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] É uma ação preventiva que permite identificar, em tempo oportuno, distúrbios e doenças congênitas, e realizar acompanhamento e tratamento para diminuir ou eliminar os danos associados a eles. Programa Nacional de Triagem Neonatal (PNTN): Teste do pezinho Teste do coraçãozinho Teste do olhinho Teste da orelhinha *** Teste da linguinha (NÃO É OBRIGATÓRIO) TESTE DO PEZINHO Chamado também de Triagem Neonatal Biológica Primeiro teste instituído pelo PNTN em 2001 Coleta de sangue em papel filtro por punção do calcanhar Deve ser colhido entre 3º -5º dias de vida (máximo 28 dias) Objetivo: identificar precocemente indivíduos com doenças metabólicas, genéticas, enzimáticas e endocrinológicas, para que estes possam ser tratados em tempo oportuno, evitando as sequelas e até mesmo a morte. É um teste de triagem, não de confirmação diagnóstica (alta sensibilidade) Existe o teste básico (SUS) e versões ampliadas (particulares) Doenças detectadas no teste básico (SUS): • Fenilcetonúria • Hipotireoidismo congênito • Fibrose cística • Doença falciforme e outras hemoglobinopatias O procedimento de triagem deve ser capaz de alterar a história natural da doença em uma parcela significativa da população elegível. A partir da identificação por testes específicos, pode-se iniciar o tratamento adequado visando minimizar riscos ou complicações advindas da condição identificada. • Hiperplasia adrenal congênita • Deficiência de biotinidase. ** março/2020: MS incluiu pesquisa de toxoplasmose congênita no teste do SUS (ainda não disponível na Bahia - APAE) ** Aprovado recentemente pelo senado teste do pezinho ampliado pelo SUS (ainda não está em vigor) FENILCETONÚRIA (PKU) *Erro inato do metabolismo - deficiência da enzima Fenilalanina Hidroxilase *Leva ao acúmulo do aminoácido Fenilalanina no sangue e excreção dos seus metabólicos na urina. *Sem diagnóstico e tratamento precoces (antes dos 3 meses de vida), a criança afetada apresenta atraso global do desenvolvimento neuropsicomotor (DNPM), deficiência mental, convulsões, dentre outros sintomas neurológicos. *O tratamento consiste basicamente em uma dieta com baixo teor de fenilalanina HIPOTIREOIDISMO CONGÊNITO *Incapacidade da glândula tireoide do RN produzir quantidades adequadas de hormônios tireoideanos - redução generalizada dos processos metabólicos *Se não tratadas precocemente, terão o crescimento e desenvolvimento mental comprometidos. *Se tratamento precoce estabelecida criança não deverá apresentar sintomatologia clínica. FIBROSE CÍSTICA OU MUCOVISCIDOSE *Doença hereditária grave, afeta especialmente os pulmões e o pâncreas, num processo obstrutivo causado pelo aumento da viscosidade do muco. *Triagem: análise dos níveis da tripsina imunorreativa (IRT). *O exame confirmatório dos casos suspeitos é a dosagem de cloretos no suor “Teste de Suor” *Tratamento: enzimas pancreáticas, suplementação vitamínica e fisioterapia respiratória. DOENÇA FALCIFORME E OUTRAS HEMOGLOBINOPATIAS *A Doença Falciforme (DF) - defeito na estrutura da cadeia beta da hemoglobina, que leva as hemácias a assumirem forma de lua minguante, quando expostas a determinadas condições. *Quadro clínico: anemia hemolítica, crises vaso-oclusivas, crises de dor, insuficiência renal progressiva, AVC, susceptibilidade a infecções, sequestro esplênico. *Diagnóstico precoce: cuidados preventivos e orientação aos pais. HIPERPLASIA ADRENAL CONGÊNITA *Conjunto de síndromes, que se caracterizam por diferentes deficiências enzimáticas na síntese dos esteroides adrenais *Triagem: quantificação da 17-hidroxi-progesterona (17-OHP) *As manifestações clínicas variáveis: insuficiência glicocorticoide, insuficiência mineralocorticoide, excesso de andrógenos, insuficiência de andrógenos, virilização da genitália externa nas meninas. *Diagnóstico precoce e o tratamento adequado melhoram o padrão de crescimento, podendo normalizá-lo na maior parte dos casos. DEFICIÊNCIA DE BIOTINIDASE. *Defeito no metabolismo da biotina – depleção da biotina endógena devido a uma incapacidade do organismo fazer a sua reciclagem ou de usar a biotina fornecida pela dieta. *Clínica: a partir da 7ª semana de vida, com distúrbios neurológicos e cutâneos *O tratamento medicamentoso consiste na utilização de biotina em doses diárias TESTE DO CORAÇÃOZINHO São consideradas cardiopatias congênitas críticas aquelas onde a apresentação clínica decorre do fechamento ou restrição do canal arterial (cardiopatias canal- dependentes), tais como: A manifestação clínica dessas cardiopatias críticas pode não ocorrer antes de 48h de vida (alta de RN saudável), principalmente nas cardiopatias dependente de canal arterial – triagem com elevada sensibilidade e especificidade TESTE DA OXIMETRIA Realizar a aferição da oximetria de pulso em todo RN aparentemente saudável com IG > 34 semanas, antes da alta da Unidade Neonatal. Local: membro superior direito e em um dos membros inferiores. Entre 24 e 48 horas de vida, antes da alta hospitalar. Resultado normal: SatO2 ≥ 95% em ambas os membros e diferença < 3% entre as medidas do membro superior direito e membro inferior. • Cardiopatias com fluxo pulmonar dependente do canal arterial: Atresia pulmonar e similares; • Cardiopatias com fluxo sistêmico dependente do canal arterial: Síndrome de hipoplasia do coração esquerdo, coartação de aorta crítica e similares; • Cardiopatias com circulação em paralelo: transposição das grandes artérias. TESTE DO OLHINHO Teste do Reflexo Vermelho (TRV) *Objetivo: detecção precoce de problemas oculares congênitos que comprometem a transparência dos meios oculares e que podem impedir o desenvolvimento visual cortical. *Ferramenta de alta sensibilidade para o rastreamento de alterações oculares com risco de causar cegueira ou deficiência visual *Deve ser realizado na maternidade, antes da alta do RN (se não for possível, realizar o mais breve, no 1º mês de vida). Deve ser repetido nas consultas pediátricas regulares. *Não substitui a avaliação oftalmológica que todo bebê deve fazer antes de 1 ano de vida *TRV é realizado com o oftalmoscópio direto → luz projetada nos olhos atravessa as estruturas transparentes, atinge a retina e se reflete, causando o aparecimento do reflexo vermelho. *A observação do reflexo vermelho da retina indica que as estruturas oculares internas estão transparentes. *Na presença de opacidade dos meios oculares no eixo visual, esse reflexo estará ausente ou diminuído. *Resultados: reflexo presente, ausente ou duvidoso (assimétrico ou ausente em um olho) *Se o reflexo for ausente em um ou ambos os olhos ou duvidoso, a criança deverá ser encaminhada ao oftalmologista para ao exame oftalmológico completo Principais causas de TRV alterado: catarata congênita, glaucoma congênito, retino- blastoma, leucoma, inflamações intraoculares da retina e vítreo, retinopatia da prematuridade (ROP) no estágio 5, descolamento de retina, vascularização fetal persistente e hemorragia vítrea, estrabismo, anisometropia, altas ametropias, luxações de cristalino e malformações como o coloboma de polo posterior (disco e retina). *O diagnóstico precoce da maioria dessas doenças permite o tratamento apropriado a tempo de se evitar ou minimizar a deficiência visual TESTE DA ORELHINHA *Incidência de surdez no Brasil: 1 a 3/1000 nascidos vivos *A privação precoce dos estímulos auditivos interfere no desenvolvimento das estruturas neurais relacionadas à audição, fala e comunicação. *Detecção e intervenção precoces (<6 meses) garantem à criança o desenvolvimento da compreensão e expressão da linguagem e desenvolvimento social EMISSÕES OTOACÚSTICAS EVOCADAS(EOAE): • Teste de triagem para avaliar função coclear • As Emissões otoacusticas (EOA) são produzidas na orelha interna através de um aparelho (evocadas). Quando função coclear preservada, gera uma resposta que é captada pelo aparelho. • Alta sensibilidade, não invasivo, fácil de realizar (geralmente em sono natural) • Não tem objetivo de quantificar perda auditiva, e sim avaliar integridade de função coclear. • Não avalia alterações neurais (neuropatias auditivas) Obs: Alterações na orelha externa ou média (como vérnix, rolha de cerúmen ou líquido na orelha média) podem tornar as EOA ausentes sem, no entanto, configurar perda auditiva permanente - retestar Triagem Auditiva Neonatal Universal (TANU): rastreamento auditivo de todo RN, preferencialmente antes da alta hospitalar (24-48h), ou até 3 meses de vida. POTENCIAL EVOCADO AUDITIVO DE TRONCO ENCEFÁLICO (PEATE) OU BERA • Avalia a atividade eletrofisiológica do sistema auditivo, em resposta a um estímulo sonoro, desde o nervo coclear até o mesencéfalo • Pode ser necessário sedação em crianças pouco colaborativas • PEATE automático: Deve ser realizado em crianças com indicadores de risco para deficiência auditiva ou que houve falha na EoAE Indicadores de risco para deficiência auditiva (IRDA): • Preocupação dos pais quanto a audição e fala e linguagem • Antecedente familiar de surdez na infância ou consanguinidade • UTI neonatal > 5 dias ou uma das condições: ECMO, ventilação mecânica, drogas ototóxicas, hiperbilirrubinemia, anóxia perinatal grave, PN< 1.500g • Infecções congênitas (toxoplasmose, rubéola, citomegalovírus, herpes, sífilis, HIV) • Anomalias craniofaciais envolvendo orelha e osso temporal. • Síndromes genéticas que usualmente expressam deficiência auditiva • Distúrbios neurodegenerativos • Infecções bacterianas ou virais pós-natais como citomegalovírus, herpes, sarampo, varicela e meningite. *Em triagem alterada, deve-se ter rede de referência com otorrino, fonoaudiologo e demais profissionais para intervenção. *20-30% das crianças com perda auditiva vão desenvolver no primeiro ano de vida: acompanhamento da linguagem e da fala. sem risco com risco (tem que fazer o Peate) *CITOLOMEGAVÍRUS: pode gerar surdez ao nascimento e progressiva nos primeiros anos de vida (maior causa infeciosa de surdez congênita), e tratamento precoce pode reduzir sequela - Em caso de falha na Triagem Auditiva Neonatal Universal (TANU) deve-se investigar Citomegalovírus. Se positivo iniciar tratamento antes mesmo do reteste TESTE DA LINGUINHA Não é obrigatório Avaliação do frênulo lingual (protocolo de avaliação clinica) Objetivo: diagnosticar e indicar o tratamento precoce das limitações dos movimentos da língua causadas pela anquiloglossia, que podem comprometer as funções de sugar, engolir, mastigar e falar. Ideal é ser realizada antes da alta hospitalar (entre 24h-48h) por profissional de saúde capacitado que realiza assistência ao binômio mãe e recém-nascido Cirurgia para liberação do frênulo lingual pode ser realizada por Odontólogos e Médicos. CASOS CLÍNICOS 1) Genitora traz seu filho de 8 dias de vida para primeira consulta pediatrica após nascimento. Refere que na maternidade criança realizou o teste da orelhinha e do olhinho mas que não sabe dizer sobre resultados. Refere que colheu o teste do pezinho ontem e está aguardando resultado. Você abre a caderneta da criança e encontra a seguinte informação sobre as triagem neonatais: Os testes de triagem neonatais da criança estão normais? Não. Teste da orelhinha alterado Faltou algum teste a ser realizado? Sim. Teste do coraçãozinho Esta criança tem indicação de realizar algum exame complementar? Sim. Repetir EoAE e se continuar alterado realizar PEATE. Fazer também teste do coraçãozinho que faltou A coleta do teste do pezinho foi no tempo adequado? Não. Ideal é do 3º ao 5º dia (realizou no 7º) 2) Genitora traz seu filho de 15 dias de vida para a primeira consulta pediátrica. Refere que a criança ficou internada em uti neonatal por 10 dias após nascimento devido sepse neonatal necessitando uso de antibiótico o qual não sabe referi qual foi. Refere que teve infecção urinária no terceiro trimestre de gestação. Ao questionar sobre testes de triagem neonatais e verificar caderneta da criança você observa que criança realizou teste da orelhinha (Emissões otoacusticas evocadas) , do coraçãozinho (oximetria) e do olhinho (reflexo vermelho), o qual todos estão normais. Traz hoje o teste do pezinho que foi realizado ainda na maternidade, pelo SUS. Faltou algum exame na triagem neonatal? Sim. PEATE, pois tem Indicadores de risco para deficiência auditiva (IRDA) Quais exames esperamos que venha em teste do pezinho que traz hoje? Fenilcetonúria Hipotireoidismo congênito Fibrose cística Doença falciforme e outras hemoglobinopatias Hiperplasia adrenal congênita Deficiência de biotinidase.
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