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É uma das complicações mais temidas na traumatologia ortopédica. A síndrome compartimental é a falência da circulação intersticial por conflito de espaço. O aumento da pressão no interior de um espaço osteofascial fechado, que reduz a perfusão capilar até um nível inferior àquele necessário para que seja mantida a viabilidade dos tecidos. Compartimento: espaço bem delimitado, suas paredes são formadas por osso e estruturas osteofasciais e é relativamente inelástico. Corte axial da perna, vemos quatro compartimentos, sendo o compartimento 1 formado pela tíbia e fáscia muscular, estruturas rígidas, não permitindo o aumento do conteúdo, quando há esse aumento, aumenta a pressão intracompartimental, diminuindo a perfusão. EPIDEMIOLOGIA ▪ 3,1 por 100 mil por ano (Inglaterra) ▪ Homens 7,3 por 100 mil ▪ Mulheres 0,7 por 100 mil ▪ Traumas de alta energia ▪ Causa mais comum: fraturas (69%), sendo 36% diáfise de tíbia, 23% lesão de tecidos moles, 9,8% fratura de rádio distal e 7,9% por esmagamento. FISIOPATOLOGIA O mecanismo fisiológico da redução de fluxo sanguíneo na síndrome compartimental ainda não é bem definido. Teoria do gradiente de pressão arteriovenosa FSL = PA – PV/R FSL: fluxo de sangue local PA: pressão arterial local PV: pressão venosa local R: resistência vascular local Teoria da oclusão microvascular A oclusão capilar seria o principal mecanismo de redução do fluxo sanguíneo na síndrome compartimental Pressão normal nos tecidos de 25mmHg Pressão no compartimento de valores próximos de 25mmHg leva a uma diminuição do fluxo sanguíneo Teoria da pressão crítica de fechamento TM = TC/r TM (pressão transmural = pressão intravascular – pressão nos compartimentos) TC: força de constrição r: Raio do vaso DIAGNÓSTICO ▪ Diagnóstico precoce é a chave para um bom prognóstico, o diagnóstico é clínico! ▪ A demora no diagnóstico pode levar a perdas sensitivas, motoras, contraturas, infecção e até a amputação. 4 Ps do diagnóstico Pain = dor Parestesia Paralisia Pallor = palidez O diagnóstico é clínico! ▪ Dor é o primeiro sintoma, de grande intensidade. ▪ Dor desproporcional a lesão com sensibilidade 19%, especificidade 93% ▪ Dor a extensão passiva dos dedos ou articulações ▪ Parestesias e hipoestesias podem ocorrer no trajeto dos nervos que passam no local da síndrome compartimental, é considerada sinal tardio ▪ Paralisia muscular é considerada sinal tardio ▪ Pulsos periféricos e enchimento capilar geralmente estão presentes na síndrome compartimental História clínica (trauma de alta energia ou fratura ou esmagamento) + dor desproporcional = levantar hipótese de síndrome compartimental EXAME FÍSICO ▪ Aumento severo do volume ▪ Pele brilhante e edemaciada ▪ Diminuição da mobilidade ▪ Cianose distal ▪ Pulsos distais geralmente presentes, mas pode estar diminuído Mensuração compartimental Artesanal: feita com coluna de mercúrio, seringa de 20ml e agulha no local de suspeita, em 3 vias. É bem rudimentar, utilizado principalmente em pacientes que estão sedados, inconscientes. Aparelhos prontos, porém, muito caro, não é a realidade aqui. Pressão compartimental normal: 0-8mmHg Zona crítica: 20-30mmHG Indicação de fasciotomia imediata: >30mmHg TRATAMENTO O único tratamento efetivo é a fasciotomia. As demais medidas são auxiliares: ▪ Retirada de talas, gessos ou enfaixamentos apertados ▪ Elevação do membro ▪ Controle da hipotensão ▪ Otimizar a saturação de oxigênio Fasciotomia é a descompressão completa e adequada do compartimento. ▪ Emergência cirúrgica ▪ Após 2 horas de perfusão inadequada inicia-se o processo de necrose tecidual ▪ Após 6 a 8 horas há necrose muscular extensa e lesões nervosas irreversíveis Fasciotomia na perna tem que descomprimir os 4 compartimentos: 1 – Anterior 2 – Lateral 3 – Posterior superficial 4 – Posterior profundo Com uma incisão anterolateral consegue descomprimir os compartimentos anterior e lateral, e com uma incisão posteromedial consegue descomprimir os compartimentos posteriores superficial e profundo. Fasciotomia em perna, inciso medial, tem que ser um corte grande, amplo! Tecido edemaciado com áreas de sofrimento, e do outro lado tem outra incisão na região lateral. Fasciotomia na coxa, tem 3 compartimentos: • Anterior • Posterior • Medial Com duas incisões também é possível descomprimir esses compartimentos. Incisão lateral libera compartimento anterior e posterior, e com a incisão medial libera o compartimento medial. Fasciotomia do pé, tem 9 compartimentos, consegue fazer a liberação com duas incisões dorsais. Fasciotomia no braço, tem 2 compartimentos (anterior e posterior), com duas incisões (anterior e posterior) também é possível fazer a liberação desses compartimentos. Fasciotomia no antebraço, tem 2 compartimentos (dorsal e ventral), com duas incisões (dorsal e ventral ou volar) também faz a liberação. Fasciotomia na mão, tem vários compartimentos, necessário pelo menos 3 incisões para liberação desses compartimentos. • Região tenar (polegar) • Região hipotenar • Região dorsal (para liberar compartimentos entre metacarpos) Complicações Contratura de Volkmann: • Perda completa da musculatura afetada • Substituição por tecido cicatricial • Deformidade distal
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