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Biomecânica Interna Mecânica dos Tecidos - Ossos, Cartilagens e Articulações Francisco Xavier de Araujo Biomecânica e Cinesiologia Propriedades Mecânicas dos Tecidos do Corpo • Ossos, tendões, ligamentos e músculos são algumas das estruturas básicas que compõem o corpo humano. Para os biomecânicos, as propriedades mecânicas desses tecidos são as mais importantes; • Em geral, ao analisar as propriedades mecânicas dessas estruturas, diferenciamos as forças externas que são aplicadas a elas e as relacionamos com sua deformação resultante. A capacidade de uma estrutura em resistir à deformação depende de sua organização material e forma geral. Propriedades Mecânicas dos Tecidos do Corpo • As forças externas que agem sobre o organismo afetam os movimentos do corpo inteiro. Elas também impõem cargas que afetam as estruturas internas do corpo: cartilagens, tendões, ligamentos, ossos e músculos; • Uma compreensão das propriedades mecânicas dessas estruturas é importante para prevenir e avaliar as causas das lesões. Propriedades Mecânicas dos Tecidos do Corpo • O sistema musculoesquelético pode ser submetido à diferentes tipos de estresse / cargas mecânicas. Compressão Tração Cisalhamento Propriedades Mecânicas dos Tecidos do Corpo • O sistema musculoesquelético pode ser submetido à diferentes tipos de estresse / cargas mecânicas. FlexãoTorção Propriedades Mecânicas dos Tecidos do Corpo Tração Propriedades Mecânicas dos Tecidos do Corpo Compressão Deformação • Os objetos se deformam quando são submetidos à ação de forças externas. Essas deformações podem ser grandes ou pequenas, dependendo da natureza do material e da tensão envolvida; • Deformação é a quantificação da mudança das dimensões do material; • Quando o carregamento de um objeto causa tração ou compressão dentro de um objeto, algumas mudanças no comprimento acompanham essa tensão. Essa deformação pode ser medida em termos absolutos que descrevem a mudança do comprimento como resultado do carregamento – por exemplo, um elástico alongado 10 cm ou um disco intervertebral comprimido 2 cm. Deformação • Quanta tensão pode um disco intervertebral suportar antes de se romper? • Até que ponto um osso pode ser fletido? • Quanta energia um ligamento pode absorver antes de se romper? • Até que ponto um tendão pode se alongar antes de o alongamento se tornar permanente? • Todas essas questões estão relacionadas com a maneira como os materiais respondem às forças. A relação entre a tensão e a deformação pode explicar o comportamento de um material sob carga. Tensão x Deformação • A força aplicada para deformar uma estrutura e a deformação resultante são conhecidas como tensão e deformação; • Os valores da tensão e da deformação são medidos por meio de um aparelho que pode aplicar tensão (força de tração) ou compressão (força de impulsão) na estrutura; • O gráfico que relaciona tensão com deformação é a curva de tensão-deformação de uma estrutura. Pode-se fazer uma análise de tensão-deformação para verificar como um material muda com o passar do tempo, como materiais reagem a diferentes aplicações de força e como um material reage à ausência da aplicação cotidiana de tensão. Tensão x Deformação • Diversos pontos-chave dessa curva são importantes para a função básica da estrutura. Nessa curva, a inclinação de sua parte linear é o módulo elástico, ou a rigidez do material; • Com a aplicação de maior força à estrutura, a inclinação da curva acaba diminuindo. Nesse ponto, diz-se que a estrutura cedeu ou a l c a n ç o u s e u p o n t o d e escoamento; • Até o ponto de escoamento, diz-se que a estrutura se encontra na região elástica. Se o material ainda estiver nessa região quando a tensão for removida, ele retornará a seu comprimento original sem que ocorra dano estrutural. • Depois do ponto de escoamento, os componentes moleculares do material ficam permanentemente deslocados entre si; e se a força aplicada for removida, ele não retornará ao seu comprimento original; • A diferença entre o comprimento o r i g i n a l d o m a t e r i a l e o c o m p r i m e n t o ( e m re p o u s o ) resultante da tensão na região plástica é a deformação residual; • Depois do ponto de escoamento, temos a região plástica. Se a força aplicada persistir além da região plástica, irá ocorrer ruptura da estrutura e, nesse ponto, a deformação rapidamente cai a zero. • Nas atividades funcionais normais, a tensão aplicada não causará uma deformação que chegue até o ponto de escoamento; • Quando estruturas são projetadas por um engenheiro, o profissional considera um fator de segurança ao determinar a relação tensão-deformação da estrutura. Em geral, o fator de segurança se situa na faixa de 5 a 10 vezes a tensão que normalmente seria aplicada à estrutura. Isto é, a força aplicada para alcançar o ponto de escoamento é significativamente maior do que a força geralmente aplicada nas atividades cotidianas; • É evidente que materiais e estruturas biológicos devem ter um fator de segurança significativamente grande. As tensões aplicadas a uma estrutura biológica nas atividades cotidianas são muito menores do que essa estrutura pode enfrentar. Tipos de Materiais • Essas estruturas têm propriedades não lineares ou viscosas, em combinação com propriedades elásticas lineares; • Como resultado da combinação dessas propriedades, a magnitude da tensão passa a depender da velocidade de aplicação da carga, ou da rapidez com que a carga é aplicada; • Os materiais biológicos, como tendões e ligamentos, exibem certo grau de viscoelasticidade. Viscoelásticos Tipos de Materiais • Em uma curva de tensão-deformação desse tipo de material, também se aplicam os termos rigidez, ponto de escoamento e ponto de ruptura; • As regiões elástica e plástica são definidas de maneira similar às do material elástico, mas, ao contrário do que ocorre nas estruturas elásticas, a rigidez tem valores variados que podem ser determinados pelo ponto onde foi feito o cálculo na curva; • Além disso, em um material viscoelástico, a energia mecânica armazenada não retorna completamente após a remoção da carga aplicada. Viscoelásticos Tipos de Materiais Viscoelásticos • A rigidez designada por E1 é inferior à referente ao ponto E2. Em E3, no entanto, a rigidez é com certeza inferior à de E2. Tipos de Materiais Características Biomecânicas dos Ossos • O osso deve ser capaz de resistir simultaneamente a diversas forças aplicadas. Em uma posição estática, o osso resiste à força da gravidade, sustenta o peso do corpo e absorve a atividade muscular produzida para manter a postura estática. Em um modo dinâmico (p. ex., uma corrida), as forças são várias vezes ampliadas e se tornam multidirecionais; • Trata-se do material mais forte e rígido do sistema musculoesquelético. O osso cortical é encontrado nas camadas externas densas e rígidas dos ossos. Já o osso esponjoso ou trabecular, menos denso, é um osso poroso e de aparência esponjosa encontrado na parte mais interna do osso cortical, próximo às extremidades dos ossos longos. Características Biomecânicas dos Ossos Características Biomecânicas dos Ossos Características Biomecânicas dos Ossos • Sustentação • Locais de inserção tendínea • Alavancas • Proteção • Produção de células sanguíneas Funções dos Ossos Características Biomecânicas dos Ossos Características Biomecânicas dos Ossos • Os valores para o módulo de elasticidade, tensão de escoamento, tensão máxima, tensão de ruptura e deformação de ruptura do osso cortical variam entre os diferentes ossos e de acordo com o ponto escolhido em um mesmo osso. Além disso, os valores dessas propriedades podem mudar com a idade. A porosidade desse tecido determina sobretudo a sua força e rigidez. • Outro fator que afeta a resistência mecânica e a rigidez é a taxade aplicação da carga. O osso é mais resistente e rígido quando a carga é aplicada com rapidez, mas mais fraco e menos rígido quando ela é aplicada com lentidão; • Assim, a carga aplicada de forma lenta através de uma articulação pode resultar em uma fratura por avulsão, enquanto uma mesma carga aplicada rapidamente irá romper o ligamento; • Os ossos são fortes em compressão e fracos em cisalhamento. Características Biomecânicas dos Ossos • Hipertrofia • Atrofia • Tríade da Mulher atleta • Osteoporose Resposta Óssea ao Estresse Biomecânica das Fraturas Exemplos de Lesões e Possíveis Cargas Mecânicas Causadoras Características Biomecânicas das Cartilagens • Existem três tipos diferentes de cartilagem: a hialina, a fibrosa e a elástica; • A primeira, também chamada de cartilagem articular, é aquela que cobre as extremidades dos ossos longos nas articulações; • A segunda (fibrocartilagem) é encontrada dentro de algumas cavidades articulares (menisco do joelho), nos discos intervertebrais (anel fibroso), nas bordas de algumas cavidades articulares e nas inserções dos tendões e ligamentos junto aos ossos; • Já a terceira é encontrada na orelha externa e em vários outros órgãos que não fazem parte do sistema musculoesquelético; • A cartilagem é capaz de suportar compressão, tração e cargas de cisalhamento. Características Biomecânicas das Cartilagens • A cartilagem não possui irrigação sanguínea nem inervação, sendo nutrida pelo líquido intra-articular; • A cartilagem articular é anisotrópica, tendo diferentes propriedades materiais para diferentes orientações com relação à superfície articular; • As propriedades da cartilagem a tornam bastante apropriada para resistir às forças de cisalhamento; • A cartilagem deforma instantaneamente a uma carga baixa ou moderada e, se for submetida a uma carga rápida, se tornará mais rígida e deformará durante um período mais prolongado; • A distribuição das forças pela área na articulação determina a carga incidente na cartilagem, e a distribuição da força depende da espessura da cartilagem. Características Biomecânicas das Cartilagens Características Biomecânicas das Cartilagens • A cartilagem é importante para estabilidade e funcionamento de uma articulação, porque esse tecido distribui as cargas pela superfície e reduz pela metade as forças de contato; • As fibras de colágeno estão arranjadas de modo a suportar a aplicação das cargas. No joelho, o menisco medial transmite 50% da carga de compressão. A remoção mesmo de uma pequena parte da cartilagem pode aumentar a força de contato em até 350%; • A cartilagem tem 1 a 7 mm de espessura, dependendo da carga e da incongruência das superfícies articulares. Por exemplo, nas articulações talocrural e do cotovelo, a cartilagem é muito delgada, enquanto nas articulações do quadril e do joelho, a cartilagem é espessa; • Uma das cartilagens mais espessas no corpo, com aproximadamente 5 mm, se situa na parte inferior da patela. Características Biomecânicas dos Ligamentos • Os ligamentos exibem comportamento viscoelástico, o que ajuda a controlar a dissipação da energia e o potencial para lesão; • A tensão máxima que um ligamento pode suportar está relacionada com sua área de secção transversal; • As fibras de colágeno num ligamento estão arranjadas de tal modo que o ligamento pode lidar tanto com cargas tensivas como com cargas de cisalhamento; contudo, essa estrutura está mais preparada para cargas tensivas. Características Biomecânicas dos Ligamentos • As fibras de colágeno dos ligamentos, quando não submetidas à carga, exibem uma configuração ondulada ou pregueada; • Em condições de baixas cargas, as pregas nas fibras de colágeno do ligamento desaparecem. Nesse ponto, o ligamento se comporta de forma praticamente linear, com deformações que são relativamente pequenas e dentro do limite fisiológico; • Em cargas maiores, o ligamento sofre ruptura parcial ou completa. Geralmente, quando uma carga tensiva é aplicada com muita rapidez a uma articulação, é mais provável que o ligamento se rompa, e não o osso na inserção do ligamento. Tipos de Articulações Pouco ou nenhum movimento Articulações móveis Movimento limitado Dobradiça Umeroulnar Interfalangeana Pivô Radioulnar prox. Atlantoaxial Elipsóide Radiocárpica Plana Carpometacárpica Intercárpica Sela Carpometacárpica do polegar Condilóide Metacarpofalangeana Tibiofemoral As articulações do tipo Diartrose possuem capacidade de movimentar-se; A capacidade do corpo de transformar o movimento angular de uma articulação em movimento translacional eficiente dos segmentos do corpo envolve os graus de liberdade do movimento; Os graus de liberdade equivalem ao número de planos em que a articulação se movimenta. Dado que o corpo e seus segmentos se movem em três planos de movimento, os graus de liberdade são, no máximo, três. Osteocinemáticos ou Fisiológicos Artrocinemáticos ou Acessórios A osteocinemática se preocupa com os movimentos das partes ósseas ou dos segmentos que compõem uma articulação. A artrocinemática foca especificamente nos movimento mínimos dentro de uma articulação e entre as superfícies articulares. Movimentos Articulares Osteocinemáticos ou Fisiológicos Artrocinemáticos ou Acessórios Osteocinemáticos ou Fisiológicos Artrocinemáticos ou Acessórios Regra - Côncavo X Convexo Quando uma superfície convexa se move sobre uma superfície côncava ocorre um rolamento para o mesmo lado do movimento angular (movimento do osso) mas um deslizamento para o lado oposto; Já quando uma superfície côncava se move sobre uma superfície convexa, ocorre tanto um rolamento como deslizamento para o mesmo sentido do movimento angular. Movimento a partir de uma superfície convexa Rolamento no mesmo sentido e deslizamento no sentido oposto do movimento angular Movimento a partir de uma superfície côncava Rolamento e deslizamento no mesmo sentido movimento angular Considerações sobre o tipo de Cadeia Cinética
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