviço desejado pelo cliente e não oferecido pela concorrência, que levará a uma vantagem competitiva sustentável. Sem dúvida, este ensaio tem suas limitações e está longe de esgotar as discussões das relações entre a velocidade nas inovações e a sustentabilidade de uma vantagem competitiva. Contudo, abre-se espaço para uma discussão mais profunda a partir de verificações empíricas que possam expandir as idéias e contribuições aqui apresentadas. Espera-se que a leitura tenha favorecido ou favoreça o surgimento de insights que levem a novas investigações contribuin- do tanto para a área acadêmica como empresarial. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARNEY, Jay B. Looking inside for competitive advantage. Academy of Management Executive. V.9, n.4, p.49-61. Ada: novembro, 1995. BATEMAN, Thomas S.; SNELL, Scott A. Administração. Construindo vantagem competitiva. São Paulo: Atlas, 1998. 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